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LABORATÓRIO DE METROLOGIA DIMENSIONAL

BLOCOS PADRÃO

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Antes do invento dos instrumentos de medição, as medidas eram feitas a partir


de referências que pudessem ser verificadas por qualquer pessoa. As referências
primitivas eram baseadas no tamanho de partes do corpo humano, a exemplo da
polegada, do pé e da jarda. Como essas dimensões variam em cada pessoa, adotavam-
se as medidas relativas ao corpo do rei como padrão. Inconvenientemente, esses
padrões precisavam ser modificados quando um novo rei assumia a posição do anterior.

Embora algumas dessas unidades de medidas ainda sejam utilizadas, as


demandas e recursos provenientes da evolução científica e tecnológica conduziram à
adoção abrangente do sistema métrico decimal e de padrões bem definidos com maior
precisão e estabilidade.

A primeira patente para os blocos padrão foi solicitada pelo sueco Carl Edvard
Johansson no final do século XIX. Os primeiros blocos foram fabricados em formato
retangular com dimensões de 30 ou 35 x 9 mm e espessura variável. Essas características
geométricas se mantiveram até a atualidade. Hoje em dia, blocos padrão em milímetro
e em polegada são utilizados na indústria e nos laboratórios para a calibração de
instrumentos de medição, bem como na inspeção de peças e equipamentos.

Seria ideal que os sistemas de medição pudessem realizar medidas sempre com
o seu nível máximo de qualidade, independentemente do tempo de uso e dos fatores
externos. Entretanto, percebemos que há uma tendência dos instrumentos e sistemas
de medição a perderem seu desempenho metrológico, o que torna suas indicações
pouco confiáveis. Uma forma de avaliar e corrigir os erros do sistema de medição é
justamente fazer uma calibração sob condições bem estabelecidas utilizando, por
exemplo, os blocos-padrão como referência para uma calibração direta.

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Figura 1 – Calibração de micrômetro com auxílio de bloco padrão.

Os erros associados às dimensões do bloco padrão são extremamente pequenos,


geralmente de décimos ou até centésimos de micrometros. As tolerâncias impostas aos
blocos exigem que as faces possuam elevada planicidade e acabamento superficial com
baixíssima rugosidade, alcançados através de uma lapidação fina dessas superfícies.

Os blocos mais comumente empregados são fabricados em aço, metais duros e


cerâmica com o objetivo de assegurar alta dureza e resistência ao desgaste. A fim de
obter melhores propriedades, em geral os blocos de aço são temperados e envelhecidos
artificialmente em conformidade à composição do material.

As características dimensionais e de qualidade dos blocos padrão estão


especificadas na norma internacional ISO 3650. Entre outras, ressalta-se também as
normas alemã DIN 861 e a brasileira NBR NM 215:2000, que abordam o mesmo
conteúdo. Esses documentos dividem os blocos padrão em cinco classes com relação à
finalidade de trabalho descritas a seguir:

• Classe 00: destinados para aplicação científica e calibração de blocos padrão de


classe 0, 1, 2.
• Classe K: apresentam desvio dimensional dos blocos-padrão classe 0 com desvio
de paralelismo entre as faces correspondente aos do blocos-padrão 00. A grande

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vantagem dessa classe é possuir qualidades metrológicas similares às da classe


00, mas com preço inferior.
• Classe 0: usados na calibração de instrumentos de medição e como referência
na calibração de blocos-padrão de classe 1 e 2.
• Classe 1: destinados à inspeção e ajuste de instrumentos de medição e controle
de qualidade de fábrica.
• Classe 2: para uso geral em situações nas quais os níveis de tolerância não são
tão elevados.

A tabela abaixo apresenta os erros aceitáveis em função da dimensão e da classe


dos blocos padrão segundo as normas DIN e ISO.

Tabela 1 – Erros aceitáveis em função da dimensão e da classe dos blocos padrão segundo as normas DIN e ISO.

Os blocos padrão são comercializados individualmente ou em conjuntos


fornecidos geralmente em maletas. A vantagem desses conjuntos está na variedade de
dimensões e, consequentemente, de combinações que podem ser feitas.

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O conjunto com 114 peças costuma incluir: dois blocos padrão protetores; um
bloco com dimensão 1,0005 mm; nove blocos com dimensões de 1,001 a 1,009 mm em
incrementos de 0,001 mm; quarenta e nove blocos com dimensões de 1,01 a 1,49 mm
em incrementos de 0,01 mm; quatro blocos com dimensões de 1,6 a 1,9 mm em
incrementos de 0,1 mm; quarenta e nove blocos com dimensões de 0,5 a 24,5 mm em
incrementos de 0,5 mm; oito blocos de 30 a 100 mm em incrementos de 10 mm; um
bloco de 25mm; e um bloco de 75 mm.

Figura 2 – Conjunto de blocos padrão comercializado em maleta.

Os blocos protetores são fabricados em material altamente resistente e têm a


finalidade de proteger os blocos padrão contra o desgaste situando-se entre a superfície
do bloco padrão e a superfície do objeto a ser inspecionado. Dessa forma, os protetores
prolongam a vida útil do bloco padrão já que as dimensões destes permanecerão dentro
dos limites aceitáveis por maior tempo. A utilização dos blocos protetores não aumenta
o erro de modo significativo, uma vez que eles obedecem às mesmas normas dos blocos
padrão. A espessura dessas peças costuma ser de 1, 2 ou 2,5 mm, a depender do
fabricante.

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Os blocos protetores são unidos aos blocos padrão através de uma técnica
denominada de empilhamento. Esse procedimento também é utilizado para se realizar
a combinação de blocos de diferentes tamanhos com a finalidade de se obter uma
dimensão que não está disponível em um único bloco.

Antes de iniciar a montagem, deve-se executar uma limpeza com um pano ou


algodão umedecido com éter, benzina ou outro solvente. Em seguida, é necessário secar
e retirar quaisquer impurezas ou sujeiras superficiais, o que ser realizado com auxílio de
um pedaço de camurça, papel ou outro material similar que não se desfaça deixando
pedaços ou fiapos.

Após a preparação das superfícies, apoia-se um bloco perpendicularmente sobre


o outro, em formato de cruz. Desliza-se, então, um bloco sobre o outro mantendo uma
pressão moderada entre eles e, por fim, giram-se os blocos, sustentando a pressão, até
que as faces estejam alinhadas. Esse processo tem a finalidade de expulsar qualquer
camada de ar ou de umidade que possa prejudicar a união entre as peças e, assim,
comprometer a confiabilidade dimensional do conjunto. Os blocos seguintes são
montados da mesma maneira até atingir a dimensão pretendida.

Figura 3 – Técnica de empilhamento de blocos padrão.

A escolha dos blocos para as combinações deve ser feita buscando utilizar a
menor quantidade de peças possível a fim de diminuir o desgaste e reduzir erro derivado
dessa associação. Além disso, quando uma dimensão puder ser obtida a partir de
diferentes combinações, recomenda-se optar por aquela cujos blocos tenham sido
menos utilizados e, assim, evitar que uma peça se deteriore prematuramente.

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Um método para selecionar adequadamente os blocos que, unidos, resultam em


uma determinada dimensão consiste em determinar primeiramente qual peça é
necessária para compor as últimas casas decimais, subtrair o valor dela da medida e
então prosseguir de maneira análoga até completar o comprimento planejado. Esse
procedimento está elucidado no exemplo a seguir.

Dimensão desejada 19.881


Bloco protetor - 4.000 2 blocos
Dimensão restante 15.881
Bloco padrão - 1.001 1 bloco
Dimensão restante 14.880
Bloco padrão - 1.380 1 bloco
Dimensão restante 13.500
Bloco padrão - 1.500 1 bloco
Dimensão restante 12.000
Bloco padrão - 12.000 + 1 bloco
Dimensão restante 0.000 6 blocos
Tabela 2 – Exemplo da técnica para seleção de blocos que devem compor uma dimensão desejada.

Para conservar apropriadamente os blocos, recomenda-se: utilizar luvas sempre


que possível com o intuito de evitar marcas de dedos e oxidação por umidade; evitar
impactos sobre os blocos decorrentes, por exemplo, de quedas de objetos sobre eles ou
de choques com outras superfícies; proteger os padrões com os blocos protetores,
prevenindo, inclusive, o contato deles com a mesa de desempeno; e, antes de
armazenar, executar uma nova limpeza dos blocos padrão e untá-los com vaselina
neutra ou óleo equivalente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14724: Blocos-padrão. Rio


de Janeiro: ABNT, 2000.

CEARÁ. Secretaria da Educação. Metrologia. Fortaleza: Secretaria da Educação.

GONÇALVES JÚNIOR, Armando Albertazzi; SOUSA, André Roberto de. Fundamentos de


metrologia científica e industrial. 2. ed. Barueri: Manole, 2017.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Metrologia Básica: Mecânica.


Vitória: SENAI, 1996.

SILVA NETO, João Cirilo da. Metrologia e controle dimensional: conceitos normas e
aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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