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CERB – 28/09/2022

NOME: Ludmilla Grandini – TURMA: 2001


DISCIPLINA: Filosofia

DARCY RIBEIRO E A EDUCAÇÃO


Primeiramente, quem foi Darcy Ribeiro? Bom, ele foi educador, político, etnólogo,
antropólogo e escritor brasileiro. Seus estudos foram essenciais para alavancar uma
nova reforma educacional no Brasil. Na área da antropologia, aprofundou na análise
das comunidades indígenas. O principal conceito difundido por ele foi o de identidade
cultural.

BIOGRAFIA:
Nascimento: 26 de outubro de 1922, em Montes Claros (MG);
Morte: 17 de fevereiro de 1997, em Brasília (DF), aos 74 anos;
Causa da morte: vítima de câncer;
Parentescos: Reginaldo Ribeiro dos Santos (pai), era farmacêutico; Josefina Augusta da
Silveira (mãe) era professora;
Estudou a primária e o ensino médio em sua cidade natal, logo ingressou na Faculdade
de Medicina, porém abandonou os estudos quando decidiu atuar na área de ciências
políticas. Dali, ele foi para São Paulo cursar antropologia se formando em 1946.
Com seus conhecimentos nessa área, Darcy decidiu estudar as comunidades indígenas
do Brasil. Entre 1949 e 1951 trabalhou no Serviço de Proteção aos Índios.
Foi diretor e colaborador da fundação do Museu do Índio e participou da criação do
parque indígena do Xingu.

DARCY RIBEIRO E A EDUCAÇÃO:


Darcy, que trabalhou no Ministério da Educação e da
Cultura, foi um grande articulador do ensino no Brasil.
Teve uma relação profissional muito importante com
o educador Anísio da Teixeira. Juntos, fundaram a
Universidade de Brasília (UNB) e foram reitores.
Com esse intelectual, Darcy foi um defensor da
democratização do ensino público e de qualidade
para todos.
O antropólogo foi o idealizador da Universidade
Estadual do Norte Fluminense (UENF) que hoje leva
seu nome: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Sua sede está
em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro.
Darcy foi professor de Antropologia na Escola de Administração Pública da Fundação
Getúlio Vargas. Também ministrou aulas de Etnografia Brasileira e Língua Tupi na
Faculdade Nacional de Filosofia. Com a chegada da Ditadura no Brasil, Darcy exilou-se
no Uruguai onde permaneceu alguns anos. Acompanhado de sua esposa Berta Gleizer
Ribeiro (1924-1997), também antropóloga, eles moraram na Venezuela, Chile e Peru.
De volta ao Brasil, Darcy participou da criação dos Centros Integrados de Ensino
Público (CIEP). Sua proposta era aliar os estudos formais com atividades de cunho
cultural. Ainda na área da educação participou da elaboração da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB).

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS:


Em 8 de outubro de 1992 Darcy foi eleito para ocupar a Cadeira nº 11 da Academia
Brasileira de Letras (ABL). Sua posse aconteceu em 15 de abril de 1993.
“A lição mais clara que tiro de minha vida de lutas é que, aparentemente generoso e
altruísta, na verdade, fui e sou um egoísta. Delas é que me vieram os louvores e
gratidões que mais me esquentaram o coração. Delas, principalmente, é que vem o
decoro e a dignidade que minha vida tenha. Sou o beneficiário verdadeiro de minha
benemerência. A vida me deu muito. Graças, têm valido as penas.
Hoje, aqui me tenho contente, frente a meus pares, neste alto pouso acadêmico.
Nunca supus que o alcançasse. Temendo o contrário, o desmerecia, invejoso. Me veio,
porém, na hora certa dessa velhice em que ingresso, inda não trôpego, para consolar-
me dela. Juntos, aqui viveremos, como a aspirada imortalidade, nossos aos
conclusivos. Convivendo cordiais naquilo que somos: uma amostra fiel da inteligência
brasileira, tão variada como ela mesma. Isto é tudo. Muito obrigado.” (Discurso de
posse).

A AMIZADE ENTRE DARCY E ANÍSIO:


Os dois tinham um pelo outro explícita
antipatia, conta Darcy em Confissões,
autobiografia que escreveu quando estava
perto de morrer de câncer. Um dia, essas duas
antipatias se encontraram e um amigo comum
percebeu a bobagem que impedia aqueles
dois gigantes de se aproximarem, então logo
levou Anísio para assistir a uma conferência de
Darcy. O antropólogo relatava a convivência
com os Ramkokamekra, de organização social
muito complexa.
Quanto mais Darcy falava, mais Anísio resmungava: “São uns gregos! Gregos!”. Seria
uma desfeita, um desdém do educador baiano? Até que conseguiu entender que
Anísio, de formação clássica, percebeu na organização social dos Ramkokamekra uma
sofisticação parecida com a dos atenienses e dos espartanos.
“O certo é que desde aquele primeiro encontro intelectual nos apaixonamos um pelo
outro.” Tanto que Darcy diz ter tido dois “alter egos” (outro eu), Rondon e Anísio.
“Missionários… cada qual com sua causa, que foram ambas causas minhas. Foram e
são: a proteção dos índios e a educação do povo.”
Desde então, por muito tempo, não se largaram mais. Durante anos e anos, viam-se
diariamente, trabalhando juntos em projetos pela educação pública universal e de
qualidade. Participaram intensamente dos debates sobre a Lei de Diretrizes e Bases,
espécie de Constituição do sistema educacional brasileiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Além de tudo citado acima, vale acrescentar que, Darcy Ribeiro foi, sobretudo, um
defensor incansável da escola pública, que ele considerava “a maior invenção do
mundo”.
Sua visão de educação foi profundamente influenciada pelo movimento Escola Nova,
que procurava renovar a educação opondo-se aos métodos tradicionais de ensino e
tornando a escola instrumento de combate às desigualdades sociais. Compartilhava,
portanto, muitos princípios e da amizade de Anísio Teixeira. Do educador baiano,
chegou a dizer: “Se me perguntassem pelo encontro mais importante de minha vida,
eu diria que foi o nosso.”

FRASES DE DARCY RIBEIRO:


“Coragem! Mais vale errar, se arrebentando, do que poupar-se para nada.”
“Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar
nunca.”
“O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na
sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de
descaso.”
“Se nossos governantes não fizerem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para
construírem presídios.”

OBRAS:
Darcy produziu diversas obras e ensaios nas áreas de antropologia, sociologia e
educação:
Culturas e línguas indígenas do Brasil (1957);
A política indigenista brasileira (1962);
A Universidade necessária (1969);
Os índios e a civilização (1970);
Os brasileiros – Teoria do Brasil (1972);
Configurações histórico-culturais dos povos americanos (1975);
O dilema da América Latina (1978);
Nossa escola é uma calamidade (1984);
América Latina: a pátria grande (1986);
O povo brasileiro (1995);
Além disso, ele escreveu alguns romances: Maíra (1976); O Mulo (1981); Utopia
Selvagem (1982); Migo (1988).

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