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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Rio de Janeiro
2022
PERFIS E DIFICULDADES DE MULHERES EMPREENDEDORAS: UM
ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL PRODUTIVA
DO BANCO DA PROVIDÊNCIA
PROFILES AND DIFFICULTIES OF ENTREPREUNERS WOMEN: A CASE
STUDY ABOUT PRODUCTIVE SOCIAL INCLUSION PROGRAM OF BANCO
DA PROVIDÊNCIA
Orientador
Professor Koffi Djima Amouzou
RESUMO
In recent years the crescent woman participation in the labour market has
becoming notorious, once it´s comum have woman in big professional positions,
whether in organizations of great relevance or in the leadership of their own
business, which is the case of the entrepeneurs. In this way, the objective of
this study is identify the profiles, characteristics and obstacles that women
encounter in the exercise of their entrepreneurship activities. To better
understand this reality, we conducted a case study with woman participating in
the Productive Social Inclusion Program offered for Banco da Providência, in
the city of Rio de Janeiro. They answered a questionnaire with twenty questions
on the Google Forms platform to collect and analyze data on issues to be raised
in this paper. Regarding the results, the different characteristics of the
entrepreneurial profiles (Psychological, Sociological, Economic and
Administrative) were identified, as well as their areas of activity, schooling,
where they live and how much the program has helped in their business.
Keywords: Women, Entrepeuners and Profiles.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 20
INTRODUÇÃO
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sobre o tema dos diferentes perfis de empreendedores b) evidenciar o cenário
do empreendedorismo feminino no Brasil e c) coletar dados que apresentam a
realidade em que vivem as mulheres participantes do programa ofertado pelo
Banco da Providência, como um estudo de caso.
A metodologia utilizada na realização desse trabalho foi: a) pesquisas
bibliográficas por meio de leituras de publicações referenciadas em artigos e
revistas eletrônicas para compreender a contextualização do tema, b)
pesquisas empíricas para levantamento e tratamento de dados objetivando a
comparação e a comprovação dos perfis característicos das mulheres e as
dificuldades enfrentadas nas suas jornadas de negócios, por meio de um
questionário estruturado na plataforma Google Forms ao qual 56 pessoas
responderam no período de primeiro ao sétimo dia de julho de 2022.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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uma vez que atributos organizacionais refletem as personalidades dos
administradores mais influentes em qualquer empresa.
No caso do empreendedorismo liderado por mulheres, há outros fatores a
serem considerados. Segundo DIAS (1997), a partir do século XX realmente
ocorreu a mudança de visão do papel feminino na sociedade, com o advento
do movimento feminista e a maior participação sociopolítica da mulher, ela
começou sua luta para garantir direitos iguais entre os sexos e a divisão de
papéis. CASTELLS (2002) diz que, antes o trabalho da mulher se restringia ao
lar, nos últimos anos ela passou, em muitos casos, a ser a principal provedora
de seu lar e essas manifestações feministas fizeram com que ela deixasse de
ser esposa e mãe por tempo integral e tivesse a oportunidade de refazer sua
identidade como profissional, mãe e esposa.
CORRÊA (2004), diz que a presença expressiva de mulheres em cargos e
funções cada vez mais diversificados mostra que elas vêm delimitando seu
espaço no âmbito público de produção. Além disso, elas estão liderando os
índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos
expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e
posições gerenciais e políticas, além de áreas profissionais de prestígio, como
a medicina, a advocacia e a arquitetura.
Conquanto, atualmente o reconhecimento da mulher na sociedade é muito
mais visível do que anteriormente, ainda que haja muitos obstáculos e
paradigmas a serem superados, a figura feminina vem sendo destaque em
empreendedorismo e liderança de grandes negócios. Assim, a aceitação da
mulher na sociedade não se dá somente no mercado de trabalho, mas em toda
esfera do empreendedorismo (CARREIRA et al., 2015).
Fatores como a influência da família e de motivos pessoais, são destacados
como impactantes na escolha da mulher em procurar meios de trabalho mais
flexíveis, principalmente autônomos, assim, as mulheres tendem a priorizar
mais suas famílias, diferentemente dos homens que direcionam sua prioridade
para sua carreira (LINDO et al.,2007).Também, a perspectiva de autonomia,
emancipação e flexibilização do trabalho são destacados como fatores
determinantes na busca da mulher pelo seu próprio negócio, a fim de equilibrar
as responsabilidades pessoais com a gestão do negócio (ALPERSTEDT et al.,
2014).
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Em grande parte dos casos, por falta de empregos formais, a mulher busca
no empreendedorismo uma alternativa de trabalho e renda, participando na
complementação da renda familiar. Seja pela necessidade de contribuir para o
aumento da renda ou sustento da família, ou pelo desejo de realização
profissional, as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de
trabalho. Conforme HISRISCH E PETERS (2004) ressaltam que as
empreendedoras são estimuladas pelo fato de almejarem a satisfação tanto
pessoal quanto profissional, com isso pode-se observar que o gênero feminino
desenvolve o seu projeto motivadas por uma paixão por empreender, movidas
a fim de alcançar um resultado pertinente.
Seja por motivos financeiros ou mudanças nos padrões culturais ou até por
realização pessoal, é fato que as mulheres têm entrado de forma consistente
no mercado de trabalho. O que fica evidenciado em estudos de vários autores
é que o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho não
correspondeu a uma diminuição da discriminação. Para ABRAMO (2001) a
maior participação das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada
por uma diminuição das desigualdades profissionais entre homens e mulheres.
Estas ocupam alguns setores e profissões, uma segmentação que torna mais
forte as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
MARQUES (2016) também aponta que as mulheres ainda enfrentam alguns
desafios como o de superar os preconceitos que a sociedade ainda impõe
sobre o trabalho feminino, falta de apoio até mesmo do marido e da família, ter
flexibilidade em conciliar o ambiente familiar e empresarial e encontrar o
empreendimento que realmente irá satisfazê-la.
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Características do ponto de vista psicológica:
Com base nos estudos de Dutra (2002), sobre os fatores que definem as
características psicológicas, identificamos quatro fatores pertinentes ao ponto
de vista psicológico; tendo em vista que esses são ligados ao indivíduo, as
suas características intrínsecas, à sua consciência ou inconsciência. Desta
forma os quatro identificados são:
a. Iniciativa e Indepêndencia
b. Persistência
c. Autoconfiança
d. Otimismo
e. Necessidade de Realização
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Características do ponto de vista social:
a. Criatividade
b. Persuasão
c. Coletividade
d. Capacidade de superar barreiras sociais e culturais
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a. Comprometimento
b. Formação
c. Trabalho em equipe
d. Capacidade de negociação
e. Capacidade de avaliar os riscos
f. Capacidade para boa escolha da localização
g. Capacidade de análise de mercado
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Figura 4: Características do Perfil Econômico do Empreendedor - Fonte: Baseado em Dutra, 2002
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Mesmo que as mulheres ultrapassem em número os homens, são elas as que
enfrentam mais problemas na liderança dos negócios. A grande maioria está
em busca de liberdade e se deparam constantemente com dúvidas e
questionamentos sobre sua liderança e gestão de seus negócios. No entanto
nosso estudo, se destaca em analisar com maior atenção e detalhes
científicos, os fatores comportamentais psíquicos e de natureza cultural e
intrínsecos que influenciam o desempenho de seus negócios.
Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), um relatório de
pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, realizado em parceria com o
Sebrae no ano de 2020, 55,5% das novas empresas criadas nesse período
foram abertas por mulheres o que mostra que além de dominar os homens em
número, elas empreendem mais também segundo a pesquisa. O que constitui
um índice animador para o cenário empreendedor feminino, porém por outro
lado, as dificuldades que elas enfrentam no seu cotidiano não podem ser
esquecidos o que passa a ser o principal objeto deste estudo.
Como já destacados anteriormente sobre os perfis empreendedores, é
importante entender como essas mulheres lidam com as barreiras sociais,
econômicas, administrativas e psicológicas presentes em nossa sociedade.
Diante das diversidades de dificuldades que apresenta o mercado, a
persistência delas em superar os desafios do cotidiano, nos levam a pensar em
quais competências e habilidades elas devem desenvolver para negociar e
atrair investidores para os seus negócios, visto que elas lidam com a
insegurança, a falta de credibilidade e de incentivos por parte dos familiares e
instituições devido ao fator de gênero.
Diante das diversas instituições de apoio e incentivos às mulheres
empreendedoras no Rio de Janeiro, nosso estudo baseia-se na experiência do
Banco da Providência como estudo de caso que aponta as dificuldades das
mulheres nas comunidades do município do Rio de Janeiro, assistidas por esta
organização sem fins lucrativos.
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projetos de inclusão social para quem vive em situação de extrema pobreza na
cidade do Rio de Janeiro, através da capacitação para o trabalho e geração de
renda.
No ano de 2018 o Banco contava com 443 pessoas matriculadas em seus
projetos sociais, número esse que no ano de 2021 praticamente duplicou
devido a pandemia do Covid-19, e chegou a 907 participantes, das categorias
de púbico adulto. Importante salientar que até o ano de 2021, o Banco da
Providência atendia homens e mulheres, porém atualmente, somente a
população feminina faz parte dessas ações de assistência social.
Nos últimos quatro anos o Banco da Providência formou 2.491 pessoas em
cursos profissionalizantes e de Empreendedorismo. Sendo esse suporte desde
a matrícula até a formação, dividido em três modalidades de programas de
capacitação e aprendizagem sequenciais:
a. A primeira modalidade conhecida como Agência de Família desenvolve
nos participantes as capacidades de comunicação, de compreensão de
direitos humanos e sociais, de integração em políticas públicas, de
autoconfiança profissional e protagonismo para aproveitar as
oportunidades do mercado.
b. A segunda modalidade conhecida como Agência de Capacitação é a
segunda fase na qual se desenvolvem nos participantes, habilidades
específicas da profissão por meio de cursos nas áreas da beleza,
culinária, corte e costura, além de habilidades de convivência em
equipes e em sociedade para o exercício da cidadania, assim como,
habilidades de gestão.
c. A terceira modalidade conhecida como Agência de Empreendedorismo,
oferece programas de capacitação e aprendizagem aos participantes
sobre o empreendedorismo destacando os temas de gestão e liderança
de empreendimentos, ao desenvolvimento do plano de negócios. Nesta
última modalidade os participantes são capacitados a identificar recursos
necessários, criar uma rede de apoio, vivenciar a experiência de colocar
o negócio em prática. Além disso, os participantes recebem
acompanhamento e orientação por parte do Sebrae, por meio de uma
parceria com o Banco da Providência.
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Figura 6: As três modalidades de programas de capacitação e aprendizagem do Banco da Providência
Importante ressaltar que o Banco da Providência, por ser uma instituição sem
fins lucrativos, para se manter e desenvolver suas políticas de ações sociais,
além das receitas da Feira da Providência que reúne, as culturas de diversos
países do mundo nos pavilhões do Rio Centro na Zona Oeste do Rio de
Janeiro durante o mês de novembro em todos os anos; recebe o apoio
financeiro de empresas parceiras, doadores individuais e convênios públicos
com os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro.
As políticas sociais de incentivos às mulheres empreendedoras são
desenvolvidas por meio de diversas ações educativas. Quanto ao programa
Microempreendedor Individual (MEI), essas mulheres são incentivadas a
empreender mediante do kit semente/kit ferramental que elas são selecionadas
para receber depois de todas as aulas e apresentação do Pitch. A formalização
é construída quando elas se sentem seguras para assumir o pagamento do
MEI, que se trata de uma dívida ativa.
Desde quando foi fundado, há 64 anos, o Banco da Providência trabalha em
prol da redução da desigualdade social, mas a metodologia das três fases foi
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criada há 20 anos. Atualmente, o Banco da Providência atende 480 mulheres
de cinco comunidades, sendo: Cidade de Deus, Maré, Realengo, Penha e Vila
Kennedy.
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Dos 91,1% que possuem empreendimento próprio, 32,1% atuam na culinária,
26,8% em saúde e beleza, 12,5% em corte e costura e 10,7% em refrigeração
e elétrica. 21,4% faturam em média entre R$60,00 à R$80,00 por semana,
contra 17,9% que faturam entre R$80,00 à R$100,00. 33,9% declaram ter
entrado no programa de inclusão social produtiva, por motivo de renda extra ou
complementação de renda, 23,2% por necessidade de empreender, 19,6%
buscam novas oportunidades de colocação no mercado, 17,9% capacitação
profissional.
Sobre os perfis psicológicos característicos das mulheres empreendedoras,
55,4% se declaram persistentes, 48,2% têm iniciativa e buscam independência,
41,1% são otimistas, 35,7% são autoconfiantes e 32,1% buscam a
autorrealização. Sobre o perfil sociológico, 50% apresentam criatividade, 19,6%
são persuasivas, 16,1% têm facilidade em superar barreiras sociais e culturais
e 14,3% são coletivas. Sobre o perfil administrativo, 58,9% são comprometidos,
16,1% sabem trabalhar em equipe, 14,3% possuem capacidade de
negociação. Por último, sobre o perfil econômico, 42,9% se preocupam em
manter o padrão de excelência, 28,6% visão ao longo prazo, 14,3% em superar
a instabilidade econômica e 8,9% capacidade em atrair investidores.
Pelas dificuldades 57,1% declararam dificuldade de acesso à crédito para
ampliar seu empreendimento, 55,4% apresentam dificuldade de conciliar a
jornada de trabalho e cuidar da casa, 41,1% sentem-se inseguras, 33,9%
preocupam-se com a desigualdade social e 26,8% sentem falta de incentivo
por parte da família. Destes números 96,4% de pessoas declaram que
programa de inclusão social produtiva tem contribuído positivamente para o
crescimento de seus negócios. E mais de 94,6%, numa escala de 0 à 5,
declaram o programa excelente e atendeu as suas expectativas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Este estudo compreendeu cinquenta e seis mulheres empreendedoras e as
suas dificuldades em seus cotidianos. Os resultados da pesquisa constataram
que as empreendedoras, apresentam as características do perfil
empreendedor; psicológicas, administrativas, econômicas e sociológicas.
Também aponta que elas, em sua maioria possuem nível médio de
escolaridade, e mesmo através das dificuldades, estão dispostas a buscar
conhecimento específico sobre o empreendedorismo para inovar e na prática
fazer um melhor gerenciamento de suas atividades.
Observamos que o público participante do questionário é na sua maioria jovens
de idade entre 18 à 40 anos, possuem seus empreendimentos nas seguintes
áreas: culinária, saúde e beleza, corte e costura e, refrigeração e elétrica;
campos esses que o Banco da Providência atua fortemente na capacitação e
ajuda na formalização de seus negócios.
São moradoras de comunidades e bairros humildes, em sua maioria,
autônomas e buscam autonomia para poder gerar renda e assim, trazer
proventos para sustentar suas famílias.
A pesquisa de campo, nos possibilitou entender a realidade das mulheres
participantes do programa, suas dificuldades e as características dos seus
diferentes perfis. Com o cenário crescente do empreendedorismo, concluímos
que para empreender não é preciso apenas ter uma boa ideia, é necessário
além disso, vislumbrar de qualidades psicológicas, sociológicas, econômicas e
administrativas para entrar em um mercado exigente e competitivo.
REFERÊNCIAS
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CORRÊA, M. et al. Gestão, trabalho e cidadania. Belo Horizonte, BH:
Autêntica, 2001. Acesso em 04jun. 2022.
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LINDO, M. R.; CARDOSO, P. M.; RODRIGUES, M. E.; WETZEL, U. Vida
pessoal e vida profissional: os desafios de equilíbrio para mulheres
empreendedoras do Rio de Janeiro. RAC-Eletrônica, v. 1, n. 1, p. 1-15, 2007.
Acesso em: 07jun. 2022
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