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"O PRESÉPIO"
ENRIQUE ALONSO

PERSONAGENS :
1. MIGUELA (mãe de Gila)
2. LIBRADA (mamãe Bato)
3. GILA (namorada de Bato)
4. FLOR (irmã mais nova de Gila)
5. LUPE (irmã mais nova de Bato)
6. BATO (namorado de Gila)
7. O VELHO PASTOR (O sábio da cidade)
8. DOÑA JORGA (Proprietária da Pousada)
9. PASCUALA (Filha de Dona Petra)
10. PETRA (irmã de Dona Jorga)
11. ARCANJO
12. LUZBEL (Dona Lucy)
13. EL PINGO (Assistente de Luzbel)
14. MERENCIANA (Esposa do Velho Pastor)
15. ESPIRIDIÓN (pai de Bato)
16. MARIA (A Virgem)
17. JOSÉ (marido de Maria)

PRIMEIRO ATO
PRIMEIRA MESA
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(Num campo mexicano, um coro salta alegremente para o centro da cena, entre eles
Miguela, Librada, Merenciana, Espiridión, Gila, Bato, Flor e Lupe. Ao fundo, sentado sobre
uma pedra, está o Velho Pastor).

TODOS :
Para a víbora, víbora do mar, do mar
Você pode passar por aqui.
Os que estão na frente correm muito,
Os que ficaram para trás ficarão.
Eu amo, eu amarro, eu mato.
O que voce quer? Matarileron.
Para a víbora, víbora do mar, do mar
Você pode passar por aqui.
Os que estão na frente correm muito
Aqueles que estão atrás ficarão
Depois, depois, depois, depois
Uma mulher mexicana que vendia frutas
Ameixa, damasco, melão e melancia
Verbena, verbena, jardim matatena

(Quando o refrão termina todos pulam)


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MIGUELA . Flor, pare de dançar e sente-se. Gila, minha filhinha, não pule mais tanto.
GILA . Mas mãe, está muito frio e eu danço para não sentir.
LIBRADA . Batô, meu filho. Pare de pular e você também, Lupe, parece um gafanhoto.
LUPE: Eu só gosto de pular.
BATO: Eu também e com a Gila, mais ainda.
GILA . Batô!
BATO . Gila!
LUPE E MIGUELA : Parecem casais!
MIGUELA . Hum! Isso é o suficiente de todos os abraços.
GILA . Não parecemos, somos.
MIGUELA . Cale a boca, Gila, não fale besteira.
BATO . Claro que estamos.
LIBRADA . Filho, Batô. O que você está dizendo.
BATO . Bem, a verdade. Que Gila e eu estamos namorando.
ESPIRÍDIO: . Deixe-os em paz, dona Miguela. Se eles se amam, tanto melhor.
MERENCIANA: Mas... eles ainda estão relutantes com essas coisas....
LUPE : Melhor, Dona Mere, melhor. Para ser firme, o carinho tem que começar desde
cedo.
VELHO : Sou o pastor mais velho da região e já tinha percebido que esses meninos
estavam tramando alguma coisa.
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(Entram Dona Jorga, Petra e Pascuala)

PETRA: Às boas noites.


VELHO . Doña Jorga, Petrita, Pascuala... O que estão fazendo aqui? Como você supera seus
problemas?
JORGA . Já estou muito melhorado. Minha cabeça não dói mais o dia todo e meu olho
esquerdo não quer enxergar bem. Tenho o braço esquerdo por causa de reumatismo e
tenho hemorragias sanguíneas dia sim, dia não. Meu coração mal bate, vou ficar rígido,
tenho calafrios e tosse o tempo todo... Mas de resto já melhorei.
VELHO . Como estou satisfeito.
BATO: . E para onde eles estão indo?
PETRA: Pousada Pal. Você já sabe que é um negócio que não pode ficar sozinho por um
tempo... Graças a Deus Pascuala, embora seja um pouco burra, me ajuda.
PÁSCOA . Possivelmente sim.
JORGA . Bom, viemos ver se algum dos pastores gostaria de nos acompanhar até a
pousada. Esta montanha está escura e você vê como há pessoas más por aqui.
VELHO . Nao faltava mais. Bato Você quer acompanhá-los?
BATO . Como você disse, velho pastor.
LIBRADA . Pegue um poncho, mi'ho. Não fique com frio.
BATO . Sim mãe.
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(Bato vai pegar um poncho, começa a ouvir uma música celestial, aparece um Anjo, vestido
de índio, com asas de papel de seda rosa e azul)
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ARCANJO . Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
TODOS . É um anjo... um anjo.
ARCANJO . Ouçam-me pastores. Deus, o único Deus todo-poderoso, criador do céu e da
terra, vai enviar seu filho ao mundo para redimir os homens de todos os pecados e
ensinar-lhes a verdadeira fé. A mãe dessa criança será uma virgem pura chamada Maria,
esposa de um carpinteiro chamado José, e Belém, esta humilde cidadezinha, foi escolhida
por Deus para o nascimento de seu filho. Maria e José já estão peregrinando aqui e
chegarão em breve. Receba-os com alegria e amor porque deles é o reino dos céus, e em
verdade vos digo que todo aquele que for adorar o menino, que nascerá em Belém,
receberá os dons mais preciosos, pois por ser filho de Deus , essa criança será o Rei dos
Reis. É Então esteja preparado. Certifiquem-se de que suas almas estejam puras para
recebê-Lo e adorá-Lo, e que a bênção do Senhor esteja com vocês.

(O anjo desaparece)

TODOS.- Ele se foi....Milagre....milagre....


LUPE . -Ele disse que o filho de Deus nascerá entre nós.
FLOR . -Vamos contar para todo mundo.
TODOS . - Milagre... Milagre...
(ELES SAEM ESCUROS)
SEGUNDA TABELA.
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(cortina do inferno)

LUZBEL . Xingamento. O Filho de Deus vai nascer lá na terra..... Todos irão adorá-lo...
Todos eles se tornarão bons E eu... Rainha do inferno, estou furioso. Furioso! Tenho que
impedir que os pastores vão adorá-lo. Tenho que fazer algo..... Mas que? Já sei.. para
grandes males, grandes remédios..... Vou mandar aquele demônio para a terra llo
Mexicano....El Pingo, deixe-o impedir que os pastores vão adorar o menino Deus. Sim, vou
fazer isso... Pingo.... Pingo...

(Pingo entra)

PINGO . Você me chamou....


LUZBEL . - Sim. Ouvir. Deus enviou seu filho à terra para redimir os homens de todos os
pecados; temos que prevenir isso.... e você será responsável por fazer isso.
PINGO . EU? Mas como? E como devo fazer isso?
LUZBEL . Você irá para a terra.... Você procurará uma pequena cidade chamada Belén.
Semeie inveja. Faça com que todos os pastores se odeiem. Faça com que se tornem maus e
sobretudo evite que vão adorar a criança que nascerá em Belém.
PINGO.- Bom.
LUZBEL . - Ele mente... ele sempre mente. Levantem falsidades e os pastores viverão em
guerra contínua. Torne todos ambiciosos. Mas, acima de tudo, impede os pastores de dar
alojamento a Maria e José e de irem adorar o menino. Se você conseguir isso, teremos
triunfado.
PINGO.- Farei assim, e você verá, senhora, que sairei vitorioso na prova, pois ninguém irá
adorar o menino Deus.
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TERCEIRA TABELA
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(O campo dos pastores, El Viejo e Merenciana entram e sentam-se numa pedra, entram
Petra e Pascuala)

PETRA: Bom dia... A minha irmã Jorga manda-me trazer-vos estes queijos que fizemos
ontem e que estão empapados.
VELHO . - Bem, obrigado Sra. Jorge. E como ele supera seus problemas?
PETRA : Melhorada, ela diz que desde que o anjo apareceu para nos contar sobre o
nascimento do Deus-Menino, ela nem se lembra mais da doença.
PÁSCOA : Asté realmente acredita que o filho de Deus vai nascer aqui nesta triste cidade?
VELHO . Isto é o que o anjo disse.
PETRA . Sim, mas onde vai nascer o filho de Deus aqui onde tudo é pobreza e miséria?
Pascuala e eu não acreditamos.
MERENCIANA: . Acredito que Deus viu que este povo, embora tente, é bom e cheio de
alegria e felicidade. Aqui não se conhece inveja, malícia ou fofoca. VELHO : Quando você
viu uma discussão aqui, quando um processo? Nunca. Por isso acredito que Deus quer que
seu filho nasça entre nós, que sejamos teimosos, mas que tenhamos sentimentos e
coração.
PETRA: . Bem, você está certo. Nossa, que bom conversar com Asté. Bom, voltamos para a
pousada porque o Jorga não gosta que eu demore tanto.
VELHO . Vamos acompanhá-lo até a ponte, certo? E não se esqueça do que eu te disse.
Experimente, mas conte-nos. Tenho certeza de que se essa alegria e felicidade acabassem,
o filho de Deus não nasceria aqui...
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(Saem o Velho e Pascuala. Pingo entra com jorongo e chapéu)

PINGO . Me vesti como os habitantes da região para poder me misturar facilmente com
eles. E não pareço mesmo com o diabo? Além disso, escondi bem meu rabo... portanto
eles não podem me reconhecer... Mas aí vem Míguela com a filha Gila.... Eu vou me
esconder.

(Ele se esconde, entram Miguela, Flor e Gila).

MIGUELA . Venham filhas e vamos descansar um pouco. Que frio faz.


FLOR: . Logo você se cansou, mãe.
MIGUELA . Hum! Como se eu não tivesse a sua idade (Suspiro) Mas quando eu era jovem
eu trabalhava duro e bem.
GILA . Ei, mãe... enquanto você descansa, deixe-me dar um passeio ao longo do riacho...
Eu vi o Bato ir até lá.
MIGUELA . Legal.... Mas você leva sua irmã e só por um tempinho temos que trabalhar.
GILA . Chegamos agora....

(Sai correndo. Entre no pingo).

PINGO . Bom dia, dona Miguela.


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MIGUELA : O que é você, filho? Não te conheço.
PINGO . Ele não me conhece assim porque estou sempre lá embaixo...
MIGUELA . Abaixo.....?
PINGO . No barranco, mas eu conheço Asté e suas filhas, sua filha Gila, que legal.
MIGUELA . Não é verdade que é legal? E na minha época eu também jogava re-piocha.
PINGO . Mas como na sua época, Dona Míguela, ela ainda é legal assim.
MIGUELA . Mas como é simpático este pastor.
PINGO . O que me disseram e eu não quis acreditar, é que a filha de Asté... A Gila é tão
legal que diz que vai casar com o Bato, aquele filho idiota da Dona Librada. A filha de Asté
merece coisa melhor.
MIGUELA . Você pensa?
PINGO .- Claro, ela é legal e poderia se casar com um homem rico que a tiraria do trabalho
e a afastaria do trabalho... você não gostaria disso?
MIGUELA . Claro que eu gostaria.
PINGO . Preste atenção ao que eu lhe digo. Eu sei que há muitas pessoas ricas que
ficariam felizes em se casar com ela e tirá-la da liberdade condicional. Não, dona Miguela,
e se ouvir meu conselho, seja desinteressada. sados, ele proibiria sua filha de falar com
aquele Bato e garantiria que ela se casasse com um homem rico.
MIGUELA . Eu acho que você está certo.
PINGO . Claro que tenho. Se Gila se casar com aquele cara, o que acontecerá com ela e
Asté? Continuar trabalhando a vida toda?Porque assim você não cozinha mais na primeira
fervura ou na panela expressa.
MIGUELA . Bem, você está muito certo. Não vou permitir que minha filha destrua sua vida.
Ela deve se casar com um homem rico que nos livrará de problemas. Vou procurá-la e dizer
que ela não deveria se casar com aquele idiota do Bato.
PINGO . Sim vá em frente...
MIGUELA . Agora estou indo para o riacho. Até mais e muito obrigado pelo seu conselho.
Imediatamente fica claro que você é um homem de verdade.

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(Miguela sai).

PINGO . Meu trabalho já começou. Assim que esses amantes se virem, o ódio e a discórdia
começarão aqui. Mas alguém está vindo, vou me esconder.

(El Pingo se esconde. Merenciana e Espiridión entram.

ESPIRÍDIO: . Você não sabe como eu te agradeço... Mas estou novamente pobre.
MERENCIANA: Não se preocupe. Vou para minha casa e trago para você um saco de milho,
que terei prazer em lhe emprestar.
ESPIRÍDIO: . Mas não quero que minha mãe descubra, ela não vai contar a ninguém que
vai me emprestar o saco de milho.
MERENCIANA: Não tenha cuidado. Companheiro. Não vou contar a ninguém. Agora eu
gulvo.

(Sai)
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ESPIRIDÃO. Uau. Que gente simpática é minha comadre..

(Entra Pingo).

PINGO . Bom Dia senhor.


ESPIRIDÃO . Bom dia.
PINGO . Desculpe....mas este é o compadre que está à espera da velha pastora que
comprou um saco de milho que lhe vai emprestar.
ESPIRIDÃO . Épale.... E como você sabia disso?
PINGO . Porque ela mesma me contou. Como Asté está morrendo de fome junto com seu
filho preguiçoso Bato que não sabe trabalhar, ele vai ter que emprestar um saco de milho
para ele comer... e ele também sabe que Asté nem vai pagar-lhe por isso, que Asté é um
índio desavergonhado e trapaceiro.
SPIRIDIÓN: Ele te contou isso? E eu disse a ele para não contar! A verdade é que preciso
daquele milho, mas se for para ele falar de mim, não quero nada. Vou embora, mas ele vai
me pagar.
PINGO . Ela fará bem em dar a ela o que ela merece quando a encontrarem. Tre bateu na
cabeça dele com uma pedra pontiaguda....
ESPIRIDÃO . Você verá... você verá......

(Sai Compadre 1).

PINGO . Outro que me mete em encrenca... mas alguém está vindo.

(Pingo se esconde, o Velho Pastor e o 2º Compadre entram com um saco de milho).

MERENCIANA . Companheiro... Companheiro...


PINGO . - Quem é que voce esta procurando?
MERENCIANA Ao meu amigo.
PINGO . O seu compadre não é um homem meio jovem, meio velho, meio negro, meio
guerreiro, que tem olhos verdes, além de olhos azuis completamente pretos?
MERENCIANA Esse mesmo.
PINGO . Bem, já é jogo. Ele me disse que não precisava nem um pouco do seu milho
imundo e cheio de gorgulho, e que só pediu porque o que ele não queria era andar com
esse cara que não passa de um índio que só gosta de ficar o dia todo e mais uma porção
de coisas que é melhor nem contar. Escute, que idioma seu amigo fala?
MERENCIANA Caso ele não queira meu milho, melhor, mas ele é ingrato e você vai me
pagar quando eu o encontrar.

(Ele sai muito irritado).


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PINGO . Mas como os homens são estúpidos. Mas aí vem Bato.

(Entram Bato e Lupe).

LUPE. Por que passar para Dona Miguela que chegou tão brava?
BATO . Ele apenas puxou Gila pelos cabelos sem lhe dar nenhuma explicação.
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PINGO . Então eu sei por que...
BATO . Você sabe porque?
PINGO . - Porque o Velho Pastor disse a Dona Miguela que ela não deveria permitir que
você se casasse com Gila porque seu pai era um louco do asilo.
BATO . Meu pai está louco? Ujule nem é verdade.
LUPE . Meu pai não era maluco, ele era de Michoacán.
PINGO . Portanto, o Velho Pastor contou a Doña Miguela e é por isso que Dona Miguela
não quer mais que você se case com Gila.
BATO . E por causa das suas fofocas, Dona Miguela não quer que eu case com Gila?....
LUPE : Vou procurar minha mãe e contar tudo para ela (Sai)
BATO : Aquele velho pastor vai ver como ele vai se sair discutindo, contando mentiras e
dizendo que meu pai é louco.

(Bato sai furioso)


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(Ouvem-se gritos de Dona Librada que entra seguida de Bato e Lupe).

LIBRADA . São mentiras do velho pastor e não sei o que há de errado comigo! Dizer que
minha sonda Spyridion enlouqueceu.
BATO . E por causa dessa discussão, Dona Miguela nem quer mais que eu fale com Gila.

(Entram Dona Miguela, Flor e Gila).

FLOR : Olha.... tem aquele.


MIGUELA : Nem um olhar, não sinta falta dele porque ele bateu em você. Você já sabe que
não quero nem que olhe para aquele homem faminto.
GLA . Mas mãe.
MIGUELA . Nem um olhar... Você me ouve?
BATO . Olhe para ela assim, mãe, não fizeram nada comigo e estou muito triste.
LIBRADA . Calma, meu caro. Vou pedir explicações decentemente a Dona Miguela (VAI ATÉ
ELA E DIZ-LHE EM TOM CONCILIADOR) Escuta, Miguela.
MIGUELA . (EM PROCESSO) Diga assim Librada,
LIBRADA . Bom, eu quero saber o que ele trouxe para ele não querer que meu filho fale
com a filha dele, se meu filho for muito bom.
MIGUELA . Bem, sim... vai ser muito legal. Mas ele é um homem faminto, um pobre índio
Guarachudo.
LIBRADA . Tão sonda, tão índio e tão guarachudo quanto sua filha.... Por que foi
acreditado? O problema é que Aste é um velho idiota.
GILA . - Pare o carro, dona Librada, para não chamar minha mãe de burra.
BATO . Você não se envolve, Gila.
GILA . Claro que me envolvo. Não vou deixar sua mãe insultar a minha.
LIBRADA . Mas faço isso para defendê-lo.
GILA . Por favor, não me defenda, amigo.
LIBRADA . Você percebe, meu filho, que tipo de garota você tem como namorada?
MIGUELA . Minha filha é careca? A descascada será Asté e a avó de Asté.
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(Processo geral. Entra o Velho Pastor)

VELHO . Mas o que acontece? Que escândalo é esse?


MIGUELA . É Dona Librada e aquele filho careca dela.
VELHO . Acho que não, dona Librada. Asté tem um caráter muito bom. Ainda Dona
Miguela.
MIGUELA . (PUXANDO-O) O que isso tem a dizer sobre meu personagem?
LIBRADA . E então o que você deve fazer é ficar de boca fechada e não sair por aí
inventando coisas, velho argumentador.
MIGUELA . E então o que você deve fazer é não se envolver naquilo que não importa para
você.

(Entram companheiros)

ESPIRIDÃO . Era quem eu queria encontrar.


MERENCIANA. . E tentei quebrar o focinho dele.

(Disputa geral, sai todo mundo discutindo. O pingo aparece).

PINGO . O mal triunfou, viva o mal.....


CORTINA

SEGUNDO ATO
QUARTA TABELA
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(Entrada da pousada de Doña Jorga, aparecem Doña Jorga e Pascuala).

PÁSCOA . Bem, como eu disse, Sra. Jorga. Os pastores ficaram terrivelmente relaxados.
Todo mundo está com raiva de todo mundo. Até o Velho Pastor, que era tão bom, tornou-
se para voltar a ser ruim. Bato e Gila colocaram olhos mouriscos e Dona Miguela e Dona
Librada puxaram as tranças cerca de vinte e quatro vezes.
JORGA . Deve ser algo do diabo.
PÁSCOA . Bem, eu não sei quem é. Mas o que eu lhe digo, dona Jorgá, é que aquela
história do anjo foi uma piada de mau gosto. Onde Deus virá nascer aqui?
JORGA . Nem discuta isso, Pascuala, o anjo disse que a criança nasceria aqui e nascerá
aqui.
PÁSCOA . Mas o anjo disse isso quando tudo em Belém era paz e bondade.
JORGA . Bom. Chega de discutir bobagens e vamos entrar enquanto o frio fica cada vez
pior.

(Dona Jorga entra na pousada).


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PÁSCOA . Ah, como Doña Jorga me faz rir. Ela está reanimada com o nascimento do
Menino-Deus.
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PINGO . (AO LADO) Esta é a pousada e aquela é Pascuala. Tenho que convencê-los a não
deixar entrar a Virgem Maria e José. Assim, não tendo hospedagem na pousada para esta
noite, continuarão seu caminho e a criança nascerá nas montanhas, em uma área
despovoada, ninguém saberá e teremos triunfado. (VAI PARA A PÁSCOA) Olá.....
PÁSCOA . O que é isso?
PINGO . Venho do Velho Pastor para dar um recado a Dona Jorga.
PÁSCOA . Depois ele dirá o que lhe é oferecido. Dona Jorga está lá... e como eu nem gosto
de saber tudo...
PINGO . (à parte) Ela é uma fofoqueira. Não sei porquê... mas sinto que esta Pascuala vai
para o inferno...
PÁSCOA . Depois disso ele dirá. Ou você não está pensando em me contar?
PINGO . Bem, sim, é dizer à sua senhora para nem pensar que o menino Deus vai nascer
aqui.
PÁSCOA . (Rindo) Eu já disse isso. A muina que Doña Jorga vai fazer.
PINGO . (à parte) E ele ri. É perverso. Não sei porquê, mas sinto que esta Pascuala vai para
o inferno.
PÁSCOA . Ela acreditava muito que a criança iria nascer aqui. Ei, e por quê?
PINGO . Porque?
PÁSCOA . Por que não nascer aqui? Onde você vai nascer? (DOÑA JORGA ENTRA SEM SER
VISTO NA PÁSCOA.) Diga-me isso para que eu possa rir de Doña Jorga com sua barba pura.
JORGA . E por que você não vai rir da barba da sua avó? lit?
PÁSCOA . Sra. Jorga!
JORGA . Do que você vai rir e por quê? Oque você está trazendo? E o que é esse homem e
o que ele quer?
PÁSCOA . Bem, eu trouxe para ele uma mensagem do velho pastor.
JORGA . Que mensagem você traz?
PINGO . Pois bem, o velho pastor manda dizer-lhe para não pensar que o Menino-Deus vai
nascer aqui em Belém.
JORGA . Mas porque? Se o anjo dissesse...
PINGO . Bem, sim. O anjo disse o que disse, quando tudo em Belém estava cheio de
alegria.... mas agora.... Depois surgiu uma série de intrigas, fofocas e, principalmente,
ações judiciais, que, nossa.
JORGA . Então a criança não vai nascer aqui.
PINGO . É o que diz o velho pastor. Que o anjo apareceu para ele e nem sempre lhe
contou. E informou-lhe também que por estes lugares anda um casal de pastores que se
fazem passar por Maria: e José, e cantando os Santos Peregrinos, vão às hospedarias,
pedem alojamento grátis, comem de tudo e à noite, quando todo mundo está Eles
dormiram, levantam e roubam tudo que podem, vão embora e se eu te vi não me lembro.
Por isso o velho pastor me disse: “Vá ver a dona Jorga, ela é tão burra, e diga a ela que
não vão permitir que esses canalhas entrem na pousada dela”.
JORGA . Bem, é claro que não vou permitir isso. A única coisa que faltava era que viessem
roubar o pouco que temos, e o que vamos fazer é nos trancar e não abrir para quem não
conhecemos, mesmo que digam que são os Santos Peregrinos.
PÁSCOA . Vou me trancar na manjedoura e de lá não sairei.
PINGO . Isso. Pascuala. Você se tranca lá dentro com os burros e sua mãe e não sai de
jeito nenhum.
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JORGA . Rapaz fixe. Agradecemos por ter vindo nos avisar do perigo que corríamos.
Vamos, Pascuala, vamos nos trancar e não abrir para ninguém, principalmente se nos
disserem que são os Santos Peregrinos.

(Dona Jorga entra na pousada)

PÁSCOA . (DIZ MUITO FLIRTANTE A PINGO) Adeus, você e nós veremos em que dia nos
veremos.
PINGO . Bem, quando você quiser, Pascuala, quero conversar um pouco com você e levá-la
a um lugar que eu conheço onde não faz frio nenhum.
PÁSCOA . - Bem, tem que ser legal. Bem, eu vou me envolver, senão a Sra. Jorga vai me
repreender.

(Ao sair, manda um beijo para Pingo e fecha a porta)

PINGO . Todos os meus negócios na terra vão perfeitamente e de repente a maldita


Pascuala se apaixona por mim. Não sei porquê... mas parece-me aquela Pascuala. Eu fodo
até o inferno, o que eu vejo? Maria e José se aproximam; Eu me escondo para ver como
ele os dirige

(Sai Pingo, entram María e José)

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MARIA . Vamos parar, José, estou exausto.
JOSÉ . Sim, María, ali vejo uma casa.
MARIA . É uma pousada. Bata na porta, José, e peça hospedagem para esta noite.

(José vai até a porta e bate)

JORGA . (DENTRO) O quê?


JOSÉ . Alguns peregrinos.
JORGA . O que eles querem?
JOSÉ . Abra você.
JORGA . Eu não vou abrir. Diga o que quiser a partir daí.
JOSÉ . (CANTORIA)
em nome do céu
Te peço uma pousada
porque ele não pode andar
e minha amada esposa.
JORGA . (DENTRO)
Isto não é uma pousada
continue
Eu não consigo abrir
Não seja um canalha.
MARIA.- (sem cantar)
Não seja desumano
tenha caridade
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que o Deus do céu
Eu vou recompensar você.
JORGA . (DENTRO, sem cantar))
Você pode ir agora
e não perturbe
porque se eu ficar com raiva
Eu vou espancá-los.
JOSÉ . (sem cantar)
Chegamos exaustos
de Nazaré
Eu sou carpinteiro
Chama-se José...
JORGA . (DENTRO)
Eu não me importo com o nome
deixe-me dormir
bem, eu já te contei
que não devemos abrir
MARIA .
Posada te pergunta
amado caseiro
por apenas uma noite
a rainha do céu
JORGA . (DENTRO)
Bem, se ela é uma rainha
quem solicita
Como é que à noite
Você está tão sozinho?
JOSÉ .
Minha esposa é Maria.
ela é a rainha do céu
e a mãe vai ser
da Palavra Divina.
JORGA . (DENTRO)
Você é José?
Sua esposa é Maria?
(ABRA A PORTA).
Entra peregrinos
Eu não os conhecia.
MARIA E JOSÉ.
Deus pague a vocês, senhores
sua caridade
e assim o céu te enche
de felicidade
JORGA .
Entra Santos Peregrinos
receba esse cantinho
não da minha pobre morada
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mas do meu coração.

(Todos entram menos Pascuala. Sai o pingo).

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PÁSCOA . Dona Jorga é uma completa idiota, trazendo assim dois ladrões para dentro de
casa. Mas não creio que estes sejam os Santos Peregrinos, nem que o Menino venha a
nascer aqui.
PINGO . Dê um choque nela, Pascuala, você é uma das minhas. (AO LADO) Não sei por que,
mas acho que essa Pascuala vai para o inferno.
JORGA . (SAINDO)
Vai Pascuala
não demore
com a cesta
de amendoim
Vai Pascuala
Não entretenha
Eu trouxe lanches
e traga o que você tiver
PINGO . Mas será que ele ainda vai entreter aquela dupla de canalhas que se passam por
Maria e José?
JORGA . Não. Eles não são bandidos e não fingem ser eles. Tenho certeza que são Maria e
José, só vê-los já foi o suficiente. Pascuala vai dizer ao velho pastor e a todos que o anjo
disse a verdade que Maria e José estão em minha casa e que o Menino nascerá em Belém.
Diga-lhes.

(Pascuala sai para o campo. Dona Jorga entra na pousada e Pingo se morde. A cauda da
raiva).
QUINTA TABELA
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(O inferno. Entre no Pingo).

PINGO . Quando a senhora das trevas souber o que está acontecendo lá em cima, ela vai
me chutar, bem ali, onde começa meu rabo.

(O Diabo entra)

LUZBEL . Pingo... eles me disseram que você estava de volta.


PINGO . Sim, Senhora, cheguei há pouco, vim para lhe contar o que está acontecendo aí na
terra.
LUZBEL . Algo errado?
PINGO . De tudo um pouco
LUZBEL . explique-se
PINGO . Fui para a terra, e ali semeei fofocas, calúnias e intrigas que surgiu um grande
alvoroço e todos os pastores se odiavam e voltavam os olhos mouros uns para os outros.
LUZBEL . Fenomenal!
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PINGO . Fui até a pousada e disse à estalajadeira que os Santos Peregrinos eram
impostores e ladrões e ela me ofereceu que não os deixaria entrar.
LUZBEL . Grande esta noite é o dia marcado para o nascimento do Menino-Deus...
PINGO . Não vá tão rápido, senhora. Que os peregrinos estão hospedados na pousada
Belén.
DIABO . Mas você não me disse apenas que convenceu o estalajadeiro a não lhes dar
hospedagem.
PINGO.- Bem, sim, mas depois vieram e convenceram-na.
DIABO . Oh! A coisa é séria, mas nem tudo está perdido. Volte à terra e tente impedir que
Pascuala chegue onde estão os pastores.
PlONG . Eu tentarei. Mas... se apesar de tudo eles descobrirem, o que eu faço?
DIABO . -Convencer os pastores a não irem adorar o Menino. Ofereça-lhes ouro. Não há
ninguém contra o ouro. Diz-lhes que se te seguirem, tu os enriquecerás e os tirarás de
Belém. Se te seguirem, teremos triunfado.
PINGO . Então eu vou fazer. E não se preocupe, farei com que os pastores se afastem de
Belém para que não possam ir adorar o Menino-Deus.

TABELA SEIS
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(O campo dos pastores. Tem o Velho, o Bato, a Gila, a Miguela e a Librada. Ninguém fala
um com o outro).

VELHO . Como é triste ver o campo dos pastores silencioso. Ninguém fala, ninguém brinca.

(Bato suspira)

LUPE . E você... por que está suspirando?


BATO . Eu não suspiro mãe
LIBRADA . Você suspira por aquele idiota que todo mundo através de você quiser. Mau
filho. Insulte sua mãe e você ainda ansiará por ela.
BATO . Mas eu nem falo mais. Eu nem olho para ela.
MIGUELA . Gila, vamos ver se você para de arrancar esses olhinhos para ver quem está
morrendo de fome.
GILA . Para quem, mãe?
FLOR . A quem... . a quem? Bem, esse.
GILA . O que eu olho? Se eu nem fizesse um link para ele.
MIGUELA . Não é um vínculo, não. Mas alguns olhares ansiosos, então o que posso dizer?
Eu odeio que eles insultem sua mãe e você ainda esteja agindo como um ofertante e um
mendigo.
VELHO . Um momento. Quero conversar com você, sei que estou me expondo ao que
aconteceu com o cachorro da tia Cleta, que ficou com a cara quebrada no dia em que saiu
para latir. Estamos ofendendo a Deus com nosso comportamento. Lembre-se de que o anjo
nos pediu que tivéssemos paz em nossos corações e alegria em nossas almas.
LIBRADA . Bem, sim, mas o Anjo não sabia que havia pessoas sem coração aqui que iriam
sacrificar o coração de seu filho por tolice.
MIGUELA . É isso que você diz para mim?
14
LIBRADA . Não, digo isso por causa de uma tia de Asté.
MIGUELA . Olha, Librada, cala a boca, se não quer que eu puxe suas tranças.
LIBRADA . Então anime-se, vamos ver quais tranças rendem mais perucas.
MIGUELA . Bem, é claro que estou encorajado,

(Eles vão ficar juntos, o Arcanjo aparece)


17
ARCANJO . Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
TODOS . O anjo... o anjo.
ARCANJO . Ouçam-me pastores. O Menino Jesus nascerá em breve. Quando uma estrela
azul brilhar no céu será sinal de que o Filho de Deus já nasceu. Lembre-se de que todos,
pobres e ricos, jovens e velhos, humildes e poderosos, devem prostrar-se diante das suas
plantas e oferecer-lhe o seu amor. E lembrem-se que em todo o mundo deve haver alegria,
paz e tranquilidade esta noite, pois esta será a noite mais feliz que haverá no mundo.
Preparem suas almas para adorar o Menino que aqui nascerá e pensem, pastores, que pela
obra e graça de Deus, esta noite é véspera de Natal e amanhã é Natal.

(O Arcanjo desaparece)
18
VELHO . Você ouviu certo? É a vontade de Deus que haja paz em nossos corações e alegria
em nossas almas. Vão deixar nascer o Menino Jesus entre feras e espinhos porque não
querem pedir perdão, nem sabem como dá-lo?
LIBRADA . Pos.... Da minha parte não....
MIGUELA . Nem mesmo para o meu. (PARA LIBRADA) Perdoe-me por isso, minha alma.
LIBRADA . Este é quem tem que perdoar

(Eles se abraçam.)

FLOR. . E você, não fique aí parado.


LUPE: Abrace sua namorada..
GILA . Bata…..
BATO . Gila......
VELHO . Vou ao topo do morro observar o nascer da estrela que nos guiará na adoração ao
Menino-Deus.

(O velho sai).

GLA . Vamos jogar.


BATO . Vamos dar uma volta.

(Eles formam um círculo e cantam enquanto saem)

TODOS . –
Para o espírito, para o espírito
que a água quebrou
para o espírito, para o espírito
15
envie-o composto,
para o espírito, para o espírito
não temos dinheiro
ao espírito ao espírito
com casca de ovo.

(Saem, entra o pingo muito triste)


19
PINGO .- Ao espírito, ao espírito... esses pastores malvados já o quebraram. Eu não
contava com isso. Mas não devo desistir... (TIRA UM PALIACATE COM MOEDAS DE OURO)
Aqui tenho a arma mais poderosa.... o ouro.... o ouro... o ouro...

(Entra a Páscoa)

PINGO . Quibo, você está aqui?


PÁSCOA . Pois bem, a senhora Jorga me mandou avisar ao Velho Pastor e a todos que
estão no Mesón la Virgen María e ao senhor José. Onde está o velho pastor?
PINGO . Não sei. (À parte) Tenho que evitar a todo custo que Pascuala conte alguma coisa
aos pastores. (PARA A PÁSCOA) Ali. Mas olhe, volte para a pousada e eu darei seu recado
ao velho pastor.
PÁSCOA . Não, porque a Sra. Jorga me pediu para entregá-lo pessoalmente a ela.

(Pascuala senta-se numa pedra).

PINGO . E porque você não sente... e espera por isso..... e ele diz a eles...... e a todos
eles vão para a pousada..... e para o espírito.......
PÁSCOA . Ei, o que você está fazendo tão longe? Por que você não se aproxima?
PINGO . Achei que você não iria gostar.
PÁSCOA . Como não. Se eu gosto de você eu rio muito.
PINGO . (AO LADO) Vou ver se me apaixonando por ela consigo convencer Pascuala a não
contar nada aos pastores, e ver se no processo a levo para o inferno. Olá, Pascuala. Você
sabe que você é muito legal?
PÁSCOA . Ninguém tinha me contado?
PINGO . Olá, Pascuala. E ninguém lhe disse que você tem olhos lindos?
PÁSCOA . Mas estou vesgo.
PINGO . E que você tem uma boca linda e dentes lindos?
PÁSCOA . Mas se eu já os larguei, só me restam três,
PINGO . E que você é legal, também não te falaram isso?
PÁSCOA . Nem, todo mundo diz que sou estúpido.
PINGO . São os tolos, que não sabem valorizar
PÁSCOA . (BATENDO O PINGO NO OMBRO) O que você está dizendo!
PINGO . (IDEM) O que você merece.
PÁSCOA . (IDEM) Amigável,
PINGO . (IDEM) Linda
PÁSCOA . - Precioso. (DESSA VEZ O GOLPE É TÃO FORTE QUE O PINGO
CAI DEIXANDO A CAUDA EXPOSTA) Você caiu?
PINGO . Não, eu desci.
16

(Pascuala vai até ele e olha seu rabo).

PÁSCOA . Mas o que é isso? Você tem um rabo! Você é o diabo... O diabo! O diabo! O
diabo!

(Ele sai correndo para a pousada ao mesmo tempo que os Pastores entram pelo lado
oposto).

20
TODOS . O que está acontecendo? Quem está gritando?
PINGO . Eu... eu grito.....
BATO . O que você diz sobre o diabo?
PINGO . Pos.. pos.. que o diabo apareceu para mim.
TODOS . - Onde?
PINGO . Aí (TODOS GRITAM) eu queria tirar minha bolsa cheia de ouro.
TODOS . Ouro...
PINGO . Sim, reparem que hoje me perdi nas montanhas e de repente encontrei uma
caverna cheia de ouro.
MERENCIANA . E houve muito?
PINGO . Um respingo e duas pilhas, venha comigo coletar ouro para que todos possamos
ficar ricos (TODOS O ABRAÇAM) Bom, chega de abraços e venha comigo coletar o ouro.
TODOS . Vamos.... vamos...

(ELES VÃO SAIR QUANDO O VELHO ENTRAR)

VELHO . Pastores. A estrela brilhou... a criança nasceu, vamos para Belém.


MERENCIANA . Velho pastor, aqui este menino encontrou uma caverna cheia de ouro e
está vindo nos buscar para que possamos ficar ricos.
GILA . Venha conosco, velho pastor.
VELHO . Não. Iremos outro dia, lembrem-se que esta noite devemos ir adorar o Menino
Jesus.

(Os pastores vão ao lado do Velho).

PINGO . Em nenhum outro dia, se não forem logo, vão moer. Vou atrás do ouro e quem
quiser me siga.

(Os pastores vão ao lado do Pingo).

VELHO . Pastores. Lembre-se que o Anjo nos disse que não teríamos maior fortuna do que
conhecer o Menino Deus.
PINGO . Mas eu lhe ofereço ouro. Se você me seguir, ficará rico.
VELHO . Ir ao encontro do Menino nos dará felicidade.
PINGO . Que felicidade ou que olho de machado. O ouro é a única felicidade, e no final das
contas eu vou embora e quem quiser ouro deve me seguir.
17
(VÃO SAIR. PÁSCOA, PETRA E JORGA ENTRAM)

21
PETRA. . Ouçam-me pastores. A criança nasceu.
JORGA . Vamos adorá-lo. É lindo, muito lindo, as flores do campo se abriram para ver e as
borboletas e os pássaros também adoram.
VELHO . Vamos adorá-lo.
BATO . Vamos em busca do ouro.
TODOS . O ouro... O ouro....
PÁSCOA . Não preste atenção naquele homem... porque aquele homem... nem é um
homem.... É o diabo..... Eu mesmo vi o rabo dele.... E se você não acredita em mim, pegue-
o e olhe para ele...

(Todos pegam o Pingo).

TODOS . O diabo...
BATO . Tira-lo daqui....

(Todo mundo bate nele. Pingo foge.

VELHO . Eles o veem? Eram todas artimanhas do diabo para que não adorássemos o
Menino-Deus.
JORGA . E agora vamos para a pousada.
VELHO . Sim, vamos adorar o Menino Jesus e pedir-lhe que nos perdoe todos os nossos
pecados.
TODOS . Vamos.... vamos.
TABELA SETE
22
(O portal, o Arcanjo, a Virgem, José e o menino. Todo mundo entra.

ARCANJO :
Aos pastores de Belém, vamos a Belém.
Que existe a Virgem e o Menino também.
MARIA .
Para a criança rorro
Para o inferno agora
vá dormir tesouro
E vá dormir agora,
TODOS .
Esse garotinho fofo
Você quer dormir
Coloque seu berço
Sob a erva-cidreira.

(Num canto da cena aparecem o Diabo Ancião e o Pingo).


18
PINGO . E cor vermelha
Essa história acabou
O Menino Deus nasceu
E o diabo desistiu.

(Todos cantam “O peixe no rio”. Eles cantam e dançam).


CORTINA FINAL.
AGIR CENA LUGAR PERSONAGEM ATOR
1 PRIMEIRA CAMPO Miguel
MESA Entregue
1 Merenciana
Espiridio
Gila
Batato
Flor
Lupe
velho pastor
2 CAMPO Miguel
Entregue
Merenciana
Espiridio
Gila
Batato
Flor
Lupe
velho pastor
Sra.
Pascuala
Petra
3 CAMPO Miguel
Entregue
Merenciana
Espiridio
Gila
Batato
Flor
Lupe
velho pastor
Sra.
Pascuala
Petra
Arcanjo
SEGUNDA INFERNO Luzbel
TABELA Pingo
4
TERCEIRA CAMPO Petra
TABELA Pascuala
5 Merenciana
Velho pastor
6 CAMPO Pingo
Miguel
Flor
Gila
7 CAMPO Pingo
Espiridio
19
Merenciana
8 CAMPO Pingo
Batato
Lupe
9 CAMPO Entregue
Batato
Lupe
Flor
Miguel
Gila
10 CAMPO Espiridio
Entregue
Batato
Lupe
Flor
Miguel
Gila
Velho pastor
Merenciana
Pingo.
2 QUARTA POUSADA Pascuala
TABELA Jorga
11
12 POUSADA Pascuala
Pingo
Jorga
13 POUSADA Maria
Jose
Jorga
14 POUSADA Pascuala
Pingo
Jorga
QUINTA INFERNO Luzbel (Diabo)
TABELA Pingo
15
GRÁFICO CAMPO Velho pastor
SEXTO Lupe
16 Batato
Gila
Miguel
Flor
Entregue
17 CAMPO Velho pastor
Lupe
Batato
Gila
Miguel
Flor
Entregue
Arcanjo
18 CAMPO Velho pastor
Lupe
Batato
Gila
Miguel
Flor
20
Entregue
19 CAMPO Pingo
Pascuala
20 CAMPO Pingo
Velho pastor
Lupe
Batato
Gila
Miguel
Flor
Entregue
Merenciana
Espiridio
21 CAMPO Pingo
Velho pastor
Lupe
Batato
Gila
Miguel
Flor
Entregue
Merenciana
Espiridio
Pascuala
Petra
Jorga
GRÁFICO MANJEDOURA TODOS
SÉTIMO
22

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