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Roteiro: Auto do João da Cruz

Personagens:

Guia – Karllos Anjo da guarda –


Cego – Gabriel Anjo Cantador – Kaylane
Regina – Eduarda Retirante – Camila
Mãe – Shelly Silvério – Lucas
João da Cruz – João Vitor Eremita – Eduardo
Peregrino – Mateus

1° ato

Entra o cego tateando o chão com uma bengala

CEGO

- Uma esmola, uma esmola para um pobre cego;

GUIA

- Aqui estou

CEGO

- Onde está o João? Preciso tentá-lo! Faze-lo miserável!

GUIA

- Estou tão ansioso quanto você, mas é preciso esperar que ele se entregue por si mesmo.
Fique descansado pois sua vitória também será a minha. Hei de lutar por ela também.

CEGO

- É preciso esperar. Eu o tentarei de dentro de minha cegueira, que nasce da cegueira interior

GUIA

- Que se abram as cortinas. Eis a vida de João.

João é um rapaz, que nasceu num sertão sofrido


desde menino judiado e desprovido.

A terra seca

e os infortúnios seus

tudo que acontece

João culpa a Deus

Raios, trovões. O Guia e o cego saem e se mostra a casa de João da Cruz.

1° Dança: ASA BRANCA

REGINA

- Boa noite, meus senhores e senhoras. Vim trazer alegria, levar o dinheiro que o vigário me
mandou cobrar.

MÃE

- Reginaa!

REGINA
- Onde está João da Cruz?

MÃE

- Você veio vê-lo? Agradeço a lembrança, mas não sei se ele quer vê-la.

REGINA

- Entendo, é difícil saber o que João quer ultimamente, mas como é o aniversário dele imaginei
que...

MÃE

É verdade! Você não esqueceu, armei esse presépio que o pai dele fez para quando esse dia
chegasse. Mas ele foi pra tenda só para me fazer desgosto. Se ao menos o pai dele estivesse
aqui...

REGINA

- Onde ele estará agora?

MÃE

- Só Deus sabe e cuida dele, quando ele achar o que procura, voltará para casa.

Entra João da Cruz com um saco de ferramentas

JOÃO

Que barulho é esse sem motivo?


MÃE

- Calma, tem motivo sim.

JOÃO

- Que motivo? Morreu algum parente rico nosso? Herdei alguma coisa?

MÃE

- Não, mas hoje você completa 20 anos.

JOÃO

- E o que ganho com isso?

MÃE

- O presépio do seu pai não basta?

JOÃO

Melhor seria se fosse dinheiro, assim eu poderia sair desse lugar e um dia quem sabe ser o
mais poderoso desse sertão.

JOÃO
- E você? O que veio fazer aqui? De novo pra pegar o dinheiro da igreja né?

REGINA

- Deus é seu amigo

JOÃO

- Pois nunca se mostrou tal

Mãe sai triste da cena

REGINA

- Viu como sua mãe saiu?

JOÃO

- Eu já não ligo, estou cansado dessa vida, vou morrer como um mero carpinteiro. Quero mais
pra mim Regina, quero poder, dinheiro, quero sair desse lugar.
2° ATO

Luz apaga, todos saem de cena. O cego e o guia entram.

CEGO

- É este. Já está fascinado com as coisas que o mundo oferece. A minha vontade é de destrui-
lo, torna-lo tão miserável quanto eu.

GUIA

- Calma irmão, ainda é cedo. Uma hora ele mesmo cavará sua cova.

Luz apaga, todos saem de cena. Chega o peregrino a casa de João.

PEREGRINO

- Bendito seja Deus, aquele que tudo nos dá,

Que desde menino vem a me guardar

O pão de cada dia me dá e a mim nada deixa faltar.

JOÃO

- O que faz em minha casa senhor?

PEREGRINO

- Estava a louvar a Deus

JOÃO

- Pois já louvou então vá seguir seu caminho que eu quero dormir.

PEREGRINO

- Mais já? É Natal, o aniversário de nosso senhor.

JOÃO

- Não ligo nem para o meu quanto mais para o dos outros.

PEREGRINO

-Então é seu aniversário... Ganhou algum presente de seu pai?

JOÃO

- Um velho presépio que ele fez pra mim antes de ir de vez


PEREGRINO

- Ele morreu?

JOÃO

Não, está aí pelo mundo, mas pra mim já morreu.

PEREGRINO

- Eu vou seguir meu caminho então.

JOÃO

- Vá e se por aí encontrar meu pai, diga que seu filho João preferia dinheiro a um presépio.

PEREGRINO

- Você já examinou bem esse presépio? Você tem que ter olhos para ver o que os outros não
veem. Olha aqui. Fala ele puxando um saco de moedas de dentro do presépio.

JOÃO

- Minha nossa senhora! Devo estar sonhando, isso sim é presente que se dê.

Chega a mãe por traz e se alegra ao ver o peregrino, mas ele faz sinal para que a mulher não
venha a seu encontro. João sai e a mãe abraça o peregrino.

PEREGRINO

- Estou de volta mulher.

MÃE

- Mas agora meu filho se vai.

PEREGRINO

- Deixe-o ir, é preciso que aprenda por si só o que tem que aprender.

MÃE

- Tenho medo do que possa acontecer com ele.

PEREGRINO

- Não tenha, eu estarei com ele sem que ele me veja. Você é forte e corajosa, pode ficar
sozinha. Mas ele vai precisar de mim.

Os dois se abraçam e saem. Entra o Anjo da guarda e o cantador com sua viola .

ANJO DA GUARDA
- Nem tudo está perdido, o pai voltou para casa. João vai embora mas eu irei com ele até o fim
do mundo se for preciso.

ANJO CANTADOR

- Ele mesmo que traz dificuldades para si chamando o cego e o guia pra perto dele. É preciso
tomar cuidado com aqueles dois, faram de tudo para desgraçar a vida de João.

ANJO DA GUARDA

- La vem ele vamos voltar para o presépio.

Eles saem de cena e João entra com uma mochila nas costas.

3° ATO

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