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A Literatura e os Novos Canais

Prof. Me. Rodrigo Bravo

Aula 01: A poesia na história

Exemplos

1 – Hino Homérico XXIII – Atena (Homero)

Palas Atena, a ilustre deusa, começo a cantar


astuta, de olhos brilhantes, de espírito inabalável,
ínclita virgem, tutela da pólis, rígida e forte,
a tritogênia gerada do próprio Zeus sapiente
de sua cabeça solene, portando instrumentos de guerra
dourados, resplandescente. Respeito tomou os eternos
que a viam; e ela diante de Zeus, o que a égide porta,
impetuosa escapou de sua cabeça imortal
brandindo o dardo afiado; grande, tremia o Olimpo
por causa da força terrível daquela dos olhos brilhantes;
gritava a Terra, ao redor, de dor; o mar sacudiu
bravio em ondas purpúreas; de súbito a água salgada
parou; esplêndido, o filho, de Hiperião refreou
a tropa de patas velozes, detendo-se até que a donzela
Palas Atena soltasse dos ombros eternos as armas
de forja divina; e a alegria apossou-se de Zeus sapiente.
Salve, ó rebento de Zeus, aquele que a égide porta,
E, logo, de ti, novamente, hei de lembrar noutro canto.

2 – Os Trabalhos e os Dias (Hesíodo)

http://www.segestaeditora.com.br/download/ostrabalhoseosdias.pdf

3 – Poema do “Moreto” (Virgílio – trad. Guilherme Gontijo Flores)

https://escamandro.wordpress.com/2013/08/22/o-moretum-pseudo-virgilio/

4 – Salmo 104 (Rei David)

https://www.youtube.com/watch?v=--UABwqW9Sg
5 – Hino Homérico VIII – Ares (Homero)

Ares, ímpar em força, auriga, do casco dourado,


que levas broquel, vigoroso, vigia, das armas de bronze,
possante no braço e na lança, implacável, cerca do Olimpo,
de Vitória, exímia na guerra, pai, sequaz de Justiça,
tirano dos que se indispõem, mentor dos mais justos mortais,
dono do cetro do garbo, tornante da fúlgida roda
do éter em constelações de sete saídas — ali
potros velozes te levam, sempre, na órbita terça —;
ouve, aliado dos homens, doador da braveza do jovem,
que emanas a chama suave do alto no encalço das nossas
vidas e a verve guerreira, por que eu me torne capaz
de afugentar as maldades amaras de minha cabeça,
de subjugar ao conselho os impulsos falazes da alma,
e estancar a cólera aguda do peito, a que me compele
a seguir no cruento clamor da batalha; tu, a coragem
dás, excelso, de instar nas leis propícias da paz
e de evitar as contendas, a Morte e a violência.

6 – Haikai da Rã (Matsuo Basho)

furuike ya
kawazu tobikomu
mizu no oto

lá no velho tanque
a rã mergulha fundo
e o barulho d’água.
7 – Greve (Augusto de Campos)
8 – Não! (Andre Spire)

Quem escova, alisa e raspa,


Quem esfrega, passa e repassa,
Quem percute, assobia, flauteia
E agita triângulo e sino?

Sim, meu manto esmaga-me o dorso,


Punge-me o lombo a dor,
Esperas em breve ver-me o osso?

Que me querem teus pés crepitantes


Teu rictus que me põe risonho,
E tua espinha descarnada?

Sobre tuas órbitas fissuradas,


Suas pálidas rosas desbotadas,
Quem está me provocando com mesuras?

Por que puxas debaixo de minha janela,


Esta girândola relapsa
De imperadores, de rainhas, de duquesas,
De presidentes, de procuradores,
De servos e trabalhadores?

Sim, meu manto esmaga-me o dorso,


Punge-me o lombo a dor,
As câimbras assaltam-me as pernas.

Mas crês que teus grilhões arrastados,


Os olores de carnes queimadas,
Os chocalhos de carpos, tarsos,
Falanges e tíbias,
As tropas de questões, de angústias,
De escrúpulos, de penitências,
De nostalgias da presença
Aniquilarão meus instantes?

Vês, este quarto está cheio.


De meus cadernos, meus livros,
De meus muros, de meus dedos que rangem
Que escolhem e que escrevem
Se elevam, se fundem, irradiam,
As noites, as glórias, as auroras,
As ações e as lembranças,
E se lançam, véu de luz,
Contra teu cortejo de medos
E o redentor que tolera
Que frustres suas criaturas
Da alegria de seus últimos dias.
9 – __________ (Jen Hofer)

http://www.saccadesreview.org/jen-hofer/

10 – Rap nacional e Americano

https://www.youtube.com/watch?v=akbd-aC0nEA

https://www.youtube.com/watch?v=yj1Z5dh_UME

11 – O Guesa (Sousândrade)

http://200.144.255.123/Imagens/Biblioteca/COG/Media/COG9544.pdf

12 – O Corvo (Edgard Allan Poe)

https://www.poetryfoundation.org/poems/48860/the-raven

13 – O Cacto (Manuel Bandeira)

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:


Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças,

Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de


[iluminação e energia:

– Era belo, áspero, intratável.

14 – Haikai do Toco (Matsuo Basho)

ki wo kirite
motokuchi miru ya
kyou no tsuki

a árvore corto
e, quando fito o toco,
lua dessa noite
15 – Trickle Drops (Walt Whitman)

TRICKLE drops! my blue veins leaving!


O drops of me! trickle, slow drops,
Candid from me falling, drip, bleeding drops,
From wounds made to free you whence you were prison'd,
From my face, from my forehead and lips,
From my breast, from within where I was conceal'd, press forth
red drops, confession drops,
Stain every page, stain every song I sing, every word I say, bloody
drops,

16 – I like my body when it’s with your body (e. e. cummings)

i like my body when it is with your


body. It is so quite new a thing.
Muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones,and the trembling
-firm-smooth ness and which i will
again and again and again
kiss, i like kissing this and that of you,
i like, slowly stroking the,shocking fuzz
of your electric furr,and what-is-it comes
over parting flesh….And eyes big love-crumbs,

and possibly i like the thrill

of under me you so quite new


17 – Três poemas de três heterônimos

Uns, com os olhos postos no passado,


Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto —


A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora


Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

(Ricardo Reis)

Não tenho pressa. Pressa de quê?


Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.

(Alberto Caeiro)

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!


Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros.
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora…
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte… Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.

(Álvaro de Campos)

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