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A BELA E A FERA

Personagens:

Narrador
Fera
Fada
Bella
Padeiro
Livreiro
Gaston
Lefou
Trigêmias
Maurice
Zip
M. Sandovar
Hologe
Lumiere
Babette
Guarda-roupa
Dono do hospício

CENA I

A cena se desenrola a frente das cortinas fechadas, enquanto o Narrador fala.


Os atores não falam.

NARRADOR – Era uma vez, num país distante, um jovem príncipe que vivia num
reluzente castelo. Embora tivesse tudo que quisesse, o príncipe era mimado, egoísta,
grosseiro. Mas numa noite de inverno, uma velha mendiga veio ao castelo e ofereceu a
ele uma simples rosa em troca de abrigo para o frio. Repugnado pela feiúra dela, o
príncipe zombou da oferta e mandou a velhinha embora. Porém ela o aconselhou a não
se deixar enganar pelas aparências, pois a beleza está no interior das pessoas. E quando
ele voltou à expulsa-la, ela se transformou numa bela feiticeira. O príncipe tentou se
desculpar, mas era tarde demais, pois ela percebeu que não havia amor no coração dele.
E como castigo, ela o transformou numa fera horrenda e rogou uma praga no castelo e
em todos que lá viviam. Envergonhado de sua monstruosa aparência, a fera se escondeu
no castelo com o espelho mágico que era a sua única janela para o mundo exterior. A
rosa que ela ofereceu era encantada e iria florescer até o vigésimo primeiro ano. E se ele
aprendesse a amar alguém e fosse retribuído na época em que a última pétala caísse,
então o feitiço estaria desfeito. Se não, ele estaria condenado a permanecer fera para
sempre. Com o passar dos anos, ele caiu em desespero e perdeu toda a esperança, pois
quem seria capaz de amar um monstro?
CENA II
Chegada de Bela à aldeia.

BELA: Tudo é igual nesta minha aldeia.


Sempre está nesta mesma paz.
De manhã, todos se levantam prontos pra dizer...

HOMENS: Bon jour! (6x)

BELA: Tem o padeiro com seu tabuleiro,


Com pães e bolos pra ofertar
Tudo aqui é sempre assim,
Desde o dia em que eu vim
Pra esta aldeia do interior,

PADEIRO: Bom dia. Bela!

BELA: Bom dia, monsieur!

PADEIRO: Aonde você vai?

BELA: À livraria. Acabei de ler uma belíssima estória. É sobre um pé de feijão um ouro
e...

PADEIRO: Que beleza! Maria! As baguete! Depressa!

POVO: Temos aqui uma garota estranha


Tão distraída, lá vai ela.
Não se dá com o pessoal,
Pensa que é especial
Chega a ser muito engraçada a nossa Bela

HOMEM: Bon jour!

MULHER: Bom dia!

HOMEM: Como vão todos?

MULHER: Bon jour!

HOMEM: Bom dia!

MULHER: Sua esposa Flor

MULHER: Eu quero seis ovos

HOMEM: São muito caros

BELA: Eu quero mais que a vida do interior.


LIVREIRO: Ah, Bela.

BELA: Bom dia! Vim devolver o livro que me deu!

LIVREIRO: Já terminou?

BELA: Ah, não parei de ler. Tem alguma novidade?

LIVREIRO: Não desde ontem.

BELA: Ah! Está bem! Eu vou levar... este aqui!

LIVREIRO: Este aqui? Mas já leu duas vezes!

BELA: É o meu predileto! Lugares distantes. Duelos de espadas. Feitiços. Príncipes


disfarçados.

LIVREIRO: Já que gosta dele demais... É seu!

BELA: Mas senhor, eu...

LIVREIRO: Eu insisto!

BELA: Ah, obrigada! Eu agradeço muito!

POVO: Essa garota é muito esquisita!


O que será que há com ela?
Sonhadora Criatura,
tem mania de leitura.
É um enigma para nós a nossa Bela.

BELA: Ah, mas que lindo quadro,


Quando eles se encontram no jardim.
É o príncipe encantado.
E ela só descobre quem ele é, quase no fim.

MULHER: O nome dela quer dizer beleza


Não há melhor nome pra ela

HOMEM: Mas por trás dessa fachada


Ela é muito fechada

POVO: Ela é metida a inteligente


Não se parece com a gente
Essa é uma moça diferente e bela.

LEFOU: Puxa! Você não perde um tiro, Gaston! Você é o maior caçador do mundo!

GASTON: Eu sei.
LEFOU: Nenhuma fera tem a menor chance contra você. E nenhuma garota também.

GASTON: Tem razão, Lefou. E eu só consigo olhar pra aquela ali.

LEFOU: Ah! A filha do inventor?

GASTON: É ela sim. E é com ela que eu quero me amarrar.

LEFOU: É, mas ela...

GASTON: É a mais bonita da cidade.

LEFOU: Eu sei, mas...

GASTON: Ela é a melhor. E eu não mereço a melhor?

LEFOU: Ora! É claro que sim, mas...

GASTON: Desde o dia que eu a vi, eu disse:


Não há ninguém igual a ela!
Eu vi logo que ela tinha
A beleza igual a minha.
E é por isso que eu quero casar com ela.

GÊMEAS: Lá vai Gaston! Vive sonhando!


Monsieur Gaston é bonitão!
Quando ele passa, eu fico arfando!
É forte, é bruto, é um solteirão.

POVO: Bon jour! Pardon! Bom dia! Mas isso é bacon!

MULHER: Que belas luvas! Bom dia!

GASTON: Pardon! Eu quero andar! Eu pego a faca. Quero passar!

MULHER: O pão está velho.

HOMEM: Já fede.

HOMEM: Estão enganados.

BELA: A vida aqui nunca vai mudar.

GASTON: Eu quero levar Bela para o altar.

POVO: Nós nunca vimos moça tão estranha!


Especial essa donzela!
Nem parece que é daqui
Pois não se adapta aqui
Todo mundo aqui acha que ela
É filha de um matusquela
Mas todo mundo diz que ela é Bela
Bon jour! Bon jour! Bon jour!

CENA III
Gaston aborda Bela.

GASTON: Olá, Bela!

BELA: Bon jour, Gaston! (Gaston rouba o livro de Bela) Gaston me devolva meu livro,
sim?

GASTON: (Coloca o livro de cabeça para baixo) Como pode ler isto? Não tem
figurinhas!

BELA: Só precisa usar a imaginação.

GASTON: (Joga o livro de Bela no chão. Essa o apanha) Bela, já é tempo de você
afastar a cabeça desses livros e dar atenção a coisas mais importantes.... como...
eu. (Moças suspiram) A aldeia toda só fala nisso! Não é direito uma mulher ler.
Logo começa a pensar, ter idéias ...

BELA: Gaston, você é um homem primitivo.

GASTON: Obrigado, Bela. O que você acha de darmos um passeio até a taberna para
olharmos os meus troféus?

BELA: (Se esquivando) Talvez em outra ocasião.

MOÇA 1: O que há de errado com ela?

MOÇA 2: Ela é louca!

MOÇA 3: Ele é lindo!

BELA: Perdão, Gaston. Eu não posso. Eu tenho que ajudar o meu pai.

LEFOU: (Irônico) Aquele velho maluco precisa mesmo de muita ajuda! (Lefou e
Gaston riem)

BELA: Não fale do meu pai desse jeito!

GASTON: (Fingindo que se aborreceu) É, não fale do pai dela desse jeito!

BELA: Meu pai não é louco! Ele é um gênio! (Ouve um som de explosão na casa de
Bela.) Papai! (Ela sai. Gaston e Lefou ficam rindo)

CENA IV
Casa de Bela.
BELA: (Entrando) Papai? Papai?

MAURICE: (Debaixo da invenção) Aqui, querida!

BELA: O senhor está bem?

MAURICE: Não! Quer dizer... sim. Mais ou menos! É essa máquina estúpida... não
consigo botá-la para funcionar!

BELA: O sr. sempre diz isso!

MAURICE: Mas desta vez eu falo sério.

BELA: É claro que vai conseguir consertá-la. E vai ganhar o primeiro lugar na feira de
invenções deste ano.

MAURICE: Você acha?

BELA: Claro!

MAURICE: (Tomando ânimo) Você tem razão! (Volta para debaixo da máquina) Deve
ter sido aquele parafuso que apertei demais! Deixe-me ver... Passe esta fermenta
aí, por favor. Como foi o seu dia na aldeia, hoje?

BELA: Foi bom. Ganhei um livro novo! Papai... o sr. me acha maluca?

MAURICE: Minha filha... maluca? De onde tirou uma idéia como essa?

BELA: É que todos comentam que...

MAURICE: Mas falam de mim também! E você me acha maluco?

BELA: Não, é que... eu não me adapto bem aqui. Não tenho ninguém com quem
conversar!

MAURICE: E o que me diz do Gaston? Ele me parece bonito.

BELA: É bonito sim. E rude, e convencido... não papai, ele não é pra mim.

MAURICE: Acho que agora vai funcionar! (Aperta alguns botões e a máquina
funciona) Funcionou! Funcionou!

BELA: Oh, papai! Eu sabia!

MAURICE: Preciso levá-la para a grande feira de invenções!

BELA: Agora? Mas já está anoitecendo e está muito frio lá fora!

MAURICE: E porque não? (Fecha as janelas) Podem haver espiões por aqui! É preciso
registrá-la o mais breve possível! Ficaremos ricos! Ricos!
BELA: Mas papai!

MAURICE:Vou cobri-la com... esse pano! onde coloquei meu chapéu?

BELA: Na sua cabeça.

MAURICE: Ah, verdade! E a minha capa?

BELA: Aqui está.

MAURICE: Até breve, minha filha! Tome cuidado!

BELA: Mas papai...

MAURICE: Voltarei antes do próximo pôr-do-sol (Sai).

BELA: Mas... já foi! (Sai.)

CENA V

Maurice chega ao castelo encantado.

MAURICE: Olá! Tem alguém aí?

ZIP: Quem é ele, mamãe?

MME. SANDOVAR: Um visitante, querido.

HOLOGE: Um intruso é o que você quer dizer.

BABETTE: Coitadinho! Ele está todo molhado.

HOLOGE: Quietos. Se fizermos silêncio, talvez ele vá embora.

MME: Não podemos deixá-lo sair dessa maneira.

LUMIERE: A madame tem razão. O coitado está tremendo de frio. Além do mais, lá
fora a esta hora é perigoso.

HOLOGE: Aqui dentro também é. Se o mestre souber que tem um estranho no castelo...

LUMIERE: Hologe, onde está o seu espírito de hospitalidade? (Saindo de onde estava e
aproximando-se de Maurice) Seja bem-vindo, monsieur, Sou Lumiere. O seu
criado.

MAURICE: Você... fala?

LUMIERE: Oui.
HOLOGE: Ele fala até demais. Não dava para ficar quieto?

MAURICE: Nossa! Um relógio falante! (Maurice tenta acertar as horas em Hologe e


este sente cócegas)

HOLOGE: Senhor! Pare já com isso!

MME: Aceita um chá, monsieur?

MAURICE: Oh, obrigado! Vocês são muito gentis!

HOLOGE: Chá? Nada de chá!

BABETTE: Sente-se aqui!

HOLOGE: Na cadeira do patrão? Oh, não! Enlouqueceram de vez? Se ele souber que
deixamos um estranho entrar no castelo...

MAURICE: Ele? Ele quem?

LUMIERE: Ninguém, monsieur. Somos apenas nós que habitamos este castelo. (Para
Hologe.) Quer que ele saiba o segredo do patrão?

HOLOGE: Não, mas é que...

LUMIERE: Hologe, acalme-se. O patrão deve estar dormindo a essa hora e você sabe
como ele tem um sono pesado. Não há nada a temer. (A Fera vai aparecendo
atrás de Lumiere. Todos os outros fogem) Nosso visitante dormirá hoje aqui e
amanhã bem cedo...

FERA: Quem é você? O que faz no meu castelo?

MAURICE: Desculpe senhor, eu não tive intenção de ser intruso. É que estava perdido
e cansado...

FERA: Mentira! Você veio ver a fera, não foi?

MAURICE: Não senhor...

HOLOGE: Patrão, eu só queria dizer que desde o início eu fui terminantemente contra
tudo isso e ...

FERA: Você agora é um prisioneiro do meu castelo. Ficará preso aqui para todo o
sempre. (Pega Maurice e o leva)

MAURICE: Não! Não!

ZIP: Eu estou com medo, mamãe!


MME: Não precisa ter medo. Por trás da aparência de fera, há um bom coração. Agora
vamos! É hora de dormir.

CENA VI

Gaston pede Bela em casamento.

GASTON: Está tudo preparado, Lefou?

LEFOU: Sim, Gaston!

GASTON: O padre já está esperando?

LEFOU: Sim, Gaston! E todos os convidados já estão lá também!

GASTON: Trouxe o vestido?

LEFOU: Aqui está!

GASTON: As alianças estão comigo! (Tira um espelho. olha-se. Limpa os dentes com
os dedos. Lefou arruma a roupa de Gaston) Já que o principal está feito, vamos
à moça. (Bate palmas.)

BELA: Quem é?

GASTON: Sou eu, Bela!

BELA: Eu quem?

GASTON: Seu futuro esposo!

BELA: Ah! Gaston!

GASTON: Fico feliz que me reconheça.

BELA: O que você quer?

GASTON: Vim buscá-la! Já estão todos esperando!

BELA: Quem está esperando o quê?

GASTON: Ora, Bela... A aldeia inteira está aguardando a festa do nosso casamento. Ah!
Já posso até imaginar nossa vida de casados: eu sairei para caça, e você
cozinha para mim enquanto as crianças brincam com os cães. Teremos uns cinco
ou sete...

BELA: Cães?

GASTON: Não, Bela! Garotos! Robustos e belos, assim como eu! (Entrega um pacote
a Bela)Trouxe o seu vestido! Eu mesmo escolhi! Gostou?
BELA: (Fingindo)Gaston... eu estou sem fala, mas eu não posso aceitá-lo. Nem ao seu
pedido de casamento.

GASTON: Como é?

BELA: É que você é tão... bonito e ... irresistível! Ah! Não, Gaston! Eu não mereço
você!

GASTON: E quem merece?

BELA: Além do mais, papai ainda não retornou da feira. Não posso tomar uma decisão
dessa sem consultá-lo. Agora se me der licença... (Sai.)

GASTON: (Furioso) Quem ela pensa que é? Ninguém diz não a Gaston!

LEFOU: Ninguém!

GASTON: Eu vou mostrar a ela o que acontece com quem nega um pedido de Gaston.
(Saem os dois.)

BELA: (Voltando.) Ele já se foi? Ora! Imagine só, eu casada com aquele grosseiro!
Burro! (Canta.)

Madame Gaston! Casar com ele!


Madame Gaston! Mas que horror!
Jamais serei esposa dele.
Eu quero mais que a vida do interior.

Quero viver num mundo bem mais amplo,


Com coisas lindas para ver.
E o que eu mais desejo ter
É alguém pra me entender.
Tenho tantas coisas pra fazer

BELA: Nossa! Já é tarde! E papai ainda não chegou. Onde será que ele está? Acho
melhor ir atrás dele. (Sai.)

CENA VII

O castelo da Fera.

MME: Coitadinho! Deve estar com fome!

LUMIERE: Nós poderíamos levar algo para ele! O que acham?

HOLOGE: Nem pensar! O patrão nos mataria!

BABETTE: Hologe tem razão! Ele está furioso!

ZIP: Mamãe! Mamãe! Eu vi alguém entrando no palácio!


HOLOGE: Mais um?

MME: Tem certeza, Zip?

ZIP: Tenho! Tenho sim! E é uma bela garota!

BABETTE: Uma garota? Será possível?

LUMIERE: Só tem uma maneira de sabermos, Madmoiselle! Vamos até lá!

CENA VIII

Bela entrando no castelo

BELA: (Entrando) Papai? Papai, o sr. está aqui? (Observa os objetos que estão no
palco e sai.)Papai?

LUMIERE: (Escondido) Mon Dieu! Será que meus olhos me enganam? Eu vejo uma
garota!

HOLOGE: Eu vejo encrenca! Você viu como o patrão reagiu à outra visita inesperada!
Ele ficou uma fera!

LUMIERE: Hologe, ele já é uma fera!

HOLOGE: Não foi isso que eu quis dizer...

LUMIERE: Hologe, será que você não percebe o que isso significa? Ela é uma garota!
Poderá quebrar a maldição da fera! Voltaremos a ser humanos novamente!

ZIP: É verdade, mamãe?

MME: Há uma chance, filhinho!

HOLOGE: Quase nenhuma, eu diria. Acham mesmo que ela poderá se apaixonar por
uma... fera?

LUMIERE: Não seja pessimista! O patrão precisa apenas da orientação de um


profissional com mulheres, ou seja, a minha!

BABETTE: Parece que ela está procurando alguém!

LUMIERE: Será que se trata do monsieur no calabouço?

MME: Talvez...

LUMIERE: Então vamos trazê-lo. (Sai.)

CENA IX
Bela encontra o pai.

LUMIERE: (Entrando com Maurice.) Fique aqui, monsieur.

MAURICE: Mas o quê está havendo?

MME: Fique tranqüilo, logo o sr. entenderá.

BELA: (Em off.) Papai? (Os objetos ficam imóveis. Bela entra.) Papai, o senhor está
aqui?

MAURICE: Bela? É você?

BELA: Papai! Oh, meu Deus! O senhor está preso! Quem fez isso?

MAURICE: Bela, você deve sair daqui agora! Antes que ele volte!

BELA: Ele? Ele quem? De quem o senhor está falando? Quem fez isso com o senhor?

CENA X

O encontro de Bela e Fera.

FERA: (Entrando.) Eu fiz!

BELA: Quem está aí?

FERA: Seu pai é meu prisioneiro e, se não quiser acabar igual a ele, parta
imediatamente!

BELA: Não! Não posso deixá-lo aqui, neste estado. Não vê que ele está doente? Por
favor, deixe-o ir!

FERA: Seu pai invadiu meu castelo! Por isso está preso aqui! Agora parta! (Vira-se
para sair)

BELA: Espere!

FERA: O que é?

BELA: Se eu ficar no lugar dele, você o deixa partir?

MAURICE: Não, Bela!

FERA: Você... sabe o que está dizendo?

MAURICE: Bela, eu já vivi o bastante. Eu te peço, não faça isso!

BELA: Ele é meu pai e eu o amo muito para vê-lo assim. Por favor, aceite meu pedido.
MAURICE: Bela! Não!

FERA: Que assim seja! (Sai arrastando Maurice.)

BELA: Espere! Espere! Nem me deixou dizer adeus! (Ela cai no chão e chora.)

MÚSICA: Lar

Sim, eu escolhi
Por meu pai eu ficarei.
Mas eu não mereço sofrer tudo o que sofrerei.
seu monstro,
Acredita mesmo que é certo o que fez a mim?
É um tolo!
Pense outra vez

É o meu lar.
É o lar onde aprenderei a ser feliz.
Nunca vi
Um lugar tão frio e escuro assim.
Sempre disse,
Todo dia em minha infância,
Enquanto a gente crescer,
O lar é onde o coração está.
Nunca foi tão verdade!
Meu coração está longe, o lar também.

É o meu lar?
Isso é tudo pelo que devo sonhar?
Tentar ver
Alguma coisa boa nesse lugar?
Sendo assim,
Ficarei presa aqui eternamente.
Nesse lugar vazio.
Oh, não será tão fácil,
Sei muito bem porquê,
Meu coração está longe, o lar também.

LUMIERE: (Ao ver a Fera entrando.)Patrão... não seria melhor levá-la para um local...
mais confortável!

FERA: Venha comigo!

BELA: Para onde?

FERA: Você que ficar presa aqui para sempre?


BELA: Não! É que eu pensei...

FERA: Me acompanhe!

LUMIERE: Fale alguma coisa gentil para ela!

FERA: Esse será o seu lar agora. Poderá ir onde quiser, menos a ala oeste.

BELA: O que há lá?

FERA: É proibida! Você jantará comigo esta noite. E isto não é um pedido. (sai)

CENA XI

O castelo encantado.

LUMIERE: Oh! Que infelicidade!

HOLOGE: Dessa vez ele exagerou! Não devemos tratar uma senhorita dessa maneira!

BABETTE: Mas é claro que não!

MME: Coitadinha!

BELA: Quem está aí?

LUMIERE: Não se assuste Madmoiselle! Estamos aqui para ajudá-la!

BELA: Vocês... Vocês podem falar?

LUMIERE: E cantar, dançar, cozinhar... enfim fazemos de tudo!

BABETTE: Mas agora iremos ajudar você!

BELA: Vocês podem me ajudar a sair daqui?

LIMUERE: Infelizmente não podemos levá-la para fora do castelo, mas podemos levá-
la a um lugar mais confortável!

MME: Não fique triste, querida!(Canta.)

Eu espero que sejamos amigas


Apesar de não conhecê-la bem acho que
Se alguém pode fazer uma vida melhor aqui
Então Bela
Esse alguém é você
E quem sabe não voe encontra
Seu lar aqui também

MME.: Agora vamos, me acompanhe para o jantar!


BELA: Não quero jantar.

MME: Mas, querida, você não pode ficar sem comer!

BELA: Eu não tenho fome!

BABETTE: O patrão quer que você jante com ele!

HOLOGE: E para o seu próprio bem, acho melhor você ir!

BELA: Eu não quero jantar com ele!(Sai e Babette vai atrás dela.)

HOLOGE: Mulheres! Não se pode viver com elas, não se pode viver sem elas!(Sai.)

CENAXII

A espera da Fera.

FERA: Ela já está pronta?

LUMIERE: Patrão... já pensou que talvez ela seja a garota que pode quebrar o feitiço?

FERA: É claro que pensei... eu não sou idiota! Só que ela é ão bonita e eu... Olhem para
mim!

MME: O sr. deve fazê-la ver o que tem por dentro! Deve ser gentil com ela! Vamos
endireite-se!

LUMIERE: Mostre um sorriso!

MME: Seja um cavalheiro!

LUMIERE: Quando for jantar com ela, puxe a cadeira!

MME: Convide-a para jantar! E acima de tudo...

OS DOIS: Controle seus nervos!

FERA: (Vendo Hologe entrar.)E então?

HOLOGE: Bem, o senhor sabe... Dadas as circunstâncias que a cercam... ela se encontra
cansada... foi muita emoção para uma noite só! Então ela...

FERA: Hologe!

HOLOGE: Ela não vem!

FERA: (Em direção ao quarto de Bela.)Abra essa porta!

BELA: Não!
FERA: Então eu vou arrombá-la!

MME: Patrão! A pobrezinha acabou de perder o pai e a liberdade, num só tempo! O


senhor deve ser mais paciente com ela!

FERA: Mas ela recusou meu convite para jantar!

LUMIERE:Nós não ouvimos o senhor convidá-la!

FERA: O que querem que eu faça? Que peça por favor? (Todos olham para ele
afirmativamente) Está bem! Bela?

BELA: Sim?

FERA: Você não gostaria de jantar comigo...

LUMIERE: Continue...

FERA: Por... favor...

BELA: Não, obrigada!

FERA: (Para os objetos) Vocês viram? Não pode ficar aí pra sempre.

BELA: Posso sim!

FERA: Pois então morrerá de fome!(Para os objetos.) Se ela não jantar comigo, não
jantará com mais ninguém! Fui claro?

TODOS: Sim, senhor! (A Fera sai furiosa.)

LUMIERE: É as coisas vão mal entre os dois!

MME: Ele é mesmo muito intolerante!

HOLOGE: Ela também é muito difícil!

LUMIERE: É, mes ami, acho que vamos ter bastante trabalho se quisermos quebrar esse
feitiço! (Saem os três.)

CENA XIII

Fera vê através do espelho.

FERA: Como ela ousa recusar o meu convite? Eu fui gentil com ela! (Pega o espelho)
Espelho, mostre-me Bela!

GUARDA-ROUPA: Querida, você precisa ter paciência. O patrão não é de todo mal. Se
você conhecê-lo melhor verá...
BELA: Eu não quero conhecê-lo melhor! Eu não quero ter nada a ver com ele! Só quero
que ele me deixe em paz!

FERA: (Triste) Não adianta! Ela sempre verá uma fera em mim! Não há esperanças!

CENA XIV

O jantar de Bela.

BABETTE: Oh, Lumiere! Você está fazendo cócegas!

LUMIERE: Oh, Cherrie! A lua está perfeita para um romance!(Entram Hologe e Me.
Sandová. Lumiere deixa Babette cair e se recompôe.)

MME: Tanta comida estragada!

HOLOGE: Esse seria um belíssimo jantar!

BELA: (Entrando) Olá!

MME: Bela!

HOLOGE: Permita-me eu me apresente. Eu sou Hologe, chefe da criadagem.

LUMIERE: E eu sou Lumiere! Encantado!

BABETTE: Eu me chamo Babette! Muito prazer!

HOLOGE: E esta é Me. Sandová, chefe de cozinha. O que deseja?

BELA: Tenho fome agora.

MME: Mas isso é maravilhoso!

HOLOGE: O quê? Ela ter fome?

MME: Isso mesmo! Agora poderemos servir o jantar para nossa convidada!

HOLOGE: Mas o patrão disse...

MME: Eu sei o que ele disse, mas não podemos deixar a pobrezinha morrer de fome.

HOLOGE: Está bem. Pode dar um copo d’água, umas casquinhas de pão!

LUMIERE: Ora, Hologe! Não seja rabugento! Ela não é nossa prisioneira. É nossa
convidada.

HOLOGE: Está bem! Mas não façam barulho! Se o amo descobre será nossas cabeças!
LUMIERE: Mas o que é um jantar sem um pouco de música!

HOLOGE: Música? Vocês enlouqueceram?

BABETTE: Permita-me indicar seu local.

Música: “A VONTADE”
LUMIERE: A vontade, a vontade
Prove a nossa qualidade.
Pegue o guardanapo agora, cherrie
E sirva-se a vontade.
Soup de jours, hours der.
Veja se o serviço serve.
É o serviço que tem vida.
Observe se duvida!
Tudo canta, tudo dança,
Afinal aqui é a França.
E a comida aqui é uma especialidade.
Pegue o menu e veja,
E agora esteja em sua casa,
A vontade, a vontade, a vontade
Scargô com suflê pegue ...
A comida é preparada especialmente pra você.
Como vê, só você é a nossa convidada.
Sejam facas ou colheres,
Toda louça e os talheres,
Todo mundo vai brindar!
Todos querem festejar!
E o bom chopp já chegou para alegrar!
Vamos então brindar
Para homenagear a convidada.
É verdade,
Fique muito a vontade.
A vontade, a vontade, a vontade!
Como a vida é triste
Se o serviço não existe!
Não faz bem vivermos sem servir alguém
Ah, como era bom sermos úteis
Hoje não servimos mais ninguém
Há dez anos sem dono
Nós penamos no abandono
Sem exercício para nos manter em forma
Vagando e chorando pelos cantos
Já sem auto-estima
Você chega e nos anima
Um alguém, um alguém
Que chegou pro nosso bem
Já tem vinho e com carinho
Vou querer servir também
E depois da sobremesa
Eu vou por o chá na mesa
Vendo as xícaras dançando
Vou fervendo e borbulhando
Hoje não falta nada
Ah! Meu Deus estou manchada
Vou limpar, não se admite coisa errada
Eu tudo vou fazer
Para satisfazer a convidada
Convidada
Pegue um prato, um talher
Faça tudo o que quiser
Há dez anos não servimos nenhum homem ou mulher
Pois o nosso prazer é fazer você comer
Nossas velas vão brilhando
Seu jantar vão alegrando
E o lençol vai se abrir
e servir até o fim
Todo mundo na maior felicidade
Enquanto se festeja
Por favor esteja
A vontade, a vontade
Fique a vontade

BELA: Bravo! Bravo! Foi maravilhoso!

HOLOGE: Ora, ora! Vejam só como está tarde! É hora de dormir!

BELA: Ah, não! Depois de toda essa animação eu perdi o sono. É a primeira vez que
venho a um castelo encantado!

HOLOGE: Encantado? Quem disse que esse castelo é encantado? (Para Lumiere.) Foi
você, não foi?

BELA: (Vendo alguns objetos passarem a sua frente.)Eu adivinhei por mim mesma.
Gostaria de conhecer o castelo!

LUMIERE: Mas é claro!

HOLOGE: Um minuto, por favor. (Para Lumiere.) Não devemos deixa-la bisbilhotando
em certos lugares... se é que me entende!

BELA: Tenho certeza que o senhor é a pessoa mais indicada para me apresentar o
castelo. Deve conhecer tudo que tem por aqui!

HOLOGE: Bem... de fato não há quem conheça melhor o castelo. Acompanhe-me.


Como pode ver, a fachada falsa foi tirada para mostrar o verdadeiro estilo
rococó. E veja as abóbodas no topo. Elas representam o verdadeiro estilo
neoclássico barroco. E como eu sempre digo, se não for barroco, não combina...
Madmoiselle! Não pode entrar na ala oeste.
BELA: Ah! Então esta é a ala oeste?

LUMIERE: Foi você quem falou.

HOLOGE: Madmoiselle, não pode ir à ala oeste!

BELA: O que há lá?

LUMIERE: Nada! Só um monte de peças sujas, quebradas... tudo muito enfadonho!

BELA: Por que não posso ir à ala proibida?

HOLOGE: Exatamente por isso! Porque ela é proibida!

LUMIERE: Talvez você queira conhecer o grande salão! Ou quem sabe a adega? Tem
também a sala de armas, a estufa, a biblioteca e a ...

BELA: Biblioteca? Vocês têm uma biblioteca aqui?

LUMIERE: Mas é claro! Nós temos a maior coleção de livros que ninguém jamais
imaginou ver!

HOLOGE: Vitor Hugo! Cervantes! Homero! Moliere! Milhares de livros! Cascatas de


livros! (Os dois vão saindo tão empolgados, que nem notam que Bela ficou para
trás e se dirige para a ala proibida)

CENA XV

Na ala oeste, Bela encontra uma sala destruída. Na parede, um quadro rasgado
onde apenas os olhos de uma pessoa podem ser vistos. No canto da sala, sobre uma
mesinha, uma rosa envolta em uma cúpula de vidro. A magia da rosa prende a sua
atenção e, quando ela vai tocá-la, a Fera entra.

FERA: Eu ordenei para que você não se aproximasse dessa sala!

BELA: Desculpe-me. É que eu... (Olha para a rosa)Eu jamais poderia imaginar ver
algo assim...

FERA: Vá embora daqui!

BELA: Mas eu ...

FERA: Vá embora daqui!(Bela foge.)

CENA XVI

O resgate de Bela. No salão principal, os objetos estão reunidos, quando bela


surge assustada.

HOLOGE: O que houve?


BELA: Eu não posso ficar aqui, nem mais um minuto! Vou embora!

LUMIERE: Mas senhorita...


BABETTE: (Para Fera que acaba de entrar.)Patrão, há lobos lá fora!

FERA: Os lobos!(Sai para socorrer Bela.)

CENA XVII

A reconciliação da Bela com a Fera. No salão, os objetos esperam ansiosos.

MME. SAMOVÁ: Minha nossa! Será que ele chegará a tempo?

BABETTE: Ai! Eu não quero nem pensar...

LUMIERE: Ora! Acalmem-se! Se existe alguém que pode savá-la esse alguém é o
patrão.

HOLOGE: E quem salvará o patrão?

BABETTE: Aí vem eles! Parece que o patrão está ferido!

MME. SAMOVÁ: Depressa, Babette, vá buscar a água.

HOLOGE: Eu disse que isso não daria certo!

BELA: Sente-se aqui. (Para os objetos.)É preciso limpar o ferimento.

MME. SAMOVÁ: Aqui está.

BELA: (Fera não deixa Bela limpar seu ferimento.)Fique quieto!

FERA: Isso dói!

BELA: Se ficar quieto não vai doer tanto!

FERA: Se você não tivesse fugido, nada disso teria acontecido!

BELA: Se você não tivesse me assustado, eu não teria fugido!

FERA: E você não deveria ter ido à ala oeste!

BELA: E você deveria aprender a controlar seus nervos! (Sem mais argumentos, Fera
dá o braço ferido à Bela.)Seja forte, vai doer um pouco! (A Fera cerra os
dentes.) A propósito, obrigada por salvar minha vida!

FERA: Me desculpe!(Eles se olham e ela sai.)

CENA XVIII
Um presente para Bela.

(Música: a Bela passeia com a Fera)

FERA: Ela foi tão gentil comigo! Preciso fazer algo por ela. Mas o quê?

HOLOGE: O de sempre: flores, bombons, promessas que não pretende cumprir...

LUMIERE: Eu sei de algo que ela vai gostar muito. Espere um momento.(Sai.)

FERA: Aonde ele foi?

HOLOGE: Fazer besteira! Só pode ser! Ele não faz nada certo!

LUMIERE: Aqui está.

FERA: Um livro?

HOLOGE: Dessa vez eu devo admitir que Lumiere teve uma boa idéia. A garota ficou
encantada com a biblioteca.

FERA: Hologe vá chamá-la. Lumiere, tem certeza de que ela vai gostar?

LUMIERE: Mas é claro, patrão! Ela irá adorar!

FERA: Bela, gostaria de mostrar-lhe algo! Mas antes você deve fechar os olhos! É uma
surpresa! (Ela fecha os olhos)

BELA: Já posso abrir?

FERA: Ainda não! Estenda as mãos.(Ele coloca o livro em suas mãos.) Agora!

BELA: Um livro! O rei Artur.

FERA: Você gostou?

BELA: Eu adorei! É minha estória favorita!

FERA: É seu!

BELA: Obrigada! Você já leu?

FERA: Não!

BELA: Então é melhor que você leia primeiro!

FERA: Não. Não tem problema algum que você leia primeiro.

BELA: Não, eu insisto!


FERA: Não. Você lê!

BELA: Não, você!

FERA: Não, eu não posso ...

BELA: Você nunca aprendeu a ler?

FERA: Uma vez, há muito tempo atrás...

BELA: Não tem problema. Eu o ajudo. Podemos ler juntos. (Os dois sentam-se em um
canto do palco.) Aquela era uma espada mágica chamada Excalibu. Artur tentou
tira-la pela primeira vez, mas ela não saiu do lugar. Tentou uma segunda vez, e
ela lá continuou. Então, pela terceira vez, Artur puxou a espada...

FERA: Isso significa que ele era o rei!

BELA: Isso mesmo!

FERA: Eu jamais imaginei que livros pudessem fazer isso!

BELA: Isso o quê?

FERA: Tirar-me desse local e me fazer esquecer por um momento... Quem eu... o quê
eu sou!

BELA: Nós temos algo em comum.

FERA: O quê?

BELA: Na cidade de onde eu venho, todos me acham esquisita.

FERA: Você... esquisita?

BELA: Então eu sei como é se sentir... diferente! E sei o quanto isso pode machucar.
(Sentando-se novamente.)Pela terceira vez, Artur puxou a espada e todos
gritaram: “Artur é Rei”!

FERA: Eu disse a você.

LUMIERE: Oui, mes ami, o dia pelo qual tanto sonhamos está cada vez mais próximo.

BABETTE: Oh, Lumiere! Isso é verdade!

LUMIERE: Humanos novamente!

BABETE: Quem sabe isso não é possível? Olhem só para os dois!

HOLOGE: Mas a rosa já está muchando! Não há mais tempo!


(Música: Humanos novamente)

BELA: “Quando Gwenhuyfar soube que Artur morrera, ela entrou para um convento e
ninguém nunca mais a viu sorrir novamente.” Fim.

FERA: Que belíssima estória!

BELA: Eu sabia que iria gostar. Eu queria pedir-lhe algo. Uma segunda chance! Você
gostaria de jantar comigo esta noite?

FERA: Você que dizer... eu... você... nós... Oh, sim!

(Música continua.)

CENA XIX

Lefou consola Gaston.

GASTON: Quem ela pensa que é? Publicamente humilhado! A vida não tem mais
sentido para mim!

LEFOU: Não diga isso, Gaston. Você ainda é o maior!

(Música)

MAURICE: (Entrando) Socorro! Scorro! Vocês precisam me ajudar! Temos que


libertar Bela!

GASTON: Acalme-se Maurice. O que houve?

MAURICE: Ele prendeu Bela no castelo...

GASTON: Quem prendeu Bela, Maurice?

MAURICE: A Fera! Ela era enorme...

HOMEM 1: (Caçoando.) E tinha dentes afiados?

HOMEM 2: E os olhos grandes?

HOMEM 3: E pêlos cobrindo todo o corpo?

MAURICE: Tinha! Tinha! E então vocês vão me ajudar?

HOMEM 1: Oh, sim! Nós vamos ajudar você. (Os três jogam Maurice para fora.)

MAURICE: (Do lado de fora.) Mas ninguém vai me ajudar?

LEFOU: Deixe-nos em paz, Lefou!


MAURICE: Tudo bem!(Entrando em casa.)

HOMEM 2: Uma Fera! Esse velho é mesmo doido!

GASTON: Velho louco, o Maurice... Velho louco...

(Música)

MAURICE: (Saindo de casa armado.)Se ninguém acredita em mim. Eu mesmo irei


salvar Bela.(Sai.)

CENA XX

Fera espera Bela para a valsa.

Música:

FERA: Bela, você está feliz aqui comigo?

BELA: Estou.(Desvia o olhar.)

FERA: O quê houve?

BELA: É o meu pai... eu sinto tanta falta dele. Se eu pudesse vê-lo ao menos uma vez.

FERA: Há uma maneira!(Sai e volta com o espelho.) Esse espelho é mágico! Ele pode
mostrar tudo aquilo que você quiser ver.

BELA: Eu quero ver meu pai, agora! (O espelho mostra Maurice doente.)É o meu pai!
Ele está doente! Precisa de minha ajuda!

FERA: Então é melhor que você vá.

BELA: Você quer dizer que eu estou livre?

FERA: Eu gostaria muito que você ficasse, mas não suportaria vê-la sofrer! Você está
livre! Não é mais minha prisioneira.

BELA: Obrigada!(Devolve o espelho.)

FERA: Leve-o com você, assim terá uma chance de olhar para trás e se lembrar de
mim!(Bela sai, entra Hologe.)

HOLOGE: Patrão, eu sempre confiei no seu talento... Sempre acreditei que conseguiria
conquistar a garota!

FERA: Eu a deixei partir.

HOLOGE: É claro...Como é?
FERA: Ela foi embora!

HOLOGE: Mas por quê o senhor a deixou ir?

FERA: Porque... porque eu a amo!(Sai.)

HOLOGE: Lumiere, mme. Samová, Babette... venham todos!

MME.: O quê houve? Qual foi a confusão desta vez?

LUMIERE: Hologe, como podemos cumprir nossas tarefas se você não pára de nos
interromper?

BABETTE: Lumiere tem razão. Até agora não consegui terminar de bater os tapetes!

HOLOGE: Ele a deixou partir.

TODOS: Como é?

HOLOGE: É verdade.

BABETTE: Mas por quê?

MME.: Acho que afinal ele aprendeu a amar.

ZIP: Bela foi embora, mamãe? Não vai mais voltar?

MME.: Eu creio que não, meu filho.(Zip sai sem ser visto.)

BABETTE: Mas se ele aprendeu a amar, isso deve quebrar o encanto.

HOLOGE: Não é o bastante. É preciso que ela o corresponda.

LUMIERE: Hologe tem razão.

BABETTE: Mas a rosa já começou a muchar!

HOLOGE: Acho que não há mais esperança.

CENA XXI

Gaston suborna o psiquiatra.

GASTON: O caso é o seguinte: todos ouviram Maurice delirar feito um louco na


taverna.

LE FOU: Ele falava sobre uma fera ter prendido a Bela. Ele é maluquinho.

PSIQUIATRA: Mas Maurice não faz mal a ninguém.


GASTON: Claro que não! Mas temo pela sua saúde. Os danos que ele pode fazer a ele
mesmo.

LE FOU: O que ele quer é casar com a filha do velho! Só que ela não quer saber dele.

GASTON: Lefou! (Bate nele.) A questão é: Bela fará qualquer coisa para ajudar o seu
pai. Só quero que veja que posso ajudá-la... se ela estiver ao meu lado.(Entrega
um saco de dinheiro ao psiquiatra.)

PSIQUIATRA: Entendo. Você quer que interne o pai da moça para obrigá-la a casar
com você! Isso é desprezível. Eu adoro isso!(Eles Riem.)

CENA XXII

Bela encontra o pai.

BELA: Chegamos, papai.

MAURICE: Bela, querida! É mesmo você?

BELA: Sim, papai!

MAURICE: Mas... como você conseguiu fugir da fera?

BELA: Eu não fugi! Ele me deixou partir! Oh, papai, ele está tão mudado! Está
gentil...

LEFOU: Bela!

BELA: Sim?

HOMEM: Viemos buscar seu pai.

BELA: Buscar meu pai?

HOMEM: Sim. Creio que a saúde mental de seu pai não anda muito boa. Todos na
taberna o viram delirar. Mas não se preocupe, nós tomaremos conta dele!

BELA: Meu pai não é louco!

LEFOU: Não? Todos ouvimos quando ele falou da grande fera! Vamos Maurice, fale
para todos como era horrenda a fera!

MAURICE: Era horrenda, sim! Era enorme! E tinha dentes afiados e...(Todos começam
a rir.)

LEFOU: Ele é louco!

GASTON: É realmente lamentável, Bela! Mas... talvez eu possa ajuda-la, se...


BELA: Se?

GASTON: Você aceitar meu pedido de casamento!

BELA: Nunca!

GASTON: Levem-no! (Dois homens prendem Maurice)

BELA: Esperem! Meu pai não é louco e eu posso provar. Espelho, mostre-me a Fera!

MULHER: Ele é horrível!

HOMEM: Vai devorar nossas crianças!

BELA: Não! Ele é gentil! Não se deixem enganar pela aparência de Fera!

GASTON: Que houve Bela, se eu não conhecesse você diria que está apaixonada por
este monstro?

BELA: Ele não é um monstro, Gaston. Você é!

GASTON: Se não está conosco, está contra nós! Prendam-na também!

BELA: Me soltem!

MAURICE: Bela!

GASTON: Eu irei atrás da Fera e a matarei! Quem está comigo?

Música:

CENA XXIII

Zip resgata Bela.

BELA: Oh, papai! É tudo culpa minha! Eu tenho que avisar a Fera!

MAURICE: Acalme-se, querida. vai dar tudo certo!

BELLA: Mas como sairemos daqui?

ZIP: Bela!

BELA: Zip! O que faz por aqui?

ZIP: Bela, por que nos abandonou? Você não gosta mais de nós?

BELA: Oh, Zip! Claro que gosto! É que eu tive que voltar para cuidar de meu pai. Mas
agora preciso sair daqui! Tenho que dar um jeito de voltar ao castelo e avisar a
Fera o perigo que ele corre!
ZIP: Espere! Eu tenho uma idéia!(Pega um machado que Maurice deixara cair e liberta
Bela e o pai.)

BELA: Obrigada, Zip! Papai, fique aqui! Eu irei ao castelo!

MAURICE: Mas... Bela... é perigoso!

ZIP: Não se preocupe, monsieur. Eu a protegerei!

BELA: Papai, eu preciso ir!

MAURICE: Está bem, querida, mas tome cuidado!(Saem os dois.)

CENA XXIV

O castelo entra em alerta.

HOLOGE: Eu sabia que não deveríamos ter esperança!

BABETE: Talvez fosse melhor que ela nem tivesse vindo!

MME: O que mais me preocupa é o patrão!

LUMIERE: Ele está desolado.

MME: E pior! Ele parece ter perdido a vontade de viver!

HOLOGE: Vocês estão ouvindo?

BABETE: Será que é ela?

LUMIERE: Não! Vejam! Invasores!

HOLOGE: Tenho que avisar o patrão! (Sai.)

BABETE: Oh, Lumiere, o que faremos?

LUMIERE: Vamos defender o nosso lar, é claro!

MME: Mas como?

LUMIERE: Preparem-se! Alerta Geral!(Saem.)

CENA XXV

Na ala oeste, Fera é avisada da invasão.

HOLOGE: Patrão! O castelo está sendo invadido!

FERA: Deixe que venham! Nada mais me importa!


HOLOGE: Mas, patrão...

FERA: Vá, Hologe. Faça o que quizer.(Hologe sai.)

CENA XXVI

A invasão do castelo. Os objetos estão imóveis, quando chegam os invasores.

LEFOU: Está tudo tão quieto! Eu quero ir para casa!

GASTON: Os covardes devem ter batido em retirada quando nos viram! Saqueiem tudo
que quiserem, mas lembrem-se: a Fera é minha! (Gaston sai.)

LUMIERE: Agora! Atacar!

Música:

CENA XXVII

O confronto entre Gaston e Fera.

GASTON: Ah, aí está você! É bem mais feio do que Bela disse!

FERA: Bela... onde ela está?

GASTON: A salvo, é claro! Longe da fera horrenda que você é! Ora, vejam. Parece que
a Fera está apaixonada pela Bela. Acha mesmo que ela se apaixonaria por você
quando ela tem a mim?(Começa a agredir a Fera.) Ela tem medo de você. Nojo
de você! (Prepara-se para golpeá-lo.) Morra Fera!

BELA: (Entrando.) Gaston! Não! Não o machuque!

FERA: (A Fera reage e inverte a luta. Mas quando está prestes a matar Gaston desiste
e o solta.) Vá embora daqui! E não volte mais. Bela!

BELA: Fera!

FERA: Pensei que não a veria mais.

BELA: Eu tive tanto medo de não chegar a tempo! Me desculpe! Eu não imaginei que
isso fosse acontecer. Eu só queria que soubessem que meu pai não é louco.

FERA: Não se preocupe. Deu tudo certo. Tudo...(Gaston golpeia a Fera. Ela revida e o
fere mortalmente.)

BELA: Oh, não! Não!(Ela o toma nos braços)

FERA: Que bom que você voltou...


BELA: Eu tinha que voltar! Se pelo menos eu tivesse chegado antes... nada disso teria
acontecido. Foi tudo minha culpa!

FERA: Talvez... talvez seja melhor assim...

BELA: Não fale assim! Estamos juntos, agora. Tudo vai dar certo. Você vai ver.

(Ela canta)

Nós estamos num lar


Nós estamos onde ficaremos para sempre
Confie em mim
Porque sabes que não fugirei
Por hoje
Isso é tudo o que preciso
E tudo que preciso dizer:
Não sabes o quanto me mudou?
Por mais estranho que pareça
Eu achei meu lar
Você é meu lar
Fique comigo.

FERA: Ao menos eu pude vê-la uma última vez.(Morre.)

BELA: Não, por favor, fale comigo. Não me deixe, por favor! Eu te amo!

CENA XX VIII

Música

A magia da fada. A fada entra retira a Bela e a Fera de cena e dança.

FERA: (Entra transformado e se surpreende.)Bela... Sou eu!(Ao ver Bela entrando.)

BELA: (Ela olhos nos olhos dele)Sim, é você!(Os dois se beijam e dançam)

FIM

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