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IGREJAS RELEVANTES PARA O CONTEXTO ONDE ESTÃO INSERIDAS

Pr. Edival Rodrigues Vieira - 2ª Nazareno Campinas – Dist. Campinas/SP


Congregando na Ig. do Nazareno em Monte Verde/MG
Aluno STNB - Exercendo 1ª Licença Distrital
Introdução:
A igreja se insere nas culturas para transformá-las pela pregação do Evangelho, o evangelista, elemento
operacional da Igreja neste desafio de transformação, deve considerar que o evangelho existe, para mudar a
qualidade da cultura do homem. O “ide” significa sair de casa não só fisicamente, mas também mental e
emocionalmente, para que haja identidade com o público receptor da Mensagem, procurando aprender a
melhor forma de expressão na cultura que está inserido, sem agredi-la, passando a mensagem no nível de
entendimento dela, de forma que seja apreciada, valorizando a cultura alheia e transformando o que reflete o
estado decaído do homem, pois em Cristo, o homem é redimido e a cultura renovada a fim de promover os
propósitos d'Ele. Com isso, conclui-se que a luta por uma melhor condição cultural, deve expressar a glória
de Deus na cultura do ouvinte, assim a Igreja será relevante no contexto que está inserida, sendo
significativa dentro do entendimento do povo receptor da mensagem, de forma que os que recebem
vivenciem em aplicação prática com resultados reais no seu contexto, passando a viver dentro dos padrões
de Deus.

Relevância para o Contexto - Sal e Luz.


Quando Jesus deu ordem para se anunciar o Seu Evangelho no Mundo, significava a imersão cultural e
identificação com o público inserido na cultura, portanto, o evangelista deve aprender a melhor forma de
expressão na cultura receptora das Boas Novas, sem agredi-la, para passar a mensagem no nível de
entendimento da mesma, neste aprendizado da cultura, o povo inserido nela poderão ser os “professores”,
aqueles que ensinarão ao evangelista como é a cultura receptora. Os ouvintes deverão saber e sentir que o
Evangelho ou o evangelista não é ameaça a seus valores tão cuidadosamente transmitidos de geração em
geração, mas um instrumento de purificação e redenção. Para que a mensagem seja apreciada, deve-se
valorizar a cultura alheia, com isso, podemos concluir que os cristãos, não devem se contentar apenas com a
liberdade de culto e expressão da fé, mas deve lutar por uma melhor condição cultural, que dê oportunidades
de expressar de todas as formas a glória de Deus na Terra, transformando e facilitando ao povo que recebe a
mensagem a se reconciliar com Deus e ter padrões perceptíveis e mensuráveis no seu dia-a-dia, na criação e
condução da família, negócios e relacionamentos interpessoais, além de preencher o vazio existencial que
existe em cada ser humano pela ausência da comunhão com o seu Criador. Só assim a Igreja passará a ser
relevante no contexto na qual ela está inserida, sendo significativa dentro do entendimento do povo receptor
da mensagem.

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O principal método de evangelização de Jesus era o relacionamento, Ele abriu mão da Sua condição
divina para Se inserir em nosso meio, viveu nossos costumes, comeu, sorriu, chorou, caminhou, enfim, Se
relacionou e Se envolveu no nosso dia-a-dia para nos ensinar a respeito do Reino do Pai, e os Seus valores,
entrar em uma cultura diferente sem estar sensível ao entendimento e necessidades do povo receptor, é
receita de insucesso na tentativa do cumprimento da missão da Igreja, o principal propósito do envio do
Senhor, para os Seus discípulos, era o de fazer discípulos e ensiná-los. Discipulador e Mestre caminham
juntos com total identificação nos propósitos, objetivos e metas, sem esta identificação, não é possível um
discipulado com resultados de excelência.
A autor Adolfo S. Suárez, retrata em seu livro “Nos Passos do Mestre – A Essência do Discipulado
Bíblico”: “Entre os hebreus, no Antigo Testamento, a palavra “talmidtn’, traduzida como discípulos,
indicava "aqueles que seguiam algum rabino específico e sua escola de pensamento". No Novo Testamento,
há várias palavras que se relacionam com discípulo ou discipulado. Uma delas é “akoloutheo” (seguir), a
qual indica a ação de um homem que responde ao chamado de Jesus, e cuja vida recebe novas diretrizes em
obediência, outra palavra grega para discípulo é “opiso”, termo que pode ser traduzido como "ir atrás de
alguém'; significando "participar da comunhão, da vida e dos sofrimentos”, entender o discipulado de "ir
atrás de alguém" nos faz compreender que o autêntico discípulo Cristão não pode e não deve olhar para trás,
evitando ser refém das experiências do passado, tal pessoa deve viver com os olhos no futuro, ao lado de
Deus, sem considerar e valorizar demasiadamente as coisas que ficaram para trás. O principal vocábulo
grego traduzido como discípulo é “mathetes”, usado nos evangelhos para se referir a um seguidor de Jesus,
a um aprendiz de Jesus e a alguém comprometido com Jesus. Portanto, discípulo "é alguém que ouviu o
chamado de Jesus e se tornou Seu seguidor". Por isso, nos tempos bíblicos, uma pessoa era considerada
“mathetes” quando se vinculava "a outra pessoa a fim de adquirir seu conhecimento prático e teorético".
Essa pessoa podia ser aprendiz de um ofício, um estudante de medicina ou um membro de uma escola de
filosofia. O importante era que alguém somente podia ser um “mathetes” na presença de um “didaskalos”,
um "mestre" ou "professor". Assim, a figura do discípulo Cristão refere-se a alguém que segue a Cristo. É
verdade que pode haver diversas maneiras de seguir a Cristo: uns podem ser seguidores mais
contemplativos e filosóficos, enquanto outros podem ser seguidores mais ativos e dinâmicos. Todavia, uma
ideia parecia clara e consensual entre os primeiros cristãos: não deveria haver diferença entre ser discípulo e
ser cristão. A prova disso é que, em João, “mathetes” é frequentemente um termo utilizado para expressar
proximidade e compromisso com Cristo (Jo 8:31; 13:35; 15:8). Diríamos, então, que "discípulo" é sinônimo
de "cristão". Se essa separação se estabelece (cristão e discípulo), a prática do cristianismo fica
comprometida.”
Em uma igreja relevante no contexto em que se insere, há identificação entre discipuladores e
discípulos, para que possa ser referência de influência liderando os discípulos a um modo de vida nos
padrões de Deus. Liderar é influenciar alguém ao ponto que este alguém passa a seguir os passos

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caminhando segundo seu influenciador, sem identificação com o mestre, não há comunhão nem desejo de
se caminhar junto, barreiras culturais podem ser um grande obstáculo para que haja esta identificação. O
cada cristão é um evangelista e deve então identificar sua missão no IDE com a de um missionário
transcultural e deve ter em mente que nem tudo da outra cultura é pecaminoso, mas que todas as culturas
(inclusive a dele) trazem as marcas do pecado. Por isso, somente o que é pecaminoso na cultura do homem
precisa ser regenerado pelo Evangelho. Há uma analogia entre as leis culturais e as leis físicas. Se
ignorarmos alguma lei, as consequências não tardam e a primeira entre elas é a de afastamento e a rejeição
dos novos conceitos que chegam através do evangelista e também do evangelista. A Igreja tem de ser
misericordiosa e evitar atitudes etnocêntricas, o etnocentrismo é a atitude pela qual podemos julgar uma
sociedade e os seus costumes no contexto da nossa própria cultura. Apenas percebemos nossa reação
etnocêntrica quando nos chocamos com um etnocentrismo que é diferente do nosso. O etnocentrismo é uma
rua de duas mãos, achamos que as pessoas de outras culturas são primitivas e elas nos julgam incivilizados.
O etnocentrismo ocorre onde quer que sejam encontradas diferenças culturais, precisamos ter consideração
com as outras culturas e suas maneiras. Nossos sentimentos de superioridade e nossas atitudes negativas em
relação a costumes estranhos vão mais fundo e não são facilmente eliminados. Um jeito de superar o
etnocentrismo é sermos aprendizes na cultura para qual vamos, porque o nosso egocentrismo geralmente
está enraizado na nossa ignorância sobre os outros. Se não as examinarmos, ficaremos inconscientemente
ameaçados de aceitar a outra cultura porque, ao fazê-lo, colocamos em questionamento nossa crença
implícita de que a nossa própria cultura está certa e as outras erradas, outra forma é a de evitar criar
estereótipos das pessoas de outras culturas, em vez de enxerga-las como seres humanos como nós. O
reconhecimento de nossa humanidade comum une as diferenças que nos dividem, precisamos nos lembrar
de que as pessoas amam suas próprias culturas e se desejamos alcança-las devemos fazê-lo dentro do
contexto das suas culturas. A preparação se faz então muito importante para resultados positivos no
ministério, pois o evangelista já vai para a nova cultura como aprendiz, devemos ser sensíveis às
necessidades alheias - Jesus não se chocou com as culturas, muito pelo contrário, identificou-se com as
necessidades de seus ouvintes. Ser sensível ao contexto de vida alheia. Em Atos 17. 22-31, Paulo usou a
mesma mensagem duas vezes: Passeou e observou a cultura do povo; elogiou os atenienses: "Sois
religiosos!"; falou ao povo (22,23); falou sobre a revelação de Deus (24-29); falou sobre a ressurreição de
Cristo; (30,31). Os servos do Senhor têm o chamado para avisá-los de maneira inteligível, na concepção que
eles têm do mundo e na língua que lhes é comum, para que eles percebam que o cristianismo irá melhorar
sua cultura, e não anulá-la ou substituí-la, o Evangelho ao entrar em uma cultura, se torna juiz e redentor
dela.
Todos os aspectos da cultura devem ser avaliados à luz do Evangelho, muitos aspectos podem ser
mantidos, porém alguns devem ser rejeitados, quando não estiverem compatíveis com a Revelação, outros
modificados e transformados de forma a se conformar com as Escrituras. O Evangelho se refere a todos os

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aspectos da sociedade humana, é importante reconhecer que a maioria dos movimentos religiosos enfatizam
fortemente ritos e simbolismos, então o papel do evangelista é o de catalisador, facilitador, ajudando o
ouvinte a compreender a Bíblia. O modelo é Cristo encarnado, devemos ouvir as pessoas contando suas
esperanças, medos e percepções, nós mesmos vamos descobrir nova consciência quanto á realidade, novas
visões na apreciação da aplicação do Evangelho à uma cultura diferente da nossa e o evangelista deve
mostrar que a cruz é o símbolo do grande sacrifício do filho de Deus para nos purificar do pecado e nos
libertar de Satanás.

Considerações Finais:
Talvez os mais recentes esforços de evangelização global possam ser comparados às guerras
tecnológicas como a do Golfo e as contra o terrorismo, com longos ataques aéreos e diversas estratégias,
necessários, mas não suficientes. As tropas de terra ainda tiveram de entrar e colocar suas vidas em risco na
terra. O mesmo é verdadeiro para o front do avanço da Igreja. As emissoras de rádio, filmes evangelísticos
como Jesus, a tradução da Bíblia e toda literatura cristã, o planejamento estratégico sobre os não alcançados,
todas elas são tarefas boas e necessárias. No entanto, não são substitutos ao homem e à mulher dispostos a
lutar a batalha espiritual diária nas trincheiras, arriscando a vida, a integridade física, e a honra para glorificar
o Nome de Deus entre as nações. A ciência tem evoluído, as tecnologias são a cada dia renovadas e
ultrapassadas, temos hoje conhecimento e controle sobre as mais diversas áreas, sobre o solo, o ar, a água,
estudamos o homem a fundo em sua anatomia e até nos arriscamos em tentar dissecar a espiritualidade
humana, mas quem tem aceito este convite, no mais profundo de sua extensão não tem sido a igreja, pois
pode-se ver o senhor deste mundo dominando sobre ele, utilizando diligentemente todo arsenal de
tecnologia, para os seus fins. Qualquer criança hoje, recebe em sua casa informação sobre qualquer coisa no
mundo, e o que mais se tem de disponível? Muitas vezes procuramos nos afastar das coisas do mundo
tentando separar-nos dele, querendo estabelecer uma receita de santidade, determinando o que é santo e
profano, e escolhendo, coisas, atividades, estudos e pessoas, estabelecemos uma regra para o que é “santo”,
chamando tudo aquilo que é ligado à igreja, e secular ou mundano tudo aquilo que não é da igreja, mas qual
foi a posição de Jesus ao nos enviar para a tarefa de salgar o mundo, isolarmos num saleiro? Para o novo
século que se iniciou, creio que a Igreja deva tomar mais as rédeas sobre os recursos disponíveis na época
atual agregada aos valentes que travarão o “corpo-a-corpo” no campo e certamente teremos uma grande
mudança na história humana. Uma igreja relevante para o contexto que está inserido necessita se
contextualizar passando no contexto em que está inserida os valores do Reino, entendendo dos meios que
operam nele, dominando com sabedoria sobre eles para glorificar a Deus e estabelecer o Reino (Gn 1:28),
não abrindo mão da compaixão que é o sentir e entender o lado do outro que nos recebe.

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Bibliografia:

MAXWELL, John – “Liderar é Influenciar” – Ed. Thomas Nelson


BURNS, Barbara Helen – “Contextualização Missionária.” – Ed. Vida Nova, 2011
HIEBERT, Paul G. – “Religião Popular, uma Resposta Cristã às Crenças e Práticas Populares” – Ed.
Missão Horizontes, 2009
GUTHRIE, Stan – “Missões no Terceiro Milênio.” - Ed. Missões Horizontes, 2009
RICHARDSON, Don – “O Fator Melquisedeque” – Ed. Vida Nova, 2009
NEWBIGIN, Lesslie – “O Evangelho em uma Sociedade Pluralista” - Ed. Ultimato, 2016.
SUÁREZ, Adolfo S. – “Nos Passos do Mestre, A Essência do Discipulado Bíblico” – Casa Publicadora
Brasileira – 2015
HOFFERBERT, Dr. Steve – Palestras da Semana Teológica 2020
STNB – Material Semana Teológica 2020

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