03/10/2020 Perda de aprendizado na pandemia acentua desigualdades, dizem pesquisadores - 30/08/2020 - Cotidiano - Folha

CORONAVÍRUS (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/COTIDIANO/CORONAVIRUS)

Perda de aprendizado na pandemia acentua

desigualdades, dizem pesquisadores
Projeções apontam prejuízo maior para alunos pobres com suspensão de aulas
presenciais

30.ago.2020 às 19h45

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/08/31/)

Ricardo Balthazar (https://www1.folha.uol.com.br/autores/ricardo-balthazar.shtml)

SÃO PAULO Os prejuízos causados ao ensino pela suspensão de aulas

presenciais durante a pandemia do coronavírus tendem a acentuar
desigualdades que já existiam antes da Covid-19
(https://arte.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/aceleracao-covid-no-brasil/), ampliando as diferenças

entre estudantes pobres e ricos e criando novas dificuldades para a

reabertura das escolas (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/08/apenas-df-e-3-estados-tem-data-
prevista-para-reabertura-de-escolas.shtml).

Cálculos de um grupo ligado à Rede de Pesquisa Solidária

(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/05/pesquisadores-defendem-maior-coordenacao-para-enfrentar-

pandemia.shtml),
que monitora políticas de enfrentamento da pandemia, sugerem
que alguns alunos de famílias pobres sofrerão perdas de aprendizagem
equivalentes às que teriam se ficassem o ano inteiro sem aulas, quase duas
vezes a perda projetada para os mais ricos.
g
As simulações foram feitas com basedenos
como explicado em nossa Política resultados das provas do Sistema
Privacidade
(https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/04/termos-e-condicoes-de-uso-
de Avaliação de Educação Sua assinatura vale
que emuito.
, paraBásica (Saeb), a cada dois anos aplica testes
OK
folha-de-spaulo.shtml) recomendar conteúdo
ENTENDApublicidade. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário
para avaliar a aprendizagem (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/05/governo-torna-saeb-

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/08/perda-de-aprendizado-na-pandemia-acentua-desigualdades-dizem-pesquisadores.shtml 1/5
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de língua portuguesa e
anual-para-todas-as-series-e-preve-seu-uso-para-acesso-a-universidade.shtml)

matemática e coleta informações sobre estudantes da rede pública e de

escolas particulares.

Agentes da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal realizam higienização e

desinfecção de escola pública para preparação da retomada das atividades letivas em Brasília.
- Pedro Ladeira/Folhapress

Seguindo uma metodologia desenvolvida pela consultoria Herkenhoff &

Prates, especializada na avaliação de políticas públicas, os pesquisadores
estimaram o dano causado pela pandemia em vários cenários, de acordo
com as condições sócio-econômicas e outras diferenças entre os alunos
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandre-schneider/2020/04/o-coronavirus-expoe-a-desigualdade-

educacional.shtml).

Conforme as estimativas, alunos entre os 20% mais pobres da população

sofrerão perdas de 50% a 87% do aprendizado
g
de um ano normal. Os que já
tinham vínculo forte com
como explicado a escola,
em nossa Políticacomputador
de Privacidade em casa
(https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/04/termos-e-condicoes-de-uso-
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(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/05/menos-de-metade-dos-alunos-da-rede-estadual-de-sp-acessa-ensino-
folha-de-spaulo.shtml), para recomendar conteúdo e
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https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/08/perda-de-aprendizado-na-pandemia-acentua-desigualdades-dizem-pesquisadores.shtml 2/5
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online-na-quarentena.shtml) e acompanhamento de pais com maior nível de

escolaridade tendem a sofrer danos menores.

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Estudantes entre os 20% mais ricos sofreriam perdas equivalentes a 50% na

maioria dos cenários. Eles têm melhores condições de reter o que
aprenderam antes da pandemia e dispõem de mais recursos para continuar
estudando em casa mesmo com as escolas fechadas, dizem os pesquisadores.

"A pandemia tornou os alunos mais dependentes do acompanhamento das

famílias em casa, e aí as diferenças de capital cultural e renda pesam muito",
diz o sociólogo Ian Prates, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento) e coordenador do grupo responsável pelas
simulações.

Parte da explicação está na dificuldade que os estudantes mais pobres têm

para acessar a internet (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/04/ensino-remoto-na-rede-publica-
de-sp-estreia-com-duvidas-e-bagunca-virtual.shtml), o que os impediu de aproveitar atividades

desenvolvidas pelas escolas nos casos em que algum tipo de ensino remoto
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandre-schneider/2020/07/o-pesadelo-do-ensino-remoto.shtml)
g foi
como explicado em nossa Política de Privacidade
oferecido durante os meses de suspensão das aulas presenciais
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(https://aovivo.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/08/24/5927-acompanhe-todas-as-informacoes-sobre-a-pandemia-

de-coronavirus.shtml#post403375).

Segundo uma pesquisa (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/08/um-a-cada-cinco-estudantes-nao-

teve-atividade-escolar-em-julho-diz-ibge.shtml) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) em julho, cerca de 8 milhões de estudantes de 6 a 17

anos de idade não tiveram acesso a atividades de ensino remoto, o
equivalente a 24% do total de alunos matriculados em escolas das redes
pública e privada.

Nas famílias mais pobres, 30% dos estudantes não tiveram acesso a ensino
remoto em julho, de acordo com o IBGE. Em seis estados —Amapá, Bahia,
Pará, Piauí, Sergipe e Tocantins— mais de 50% dos alunos estavam nessa
situação na época em que os pesquisadores do IBGE contataram suas
famílias.

"As desvantagens que os estudantes mais pobres já tinham antes da

pandemia se acentuaram com o atraso deste ano e o impacto da crise
econômica sobre suas famílias", diz Prates. "É provável que tenham mais
dificuldades para recuperar o tempo perdido (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandre-
schneider/2020/08/o-apagao-na-educacao-publica.shtml) e desenvolver suas capacidades no

futuro."

Cálculos dos pesquisadores com base em dados do IBGE indicam que alunos
das famílias mais ricas conseguiram estudar cinco horas a mais por semana
do que os mais pobres em julho —uma diferença equivalente a 28 dias de
aula se for extrapolada para os quase seis meses em que as escolas estão
fechadas.

Na avaliação do grupo, o Ministério da Educação

(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/08/ministro-da-educacao-afirma-que-muitos-brasileiros-nao-tem-

poderia ter contribuído para evitar o

disciplina-para-fazer-avaliacoes-a-distancia-sem-colar.shtml)

aprofundamento dessas desigualdades se tivesse cooperado com prefeituras

e governos estaduais na busca de boas práticas para o ensino remoto e
g
parceriascomo
paraexplicado
ampliaremonossa
acesso dos de
Política estudantes
Privacidadepobres à internet.
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"A ausência de diretrizes (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/04/em-meio-ao-

do governo federal para a área de
coronavirus-mp-dispensa-escola-de-cumprir-200-dias-de-aula.shtml)

educação deixou os governos locais sozinhos para enfrentar o problema de

forma descoordenada", diz Prates. "A experiência de outros países
(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/08/na-europa-reabertura-de-escolas-nao-elevou-contagio-por-coronavirus-

diz-agencia-de-saude.shtml) poderia estar sendo melhor aproveitada para preparar a

retomada das aulas presenciais."

A Rede de Pesquisa Solidária reúne dezenas de pesquisadores de instituições

públicas e privadas, como a Universidade de São Paulo, o Cebrap e a
Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desde abril, eles têm produzido boletins
semanais, que estão disponíveis no site da iniciativa (https://redepesquisasolidaria.org).

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na-pandemia-acentua-desigualdades-dizem-pesquisadores.shtml

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