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LIÇÃO 9

Construindo Pontes de Amor


Palavra-chave: RECEBIDO
Jesus formulou a primeira missão simplesmente como: “Quem recebe vocês, recebe a mim” (NVI). É mais
crítico o fato de mensageiros serem recebidos do que confiados. O Evangelho sempre foi mais do que uma
mensagem; é uma introdução à vida debaixo do senhorio de Cristo. Quando os mensageiros se conectam
com as pessoas através de relacionamentos significativos, Cristo pode ser apresentado de maneira poderosa.

ESTUDAR ESTA LIÇÃO O AJUDARÁ A ENTENDER:

1. Explicar como a encarnação de Cristo é um 5. Explicar a necessidade de “pontes


modelo primário para comunicar o Evangelho, biculturais” na comunicação do Evangelho.
com um entendimento tanto da sua renúncia
quanto da sua identificação. NA LEITURA INDICADA:

2. Descrever vários aspectos da humildade que 6. Contrastar as diversas maneiras pelas quais o
são essenciais para a obra missionária. Evangelho flui dentro das diferentes estruturas
sociais, presentes em sociedades urbanas,
3. Perceber a importância de missionários camponesas ou tribais.
assumirem papéis inteligíveis e confiáveis
em uma nova cultura para que eles sejam
comunicadores eficazes do Evangelho.

4. Entender a importância das estruturas sociais.

Os missionários só podem fazer com que sua mensagem seja claramente entendida
se eles mesmos forem reconhecidos como mensageiros dignos de confiança. Como,
então, podem os missionários que vêm de culturas estrangeiras serem recebidos
assim?

Desde os tempos do apóstolo Paulo, os missionários têm aprendido sobre


relacionamentos efetivos que podem transpor a distância entre culturas. Fazer
amizades é essencial para transmitir a mensagem em outras culturas. Esta lição explora
como fazer e estender esses relacionamentos de amizade tão importantes dentro de
estruturas sociais diferentes.

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Cristo é o nosso modelo. Sua encarnação é um padrão tremendo para a identificação


com a condição humana e a cultura. Estrangeiros podem ser tolerados, mas não serem
confiáveis, a não ser que sejam aceitos como alguém que “pertence”, com algum
papel compreensível na sociedade. Até que ponto podem pessoas de fora se tornar
“pertencentes”? Será que é possível se identificar tão completamente com uma nova
cultura que as pessoas vejam o missionário como um deles? Aprenderemos que há
limites na identificação. Com as atitudes de Cristo, porém, missionários aprenderam a
se humilhar como “aprendizes” antes de se apresentar como comunicadores.

Veremos que os comunicadores mais eficazes em qualquer sociedade não são os


missionários, mas as pessoas locais que nasceram dentro da cultura. Nem todas as
pessoas comunicam com a mesma intensidade para os outros na própria sociedade.
Examinaremos as possibilidades fascinantes de iniciar a comunicação do Evangelho
com as pessoas que têm o maior potencial para levar muitos outros do seu próprio
povo a crer e obedecer a Cristo.

Em uma última análise, missionários não são bem sucedidos por reconhecerem
estruturas sociológicas complexas ou por aprenderem a língua local. É o seu amor que
abre o caminho para a sua palavra. Esse amor se torna a autenticação do amor de
Cristo. A essência da obra missionária é construir pontes de amor.

1. UM MODELO BÍBLICO: ENCARNAÇÃO

Os autores do Relatório de Willowbank resumiram as questões centrais da humildade


e da identidade missionárias em torno da vida e do ministério de Jesus. Quando Jesus
disse: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio” (João 20.21 – NVI), ele não somente
estava expressando que nós seríamos enviados com o mesmo propósito, ou que as
maneiras de Deus nos ordenar e guiar seriam semelhantes, mas ele também estava
dizendo que nós deveríamos cumprir o nosso ministério da mesma maneira que ele o
fez com o Seu. Como podemos seguir a Jesus na sua maravilhosa humildade?

A. UMA ANÁLISE DE HUMILDADE MISSIONÁRIA


Ao considerarmos a comunicação transcultural, há cinco aspectos de humildade que
valem a pena considerar:

Desafiado pela tarefa. Humildade admite que a tarefa é difícil.

Necessidade de entender. Humildade entende as culturas para as quais vamos.

Começar onde as pessoas estão. Humildade começa com as necessidades assim


como são percebidas pelas pessoas.

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Reconhecer as pessoas locais. Humildade reconhece o potencial superior dos


cristãos locais em comunicar dentro da sua cultura.

Confiar no Espírito. Humildade confia no Espírito Santo para que Ele faça aquilo que
nós nunca poderíamos: abrir os olhos dos cegos e revelar Cristo.

B. ENCARNAÇÃO COMO UM MODELO


Com a fonte e modelo de humildade que encontramos em Cristo, estamos abertos
a considerar duas áreas importantes: sacrifício (renúncia) e serviço (identificação).
Medite cuidadosamente nesses assuntos essenciais. Será possível avançar o Evangelho
sem seguir o exemplo destas características do nosso Senhor?

Renúncia. Jesus renunciou seu status, sua independência e imunidade.

Identificação. Jesus assumiu plenamente a nossa situação. O seu exemplo desafia


nosso estilo de vida e atitudes. A encarnação ensina uma identificação sem a perda
de identidade.

Em 1 Coríntios 9.19-23, Paulo expressa a sua determinação em viver de maneira


relevante e persuasiva com as pessoas que procurava alcançar. Parece que
Paulo tinha experiência de comunicar o Evangelho em diferentes cenários
culturais? Que indicação há que ele não deixou de lado nenhuma verdade
essencial da Bíblia ao adaptar seu estilo de vida para se encaixar em culturas
diferentes? O que significa ser um coparticipante do Evangelho?

Leia Comissão de Lausanne (cap. 70, p. 508-511):


O relatório Willowbank, a seção 6. “Procuram-se: mensageiros
humildes do evangelho!” (toda).

2. PAPÉIS EFICAZES

Donald Larson diz que a distância entre o missionário e os membros da comunidade


pode aumentar ou diminuir dependendo se os missionários assumirem papéis
apropriados. Missionários devem encontrar “papéis eficazes” em suas comunidades.
A palavra eficaz significa “capaz de sucesso ou de eficiência contínua”. Os missionários
podem fazer ideia de como são vistos? Há três modelos ou ambientes de interpretação
operando na maioria das culturas: escola, mercado e tribunal.
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A.MODELOS DE ENCONTRO
Membros da comunidade local muitas vezes supõem que estrangeiros tenham vindo
no papel de professor (escola), vendedor (mercado), ou juiz acusador (tribunal). Como
os missionários podem evitar tais modelos?

B. MODELOS DE ENTRADA
Se os missionários entenderem como os papéis (modelos de escola, mercado e
tribunal) são atribuídos e tomarem cuidado com a maneira como se apresentam na
comunidade adotada, será mais provável que eles sejam vistos como aprendizes,
comerciantes e contadores de histórias. Embora não estejamos acostumados a pensar
em missionários segundo esses modelos, missionários eficazes não têm sido aqueles
que irrompem numa cultura e exigem serem ouvidos, aceitos e apreciados. Aqueles
que entram com cuidado encontram mais receptividade para a sua mensagem.

Leia Larson (cap. 63, p. 466-472):


Um missionário viável: aprendiz, comerciante
e contador de histórias.

3. ESTRUTURAS SOCIAIS

Brian Hogan nos dá um exemplo da importância de estruturas sociais, ao descrever


como missionários compartilharam o Evangelho com um grupo mais acessível:
estudantes universitários. Os primeiros a seguirem a Cristo foi um grupo de moças.
Elas se alegraram ao crescer em sua nova vida em Cristo, mas influenciaram pouco os
outros. O movimento que os missionários procuravam não acontecia desta forma. Mas
quando o Evangelho encontrou homens de idade e tradição, que não viviam nos centros
urbanos, mas nas áreas rurais, então disseram que “verdadeiros mongóis” seguiam a
Cristo. Logo depois, o movimento do Evangelho começou a crescer vigorosamente.
Preste atenção no que Hogan diz a respeito da estrutura urbana sendo sobreposta na
sociedade nômade tribal.

Leia Hogan (cap. 103, p. 718-723): Trovão distante:


mongóis seguindo ao Khan dos khans.

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4. CONSTRUIR A PONTE BICULTURAL

Comunicação transcultural requer relacionamentos que atravessem a barreira entre


as culturas. O relacionamento necessário entre um missionário e o nativo é chamado
de ponte bicultural. A ponte bicultural é uma mistura das características de ambas
as culturas, que na verdade resulta numa terceira cultura, com regras novas e
pressuposições compartilhadas. Por isso não é possível que um missionário se torne
verdadeiramente “nativo” e membro da cultura receptora.

Paul Hiebert apresenta dois aspectos-chave de como os missionários têm desenvolvido


relacionamentos eficazes para a comunicação transcultural. As duas questões
relacionadas são funções (ou papéis) e identificação.

A. FUNÇÕES OU PAPÉIS
Antes que as pessoas locais possam considerar a mensagem, elas devem ter uma
compreensão do mensageiro. Antes da pergunta “Quem é você?” vem a pergunta “O
que é você?”.

Funções ou papéis na cultura. Se os missionários não se apresentam em papéis


apropriados, as pessoas da cultura local os colocam em algum papel que faz
sentido para eles. Às vezes, estes papéis não são úteis para estimular amizades
íntimas que intensifiquem a comunicação do Evangelho.

Funções ou papéis na igreja. Também precisamos examinar os papéis nos


relacionamentos entre os missionários e os cristãos nacionais que terão
responsabilidades significativas de liderança nas igrejas nacionais. Em vez de
assumir os papéis de pai ou de imperialista autoritário, missionários interagem
como irmãos e servos de acordo com o modelo bíblico.

B. IDENTIFICAÇÃO
Não é muito difícil para missionários adotarem algumas características superficiais
de estilo de vida, o que poderíamos chamar uma identificação formal que enfatiza
uma equivalência externa e formal. O verdadeiro desafio é ter uma atitude autêntica
de respeito, e a marca de tal atitude sempre é um senso de reciprocidade nos
relacionamentos.

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Leia 1 Tessalonicenses 2.7-12. Como você percebe Paulo expressando a sua


prontidão de estender mais do que uma mensagem e de comunicar o Evangelho
num relacionamento com as pessoas? O que Paulo fez para ganhar confiança?
Que tipo de relacionamentos foi feito? Paulo expressou superioridade quando diz
que os tratou como seus próprios filhos? Como a visão que Paulo tinha
deles andando segundo o chamado de Deus fez diferença nesta aparente
expressão de paternalismo?

Leia Hiebert (cap. 61, p. 444-448): Estrutura social e crescimento


da Igreja (até a seção “A Organização das Sociedades e
o Crescimento da Igreja”).

CONCLUSÃO DA LEITURA OBRIGATÓRIA

5. COMUNICAÇÃO EM CENÁRIOS SOCIAIS

Comunicação transcultural requer vários passos. Vimos como missionários eficazes no


início procuram aprender a língua e a cultura em relacionamentos com pessoas locais.
Vimos também como esses relacionamentos são fortalecidos quando os missionários
se apresentam em papéis socialmente reconhecidos e que são apropriados e aceitáveis.
Quando missionários não interagem com respeito pelas questões da estrutura social,
como papéis e status, as suas palavras podem ser inteligíveis, mas não serão recebidas
e nem confiadas. Mas além da comunicação inicial do missionário, há uma questão
ainda mais importante para que a comunicação flua de maneira poderosa através da
sociedade. O foco da comunicação do Evangelho sempre deve estar na capacitação
do povo local para que eles se tornem comunicadores eficazes e multiplicadores da
vida de seguidores de Jesus. Cada pessoa tem um potencial diferente de estender o
Evangelho de forma eficaz. Eugene Nida explica como a comunicação flui dentro de
uma estrutura social.

A. EVITE CRIAR UMA SUBCULTURA CRISTÃ


Missionários, às vezes, erraram em tentar proteger os convertidos num ambiente tipo
“estufa”, isolados da cultura toda. Isso sempre frustra a comunicação contínua.

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B. COMUNICAR DENTRO DA ESTRUTURA SOCIAL


Quase todas as sociedades podem ser diagramadas com níveis ou camadas diferentes
de classes sociais. Duas direções básicas de comunicação podem ser observadas dentro
dessas camadas da sociedade:

Horizontal tende a ser recíproca. Pessoas se comunicam mais com pessoas da


própria classe social. A comunicação verdadeiramente eficaz quase sempre é deste
tipo.

Vertical tende a ser unidirecional. Pessoas são, muitas vezes, afetadas pela
comunicação que vem da classe mais alta ou mais prestigiada. Esta comunicação
não é necessariamente a mais poderosa em longo prazo.

Leia Nida (cap. 62, p. 452-455): Comunicação e estrutura social


(até a seção “Método de comunicação com a sociedade urbana”).

C. TIPOS DE ESTRUTURAS
Nida identifica dois tipos básicos de estrutura social: sociedades urbanas
(metropolitanas) e sociedades básicas (que também chama de camponesas ou rurais,
onde se enfatiza o contato individual). Hiebert faz maior distinção e reconhece três
tipos diferentes: tribais, camponesas e urbanas. O Evangelho flui de maneira diferente
em cada uma delas. Faça como Hiebert sugere enquanto você lê: imagine que você
seja parte desses tipos de sociedades. Assim, irá apreciar a importância de iniciar o
tipo certo de comunicação do Evangelho.

Sociedades tribais ou de contato individual. Decisões tribais são tomadas por um


número limitado de anciãos. A maioria de movimentos de povos tem ocorrido neste
tipo de estrutura social. Preste atenção como os missionários precisam avaliar e
entender o processo da decisão em grupo. De acordo com o diagrama da sociedade,
a quem o Evangelho deveria ser pregado? Como a maioria das pessoas ouve e
decide seguir a Jesus?

Sociedades camponesas ou populares. A parentela é menos dominante. A


liderança é exercida por uma elite poderosa e os agrupamentos em classes sociais
são comuns, mas não é o único tipo de grupo social em sociedades camponesas. É
importante reconhecer que há muitas sociedades desse tipo também em ambientes
urbanos. Somente porque outro tipo de estrutura é chamado “urbano” não significa
que sociedades camponesas não são encontradas dentro de cidades. Na mistura
dos grupos socioculturais distintos, podemos ver comunicação horizontal fluindo

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facilmente enquanto influência vertical flui quase somente de classe alta para a
classe baixa. Movimentos de povos ocorrem nestes agrupamentos sociais. Hiebert
expressa algumas preocupações que muitos têm quanto aos movimentos de povos
dentro de agrupamentos que são socialmente definidos. Medite na maneira que ele
resume as questões em torno desses movimentos.

Sociedades urbanas ou metropolitanas. Padrões de tomar decisões individualmente


são dominantes, organizações são voluntárias e a comunicação flui rapidamente,
mas não necessariamente com poder ao longo das redes sociais. Nenhuma
estratégia clara tem surgido, mas laços de família e parentela ainda são fatores
importantes.

Missionários eficazes procuram fazer com que a maior parte da comunicação


do Evangelho seja realizada por crentes comuns que evangelizam através das
dinâmicas normais de interação social. A antropologia cultural ajuda os missionários
a transmitirem a mensagem com relevância e clareza e a sociologia pode ajudar os
missionários a iniciarem movimentos.

Leia Hiebert (cap. 61, p. 448-451):


Estrutura social e crescimento da Igreja.

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