Você está na página 1de 17

EMPREENDEDORISMO FEMININO: HISTÓRIA

ORAL DE EMPREENDEDORAS
ITABAIANENSES

Geyce Carla Santos Souza1


Gracyanne Freire De Araujo1
Ludmilla Meyer Montenegro2
Maria Andréa Rocha Escobar1

1
Campus Professor Alberto Carvalho (Itabaiana) / Universidade Federal de Sergipe
2
Universidade Federal de Sergipe
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

EMPREENDEDORISMO FEMININO: HISTÓRIA ORAL DE


EMPREENDEDORAS ITABAIANENSES

Resumo:
O objetivo desta pesquisa é compreender o empreendorismo feminino a partir da história das
empreendedoras itabaianenses. Essa pesquisa se justifica pelo crescente estudo sobre o
empreendedorismo feminino, porém são poucas as pesquisas que tratam da temática por meio
da história oral. É uma pesquisa de abordagem qualitativa, com o uso do método da história
oral. Utilizou-se para coleta de dados, a técnica da entrevista semi-estruturada aplicada a três
empresárias da cidade de Itabaiana/Se e para elaboração do roteiro de entrevista, foram
definidos, baseando-se em Freitas e Teixeira (2014) três categorias analíticas e doze elementos
de análise. Perante os dados coletados, foi utilizada a análise de conteúdo onde foram
interpretados os fatos a partir das experiências e visões das empreendedoras entrevistadas.
Sendo assim, foi possível conhecer o perfil social, as histórias de empreendedorismo feminino
e as histórias de gestão feminina das empreendedoras entrevistadas.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedorismo Feminino. Gestão Feminina.


História Oral.

1
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

1 Introdução
As mulheres estão se inserindo cada vez mais no mundo dos negócios, o que representa um
avanço no crescimento de novos empreendimentos. Dados do Global Entrepreneurship
Monitor (GEM) e do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) demonstram
que a criação de novos empreendimentos não é mais feita somente por homens. O equilíbrio
entre os gêneros tem intensificado o aumento das atividades empreendedoras no Brasil e no
mundo.
Amorim e Batista (2012) observam que o empreendedor detém a capacidade de reinventar os
meios para atender às crescentes necessidades da sociedade, além de permitir grandes
transformações sociais, econômicas e ambientais. Acompanhando esse raciocínio, estes autores
alegam que empreender é uma tarefa tanto para homens quanto para mulheres,
independentemente de profissão ou classe social. Para a sociedade, a importância das mulheres
como empreendedoras é percebida pelo fato de contribuir na economia com a geração de
empregos, na importância social de seu comportamento em administrar a dupla jornada
(trabalho e família) e no aumento da autonomia feminina.
As mulheres conseguiram percorrer postos de trabalho e alcançar o topo da carreira, em função
de suas características, perfil e estilo de liderança, mesmo assim, mantiveram-se responsáveis
com sua vida pessoal (LINDO, 2004). A participação das mulheres no mercado de trabalho tem
aumentado de forma linear nos últimos vinte anos. Esta inserção passa a ter como objetivos
além do complemento financeiro familiar, a ampliação dos seus domínios para o exercício
vocacional, a formação da identidade profissional e de realização pessoal (LINDO, 2004).
O empreendedorismo feminino é crescente e tende a fazer com que a mulher se adapte às
exigências e ao ambiente propiciado pelas organizações e crie sua identidade de gestão. Salvo
os avanços ocorridos nas últimas décadas em relação às mulheres que ocupam cargos de
liderança nas organizações, ainda existem barreiras à presença feminina nos negócios, dentre
elas o preconceito e a discriminação (GOMES, 1997 apud ZAMPOROGNA; TREVISAN;
ZANATTA, 2016).
De acordo com o relatório executivo do GEM (2016), o Brasil apresenta uma das taxas mais
equilibradas de empreendedores entre mulheres e homens encarregados por novos negócios.
No Brasil, a Taxa Específica de Empreendedorismo Inicial (TEA) é de 19,2 % para os homens
e de 19,9% para as mulheres, demonstrando um equilíbrio entre os gêneros. A participação das
mulheres no empreendedorismo brasileiro, conforme Jonathan (2011), indica o amplo potencial
econômico e a relevante contribuição do empreendedorismo feminino para o desenvolvimento
do país por proporcionar ainda a inovação na cultura organizacional brasileira.
Diante do cenário apresentado, a presente pesquisa buscou estudar o empreendedorismo
feminino para compreender as motivações e dificuldades enfrentadas pelas mulheres no
gerenciamento do seu empreendimento. Desta forma, almejou-se com este estudo refletir sobre
a seguinte problemática: Como ocorre o empreendedorismo feminino a partir da história
oral das empreendedoras itabaianenses?
Para ajudar a responder a problemática, este artigo teve como objetivo compreender o
empreendedorismo feminino a partir da história oral das empreendedoras itabaianenses e para
atender esse objetivo foi necessário: (a) identificar o perfil social da empreendedoras
itabaianenses entrevistadas; (b) descrever as motivações que levaram as empreendedoras

2
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

itabaianenses entrevistadas a empreenderem e (c) verificar o estilo de gestão das


empreendedoras itabaianenses entrevistadas.
A presente pesquisa se justifica por 2 razões. A primeira razão se deu pelo fato de que são
crescentes os estudos sobre empreendedorismo feminino, porém existem poucas pesquisas
sobre a temática utilizando história oral (FREITAS, 2006). Em razão disso, este artigo tem
como finalidade entender o estilo feminino de empreender, com o propósito de contribuir para
academia por meio de estudos sobre empreendedorismo feminino, além do objetivo social e
econômico em razão de que a cidade de Itabaiana dispõe de um forte comércio (MENDONÇA,
2015). O comércio itabaianense se destaca por seu desenvolvimento econômico e é considerado
um dos principais municípios do interior sergipano. Em Itabaiana, segundo Mendonça (2015),
por não aceitar serem apenas coadjuvantes de seus pais ou esposos, as mulheres desafiam
preconceitos, comandam, alcançam o sucesso e aos poucos foram traçando uma nova fase do
comércio local.
As novas gerações de mulheres itabaianenses, por meio da coragem e visão empreendedora,
estão inseridas como gerentes, administradoras e proprietárias de grandes empreendimentos
comerciais. Elas se tornaram maioria no segmento do comércio e similarmente ocupam parte
os ramos de armarinhos, joalherias, restaurantes, mobiliárias, sorveterias, floriculturas,
bijuterias, cafeterias e com destaque no mercado de caminhões, máquinas, autopeças e serviços,
que a princípio são considerados ambientes masculinos. Diante disso, é notória a força e
perseverança da itabaianense, guerreira por natureza e negociante por tradição, as quais
apresentam capacidade para o trabalho, empreendem, prosperam e fazem sucesso nos negócios
(MENDONÇA, 2015).
Segundo Mendonça (2015), algumas representantes femininas da cidade relatam em sua
pesquisa, que para ser empresária não é somente executar funções, é preciso planejar,
administrar, liderar, delegar poderes, cuidar da casa e fazer com que sua equipe tenha
verdadeiros profissionais. Para elas, obter sucesso é saber empreender, vencer os obstáculos
diários, cumprir várias atividades ao mesmo tempo e visar o futuro sem tirar o foco do presente.
. Se Itabaiana é considerada a terra do ouro, dos caminhões e de homens trabalhadores, é
também a terra de mulheres honradas, guerreiras e capacitadas, determinadas e com visão
empreendedora, se tornando um dos pilares do desenvolvimento econômico e social da
localidade (MENDONÇA, 2015). Diante deste contexto, é que esta pesquisa torna-se relevante
na medida em que propõe compreender o empreendedorismo feminino na cidade de Itabaiana.
Este artigo está dividido em quatro seções, além da introdução e conclusão. Na primeira seção
será abordado o Referencial Teórico, com foco nos conceitos, características do
empreendedorismo feminino e sobre gestão feminina. Na segunda seção será explicada a
metodologia utilizada na pesquisa; na terceira seção constará a análise dos dados coletados; na
quarta e última seção serão discutidas as implicações da pesquisa sobre o empreendedorismo
feminino e implicações para a prática de gestão feminina

2 Referencial Teórico
2.1 Empreendedorismo Feminino: conceitos e motivações
Os conceitos existentes sobre empreendedorismo não fazem diferenciação entres os gêneros,
em razão de que as características empreendedoras podem ser encontradas tanto em homens
como em mulheres (GOMES; SANTANTA; ARAÚJO, 2009). A princípio, vinculava o
3
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

empreendedorismo quase exclusivamente à comunidade masculina. O peso feminino é


crescente na atividade econômica e uma das razões pela qual o empreendedorismo está sendo
estimulado para as mulheres em vários países, é a grande porcentagem delas sobre a População
Economicamente Ativa (PEA) (STROBINO; TEIXEIRA, 2014). No Brasil, a participação das
mulheres como empregadoras e por conta própria é crescente. Em 2013, atingiu 31,3% do total
de 23,5 milhões de empreendedores existentes no país, representando 7,3 milhões de
empreendedoras. Nota-se ainda, que 29,2% das mulheres atuam nas micro e pequenas empresas
e 26,1% nas demais (SEBRAE, 2015).
Historicamente, a mulher brasileira é considerada uma das que mais empreende no mundo. Ao
longo da última década, os percentuais de mulheres e homens entre os empreendedores iniciais
têm sido similares, porém as mulheres têm apresentado uma leve predominância, visto que a
participação feminina representa 51,5%, enquanto a masculina 48,5%. Esse equilíbrio não
acontece ao relacionar a participação dos gêneros em empreendimentos já estabelecidos, pois
enquanto a atuação das mulheres é de 42,7%, a dos homens é de 57,3% (GEM, 2016).
Apesar das transformações políticas, sociais e econômicas do país, elas ainda recebem um
salário menor do que os homens e até então são poucas as que ocupam cargos de direção
(STROBINO; TEIXEIRA, 2014). As tendências do mercado e o avanço da tecnologia geram
novas perspectivas, onde as carreiras deixam de seguir antigos padrões tradicionais e passam a
assumir novas trajetórias (ROCHA et al., 2014). A independência, a busca de realização, as
oportunidades de mercado e a necessidade de sobrevivência são alguns dos fatores que levam
a mulher a empreender. Vale ressaltar também que, muitas são direcionadas automaticamente
por predisposição genética, ao pertencer a uma família de empreendedores (STROBINO;
TEIXEIRA, 2014).
Independentemente do gênero, os principais motivos que levam indivíduos a empreender são a
necessidade, o senso de realização e a percepção de oportunidades de mercado. As mulheres
são empreendedoras por acaso, ao iniciar os negócios sem deixar claro os objetivos e planos. E
denomina-as criadoras ao criar as empresas diante a própria coragem e motivação. Considera
como empreendedoras forçadas, quando dão início ao negócio por alguma circunstância
(MACHADO, 2002).

2.2 Características do Empreendedorismo Feminino


A necessidade de desempenhar múltiplos papéis é uma entre as várias dificuldades apresentadas
pelas empreendedoras, dado que se empenham em cumprir suas responsabilidades maternas,
dos negócios e atividades domésticas (Barbosa et al., 2011). Algumas mulheres são motivadas
a iniciar negócios com o intuito de tentar conciliar o trabalho com a vida familiar, porém na
maioria dos casos precisam se doar intensamente à empresa, dando origem ao conflito trabalho-
família (MACHADO, 2011).
Existem três dimensões que são relativas a esse tipo de conflito: tempo, comportamento e
tensão. A dimensão tempo se corrobora no excesso de tempo que a empreendedora passa na
empresa e não com sua família. A dimensão comportamento abrange fatores como a
autoconfiança, objetividade e estabilidade emocional. Já a dimensão tensão leva em
consideração os fatores causadores do estresse como a ansiedade, depressão e irritabilidade
(GREENHAUS; BEUTELL, 1985). Diante dessas dimensões, faz necessário apresentar os
desafios que as empreendedoras encontram ao exercer seu papel, tendo como exemplo: falta de
4
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

suporte, tamanho das empresas, falta de tempo, dificuldades em autoconceito e aceitação,


barreiras para atuar no mercado internacional, complicações de financiamento para as
empresas, problemas de acesso a redes e a falta de mentores e dificuldade em conciliar trabalho
e família (MACHADO, 2011).
Vale destacar a necessidade de modificar o pensamento em relação ao trabalho feminino
quando questionam o dilema do fardo que o trabalho fora do lar representa para as mulheres
(JONATHAN; SILVA, 2007). Uma vida contemplada pela maternidade e a carreira
profissional traz à protagonista o sentimento de satisfação e de realização. A prática de diversos
papéis auxilia no aumento das fontes de satisfação (POSSATI; DIAS, 2002).
A literatura aponta cinco estratégias utilizadas pelas mulheres para adaptar as demandas do
trabalho à maternidade. Sendo elas: (1) a estratégia de supermulher, na qual busca atingir com
eficiência todas as expectativas direcionadas aos diferentes papéis sociais; (2) a tática da
reinterpretação cognitiva das demandas, ao poder diminuir o próprio padrão de exigências; (3)
o planejamento e administração do tempo, o qual aprimora o funcionamento dos papéis; (4) a
estratégia multitarefa, ao executar inúmeras atividades ao mesmo tempo; (5) o afastamento das
atividades menos importantes, podendo optar por não assumir novas responsabilidades
(TIEDGE, 2004).
Um dos fatores do sucesso de empreendimentos conduzidos por mulheres passa pelo
entendimento da questão de gênero, na compreensão de que ao administrar, as mulheres
geralmente desenvolvem um estilo singular, sendo que sua abordagem de liderança vem de um
aprendizado a começar da infância sobre comportamentos, valores e interesses direcionados a
cooperação e relacionamentos (MUNHOZ, 2000).

2.3 Gestão Feminina


As empreendedoras possuem características peculiares de estilo de gerenciamento ao explanar
que há divergências no perfil, nas características e no próprio estilo gerencial de homens e
mulheres (OLIVEIRA; SOUZA NETO, 2010). A facilidade de comunicação verbal, a
sensibilidade emocional, a empatia e a capacidade de conciliar diversas tarefas são algumas das
características do estilo de gerenciamento feminino. Com isso, a mulher consegue construir um
sentimento de comunidade visando à união da organização (ROCHA et al., 2014).
Muitas vezes, as diferenças nos valores e princípios morais venerados por homens e mulheres
fazem com que estas prefiram um formato organizacional diferente do tradicional, de rigidez
hierárquica e estrutura burocrática. Com isso, permitem caracterizar o modelo feminino de
gestão como aquele que mais valoriza os indivíduos como seres humanos, em que as pessoas
são tratadas como portadoras de valores e necessidades individuais, há flexibilidade nos
horários de trabalho e o aprimoramento educacional é incentivado (ROBINS; COULTER,
1998).
Uma revisão da literatura apresenta as quatro principais características gerenciais femininas:
(a) exibem estruturas organizacionais simples, informais, descentralizadas e horizontais, dando
ênfase na cooperação, integração e nos relacionamentos interpessoais; (b) seus objetivos são
bem definidos e amplos, tais como satisfação dos clientes, responsabilidade social, segurança e
satisfação no trabalho; (c) as mulheres apresentam estilo de liderança interativa e cooperativa,
ao estimular e valorizar a participação dos funcionários; (d) elas demonstram estratégias

5
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

inovadoras ao buscar uma generalizada qualidade e satisfação de todos os envolvidos, além de


tender a empregar um número maior de mulheres do que os homens (MACHADO, 1999).
A circunstância da liderança feminina em ser uma generalização, podendo não ser aplicável a
todas as pessoas, não a torna menos válida, relevante ou significativa. Baseado nisso, destacam-
se traços estilísticos que privilegiam a competência interpessoal e ressalta variadas habilidades.
Entre elas, se encontram a habilidade de perceber e de ouvir, a administração de sentimentos, a
intimidade/autenticidade, o uso de posicionamento e a compreensão de calcular o impacto
pessoal (LODEN, 1988).

3 Metodologia
Esta pesquisa busca entender o empreendedorismo feminino na cidade de Itabaiana-SE,
mediante suas peculiaridades e características. Em função disso, foi adotada a abordagem
qualitativa e a estratégia da história oral, empregando a técnica da entrevista e a observação
direta, mediante a análise de conteúdo, com o objetivo de retratar a realidade fundamentada nas
experiências e visões das empreendedoras entrevistadas.
Na história oral, a pesquisa e a documentação estão integradas de forma peculiar e
extraordinária, com base em um projeto que pode render entrevistas que se transformarão em
documentos, os quais poderão ser incorporados como fontes para novas pesquisas (ALBERTI,
2004). A pesquisa com fontes orais é apoiada em pontos de vista individuais, os quais são
expressos nas entrevistas e são legitimadas como fontes de valor informativo ou simbólico
(FERREIRA; AMADO, 1998). Em razão disso, este artigo possibilitou, a partir do uso da
história oral, compreender o empreendedorismo feminino mediante os depoimentos das
entrevistadas.
Ao utilizar a metodologia da história oral, foi gerada uma documentação diversificada e
alternativa à história, realizada exclusivamente com fontes escritas. A realização de
depoimentos de pessoas proporcionou captar o que elas vivenciaram e experimentaram. Deste
modo, essa metodologia desperta novas perspectivas para o entendimento do passado recente,
além de possibilitar o conhecimento de distintas versões sobre determinada questão (FREITAS,
2006).
A história oral pode ser dividida em três gêneros distintos: história de vida, história oral temática
e tradição oral (MEIHY, 1994; FREITAS, 2006). Esse estudo adotou a história oral temática,
na qual a entrevista teve caráter temático sobre um específico assunto, neste caso, o
empreendedorismo feminino. A história oral temática está vinculada à abordagem e ao
testemunho sobre um assunto específico. É um recorte da experiência como um todo e aborda
questões externas, factuais, objetivas e temáticas (MEIHY, 1994).
Com a finalidade de entender o empreendedorismo feminino, foram entrevistadas três
empreendedoras da cidade de Itabaiana-SE, uma do ramo de calçados e confecções, outra do
ramo de móveis e a outra do ramo de autopeças. As entrevistadas foram selecionadas por meio
dos critérios de acessibilidade e representatividade, na história oral a escolha dos participantes
deve estar voltada com base na representatividade e no significado da experiência dos sujeitos
(ALBERTI, 2004).
A história oral é um método de pesquisa que conta com a técnica da entrevista, na qual utiliza-
se um gravador e outros procedimentos arquitetados entre si, no registro de narrativas da
experiência humana tendo como finalidade criar fontes históricas. Essa documentação deve ser
6
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

armazenada, conservada e ressalta que sua abordagem inicial deve provir do estabelecimento
preciso dos objetivos da pesquisa (FREITAS, 2006).
As entrevistas de história oral são documentos biográficos e servem como fontes para
compreender o passado, por meio das memórias e autobiografias e permitem compreender
como as pessoas interpretam os acontecimentos vivenciados, as situações e modos de vida de
um grupo ou da sociedade em geral (AXT; FONSECA; SORDI, 2007). Por isso, foi por meio
das entrevistas que foi possível captar e interpretar os fatos vividos por cada empreendedora.
As entrevistas semi-estruturadas estabelecem perguntas fechadas e abertas, onde o entrevistado
pode dissertar sobre o tema proposto (BONI; QUARESMA, 2005). Desta forma, foram
elaboradas entrevistas semiestruturadas para atender o objetivo desta pesquisa. Para elaboração
do roteiro das entrevistas, foram definidos, e atendendo a revisão literária, três categorias
analíticas e doze elementos de análise, conforme o quadro 1.

Quadro 1: Categorias analíticas e elementos de análise


Categoria Elementos
Naturalidade;
Idade;
Perfil Social das Empreendedoras Estado civil;
Quantidade de filhos;
Nível de escolaridade;
Ramo do negócio.
Empreendedorismo Feminino
(MENDONÇA, 2015; STROBINO; Motivação;
TEIXEIRA, 2014; MACHADO, 2002; Desafios;
BARBOSA et al., 2011; MACHADO, 2011; Relação família e trabalho.
POSSATI; DIAS, 2002; TIEDGE, 2004)
Gestão Feminina Estilo gerencial;
(OLIVEIRA; SOUZA NETO, 2010; Liderança;
MACHADO, 1999; LODEN, 1988) Recursos Humanos.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Mediante os dados coletados, foi utilizado nesta pesquisa o método de análise de conteúdo.
Esse método de análise busca entender os significados que vão mais adiante das mensagens
concretas, por isso a escolha deste tipo de análise para esta pesquisa (BARDIN, 2011). É uma
ferramenta de pesquisa a qual viabiliza compreender e explicar condutas, opiniões, ações
sociais e individuais, apanhadas em um contexto de dados, sejam eles textuais ou simbólicos
(COLBARI, 2014). Com o auxílio da análise de conteúdo foi possível interpretar os fatos a
partir das experiências e visões das empreendedoras entrevistadas.
Estabelecer as categorias de análise é importante para se compreender o discurso, já que fazem
a mediação entre a teoria e os dados e servem como base para fixação das inferências. Elas
permitem a organização das informações e podem ser escolhidas antes ou após a produção dos
dados (COLBARI, 2014). Por isso, optou-se neste artigo definir previamente as três categorias
e os elementos de análise, para servir como suporte na elaboração do roteiro das entrevistas.
A seguir, são apresentados os relatos das três histórias que revelam como as empreendedoras
conduzem sua vida pessoal e profissional, quais foram as motivações para empreender, as
7
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

dificuldades encontradas e o estilo de gestão utilizado na condução dos seus negócios. Todos
esses elementos foram levantados durante a entrevista e considerados importantes para entender
o empreendedorismo feminino.

4 Análise dos Dados


Esta seção está dividida em três subseções, os quais foram selecionados de acordo com as
categorias analíticas. Na primeira subseção, será demonstrado o perfil social das
empreendedoras entrevistadas; na segunda subseção serão relatadas as histórias de
empreendedorismo feminino das empreendedoras entrevistadas e na terceira subseção serão
abordadas as histórias de gestão feminina das empreendedoras entrevistadas. As identidades
das empreendedoras entrevistadas não serão apresentadas, por isso serão denominadas por E1,
E2 e E3.

4.1 Perfil Social das Empreendedoras Entrevistadas


A empreendedora E1, natural de Itabaiana, tem 58 anos, viúva e mãe de quatro filhos. Pós-
graduada em administração e em supervisão escolar. É proprietária de lojas de confecções e
calçados e também adentrou no ramo de franquias de chocolates, ambos os estabelecimentos
estão posicionados no centro comercial de Itabaiana. No geral, a E1 lida com 21 funcionários e
comanda a primeira empresa há 29 anos.
Natural de Itabaiana, e com 54 anos de idade, a empreendedora E2 é divorciada e mãe de três
filhos. Possui o ensino superior incompleto. É sócia-gestora de uma empresa de autopeças,
serviços para caminhões, pneus e recapagem. Tudo ligado no ramo de caminhão. Comanda 40
funcionários na loja em Itabaiana e 40 funcionários em Aracaju, onde trabalha com o mesmo
segmento no ramo de caminhão. Está no comércio itabaianense há 40 anos.
A empreendedora E3 é natural de Itabaiana, possui 50 anos, casada e mãe de três filhos.
Formada em administração de empresas e proprietária de lojas de móveis e decorações
localizadas no centro de Itabaiana. Coordena 50 funcionários e está no ramo comercial há 26
anos.

4.2 Histórias de Empreendedorismo Feminino das Empreendedoras Entrevistadas


Motivação, Desafios e Relação Família e Trabalho para E1, E2 e E3
E1 relatou que desde o início foi apoiada pela família e que sempre teve vontade de ter um
negócio próprio. Esse foi um dos fatores para que ela pensasse em empreender, conforme
relatou:
Eu sempre tive vontade ter um negócio próprio! Sou professora aposentada, porém eu
sempre quis aliar uma outra atividade ao que eu fazia e iniciamos com essa pequena
loja em 1989. Meu esposo, na época, ele era caminhoneiro e investiu. E a gente, todos
juntos, levamos adiante.
E1 declarou que não enfrentou barreira por ser mulher, pois seu esposo sempre estava ao seu
lado e diz que uma das maiores dificuldades no início do empreendimento foi a escassez de
capital, como explicou:
Um negócio muito pequeno e sem capital para que esse negócio fosse um sucesso!
No início foi muito difícil, a gente tinha pouco capital, mas eu queria e queria mesmo
um negócio próprio! Foi bastante difícil no início e ainda hoje continua difícil, mas a
gente vai com a experiência que se adquire, driblando as situações mais complicadas

8
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

e sempre levando adiante o projeto. Não enfrentei nenhuma barreira por ser mulher,
porque meu esposo sempre estava junto. Ele era caminhoneiro e deixou de ser, éramos
os dois, lado a lado fazendo tudo, viajava junto, fazia compras juntos.
Como E1 sempre viu a loja como uma extensão de sua casa, os filhos sempre estavam presentes
no comércio e hoje todos possuem ensino superior e estão envolvidos em atividades comerciais.
Por isso, não teve problemas em conciliar a família com o trabalho. Descreveu a
empreendedora:
Sempre foi assim: para a família, a extensão da casa era loja! Os filhos estudavam,
mas qualquer “horáriozinho” de folga vinham para loja e esse convívio foi sempre
dessa maneira. Foram se adaptando, conhecendo e todos estão envolvidos na atividade
comercial.
O resultado positivo é o que dá satisfação a E1 ao comandar uma empresa. Ela entende que
precisa estar na frente, obter conhecimentos e sempre ter vontade de fazer mais. Como explicou:
Sempre entendi que preciso estar na frente, adquirindo conhecimentos e ideias.
Vontade de fazer nunca me faltou, eu sempre faço e quero fazer mais, faço e quero
fazer mais. Saber que a gente tem um resultado positivo, que o que a gente imaginou
há 29 anos é o resultado que a gente tem hoje, é satisfatório.
Diante disso, foi possível entender que a inserção da E1 no mercado de trabalho teve além do
propósito financeiro, o desejo de ter seu próprio negócio, buscando, a formação da identidade
profissional e da realização pessoal (LINDO, 2004). Algumas empreendedoras enfrentam a
dificuldade na captação de recursos (ALPERSTEDT; FERREIRA; SERAFIM, 2014), como foi
o caso da empreendedora E1 em que a escassez de capital foi inicialmente o seu maior desafio.
Pelo fato de seus filhos estarem sempre presentes no comércio, a E1 não enfrentou o conflito
trabalho-família.
Para a E2, a ideia de ser empreendedora surgiu aos 16 anos de idade e o que a levou a
empreender foi a necessidade da família e a oportunidade por toda a família ser do ramo de
caminhão, conforme relata:
Meu pai era caminhoneiro e ele vivia na Rio-Bahia e como teve um período, um mês
que ele perdeu três caminhões que viraram, então eu e meu irmão fomos estudar à
noite e trabalhar pelo dia com meu tio. A questão do empreendedorismo eu acho que
foi a situação da família que fez e também só tinha uma oficina naquela época em
1977. A ideia surgiu do meu tio e meu irmão abraçou. Ele era na área comercial e eu
na financeira. E aí começamos, isso eu tinha 16 anos e já entrei nesse ramo que foi
uma coisa assim por necessidade e a oportunidade já que só tinha uma oficina em
Itabaiana e toda minha família era do ramo de caminhão. [...]. É uma área masculina,
mas eu me envolvia muito.
E2 explicou que tem três irmãos e duas irmãs, mas somente ela e os irmãos homens são
empreendedores. Cada um depois seguiu sozinho e hoje eles têm comércios em outros estados,
mas tudo no ramo de caminhão. Segundo E2 ela é a sócia-gestora da empresa familiar em
Itabaiana e sempre esteve responsável pela área financeira:
Cada um seguiu carreira solo e eu fiquei aqui como gestora da família. Mas a gente
sempre troca ideia, porque estão todos no mesmo segmento e quando precisa de
alguma informação, e as dificuldades também, a gente vai conversando. Eu sou sócia-
gestora, sempre estive a frente da área financeira. Todas as decisões tanto no
financeiro como administrativas, demissões, admissões ou algum problema que
envolva pessoas, junto com a equipe, combinamos e tomamos decisões. Mas passa
por mim, eu sou a responsável pelas decisões, sou a gestora da empresa.

9
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

Os filhos da E2 também atuam no mesmo segmento de caminhões. O filho mais novo comanda
a parte de acessórios para caminhão e o mais velho é representante de implementos, vende
carretas e caçambas. Relata que é muito grata aos caminhoneiros, mas revela que enfrentou
diversas barreiras por ser mulher em um ramo masculino:
Então a família toda depende do caminhoneiro e a gente é muito grata a essa classe
que é uma classe meio sofrida, que não é tão reconhecida, mas é quem envolve o país.
[...] Agora é um ramo machista. Eu já fui, às vezes, muito humilhada por clientes,
aqueles homens meio rudes, que xingam. [...] Eu digo isso porque eu vejo às vezes
dentro da minha própria casa: meu pai é machista! Eu já sofri muito pela maneira
como pensa, porque às vezes ele queria o filho homem aqui. [...]. Então eu tive alguns
atritos e não foi fácil, às vezes ainda não é fácil. Pela idade, pelo machismo, pela
ignorância. Nosso ramo lida com um tipo de pessoa que vive às vezes cheio de
arrebite, chega muito nervoso.
Diante das barreiras enfrentadas, a E2 explicou que não desistiu do ramo pelo motivo de ter três
filhos para criar. Com relação à parte financeira, revela que no início do empreendimento não
enfrentou dificuldades:
O que me impulsionou foram três filhos para criar e eu já estava no comércio. Eu
poderia ter recuado, eu poderia optar pelo banco ou o comércio? Poderia, mas naquele
momento eu não tinha muita opção. E assim as coisas vão surgindo. Eu digo assim
que eu não busquei, eu não tive aquele objetivo de chegar a ser a gestora geral não.
As coisas vão acontecendo! [...] Então para mim tudo isso foi muito tranquilo, eu
gosto de tudo organizado, eu acho que eu sou um pouco perfeccionista, mas isso faz
parte de organização. É necessário, se não consegue organizar você dificulta todo o
trabalho da equipe.
Verifica-se na fala da empreendedora E2, que foram enfrentadas muitas barreiras por ser mulher
em um ramo masculino, tanto por clientes como por funcionários. E2 expõe que lidar com
pessoas foi uma grande dificuldade enfrentada:
O mecânico às vezes eles não querem respeitar muito a mulher e às vezes eu precisava
ter reunião de um por um para conversar e eles não respeitam muito. Então muitas
vezes eu precisei chamar meu irmão, chamar meu pai para a presença masculina estar
aqui, para que eles ouvissem. A maneira rude de ser, de querer brigar. Eu não sei
gritar, eu sei falar respeitando e quero ser respeitada. [...] Eu sou gestora, sócia gestora,
mas eu digo que a empresa é da família, mas eu talvez também não tenha tido tanto
apoio de quem eu deveria ter tido. Talvez as pessoas que eram para me apoiar eram
tão machistas quanto eles, então dificultou. [...]
E2 afirmou que para conciliar o trabalho com a família, teve o suporte de duas secretárias, sendo
que uma a ajudou durante 12 anos e a outra colabora há 25 anos. Porém relata que sempre foi
mais presente na empresa do que na família, mas a todo o momento acompanhou e acompanha
os filhos, seja por intermédio do telefone ou no período da noite. Mesmo não estando presente
fisicamente, mas mantém contato o tempo todo.
Assim como a E1, o resultado positivo é também para a E2 o que lhe dá mais satisfação ao
comandar uma empresa:
O resultado positivo, que seja bom para todo mundo! Automaticamente vai ser bom
para mim! Se for bom para eles vai ser bom para mim! Você ver a empresa crescendo,
o que você puder agregar para melhorar tanto em relação à clientela e como a equipe
vai satisfazer a todos.
Em virtude dos fatos relatados, foi possível detectar que a necessidade da família e a
oportunidade de mercado (STROBINO; TEIXEIRA, 2014) foram os motivos que
influenciaram a E2 a empreender. A maior barreira enfrentada pela E2 foi o machismo. Para
10
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

solucionar o conflito trabalho-família, a entrevistada contratou secretárias para ajudá-la com os


filhos. Na maioria dos casos as mulheres precisam se doar profundamente a empresa,
precisando conciliar a relação trabalho-família (MACHADO, 2011).
A E3 afirmou que já nasceu vendo o empreendedorismo, pois seu pai foi um grande
empreendedor da cidade. Conforme expôs:
Eu já nasci vendo isso tudo, vendo o meu pai que foi um grande empreendedor, um
dos nomes aqui fortes em Itabaiana! Então eu já nasci vendo tudo e ia para loja quando
era pequena. [...] Então primeiro, claro, eram os estudos. Mas nas férias eu passava
um pouco nas casas de minhas primas, mas também trabalhava e aos sábados também
eu trabalhava.
Segundo a E3, o fator que a levou a empreender foi a necessidade de ser independente e ter seu
próprio dinheiro, já que ficou sem trabalhar depois que se casou. E descreveu que sempre teve
o apoio da família e que todos os seus irmãos são empreendedores:
Na época eu tive o apoio de toda a minha família, toda. Inclusive, na minha família
todos são desse ramo, então acontece de às vezes, naquele momento, comprar a mais
e precisar de um apoio financeiro, também financeiro nós temos na família um ao
outro. Papai já era falecido quando eu coloquei a minha, mas eu já tomei gosto pelo
trabalho desde criança, mas coloquei a minha tem 26 anos só.
E3 revelou que no início do empreendimento a maior dificuldade enfrentada foi a escassez de
clientes e afirmou que não enfrentou nenhuma barreira por ser mulher:
No início assim, eu não tinha muitos clientes, claro, eu tava começando. Então tive
que acolher esses clientes e cuidar muito desses clientes para que eles ficassem e
trouxessem outros, trouxessem a família. Então no início a grande dificuldade foi essa,
porque no início tinham poucos clientes e como tinham poucos clientes, tinham
poucas vendas e daí então tinha pouco dinheiro.
De acordo com a E3, ela sempre soube conciliar bem o trabalho com a família, desde quando
os filhos ainda eram pequenos, conforme destacou:
Primeiro porque minha filha trabalha comigo, o meu filho mais velho trabalhou
comigo muito tempo também, agora que ele colocou o próprio negócio dele,
diferentemente do meu, mas sempre em família. [...] Então eu dava banho nos meus
filhos e já descia com eles. Eu morava em cima e trabalhava embaixo. Eu tinha poucos
clientes, levava os filhos para loja, eu não tinha babá. Então era muito fácil, era uma
relação contínua de família. [...]
Para E3, poder oferecer emprego e ver a satisfação do cliente é o que mais a agrada em
comandar uma empresa:
Tenho muitas satisfações! Primeiro: dar emprego! Porque foram muitas as pessoas
que chegaram para mim e disseram com os olhos cheios d'água: eu agradeço demais
a seu pai por ter dado emprego a meu filho. Muitas pessoas, por incrível que pareça
me falaram isso. Então daí eu percebi a importância do emprego. Então é uma
satisfação dar emprego. E segunda: é quando meu cliente fica totalmente satisfeito,
que é o que acontece aqui.
A independência e a necessidade de realização são uns dos fatores que levam as mulheres a
empreenderem (STROBINO; TEIXEIRA, 2014), e essas foram as razões que levaram a E3 a
empreender. A escassez de clientes e recursos foram inicialmente os desafios enfrentados pela
E3 e foi possível notar que a estratégia multitarefa (TIEDGE, 2004) foi adotada pela E3, já que
executava várias atividades ao mesmo tempo, ao assumir o papel de mãe e empresária, visto
que tinha a liberdade de poder cuidar dos filhos enquanto trabalhava.

11
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

4.3 Histórias de Gestão Feminina das Empreendedoras Entrevistadas


Estilo Gerencial, Liderança e Recursos Humanos para E1, E2 e E3
A E1 revelou que para solucionar os problemas que acontecem dentro da empresa, busca
resolver da melhor maneira possível, analisa, avalia, conversa e o que não cabe a ela, deixa para
que os outros resolvam. A entrevistada considera ainda muito importante a relação interna com
seus funcionários, conforme relatou:
O funcionário, eu como uma empresa pequena, meus filhos, todos estão envolvidos
no processo desses empreendimentos. A gente busca sempre valorizar e saber que a
gente tem uma posição de diretor da empresa, mas que a gente só não faz acontecer.
E precisa que se tenha um bom relacionamento com os colaboradores para que a gente
possa ter resultados bons.
Para a E1 a liderança feminina diverge da masculina, pois a mulher é detalhista e fez uma
comparação mediante lembrança do seu esposo:
A mulher vê muito mais, a mulher é detalhista [...] e o meu olhar faz muita diferença!
Mas eu vejo que é bastante diferente. Meu esposo, quando ele trabalhava com a gente,
via somente a parte financeira. [...] Eu também gosto de tá perto do meu cliente, de
conversar, de dar atenção, mas indiscutivelmente o olhar feminino é muito importante
em uma empresa pequena. Não sei nas empresas grandes esse olhar como é, agora eu
tenho experiência nas minhas empresas pequenas, e considero importantíssimo.
Desde que fundou a empresa, E1 revelou que mudou seu estilo de gerenciamento, pois hoje as
coisas acontecem mais rápidas e entende que é preciso acompanhar as constantes mudanças e
descreve a loja como extensão da sua casa:
Aqui é a extensão da minha casa! Aqui, muitos dias eu nem vou para casa almoçar,
eu aqui vendo algumas coisas, aí fico no computador. Para que eu faça o que eu gosto
de fazer, eu faço bem feito! [...] E eu faço e busco tudo que estiver ao meu alcance
para melhorar, eu procuro fazer!
A flexibilidade, a cooperatividade e a sensibilidade são consideradas características femininas
(GOMES, 2004), e para E1 analisar, avaliar e conversar são os primeiros passos que devem ser
considerados para solucionar problemas na empresa e para E1 essas características diferenciam
o estilo de gerenciamento feminino do masculino.
De acordo com a E2, os problemas que acontecem na empresa são solucionados junto com a
equipe. Se forem problemas trabalhistas, busca a solução através do advogado ou contador
juntamente com os órgãos competentes. A entrevistada considerou também muito importante a
relação interna com os funcionários, conforme narrou:
[...] se eu ligar para aqui e eu quero uma informação e não confiar naquela informação,
se o meu relacionamento com eles não for um relacionamento de amizade também,
de confiança, você fica sempre sem saber o que é que realmente está acontecendo na
empresa.
A empreendedora se considera muito organizada e relatou que já foi criticada por familiares
por conta desta atitude:
Eu sou muito por organização e controle do faturamento. [...] Tanto aqui como em
Aracaju, terminou o mês eu tenho que sentar aqui, analisar onde é que nós podemos
melhorar, eu acompanho a saúde financeira da empresa [...] então tem que ter
organização. Você tem que saber de cada setor e não misturar as despesas de pessoa
física com as despesas da empresa. Nunca misturar! [...].
Mediante a evolução, E2 narrou que mudou seu estilo de gerenciamento desde a fundação da
empresa:

12
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

A gente vai se aprimorando de acordo com a evolução das coisas! [...] Então a gente
vai se adequando às necessidades. Com a informática também tudo mudou, hoje é
tudo sistema e quando comecei era manual, os pedidos eram manuais. Então a gente
tem que evoluir de acordo com tecnologia e tudo que vem apresentando aí no
mercado.
Para E2, cuidar bem da empresa significa conhecer todos os setores, da produção ao
administrativo, ter um espelho de como está sua empresa, ter o cuidado e organização. A
empreendedora acredita ainda que o estilo de gestão masculino é diferente do feminino, como
explicou:
Acho que os dois têm seus méritos. Às vezes o homem tem uma maneira mais rigorosa
de ser. A mulher às vezes vai mais pelo coração, é mais flexível, conversa mais com
equipe, eu tenho esse perfil. E às vezes o homem manda o RH conversar, então eu
acho que a mulher acaba tendo mais essa sintonia de relacionamento com a equipe,
mas todos dois têm os seus méritos e eu acho que depende de como eu enxergo a
empresa.
Dessa forma, foi possível perceber que a E2 busca solucionar os problemas na empresa em
parceria com a sua equipe, apresentando uma das características gerenciais femininas abordadas
por Machado (1999) na fundamentação teórica, onde diz que as mulheres possuem um estilo
de liderança interativa e cooperativa, pois estimulam e valorizam a participação dos
funcionários.
A E3 procura solucionar com calma os problemas que acontecem na empresa, ao analisar o
problema e ver a melhor forma para solução. A entrevistada considera também muito
importante a relação interna no empreendimento e acredita que mudou seu estilo de
gerenciamento desde que fundou a empresa, pois sempre procura melhorar, como citou:
Então em primeiro lugar eu tenho que ter uma relação aqui dentro, tanto a relação
comigo e com eles, como entre eles. Uma relação de amizade, uma relação íntegra,
uma relação de apoio, de colaboração. Então existe essa relação boa aqui graças a
Deus! Eu creio que hoje eu seja mais aberta, mais receptiva também. Porque eu não
posso achar que sou eu só que percebo as coisas. Eu tenho que escutar também o que
todos estão falando. Por isso, hoje eu sou mais receptiva.
O estilo feminino de administrar também diverge do masculino para a E3, como expressa:
Eu acho que a mulher cuida mais, olha com os olhos como se fosse uma mãe. Eu
acredito nisso! Porque só a mulher que é mãe, que tem esse sentimento materno acolhe
mais. Eu acredito sim, fielmente nisso!
Sendo assim, foi possível compreender que a E3 procura ter uma relação de amizade, de apoio
e de colaboração com seus funcionários, demonstrando algumas das habilidades gerenciais
femininas (LODEN, 1988), que são as habilidades de perceber e ouvir, a administração de
sentimentos e a intimidade.
5. Conclusão
A independência, a busca de realização, as oportunidades de mercado e a necessidade de
sobrevivência são alguns dos fatores que levam a mulher a empreender (STROBINO;
TEIXEIRA, 2014). Observou-se no relato, que para a E1 a vontade de ter um negócio próprio
foi o fator que a levou a empreender. Já para a E2, foi a necessidade da família naquele
momento, junto com a oportunidade por todos os familiares pertencerem ao ramo de caminhões.
Enquanto E3 foi motivada pela necessidade de ser independente e ter seu próprio dinheiro.
Em relação às dificuldades enfrentadas no início do empreendimento, apurou-se que os
obstáculos encarados por E1 e E3 foram similares. Já que para E1 a maior dificuldade
13
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

inicialmente foi a escassez de capital, e para E3 foi a carência de clientes, onde tinham poucas
vendas e pouco lucro. Enquanto que para E2 a parte financeira sempre foi conduzida com
tranquilidade e a maior resistência enfrentada foi o machismo. A princípio, as três
empreendedoras tiveram apoio de suas famílias, porém foi possível perceber durante a fala, que
a E2 enfrentou alguns atritos no decorrer dos anos, por seu pai ser machista. E1 não enfrentou
nenhuma barreira por ser mulher, pois seu esposo sempre estava ao seu lado apoiando. Assim
como a E3, que revelou que não sofreu nenhum preconceito e nenhum empecilho por ser
mulher. Diferentemente da E2, que por ser mulher em um ramo totalmente masculino, enfrentou
diversas barreiras tanto com funcionários como com clientes e foi permitido observar na história
da E2, a dificuldade em lidar com as pessoas, com o machismo, com a ignorância e com a
família por ser uma empresa familiar.
A necessidade de desempenhar múltiplos papéis é uma entre as várias dificuldades apresentadas
pelas empreendedoras, dado que se empenham em cumprir suas responsabilidades maternas,
dos negócios e atividades domésticas (BARBOSA et al., 2011). Quanto a esta multiplicidade
de papéis, verificou-se que E1 e E3 não tiveram problemas em conciliar a família com o
trabalho, pois E1 via a loja como sendo uma extensão da sua casa e seus filhos sempre estavam
presentes no comércio. Da mesma forma, a E3 teve a vantagem de cuidar de seus filhos
enquanto trabalhava, já que morava no mesmo prédio da sua loja. Já para E2, foi revelado que
ela sempre foi mais presente na empresa do que na família, porém sempre buscou manter o
contato diariamente e para conciliar o trabalho com a família, teve ajuda de duas secretárias.
Verificou-se que enquanto para a E3 oferecer emprego e satisfazer o cliente é o que mais a
agrada, o resultado positivo é o que dá mais satisfação para E1 e E2 ao comandar uma empresa.
Ao traçar os perfis de gestão feminina, foi permitido observar que E1 busca solucionar os
problemas por meio da análise, avaliação e conversa. Para a E2, a solução de conflitos é
trabalhada junto à equipe, com auxílio de advogado, contador e órgãos competentes. Assim
como a E3, procura analisar o problema e obter a melhor forma para solução.
Notou-se nos depoimentos que para todas as três empreendedoras entrevistadas o quesito
“relação interna com os funcionários” é um aspecto muito importante a ser considerado na
gestão do empreendimento. Ambas entrevistadas reconheceram que mudaram os seus estilos
de gerenciamento ao longo dos anos. E1 relatou que as tendências do mercado acontecem de
forma rápida e que é preciso acompanhar as constantes mudanças. E2 revelou que se aprimorou
mediante a evolução do mercado e que é necessário se adequar as necessidades e mudanças do
mercado e dos clientes. E3 se considerou hoje mais aberta e receptiva.
Existem divergências no perfil, nas características e no próprio estilo gerencial de homens e
mulheres (OLIVEIRA; SOUZA NETO, 2011). De acordo com as histórias, as três
empreendedoras entrevistadas afirmam que o estilo de liderança feminina, diverge do
masculino. Para E1, a mulher é mais detalhista, mais flexível, além do sentimento materno.
Para E2, os dois estilos de gestão têm seus méritos, mas considera a mulher também mais
flexível, que tem mais sintonia de relacionamento com a equipe. E3 acredita que a mulher cuida
mais, acolhe mais, incluindo também o sentimento materno.
A presente pesquisa busca juntar-se aos estudos sobre os temas de empreendedorismo feminino
e de gestão feminina, além de servir como fonte para trabalhos futuros sobre as temáticas. Os
depoimentos das empreendedoras deixam evidências que cada história foi diferente, em ramos
distintos, porém apresentam algumas semelhanças nas motivações e dificuldades enfrentadas.
14
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

E que a história oral contribuiu para compreender como as empreendedoras itabaianenses


conduzem seus negócios com competência e seriedade, além de representarem as mulheres de
negócios da cidade. Em suma, a força de vontade, perseverança, o orgulho em ser mulher e
alcançar seus sonhos são características que as tornam empreendedoras de sucesso.
REFERÊNCIAS
ALBERTI, V. Manual de história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
ALPERSTEDT, G. D.; FERREIRA, J. B.; SERAFIM, M. C. Empreendedorismo feminino:
dificuldades relatadas em histórias de vida. Revista de Ciências da Administração, p. 221-
234, 2014.
AMORIM, R. O.; BATISTA, L. E. Empreendedorismo feminino: razão do empreendimento.
Núcleo de Pesquisa da Finan, v. 3, n. 3, 2012.
AXT, G.; FONSECA, P. R. P.; SORDI, N. A. D. Manual de procedimentos do programa
de história oral da Justiça Federal, 2007.
BARBOSA, F. C.; CARVALHO, C. F.; SIMÕES, G. M. Matos; TEIXEIRA, R. M.
Empreendedorismo feminino e estilos de gestão feminina: estudo de casos múltiplos com
empreendedoras na cidade de Aracaju-Sergipe. Revista da Micro e Pequena Empresa,
Campo Limpo Paulista, v. 5, n. 2, p. 124-141, maio-ago. 2011.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Edição 1. São Paulo: Edições 70, 2011. p. 33-52.
BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências
Sociais. Revista Em Tese, v. 2, n. 1, p. 68-80, jan/jul. 2005.
CANDATEN, D. M.; ZANATTA, J. M.; TREVISAN, J. K. D. V. Mulheres
empreendedoras: os desafios para equilibrar a vida pessoal e profissional. In: Anais do
IX Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas. Passo
Fundo, RS, 16 a18 de março, 2016.
COLBARI, A. A análise de conteúdo e a pesquisa empírica em psicologia. In E. M. Souza
(Org.). Metodologias e analíticas qualitativas em pesquisa organizacional. 2014. p. 241-
274.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Edição 4.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
FERREIRA, J. M.; NOGUEIRA, E. E. S. Mulheres e suas histórias: razão, sensibilidade e
subjetividade no empreendedorismo feminino. Revista de Administração Contemporânea,
v. 17, n. 4, p. 398-417, 2013.
FREITAS, R. K. V.; TEIXEIRA, R. M. Empreendedorismo sustentável e a identificação de
oportunidades: história oral de empreendedores de negócios sustentáveis, Revista
Pensamento Contemporâneo em Administração, Rio de Janeiro, v.8, n.1, p.151-170,
jan./mar. 2014.
FREITAS, S. M. História Oral: Possibilidades e Procedimentos. Edição 2. São Paulo:
Associação Editorial Humanitas, 2006.
GEM 2016. Global Entrepreneurship Monitor 2015 – Empreendedorismo no Brasil.
Curitiba: IBPQ, 2016.
GOMES, A. F. O perfil empreendedor de mulheres que conduzem seu próprio negócio: um
estudo na cidade de vitória da Conquista, Bahia. Revista Alcance – UNIVALI, v.11, n.2, p.
207-226, maio/ago. 2004.

15
______________________________________________
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo São Paulo/SP
04 a 06 de julho
e Gestão de Pequenas Empresas
de 2018
______________________________________________

GREENHAUS, J. H.; BEUTELL, N. J. Sources of Conflict Between Work and Family Roles.
Academy of Managament Review, v. 10, n. 1, p. 76-88, Jan. 1985.
JONATHAN, E. Mulheres empreendedoras: o desafio da escolha do empreendedorismo e o
exercício do poder. Psicologia Clínica, v. 23, n. 1, p. 65-85, 2011.
JONATHAN, E. G.; SILVA, T. M. R. Empreendedorismo feminino: tecendo a trama de
demandas conflitantes. Psicol. Soc. [online], Rio de Janeiro, v.19, n.1, p.77-84, jan/abr. 2007.
LINDO, M. R.; CARDOSO. P. M.; RODRIGUES. M. E.; SANTOS. U. W. B. Conflito vida
pessoal vs. vida profissional: os desafios de equilíbrio para mulheres empreendedoras do
Riode Janeiro. RAC-Eletrônica, v. 1, n.1, art. 1, p. 1-15, jan/abr. 2007.
LODEN, Marilyn. Liderança feminina: como ter sucesso nos negócios sendo você mesma.
São Bernardo do Campo, SP: Bandeirante, 1988.
MACHADO, H. V. Tendências do comportamento gerencial da mulher empreendedora.
In: Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração. 23, 1999, Foz do
Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: ANPAD, 1999, p. 139-148.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Definindo história oral e memória. Cadernos (Universidade
de São Paulo, Centro de Estudos Rurais e Urbanos), v. 5, p. 52-60, 1994.
MENDONÇA, Carlos. A evolução comercial de Itabaiana. Aracaju: Infographics, 2015.
MUNHOZ, G. S. Quais as contribuições que o estilo feminino de liderança traz para as
organizações empreendedoras. In: Encontro Nacional de Empreendedorismo, 1., 2000,
Maringá. Anais... Maringá: EGEPE, 2000. p. 164-176.
OLIVEIRA, P. G.; SOUZA NETO, B. Empreendedorismo e Gestão Feminina: Uma
análise do estilo gerencial de mulheres empreendedoras no município de São João del-
Rei, Minas Gerais. In: VI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD. Anais...
Florianópolis, SC, 2010.
POSSATTI, I. C.; DIAS, M. R. Multiplicidade de papéis da mulher e seus efeitos para o bem-
estar psicológico. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 15, n. 2, p. 293-301, 2002.
ROBINS, S. P.; COULTER, M. Administração. Edição 5. Rio de Janeiro: PHB, 1998.
ROCHA, J. B.; KUBO, E. K. M.; LEITE, N. R. P.; OLIVA, E. C.; FARINA, M. C. Percepção
de sucesso na carreira da mulher executiva brasileira. Revista de Administração da Unimep,
v. 12, n. 3, p. 47-72, 2014.
SEBRAE (Org.) Anuário das mulheres empreendedoras e trabalhadoras em micro e
pequenas empresas: 2015. / SEBRAE/ DIESE – 3.ed. – Brasília, DF : DIEESE, 2015.
STROBINO, M. R. C.; TEIXEIRA, R. M. Empreendedorismo feminino e o conflito trabalho-
família: estudo de multicasos no setor de comércio de material de construção da cidade de
Curitiba. Rev. Adm., São Paulo, v.49, n. 1, p.59-76, 2014.
TIEDGE, L. B. Processes of change in work/home incompatibilities: Employed mothers
1986-1999. Journal of Social Issues,v. 60, n. 4, p. 787-800, 2004.
VERGARA, S. C. Métodos de coleta de dados no campo. Edição 2. São Paulo: Atlas, 2009.
ZAMPROGNA, L.; TREVISAN, J. K. D. V.; ZANATTA, J. M. Mulheres líderes e a gestão
de pequenas empresas: um estudo exploratório das atitudes. In: Anais do IX Encontro de
Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas. Passo Fundo, RS, 16 a 18
de 2016.

16

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar