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Comunhão na Igreja, uma fonte de alegria

Filipenses 2.1-4,5

1 Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de


amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão,
2 completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só
espírito e uma só atitude.
3 Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem
os outros superiores a si mesmos.
4 Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos
outros.
5. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,

Tema: A alegria do cristão será sempre com sua igreja viver em comunhão.

 INTRODUÇÃO:

Na semana passada, vimos que no final do capítulo 1 de Filipenses, Paulo nos levanta
3 placas de alerta para defendermos nossa fé: viver o que acreditamos, viver em
comunhão e ação e viver por Jesus. No texto de hoje, Paulo desenvolve a ideia da
comunhão na igreja. O assunto vai se estender mais à frente neste capítulo. Mas é
importante notar a ligação entre os textos.

E vemos que comunhão é um assunto muito relevante na Bíblia. O próprio Jesus


orando por nós, em João 17, deixou claro que ela é a comprovação de que Deus o enviou a
este mundo. Com isso temos de ter em mente que a comunhão não nasce do desejo
humano, ela é uma obra de Deus, o que a igreja faz é lutar para manter essa
comunhão. Por isso, quando falamos que um crente não está em comunhão com a igreja,
não estamos apenas dizendo que ele está se ausentando das atividades ou dos cultos, mas
também que este está fora dos propósitos comuns do reino de Cristo, falta neste crente o
amor a Cristo, já que a igreja é sua noiva, é a sua parte visível na terra.

Paulo terminou o capítulo primeiro ensinando que a comunhão é ainda fator


importante para a defesa da fé. Pois se todos estão juntos, todos são mais fortes.

Podemos lembrar aqui a ideia bíblica do cordão de três dobras. Três dobras tornam o
cordão mais forte. Três dobras indicam mais de um em unidade de propósito. Assim,
comunhão não significa que todos somos iguais, mas unidade em meio à diversidade.
Comunhão é unidade com propósito.
O que Paulo nos ensina sobre comunhão neste texto? Como a igreja pode ser melhor
e efetivamente cumprir sua missão na sociedade? Como podemos manter a unidade da
Igreja? Vamos buscar responder a estas perguntas pensando em alguns fatores:

1. FOCAR EM CRISTO COMO FONTE DA NOSSA UNIDADE.

1 Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de


amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão,

2 completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só


espírito e uma só atitude.

Antes de falar em prática, Paulo como sempre trabalha a doutrina. Uma boa doutrina
nos conduz a uma adoração verdadeira, ao conhecimento da vontade de Deus e à
obediência prática da sua vontade.

Nosso verso começa com as palavras “se por estarmos em Cristo nós temos” ou seja,
se estamos em Cristo. Pois a fonte do que nós temos é Cristo. Ele é a base de tudo. As
palavras que se seguem somente serão realidade se estivermos em Cristo. Estar em Cristo
é tê-lo como Senhor da nossa vida. Estar em Cristo é ser capaz de dizer que para você “o
viver é Cristo é o morrer é lucro”.

Mas o que acontece com quem está em Cristo?

1. Ele tem motivação (consolação) – Conhecer Jesus não é apenas saber sobre
ele, mas ter relacionamento. Conhecer Jesus e conhece-lo pela própria experiência. Pela
vivência diária e espiritual. Quando chegamos neste ponto, estamos em Cristo. E ele nos
motiva.
2. Ele tem Exortação de amor – Outra expressão importante. Antigamente
muitos usavam a palavra exortação como uma repreensão dura. Mas a palavra fala de
consolo e encorajamento. Fala de amar e de ter boa vontade até para com aqueles que nos
odeiam.
3. Ele tem comunhão no Espírito – Aqui a ideia é que não há divisões. Paulo
está afirmando que se alguém está em Cristo ele não tem espírito faccioso (espírito de
contenda). Ele não se deixa ser usado pelo diabo para causar problemas, dividindo a igreja
em grupos que não se relacionam mais. Uma pessoa que não admite ser corrigida
biblicamente, por exemplo, não tem essa comunhão no Espírito, pois suas atitudes são
contenciosas. Ela vai tentar aborrecer pessoas, vai agir para colocar uns contra outros.
Liderados contra líderes. Sem qualquer desejo sincero de provocar paz e união. O Espírito
Santo é o princípio que une a igreja. Quando alguém provoca problemas e não tem
vontade de resolvê-los por meio do perdão, indica uma vida onde o Espírito Santo não
domina. Onde Espírito Santo está existe amor. Amor é fruto do Espírito.
4. Ele tem profunda afeição e compaixão. Na sua Bíblia talvez esteja “alguns
entranháveis afetos”. Os judeus diziam que a séde das emoções eram as entranhas. A ideia
aqui é de se sensibilizar com as necessidades dos nossos irmãos. Compaixão significa
sentir a dor do outro, ao vê-lo sofrer. E demonstrarmos preocupação uns para com os
outros. Boa parte dos nossos problemas na igreja diz respeito à falta de afetos e
misericórdias.

Após expor o que acontece com quem está em Cristo, Paulo faz um pedido, o verso 2.
“completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só
espírito e uma só atitude”.

As bases da unidade haviam sido apresentadas. Agora os irmãos filipenses que teriam
que lutar contra perseguições, que receberam o privilégio não apenas de crerem em Cristo,
mas de sofrerem por ele, agora poderiam alegrar o apóstolo e ao Senhor mantendo a
comunhão. O que é comunhão para Paulo: mesmo modo de pensar, mesmo amor – o de
Cristo, um só espírito, e uma só atitude. É, apesar das diferenças, nos unirmos num só
propósito.

Por isso podemos afirmar que a alegria do cristão será sempre em ver sua igreja viver
em comunhão.

Outro fator que Paulo nos apresenta para manter a unidade na igreja é:

2. EVITAR OS PERIGOS CONTRA A UNIDADE.

3 Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem
os outros superiores a si mesmos.

4 Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos
outros.

O perigo que ameaçava a Igreja de Filipos era o da desunião. Em certo sentido este é
o perigo de toda Igreja sadia.
Infelizmente, sempre existiu na igreja pessoas que trabalham pelas motivações
erradas. Tais pessoas, muitas vezes, não demonstram um relacionamento maduro com
Jesus e nem com sua igreja. Estão como membros, mas não demonstram atitudes de
pessoas que tem Jesus no coração e o conhecem de perto. Agem muitas vezes como
crianças. E em alguns casos, até como pessoas sem Cristo.

Nos versículos 3 e 4 o apóstolo nos apresenta as três grandes causas de desarmonia e


desunião. Em primeiro lugar a ambição egoísta. Sempre existe o perigo de que os homens
trabalhem não para adiantar o mesmo assunto, senão para seu progresso pessoal.
E logo vem o desejo de prestígio pessoal, de uma glória vazia. Pode-se dizer que na
verdade o prestígio é para muitos uma tentação maior ainda que qualquer outra coisa. O
ser admirados, respeitados, poder sentar-se numa plataforma, ser consultados, ser
conhecidos pelo nome e a fisionomia, ser escutados, ter certa fama e até ser adulados
constitui para muitos o que mais se pode ambicionar. Mas o cristão não aponta à sua
própria exibição mas sim ao seu desaparecimento. Quando realiza boas obras não o faz
para que os homens lhe rendam honras, senão para que glorifiquem ao Pai que está nos
céus. O cristão não deseja que os olhos dos homens se centrem nele, mas em Deus. Brilha
com uma luz mas essa luz não é própria, mas sim a luz de Deus que brilha através dele.
E, por fim, há o egocentrismo. Se um homem sempre se preocupa, em primeiro termo
e acima de tudo por seus próprios interesses, choca necessariamente com outros. Se para
alguém a vida é um concurso cujo prêmio tem que ganhar ou uma luta por vencer,
sobrepujar e conquistar a outros, pensará sempre nos outros como inimigos ou pelo menos
como adversários que devem ser eliminados do caminho. O centrar-se em si mesmo
implica inevitavelmente eliminar a outros; o objeto da vida já não é ajudar os outros, mas
sim afundá-los na medida do possível.
Onde há uma ambição egoísta, onde há um desejo de prestígio pessoal, onde cada
pessoa se concentra apenas em seus próprios interesses, ali não pode existir outra coisa
senão desunião.
E para evitar este pensamento e ação perigosa, Paulo ensina que devemos ser
humildes. (Humildade nada tem à ver com pobreza, pois em algum momento de sua vida
já se deparou com um pobre arrogante e orgulhoso). Humildade é uma ordem a ser
seguida pela igreja. Tiago 4.6 afirma que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes”. Se há uma atitude e sentimento que deve marcar a vida do cristão é a
humildade. Jesus ensinou isso em Mateus 11.29, quando afirmou que ele era “manso e
humilde de coração”. Se Jesus era assim, o servo não pode ser maior que o seu Senhor.

Paulo ainda insiste que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos. Isto
dá uma ideia de disposição em ser humilde, é uma atitude que nos leva a olhar os outros de
forma a lhes dar honra e valor.

A humildade é resultado de um correto conhecimento de Deus e de um correto


conhecimento de si mesmo. Quando nos vemos em relação a Deus, entendemos nossa
perspectiva em relação ao próximo. Não somos diferentes. Somos todos pecadores,
alcançados pela graça, necessários uns aos outros.

A igreja dos filipenses era formada de pessoas de todo tipo. Nesta igreja, por
exemplo, estava Lídia, uma mulher judia que era muito rica; estava uma menina grega
que era escrava; e também estava o carcereiro que era um oficial romano de classe média.
Imagino que aqueles irmãos tinham que vencer preconceitos diversos, e estarem dispostos
a amar uns aos outros para que a igreja não fosse envergonhada. Então, a esta igreja, e
também a nós hoje, Paulo ensina no verso 4, que “Cada um cuide, não somente dos seus
interesses, mas também dos interesses dos outros”. Com estas palavras, o apóstolo “Paulo
não exige que eu negligencie as minhas coisas e somente me engaje a favor dos outros.
Contudo, Paulo espera que o meu olhar de amor e preocupação também caia sobre as
necessidades, dificuldades e aflições do/a irmão/ã.” (Hernandes Dias Lopes).

Que vençamos os perigos da discriminação e preconceito. O irmão mais rico não é


mais aceito por Deus por estar nesta condição. O irmão mais pobre não é diferente daquele
que tem mais. Ambos são pecadores alcançados pela graça.

Tanto o pobre quanto o rico precisam ser humildes e agirem em favor um do outro.
Protegendo, amando, cuidando, orientado, consolando, ajudando uns aos outros.

Evitamos os perigos contra a unidade da igreja cumprindo o grande mandamento:


amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como um igual a nós.    

CONCLUSÃO: REMÉDIO PARA A DESUNIÃO

Frente ao perigo da desunião Paulo faz cinco pontos que podem prevenir toda
desarmonia ou desacordo.
(1) O fato de que todos estamos em Cristo deve nos manter em unidade
fraternal. Ninguém pode caminhar desunido com seu semelhante e ao mesmo tempo estar
unido a Cristo. Se a pessoa tiver a Cristo como companheiro de caminhada,
inevitavelmente é companheiro de todo caminhante. Ninguém pode viver a atmosfera de
Cristo e viver ao mesmo tempo odiando a seus semelhantes. As relações de um homem
com seus semelhantes são um ser bom índice de sua relação com Jesus Cristo.
(2) O poder do amor cristão nos conservará em unidade uns com os outros.
O amor cristão é essa benevolência e boa vontade invencíveis que não conhecem o ódio
nem buscam outra coisa que não seja o bem de outros. O amor cristão não é uma mera
reação do coração como é o amor humano; é uma vitória da vontade que se leva a cabo
com a ajuda de Jesus Cristo. Não significa só amar os que nos amam, os que nos agradam
ou os que são dignos de ser amados. Significa uma boa vontade invencível até para com
aqueles que nos odeiam. É o poder de amar os que não nos agradam; é a capacidade
semelhante a de Jesus Cristo de amar o que não é amável nem digno de amor. Aqui está a
verdadeira essência da vida cristã, o que nos afeta no tempo e na eternidade.
Precisamos ter em mete que, "O inferno é a condição eterna dos que fizeram da
relação com Deus e com seus semelhantes algo impossível porque destruíram em suas
vidas o amor... O céu é, por outro lado, a condição eterna dos que acharam verdadeira
vida numa relação de amor com Deus e com seus semelhantes". (Richard Tatlock)
Aquele que conhece o amor cristão e permanece nEle, embora de uma maneira muito
imperfeita, não pode viver em desunião com outros.
(3) O fato de participar do Espírito Santo deve impedir a desunião dos
cristãos. O Espírito Santo é aquele que liga o homem com Deus e o homem com o
homem. É o Espírito aquele que nos revela o que Deus deseja para as nossas vidas; é o
Espírito aquele que difunde a partir de nossos corações o amor de Deus; é o Espírito
aquele que nos capacita a viver a vida de amor que é a vida de Deus. Se uma pessoa viver
em desunião com seus semelhantes dá prova de não possuir o dom do Espírito.
(4) A própria vida de piedade e compaixão humanas deve conservar os
homens em estreita união. Como Aristóteles o enunciou há muito tempo, os homens não
foram destinados a ser lobos vorazes, mas sim a viver juntos em comunidade. A desunião
rompe a própria estrutura da vida.
(5) O último apelo de Paulo é de caráter pessoal. Ele não pode ser feliz
enquanto saiba que existe desunião na Igreja que tanto ama. Se querem completar sua
alegria, que obtenham a união entre si. Paulo não ameaça os cristãos de Filipos, pelo
contrário, apela com o amor que sempre deve ser o acento do pastor assim como foi o
acento do Senhor. Nossa fé não pode estar firmada em nós não irmos para o inferno, nossa
fé deve se firmar em amar a Deus sobre todas as coisas e semelhante a isto amar nosso
próximo como a nós mesmos.
Sendo assim, Vamos conhecer um verdadeiro cristão quando ele ama a sua igreja.
Quem é de Jesus imita a Jesus. Então a alegria do cristão será sempre com sua igreja
viver em comunhão. O verso 5, nos explica isto. Seja a atitude de vocês a mesma de
Cristo Jesus. Por que a igreja é o corpo de Cristo, pois ela é a parte visível de Jesus neste
mundo. Estar fora da igreja é, de certa forma, não viver em comunhão com Jesus. O
desafio está lançado a você nesta noite. Que a sua, a nossa, atitude seja a mesma de Cristo!
Amém

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