O documento discute a hegemonia cultural e como a mídia tradicional promove a visão de mundo da classe dominante. Também apresenta exemplos de mídia contra-hegemônica, como Jornalistas Livres, Meteora Podcast e Portal Geledés, que buscam estimular o pensamento crítico. Apesar dos avanços, a luta contra a hegemonia midiática ainda é longa.
O documento discute a hegemonia cultural e como a mídia tradicional promove a visão de mundo da classe dominante. Também apresenta exemplos de mídia contra-hegemônica, como Jornalistas Livres, Meteora Podcast e Portal Geledés, que buscam estimular o pensamento crítico. Apesar dos avanços, a luta contra a hegemonia midiática ainda é longa.
O documento discute a hegemonia cultural e como a mídia tradicional promove a visão de mundo da classe dominante. Também apresenta exemplos de mídia contra-hegemônica, como Jornalistas Livres, Meteora Podcast e Portal Geledés, que buscam estimular o pensamento crítico. Apesar dos avanços, a luta contra a hegemonia midiática ainda é longa.
Sobre mídia, discurso e influência na visão de mundo
Segundo o jornalista e filósofo Antonio Gramsci, a hegemonia cultural acontece quando uma classe social domina ideologicamente outra, especialmente a burguesia sobre o proletariado. Para Gramsci, essa dominação propaga-se por meio da divulgação da visão de mundo da classe dominante que, sem a efetividade da repressão, faz uso do ponto de vista ideológico para subjugar a classe trabalhadora. Essa hegemonia engloba valores, ideais e crenças que são propagados, inclusive pelos dominados, que os aceitam como verdades legítimas. Assim, a visão de mundo dos membros da classe dominante é implantada em todas as camadas da sociedade. Na mídia, a hegemonia acontece quando sua preocupação primordial é atender aos interesses de grandes empresas, objetivando o consumo desenfreado. Neste sentido, hoje em dia a sociedade é fortemente influenciada pelos grandes e tradicionais veículos de imprensa, que constroem a hegemonia neste ambiente. O discurso desses meios articulam uma “uma forma de poder caracterizada por uma postura totalizante, generalizada” (PAIVA, 2008, p. 164). Ao beber da fonte dessa narrativa, o indivíduo perde a oportunidade de pensar de forma crítica e reflexiva e, consequentemente, não olha para além do óbvio. “Estamos cansados de saber que nem na escola, nem nos livros onde mandam a gente estudar, não se fala da efetiva contribuição das classes populares, da mulher, do negro do índio na nossa formação histórica e cultural. Na verdade, o que se faz é folclorizar todos eles”, já dizia Lélia Gonzalez. (Mulherio, ano II, nº 5, janeiro/fevereiro de 1982, p. 3) Felizmente, apesar de aparentemente ser um cenário impossível de mudar, principalmente porque muitas pessoas nem sequer percebem essa dominação ideológica, a teoria gramsciana afirma que aqueles que são capazes de analisar de forma crítica aquilo que lhes é imposto podem transformar esse quadro a partir de um pensamento contra-hegemônico. Entre esses, estão os jornalistas. Com grande capacidade de agregar e influenciar pessoas, a mídia tornou-se um poderoso instrumento de luta contra a hegemonia dominante. Combatendo o poder e controle social, a mídia contra- hegemônica contribui para a compreensão do cidadão, no que diz respeito às estruturas das relações de poder e dos discursos. Por atuar na cobrança de políticas públicas sociais, a mídia contra-hegemônica ajuda a despertar a consciência da sociedade e gerar transformações sociais. Hoje, o espaço contra-hegemônico transformou-se em um local de apoio a ideias que estimulem a reflexão sobre os mecanismos de dominação existentes, para que a sociedade pense e faça suas próprias escolhas. Dessa forma, cada vez mais surgem sites, blogs, rádios e podcasts, que buscam apresentar as contradições da grande imprensa, cobrando mais transparência e lutando por democracia e representatividade midiática. Esses veículos assumem o papel “de fazer pensar, o de propiciar novas formas de reflexão, com o objetivo precípuo de libertar as consciências” (PAIVA, 2008, p.166). Determinada a quebrar as “amarras hegemônicas” da mídia tradicional, a mídia contra-hegemônica procura ampliar o acesso às informações de caráter político e social – importantes para a formação e escolhas de todo cidadão. Confira, a seguir, alguns deles: Jornalistas Livres A rede de coletivos intitulada Jornalistas Livres nasceu na universidade. Segundo o site oficial, eles existem “em contraponto à falsa unidade de pensamento e ação do jornalismo praticado pela mídia tradicional centralizada e centralizadora. Se opõem aos estratagemas da tradicional indústria jornalística (multi)nacional, que, antidemocrática por natureza, despreza o espírito jornalístico em favor de mal- disfarçados interesses empresariais e ideológicos, comerciais e privados, corporativos e corporativistas”. Site: jornalistaslivres.org Instagram: instagram.com/jornalistaslivres/ Youtube: youtube.com/jornalistaslivres Twitter: twitter.com/j_livres Facebook: facebook.com/jornalistaslivres Meteora Podcast É um podcast quinzenal que, de acordo com as idealizadoras, “diz o que pensa para provocar inspiração e informa para provocar ação”. Protagonizado por mulheres de estilos diferentes, o Meteora Podcast debate temas variados, que geram empatia no público. Disponível no iTunes, Spotify, Deezer, Soundcloud ou no Google Podcast, o podcast foi reconhecido pelo The Intercept e pelo Mídia Ninja em 2019 como um dos melhores podcasts da atualidade. Outros reconhecimentos vieram da Forbes Brasil e YouPix. Site: meteorapodcast.com.br Instagram: instagram.com/meteorapodcast/ Facebook: facebook.com/meteorapodcast/ Portal Geledés O Portal Geledés se posiciona contra o racismo, sexismo, a homofobia, a lesbofobia, os preconceitos regionais, de credo, opinião e de classe social. As áreas de atuação prioritárias da ação política e social de Geledés são a questão racial, as questões de gênero, as implicações desses temas com os direitos humanos, a educação, a saúde, a comunicação, o mercado de trabalho, a pesquisa e as políticas públicas. No site oficial é possível conhecer projetos próprios ou em parceria com outras organizações de defesa dos direitos de cidadania. Site: geledes.org.br/ Instagram: https://www.instagram.com/portalgeledes/ Youtube: youtube.com/channel/UCO9-aYrQfWP1Mm0A0hJdbMA Twitter: twitter.com/geledes Facebook: facebook.com/geledes Atualmente, embora exista um aumento na visibilidade e alcance das mídias contra-hegemônicas, especialmente graças à Internet e redes sociais, o caminho a percorrer contra a hegemonia na imprensa e meios de comunicação ainda é longo. “Parece-me que não há nada mais urgente do que começarmos a criar uma nova linguagem. Um vocabulário no qual nos possamos todas/xs/os encontrar, na condição humana” (KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019, Prefácio). É evidente que há uma disputa ideológica de visões de mundo. Portanto, que a atuação da mídia alternativa e crítica – hoje sendo fortalecida em muitas faculdades de jornalismo – se estenda à sociedade de uma forma geral, para que o nível de cobrança pela transparência da imprensa aumente, culminando em uma grande transformação midiática e social. Referências https://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia_cultural (Acesso em novembro de 2020)
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de
Janeiro: Editora Cobogó, 2019. 244 p
PAIVA, Raquela. Contra-mídia-hegemônica. In: COUTINHO, E. Granja.
Comunicação e contra-hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
Os Novos Populismos Contemporâneos como Fenômeno Global: As Estratégias de Construção de Inimigos e Ameaças nas Campanhas de Nicolás Maduro e Viktor Órban (2018)