Você está na página 1de 8

Aposentadoria Especial dos Pilotos e Comissários.

Você sabia que os Pilotos de Avião e comissários de voo têm


direito a uma Aposentadoria Especial?

Isso acontece, porque estes profissionais estão frequentemente


expostos a agentes insalubres, como o alto ruído oriundo dos motores
e a periculosidade em razão do acompanhamento do abastecimento da
aeronave, além da pressão atmosférica anormal e a exposição à
radiação cósmica.

A Aposentadoria Especial é um benefício do INSS que concede


vantagens para um grupo de profissionais que tem contato diário e
habitual com agentes insalubres e/ou perigosos, como calor, frio,
pressão atmosférica, radiação, eletricidade, bactérias, produtos
químicos, entre outros no ambiente de trabalho. E, tem como maior
objetivo compensar esses trabalhadores que estão diariamente
expostos a esses agentes físicos, químicos e biológicos, diminuindo o
tempo que eles precisam contribuir para ter direito à aposentadoria,
além de manter o valor integral do salário e ainda permitir que continue
trabalhando.
Assim, quem trabalha colocando a sua vida ou saúde em risco
pode se aposentar antes, pois esse tipo de aposentadoria tem como
características: menor tempo de contribuição, que pode variar entre 25
anos, 20 anos e 15 anos, de acordo com a profissão e a insalubridade
a que esteve exposto e não aplicação do Fator Previdenciário (o
aposentado passa a receber 100% do salário), uma vez que não existe
idade mínima exigida.

Aposentadoria Especial por


insalubridade/periculosidade.

Nessa condição, adquire direito o segurado que exerceu sua


atividade laborativa sujeito a agentes prejudiciais a sua saúde e
integridade física, respeitando o tempo de 15, 20 ou 25 anos de
contribuição. Além disso, há uma carência de 180 contribuições
mensais. Ou seja, para que esse indivíduo possa receber o benefício,
o mesmo deve ter feito no mínimo 180 contribuições ao INSS.

Para as duas primeiras regras, de 15 e 20 anos, são destinadas


a atividades amplamente prejudiciais, como mineração de subsolo e
trabalho em pressões atmosféricas muito diferenciadas, como os
mergulhadores. Grande parte dos que conseguem o benefício se
integram na última regra (25 anos de contribuição), com a exigência de
5 anos de contribuição, como enfermeiras, trabalhadores industriais,
motoristas, maquinistas, garis e atividades pesadas em geral.

Também são levadas em conta nesse benefício, trabalho em


ambiente exposto a insalubridade (agentes químicos, biológicos,
ruídos, vibrações etc), nessa categoria enquadram-se trabalhadores
como químicos, agricultores (que lidam com agrotóxicos), frentistas,
eletricistas e etc.

No caso do piloto a regra é de aposentadoria com 25 anos de


tempo de trabalho na mesma função e caso não seja esse tempo total
de trabalho é possível converter o tempo especial em tempo comum,
ganhando mais tempo para aposentadoria comum. Falaremos disso no
decorrer do nosso texto.
Quem pode requerer o benefício?
A está prevista desde o Decreto Lei nº. 158/1966, e na época
concedia esse tipo de Aposentadoria ao profissional que contasse com
45 anos de idade e 25 anos de serviço. Nesse período, o simples
exercício dessa atividade garantia o reconhecimento da atividade
especial.
Entretanto, desde 28/04/1995 para se ter direito à Aposentadoria
Especial, é preciso comprovar a exposição aos agentes de risco, que
deve ser feita através do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário e,
quando necessário, do Laudo Técnico das Condições do Ambiente de
Trabalho (LTCAT), expedido por médico do trabalho ou engenheiro do
trabalho, atendendo a legislação específica de cada época.

Além disso, para a concessão da aposentadoria, não há mais


exigência de idade mínima tanto para homens, como para mulheres, e
o cálculo não utiliza o Fator Previdenciário, sendo apenas necessário
contar o tempo especial como aquele em que o trabalhador exerceu a
função que o deixava exposto aos agentes nocivos.

Sendo assim, os Pilotos de Avião e Comissários, que têm contato


direto com agentes insalubres e/ou perigosos podem buscar o seu
direito à Aposentadoria Especial junto ao INSS, desde que cumprido o
tempo de contribuição e comprovado a exposição habitual e
permanente a esses agentes a partir de 1995 e exercido as suas
atividades até 28/04/1995.

Tempo de contribuição.
Tempo de contribuição é período mínimo de contribuições que o
INSS exige para que o trabalhador tenha direito a um benefício. No caso
da aposentadoria especial para os pilotos, é necessário ter 25 anos de
tempo de contribuição apenas de trabalho especial, seja como pilotos
ou outras profissões que também aposentem com 25 anos de
contribuição.

Caso não tenha completado esse período de carência na função


insalubre/Perigosa, não será possível a obtenção da aposentadoria
especial, mas pode o trabalhador se aposentar com a aposentadoria
comum por tempo de contribuição, tendo direito a um acréscimo sobre
este tempo, como forma de compensação pelo trabalho nocivo à saúde.
Este cálculo é realizado aplicando o aumento de 40% para os homens
e 20% para as mulheres. Assim, a cada dez anos de trabalho, o homem
ganha mais quatro, e a mulher, mais dois. Nesses casos, ao se
converter esse tempo de contribuição geralmente incide o fator
previdenciário.

Principalmente após a reforma da Previdência foram alteradas as


regras para aposentadoria especial exigindo tempo mínimo de trabalho
e também idade para solicitar o benefício.

O que eu faço se não tiver 25 anos de trabalho


como piloto.
A boa notícia é que até a data da reforma é possível converter o
tempo de contribuição caso você não tenha trabalhado todo o tempo
como piloto e conseguir com isso se aposentar antes do tempo, pois
agora a regra de aposentadoria é aposentadoria por idade, mas é
possível entrar nas regras de transição e se aposentar antes de
completar a idade de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres
(em 2020 é exigido apenas 60 anos e 6 meses e a cada ano será
aumentado por 6 meses até completar os 62 anos).

Então se você conseguir qualquer tempo de trabalho como piloto


até 13/11/2019 você vai aumentar o tempo de acordo com essa fórmula
da tabela abaixo.

Tabela para conversão do tempo especial para o tempo comum

Convertendo o tempo você fica mais perto de entrar nas regras


de transição e consegue se aposentar mais cedo. Mas para saber isso
é importante fazer o planejamento previdenciário de sua aposentadoria,
que é um serviço que prestamos aqui no escritório.
Em caso de dúvidas, você pode nos consultar nos contatos no
rodapé desta matéria.

Valor da aposentadoria

Quanto ao valor da aposentadoria, este será com base na média


dos 80% maiores salários de contribuição corrigidos monetariamente
até o momento do pedido da aposentadoria se você tiver direito a se
aposentar antes das regras da Reforma da Previdência, mas se você
se aposentar após 13/11/2019 será levado em consideração 100% dos
valores contribuídos para o INSS.

Isso na prática reduz o valor que você poderia receber, então,


quase sempre o melhor é se aposentar com as regras de antes da
Reforma da Previdência. Mas desde a reforma ficou extremamente
importante e necessário fazer o planejamento previdenciário para saber
quando você vai poder se aposentar e quanto você vai receber na sua
aposentadoria.
Documentação necessária para concessão de
aposentadoria especial do Piloto.

Desde 28/04/1995 para se ter direito à aposentadoria especial é


preciso comprovar a exposição habitual e permanente a agentes
insalubres. Portanto, é necessário que o trabalhador tenha sempre em
mãos a carteira de trabalho com as devidas anotações para comprovar
o tempo trabalhado em determinada função, bem como os já
mencionados LTCAT e principalmente o PPP, que demonstram as
condições a que o empregado exercia suas atividades no ambiente de
trabalho.

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é o documento que


deve ser preenchido pela empresa para cada um de seus empregados,
trabalhadores, avulsos e cooperados, que ficam expostos a agentes
nocivos à saúde e à integridade física e deve conter registro dos
agentes de risco que eles tiveram contato durante todo período
trabalhado. Em caso de desligamento, todo trabalhador terá direito de
obter da empresa uma cópia autenticada do PPP.

Caso a empresa não forneça os Laudos, pode o trabalhador


procurar o sindicato da categoria para providenciar esses documentos.
E, na impossibilidade de consegui-los, o profissional terá que ingressar
judicialmente para comprovar que efetivamente trabalhou em atividade
especial, comprovação que geralmente ocorre, através de perícia no
local de trabalho, caso seja possível.

Os contracheques também provam o recebimento do adicional de


insalubridade ou periculosidade, por isso é tão importante que sejam
guardados e preservados. Além destes, laudos periciais e documentos
retirados de processos judiciais também são úteis para a comprovação
da insalubridade. Em alguns casos, aceita-se até a anotação em ficha
ou livro de registro da função ou cargo, de forma expressa e literal.

Alterações para Aposentadoria do Piloto.

O INSS tem sofrido tantas alterações na sua legislação ao longo


dos anos, que muitos profissionais desconhecem que têm direito a
alguns benefícios previdenciários. Por isso, vamos tentar esclarecer
algumas dessas alterações.

Em 1960 foi criada a Aposentadoria Especial no Brasil e em 1979,


o governo estipulou expressamente em um Decreto quais eram as
profissões mais expostas aos agentes de risco.

Entretanto, ao longo do tempo muitas pessoas que tinham a


carteira de trabalho assinada nestas profissões, mas não tinham
contato com agentes insalubres, passaram a receber essa
aposentadoria. Assim, em 28/04/1995, o INSS deixou de reconhecer o
tempo de serviço especial somente pela categoria profissional, e
passou a exigir a comprovação da exposição a agentes nocivos à saúde
e à integridade física, de modo habitual e permanente, através de PPP.

Dessa forma, qualquer trabalhador que queira se aposentar de forma


especial precisa comprovar:

• No mínimo 25 anos de atividade especial;

• Até 28/04/1995 habilitação profissional inclusa na lista de profissões


elencadas no Decreto para ser considerado o tempo por categoria
profissional;

• A partir de 29/04/1995 a efetiva exposição a agentes nocivos acima


dos limites de tolerância, tudo devidamente comprovado por meio do
PPP e LTCAT.

Dessa forma, caso se enquadre e comprove possuir todos os requisitos,


o piloto terá direito à Aposentadoria Especial. Se a soma do tempo de
atividade especial não for suficiente para a concessão dessa
aposentadoria, ele poderá converter esse período especial em comum.

O que fazer caso o INSS negue o serviço.

Os pilotos têm contato direto e habitual com muitos agentes insalubres


e perigosos e, apesar de muitas vezes usarem Equipamentos de
Proteção Individual (EPI’s), essa exposição a longo prazo pode ser
muito prejudicial à sua saúde e integridade física. Pensando nisso, o
legislador concedeu a Aposentadoria Especial para esses profissionais,
uma vez que esse benefício não exige o fator previdenciário, nem idade
mínima, além do fato de poder ser concedido com menor tempo de
contribuição.
Ocorre que, exatamente por ser tão vantajosa quando comparada
às demais, ela acaba sobrecarregando os cofres públicos. Por isso, tem
sido muito comum que o INSS negue esse benefício a quem o procura
e a principal justificativa é a exigência do PPP para os períodos
anteriores à data de 28/04/1995. Mas como vimos, antes dessa data
não era necessária a comprovação da atividade especial e não é
possível aplicar a nova lei a fatos ocorridos no passado.
Sendo assim, em caso de negativa administrativa da
aposentadoria, não deixe de buscar seus direitos, procure o advogado
de sua confiança e, de posse dos documentos que comprovem o
exercício da profissão e prática da atividade insalubre, dê entrada em
uma ação judicial para obter a aposentadoria especial, ou no mínimo
aumentar o tempo de serviço e reduzir o tempo necessário para a
obtenção da aposentadoria.

Nós trabalhamos defendendo o direito de pessoas que tem


problemas com o INSS para conseguir a aposentadoria especial de
piloto ou outros benefícios e se você quiser ser acompanhado por nós,
entre em contato.

As informações foram úteis para você? Se sim, compartilhe este


artigo nas suas redes sociais! Você pode ajudar muitas pessoas que
precisam da informação.

Eu sou a Márcia Freire, Piloto de Helicópteros e advogada,


especializada em Direito Aeronáutico.

Um abraço e até o próximo post.

Márcia Freire

Advocacia e Consultoria Jurídica

Você também pode gostar