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18/05/2020 O ‘meramente contábil’ ataca novamente | Empresas | Valor Econômico

Empresas
O ‘meramente contábil’ ataca novamente
Existe um abismo entre a informação contábil e a que é analisada pelo mercado

Por Nelson Niero e Rita Azevedo — De São Paulo


18/05/2020 05h00 · Atualizado há 6 horas

Os prejuízos recordes da fabricante de papel Suzano e do frigorífico JBS no primeiro


trimestre tiveram um ponto em comum: a desvalorização cambial fez estrago nos
resultados financeiros de duas companhias de setores completamente distintos.

A desvalorização de 29% do real nos três primeiros meses do ano reacendeu o


debate sobre como essas variações violentas da moeda são registradas nas
demonstrações financeiras. Pelas regras contábeis, o saldo das dívidas em moeda
estrangeira deve ser convertido pela taxa de câmbio vigente no fim do trimestre,
independentemente da data de vencimento das obrigações e se a dívida foi paga ou
não naquele período.

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Distorções causadas pelos saltos do câmbio poluem a


informação que chega ao investidor, dizem professores

Ao ter que explicar aos acionistas o rombo nas contas, dez entre dez gestores vão
dizer que é “meramente contábil”, e emendar em seguida que “não tem efeito
caixa”. Esse aparente desprezo, senão pela contabilidade, mas pelo regime de
competência que rege as demonstrações financeiras, reforça um vício já arraigado
no mercado de usar medidas “alternativas”, como o Ebtida, que costuram ignorar os
efeitos chamados não recorrentes e, dependendo do grau de ajuste, ignorar
qualquer efeito que impeça a empresa de chegar no resultado desejado.

Esse ruído de informação incomoda os especialistas não é de hoje. Em meio ao


avanço da pandemia, a queda sem precedentes do preço do petróleo e os atritos
políticos que mexiam com o câmbio, os professores de contabilidade Ricardo Lopes
Cardoso e Natan Szuster decidiram que era hora de voltar ao assunto. A eles, uniu-
se Eliseu Martins, professor emérito da Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da Universidade de São Paulo.

“Fala-se muito atualmente sobre a maior possibilidade da realização de baixas


contábeis por causa da pandemia, mas a questão do câmbio não tem sido discutida
da mesma forma”, afirmou Cardoso, professor da Fundação Getúlio Vargas, em
entrevista ao Valor.

A preocupação torna-se ainda mais relevante porque, numa coincidência infeliz, as


distorções causadas pelo reconhecimento da variação cambial somaram-se aos
efeitos da introdução de uma nova norma contábil, a IFRS 16, que levou para dentro
dos balanços ativos e passivos que antes ficavam de fora, como contratos de

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arrendamento. Na prática, são mais despesas financeiras, anotadas como gastos


com juros de amortização dos ativos.

“Com a nova norma, o passivo em dólar de algumas companhias foi ampliado”,


explica Szuster, professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os professores não querem mudar as normas - pelo menos não no curto prazo.
Eles sugerem que as companhias utilizem as notas explicativas das demonstrações
financeiras para deixar claro a investidores, analistas e curiosos em geral quais são
os desdobramentos da perda da variação cambial no passado, no curto e no longo
prazos. “Seria interessante se as empresas tivessem uma divulgação mais
padronizada, evitando ruídos”, diz Cardoso. “Hoje existe um abismo entre a
informação contábil e a que é analisada pelo mercado.”

Uma maneira de tornar mais transparente essa informação seria uma explicação
tripartite. A primeira traria ativos e passivos em moeda estrangeira que já foram
liquidados durante o exercício e que, portanto, já passaram pelo caixa. A segunda
trataria da parte dos ativos e passivos em moeda estrangeira classificados no ativo
circulante e no passivo circulante que devem afetar o fluxo de caixa do próximo
exercício. Na terceira, a companhia mostraria quais são os ativos e passivos em
moeda estrangeira classificados no ativo não circulante e no passivo não circulante,
que muito provavelmente não terão efeito imediato.

Para uma solução mais duradoura, os professores sugerem que empresas,


auditores e órgãos reguladores e normatizadores considerem a possibilidade de
bifurcar a variação cambial entre a demonstração de resultados - onde entrariam
ativos e passivos em moeda estrangeira já liquidados ou circulantes - e em outros
resultados abrangentes, no qual seriam colocados os ativos e passivos em moeda
estrangeira que não vencem no curto prazo.

Segundo Martins, alternativas como essas já foram discutidas e sugeridas no meio


contábil, sobretudo por países emergentes, nos quais a desvalorização das moedas
locais é algo recorrente. “A grande questão é que o Iasb [Conselho de Normas
Internacionais de Contabilidade, entidade responsável pela emissão de normas
contábeis, com sede em Londres] é controlado por países que não sofrem com a
questão cambial da mesma forma que os emergentes”, afirma.

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Martins recomenda que as companhias sejam cautelosas ao mostrar os efeitos da


crise nos resultados. “Eu defendo que as empresas abusem das notas explicativas
ao invés de tentar fazer milagres no balanço”, diz ele. “Na incerteza de mensuração
não reconheça, divulgue”, completa Cardoso.

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