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Apartheid é o nome pelo qual nos referimos ao regime de segregação racial que
existiu na África do Sul entre os anos de 1948 e 1994. Esse regime foi liderado pelo
Partido Nacional, um partido de extrema-direita, nacionalista e segregacionista que
subiu ao poder com a plataforma de ampliar a segregação entre negros e brancos no
país africano.
Esse regime se sustentou por meio da violência, sendo comuns massacres policiais
contra a população negra. Uma extensa legislação segregacionista foi criada no país e
proibia os negros de circularem no território, os expulsava de suas casas e lhes dava
acesso precário à educação e saúde. O Apartheid se encerrou, em 1994, com a
eleição de Nelson Mandela.
Antecedentes do Apartheid
A África do Sul foi ocupada por colonizadores europeus a partir do século XVIII.
Nesse período, os bôeres (holandeses) se estabeleceram lá, mas, nos séculos
seguintes, a região foi intensamente disputada com os colonizadores britânicos. Uma
guerra entre as duas nações aconteceu na virada do século XIX para o XX e
consolidou o domínio britânico na África do Sul.
Tanto colonizadores holandeses quanto os britânicos colonizaram a África do Sul
com base na discriminação racial dos negros, e várias práticas desse período
permaneceram em vigência na África do Sul durante o século XX, tornando-se a base
para que o Apartheid fosse estabelecido naquele país.
A partir de 1910, surgiu a União Sul-Africana, e tanto africânderes quanto britânicos
se uniram para garantir a segregação dos negros, além da permanência dos
privilégios para a população branca da região. Essa ação se deu por meio da política,
e o surgimento do Partido Nacional foi uma evidência disso. Esse partido era de
extrema-direita e propagava ideais segregacionistas e nacionalistas.
Entre as décadas de 1910 e 1940, algumas leis segregacionistas foram
anunciadas, como a lei que limitava apenas 7,5% das terras sul-africanas para a
população negra do país. O Apartheid estava sendo gerado.
Início do Apartheid
O Apartheid se iniciou oficialmente em 1948, quando o Partido Nacional assumiu
o governo sul-africano, e seu líder Daniel François Malan se tornou primeiro-ministro
do país. A campanha de Malan e de seu partido se baseou na ideia de apartheid, isto
é, de ampliar a segregação dos negros sul-africanos.
A campanha desse partido foi uma reação política de uma parcela da população
branca da África do Sul devido a transformações que o país sofria na década de
1940. A Segunda Guerra Mundial e o alistamento de muitos homens brancos para o
conflito fizeram com que inúmeros empregos nas grandes cidades ficassem vagos.
Isso abriu espaço para que os negros pudessem conquistar essas vagas, o que
aumentou a presença deles nas cidades sul-africanas. Além disso, havia um crescente
movimento político que defendia os direitos da população negra na sociedade sul-
africana. O aumento da presença dos negros nas cidades sul-africanas e seu
fortalecimento político contribuíram para que o Partido Nacional ganhasse força.
Legislação segregacionista
Ao longo de quase cinco décadas, mais de 300 leis segregacionistas foram
aprovadas na África do Sul e a população negra viu sua situação se agravar
consideravelmente. Os negros eram obrigados a portarem um passe para circular à
noite nas ruas ou para entrar em bairros habitados para os brancos. Muitos foram
expulsos de suas casas para que o local recebesse casas de brancos.
O governo sul-africano estabeleceu uma divisão racial no país com base em quatro
raças: brancos, negros, mestiços e asiáticos. Essas raças deveriam constar no
documento de identificação de todos com mais de 18 anos de idade, e essa divisão foi
usada para expulsar os negros de determinados locais e isolá-los em bantustões,
comunidades exclusivas para eles.
O acesso à educação para os negros era limitadíssimo, e eles eram instruídos apenas
para ocupar os postos mais baixos no mercado de trabalho. Na década de 1970,
tornou-se obrigatório que a educação deles fosse em africânder ou inglês, idiomas que
muitos não falavam. Por fim, o acesso à saúde e a outros direitos básicos também era
precário.
Existiam locais que os negros não poderiam frequentar porque eram dedicados para
pessoas brancas, assim como não poderiam se casar com brancos nem manter
relações sexuais com pessoas brancas. Muitos negros perderam sua cidadania, e toda
essa segregação gerou uma resposta da população negra.