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RELAÇÃO LABORAL-DESPORTIVA EM FASE DA

PANDEMIA DO CORONAVIRUS (COVID-19)

I - INTRODUÇÃO
Coronavirus é responsável por causar infecções respiratórias.

Segundo o infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo,


Mauro Yukio Tamessawa: "O coronavírus se parece com um resfriado comum. Entre os
principais sintomas estão febre, tosse, falta de ar, dor de garganta e coriza. Segundo o
médico, o vírus é do tipo RNA e pode sofre mutações.”

O infectologista explica que o órgão mais atingido é o pulmão. As outras partes do


corpo que são afectadas pelo vírus é por causa da resposta inflamátoria e pode causar
sepse.

Segundo o especialista em Saúde Pública, Doenças Tropicais e Controlo da Malária,


Prof. Filomeno Fortes “Pessoas adultas com mais de 65 anos e doentes com diabetes,
VIH-Sida e hipertensão arterial constituem a população de risco de contágio do
COVID-19”. O especialista, que falava durante uma conferência sobre Coronavírus,
realizada por uma universidade em Luanda, explicou que as pessoas adultas e doentes
crónicos correm maior risco de contágio devido ao deficiente sistema imunológico do
seu organismo. Além destes, Filomeno Fortes apontou que os fumadores também
apresentam maior probabilidade de contaminação, na medida em que o COVID-19
ataca os pulmões e as demais vias respiratórias.

Em relação à expansão rápida do COVID-19, a nível do continente africano, o


especialista em Saúde Pública, Doenças Tropicais e Controlo da Malária explicou que
as condições climáticas não favorecem a propagação do vírus. Todavia, alertou, o vírus
pode adaptar-se as altas temperaturas da região. No que diz respeito às medidas de
controlo da pandemia, Filomeno Fortes disse que, independentemente da
disponibilidade de recursos tecnológicos, laboratoriais, financeiros, entre outros, é

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necessário informar, comunicar e educar a população, no sentido de se “evitar boatos”
sobre as características de infecção do COVID-19.

II - SUSPENSÃO/INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


DESPORTIVO EM FASE DA PANDEMIA DO CORONAVIRUS DISEASE
(COVID-19)

PORTUGAL

O Governo vai pedir uma autorização legislativa para facilitar o regime de lay-off
(redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de
trabalho) nas empresas mais afetadas na sua atividade pelo novo coronavírus.

A medida foi apresentada aos parceiros sociais numa reunião extraordinária da


concertação social. Na prática, segundo explicou aos jornalistas a ministra do Trabalho,
Ana Mendes Godinho, as empresas que tenham visto uma quebra das vendas na ordem
dos 40% nos últimos três meses, face ao mesmo período do ano anterior, vão ter um
acesso facilitado ao regime de lay-off, já previsto na lei. Não ficou, porém, esclarecido
pelo Governo de que forma podem as empresas provar que a queda na sua actividade foi
causada pelo Covid-19.

O lay-off prevê que as empresas possam reduzir temporariamente os períodos normais


de trabalho ou suspender os contratos de trabalho durante um determinado tempo,
devido a motivos estruturais, tecnológicos ou de mercado, bem como a catástrofes,
desde que a medida seja essencial para garantir a viabilidade económica da empresa e a
manutenção dos postos de trabalho.

“Vamos desencadear a alteração legislativa necessária para que nesta situação


excepcional e extraordinária possa haver um regime mais simplificado de lay-off de
maneira que não tenhamos aqui um processo de análise que demore muito tempo, e que
seja rapidamente implementado”, disse Ana Mendes Godinho, após a reunião de
concertação social extraordinária. O regime será mensal, com um limite de 6 meses.
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Durante o período de lay-off, os trabalhadores passam a receber dois terços do salário,
até um limite de 1.905 euros. Do valor a receber, 30% será assegurado pelo empregador
e 70% pela Segurança Social. As empresas em situação de lay-off ou que tenham de
encerrar devido a ordem da autoridade de saúde ficam ainda isentas de pagar
contribuições sociais durante o período em causa.

“Após o termo do lay-off ou do encerramento do estabelecimento pela autoridade de


saúde, existirá um apoio extraordinário para manutenção dos postos de trabalho em que
os salários do primeiro mês serão apoiados pelo IEFP [Instituto de Emprego e Formação
Profissional], com um apoio por trabalhador equivalente” a um salário mínimo nacional,
refere o Governo no documento entregue aos parceiros sociais.

BRASIL

Horas depois de ter decretado uma medida provisória que permitia que os empregadores
brasileiros pudessem suspender o pagamento de salários durante quatro meses, o
periodo de vigência do estado de calamidade pública, por causa da crise do coronavírus,
o Presidente Jair Bolsonaro recuou e revogou essa alínea, cedendo perante a avalanche
de críticas. A medida foi emitida no domingo à noite, e nesta segunda-feira, já depois de
tê-la defendido, Bolsonaro decidiu retirar a parte mais polémica.

Em causa estava uma suspensão que ignorava qualquer acordo colectivo de trabalho ou
individual, bastando apenas uma negociação entre patrão um “grupo de empregados”.
Durante o período em que estivesse em vigor, os patrões não teriam de pagar os
salários, embora pudessem negociar com os trabalhadores uma “ajuda compensatória
mensal” sem valor definido à partida.

Para evitar o pagamento de salário, os patrões estavam obrigados a fornecer algum tipo
de formação profissional à distância, caso contrário teria de cumprir com as
remunerações.

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Esta segunda-feira, Bolsonaro tinha justificado a medida como uma forma de “preservar
empregos” face ao impacto económico previsto pelo novo coronavírus. “Ninguém está
demitindo ninguém”, sublinhou.

Pelo Twitter, o Presidente voltou a defender a medida provisória dizendo que


“resguarda ajuda possível para os empregados”. Por se tratar de uma medida provisória,
os seus efeitos são imediatos, mas é necessária a aprovação pelo Congresso nos
próximos 120 dias para que se mantenha em vigor. Horas depois, Bolsonaro anunciava
a revogação da suspensão.

ANGOLA

Como vimos, o novo Coronavirus possui uma capacidade de contágio alta, dessa forma,
não seria necessário que o infectante fique por muito tempo próximo ao infectado.
Podemos considerar que com apenas uma tosse ou espirro em que o agente vier a ter
contato, já seria suficiente para o contágio.

Diante disso, como as entidades desportivas (empregador) podem resolver tal situação?

Como ficou claro, essa situação é emergencial e, com a entrada em vigor do Decreto
Legislativo Presidencial Provisório n.º 01/20, de 18 de Março, do Decreto Executivo
(MAPTSS) de 20 de Março de 2020 e do Decreto Executivo n.º 01/GAB.MINJUD/2020
de 20 de Março, ficou clarificada a ideia de que a suspensão de toda a prática desportiva
não legitima o empregador a rescindir o contrato de trabalho desportivo, se assim
pretender, nem mesmo deixar de proceder o pagamento pontual e integral dos salários
dos trabalhadores.

O empregador tem a possibilidade de celebrar um acordo mútuo com o Praticante


Desportivo (doravante trabalhador), para que haja a SUSPENSÃO DO CONTRATO
DE TRABALHO DESPORTIVO por dias que serão determinados entre as partes ou
pelos dias estabelecidos pelas entidades desportivas públicas e privadas. Outrossim,
podem as partes negociar a redução da remuneração mensal durante esse período de
suspensão da actividade desportiva.
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Para que entendamos o que seria essa suspensão supraproposta, é importante informar
que enquanto ela durar, NÃO será contabilizado como tempo de trabalhado e nos
termos do acordo PERMITIRÁ ou NÃO o empregador ao pagamento da remuneração
ao trabalhador.

Para que entendamos, trata-se de situação análoga a greve. Como as partes são
autônomas para decidirem acerca do contrato de trabalho desportivo, possuem
autonomia para determinarem essa suspensão e ou interrupção. Trata-se de uma situação
emergencial em que o empregador e o trabalhador estarão em comum acordo para a
preservação do contágio da COVID-19.

Importa esclarecer que pese embora estes contratos tenham algumas especificidades
devido ao objecto desportivo em causa, é importante considerar o regime geral aplicável
aos contratos privados. Assim, cumpre conferir se os Contratos De Trabalhos
Desportivos em causa incluem clausula de força maior. Neste tipo de cláusulas, as
partes estipulam que perante determinadas situações excepcionais, as obrigações das
mesmas podem ficar suspensas ou ser mesmo extintas. A aplicação destas cláusulas
pressupõe a verificação de acontecimentos imprevisíveis e que não podem ser
imputados a nenhuma das partes. No entanto, nas presentes circunstâncias, caberá à
parte impossibilitada de cumprir as suas obrigações contratuais demonstrar que o
incumprimento em causa foi causado em função do recente vírus. Nos casos em que os
contratos não incluam tais cláusulas, a situação é obviamente distinta.. A este propósito,
em Portugal, existe a figura da impossibilidade objectiva, que se traduz na extinção da
obrigação contratual quando a prestação se torna impossível por causa não imputável ao
devedor.

III - CONCLUSÃO

Independentemente de todo o exposto, salvo melhor opinião, a possibilidade de


renegociação de contratos (em geral) será sempre a melhor forma de acautelar o
interesse de todos perante a calamidade a que assistimos, evitando assim um conflito

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jurídico provavelmente desnecessário e desgastante, solução essa que depende
naturalmente da vontade das partes.

Nos termos do n.º 1 do artigo 8º do Decreto Presidencial 238/19 de 29 de Julho "O


Contrato de Trabalho Desportivo tem o prazo determinado, com vigência nunca inferior
a uma época, nem superior a quatro épocas”. Nesse momento, sem jogos e previsão de
retorno, muitos clubes, em especial os pequenos e médios que vivem parcialmente dos
resultados da venda dos bilhetes, não terão como pagar contas, nem salários integrais
dos jogadores. Os clubes estão à busca de alternativas para diminuir o prejuízo, e
cortando gastos a fim de evitar a insolvência ou proliferação das dívidas.

No que tange a questão do eventual incumprimento salarial por parte dos empregadores
por causa da situação vivida com o novo coronavírus pode ser vista através de duas
perspectivas distintas. A relação entre o trabalhador e empregador é uma relação laboral
que, ainda que tenha um regime próprio, terá sempre de ter em conta os princípios base
do direito laboral, que visa, sobretudo, equilibrar a desigualdade de forças entre a
entidade patronal e o trabalhador. Nesse contexto, salvo melhor opinião, o direito do
jogador ao seu salário, pelo trabalho prestado, não poderá ser afectado, devendo os
clubes manter as suas obrigações salariais regularizadas, sob pena de eventuais
incumprimentos poderem culminar em justa causa para efeitos de rescisão do contrato
de trabalho desportivo, por iniciativa do praticante. Situação diferente é a relação dos
clubes com as instituições desportivas que, no âmbito das suas competências de gestão e
organização do futebol, e das competições desportivas, que zelam pelo cumprimento
das obrigações salariais dos clubes.

Julgamos que, os distintos agentes desportivos nacionais devem reunir no sentido de


encontrar soluções para diminuir o prejuízo tanto para os empregadores quanto para os
trabalhadores. O objectivo é dar garantia jurídica para que todas as partes cheguem a um
acordo, que precisa.

Luanda, 24 de Março de 2020


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SAUDAÇÕES JUS DESPORTIVAS!!!

EGAS VIEGAS – ADVOGADO DESPORTIVO

EV- SOCIEDADE DE ADVOGADOS

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