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de março de 2020, o que significa que o novo Coronavírus se espalhou globalmente, fato
consequências jurídicas.
Diante desse cenário, o governo brasileiro preparou um pacote de medidas que visam
consolidação jurisprudencial.
Neste primeiro boletim relacionado com a crise causada pela pandemia, vamos tratar
insolvência.
A estratégia de combate à epidemia que vem sendo adotada em quase todo o
mundo prevê o confinamento e o isolamento social, com o fechamento de
empresas e indústrias. Alguns setores ainda possibilitam que o trabalho seja feito
na modalidade home office, porém indústrias não tem essa opção.
Ainda, a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil (em 2019, 20%
das importações realizadas pelo Brasil vieram da China). Isso significa que os
setores que dependem de componentes chineses em sua linha de produção, como
o de eletroeletrônicos, aparelhos de rádio, televisão e telefonia, indústria têxtil,
automobilístico, podem sofrer um desabastecimento no futuro próximo,
acarretando uma interrupção ou desaceleração na produção.
1 https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/03/17/comercio-mundial-deve-perder-euro-530-bi-por-trimestre-de-crise.ghtml
As relações comerciais sofrerão um impacto direto desta crise, com a necessidade
de renegociação, suspensão e até o cancelamento de contratos, e provável
prorrogação nas negociações de novos acordos comerciais.
1 “Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.”
2“Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. (...)”
3 “Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua
execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.”
A consultoria Alvarez & Marsal avalia que o impacto econômico sem precedentes da
crise do Coronavírus tem potencial para gerar uma nova onda de recuperações
judiciais e extrajudiciais em patamares semelhantes aos observados no Brasil entre
2015 e 2017, quando grandes grupos sofreram com as consequências da Lava-Jato. 1
Para Georges Dib, economista da Euler Hermes, é provável que o impacto econômico
na China seja sentido com maior intensidade durante o primeiro trimestre, dado o
1 https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/18/alvarez-and-marsal-preve-nova-onda-de-recuperacao-judicial.ghtml
fechamento provisório de fábricas e o isolamento de pessoas infectadas. Já na Europa,
nos Estados Unidos e no Brasil, as cadeias produtivas devem ser realmente afetadas
a partir do segundo trimestre, quando os produtos e insumos estocados devem
acabar.
As medidas apresentadas até o momento pelo governo brasileiro não parecem fazer
frente à gravidade da situação que estamos passando. A Alvares & Marsal destacou
que, diante da demora do governo brasileiro na percepção da gravidade da situação
que essa crise trará para as empresas, as próprias entidades setoriais estão se
movimentando para alinhar iniciativas e buscar soluções coordenadas, incluindo aí os
grandes bancos, cientes da gravidade da situação.
Contudo, hoje ainda vivemos um cenário de grande incerteza, o que leva à paralisação
dos entes econômicos, pois, para que haja crédito, a situação deve estar minimamente
sob controle.
Se em 2019 houve uma queda de 1,5% nos pedidos de recuperação judicial no Brasil,
o que refletiria a melhora da economia brasileira no período, reforçada pelas
consecutivas reduções nas taxas de juros, 2 o mesmo não se pode esperar parar 2020:
a expectativa inicial era que houvesse aumento de 6% de insolvência de companhias
em 2020, mas depois do Coronavírus esse número subiu para 7,5%. 3
2 https://www.serasaexperian.com.br/sala-de-imprensa/pedidos-de-recuperacao-judicial-caem-15-em-2019-revela-serasa-experian
3https://exame.abril.com.br/negocios/coronavirus-como-ficam-contratos-comerciais-que-nao-foram-cumpridos