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AS BEM AVENTURANÇAS - 2. O PAPEL DO CRISTÃO NO MUNDO- Mateus 5.

13-16
Pr Luis Filipe A. Correa

INTRODUÇÃO

O sal e a luz são metáforas domésticas que fala da influência dos cristãos bem-aventurados no mundo. A
relevância de sua vida pessoal contagia a sociedade. Toda casa, por mais pobre que seja, usava e usa esses
elementos domésticos indispensáveis. Daí a importância de reconhecermos os valores espirituais implícitos
nesses símbolos. O papel do cristão é duplo: como sal, ele interrompe ou retarda o processo de corrupção
do mundo; e, como luz, ele brilha para desfazer as trevas de um mundo evidentemente escuro. Sal para
salgar e luz para iluminar, este é o papel do cristão no mundo. Aprofundemos mais a metáfora.

1. O CRISTÃO COMO SAL DA TERRA (V 13)

Jesus costumava ensinar mediante o uso de figuras de linguagem próprias do contexto de sua audiência.
Veja que o discurso de Jesus é direto e categórico: “Vós sois o sal da terra”. O sal possuía naquela época e
ainda possui, duas funções pelo menos: a de preservar e a de temperar alimentos. O que significa dizer
que, para Jesus, os seus discípulos são agentes de conservação capazes de retardar a putrefação ou
apodrecimento da terra, bem como de trazer sabor, tempero, a este mundo em desequilíbrio. Qual uma
carne que se deteriora, o mundo está apodrecendo socialmente, eticamente, moralmente, etc. A igreja,
portanto, tem como papel salgar e conservar a terra, influenciando a sociedade. Essa era a expectativa de
Jesus, que numa sociedade corrompida, seus seguidores se posicionassem de modo a fazer a diferença.

1.1. A relevância cristã comparada a relevância do sal

Jesus trata da relevância cristã utilizando a figura do sal, porque o sal era um material amplamente utilizado
na sociedade antiga, bem como na dele (cf. Ed 7.21,22; Mc 9.50; Cl 4.6). Por exemplo, o sal era utilizado
como dinheiro nas transações comerciais. É daí que vem a expressão “salário”, que se origina do latim
salarium, que significa "dinheiro de sal". Além disso, destacasse o seu valor nutritivo, principalmente
quando o assunto é o sabor dos alimentos como já vimos. Porém, o sal também tinha, e ainda tem, um
elevado valor medicinal. Você sabia que na falta de creme dental, em tempos passados, se usava o sal para
escovar os dentes? Isso sem falar do seu poder de conservação, pois, num tempo onde não havia geladeira
nem freezer, o sal era importantíssimo porque ajudava a conservar os alimentos perecíveis, evitando ou
adiando a deterioração deles, de modo que podiam ser ingeridos a qualquer tempo, sem a perda de seus
valores nutricionais. Se não fosse o sal, por exemplo, o bacalhau português e norueguês chegaria ao Brasil
podre! Entretanto, o que podemos tirar de lição prática dessa metáfora para a vida do salvo em Jesus?

1.2. Lições práticas da metáfora do sal

Aprendemos que a presença do cristão na sociedade serve como elemento de preservação. Ora, o mundo
não está pior porque as ações dos verdadeiros discípulos do Senhor contribuem para evitar o seu
apodrecimento. A sanalidade do cristão é o seu caráter cristão conforme descrito anteriormente nas bem-
aventuranças, isto é, o verdadeiro discipulado, visível em atos e palavras. Eis o desafio. Por nosso
testemunho contribuímos para que os valores éticos, nem se diluam em meio às torpezas e aos desvios
morais do mundo em que vivemos. Então, uma pergunta não quer calar: Por que há tantos crentes vivendo
como sal dentro do saleiro (templo religioso)? Nossa vocação é salgar, não uma vida religiosa insípida!

2. O CRISTÃO COMO LUZ DO MUNDO (V 14)


A segunda metáfora é apresentada como a primeira. Do mesmo modo que foram comparados ao sal, os
discípulos foram comparados à luz. Ser chamado de luz numa época que também não havia luz elétrica, e
isso lhes dava um valor especial. Entretanto, Jesus esclarece que essa luz brilha através das “boas obras”.
Parece que a expressão “boas obras” abrangem tudo aquilo que o diz e cristão faz por ser cristão, isto é, a
manifestação externa e visível de sua fé. Mostrar a fé pelas boas obras. Considerando também que a luz é
ícone bíblico da verdade, inclui-se aqui a denotação do testemunho verbal. O cristão é alguém que é
verdadeiro em suas palavras.

2.1. Um paralelo significativo entre o cristão e a luz

Esse símbolo é forte e de grandes significados. Eis algumas lições que podem ser extraídas: a) a escuridão
não consegue jamais prevalecer ante a luz. Quando esta chega, as trevas desaparecem; b) por outro lado, a
ausência absoluta de luz permite que a escuridão prevaleça em termos absolutos de modo que nada fica
visível aos olhos humanos. Por isso, a afirmação categórica do Mestre: "Vós sois a luz do mundo" (v.14). Em
outras palavras, a luz permite os homens conhecerem na prática a verdade do evangelho através do
testemunho de cada cristão.

Fato interessante é que o primeiro elemento a ser criado por Deus foi a luz, justamente com o intuito de se
opor às trevas. Trevas e luz não se combinam ou misturam; são inimigas implacáveis e irreconciliáveis.
Aonde a luz chega, as trevas têm de arrumar suas malas e ir embora. Da mesma forma é o cristão como luz,
ele não se mistura com as trevas, pelo contrário, combate e abomina as trevas do pecado (cf. 2 Cor 6.14; Ef
5.8-13). Aonde o cristão chega a luz de Jesus brilha no ambiente.

2.2. A luz torna tudo visível

Num blecaute de luz, à noite, torna-se complicado ver as coisas. Uma dona de casa, por exemplo, a olho nu,
encontra certa dificuldade de limpar determinados lugares escuros de uma casa. A escuridão atrapalha ver
a sujeira. Porém, quando o sol bate na janela e forma uma faixa de luz, é que pode perceber determinadas
sujeiras. De natureza, a luz é traz visibilidade. Ela é capaz de expor os pecados e revelar os erros. Ora, onde
o crente estiver a visibilidade positiva de sua fé tem o poder de mostrar aos homens o estado de suas almas
e, ao mesmo tempo, é capaz de atrair os homens a Cristo.

2.3. Como os crentes não devem ser

Não podemos ser como uma cidade ou vila escondida num vale, cujas luzes ficam ocultas, mas como uma
cidade edificada em um monte, cujas luzes são claramente visíveis a quilômetros de distância.

3. MAIS LIÇÕES QUE DEVEMOS APRENDER COM AS METÁFORAS

São várias as lições que podemos extrair das metáforas sal e luz. Nelas descobrimos as responsabilidades
que estão sobre os cristãos no mundo. Três se destacam.

3.1. Os cristãos são fundamentalmente diferentes dos ímpios.

Há uma grande diferença entre igreja e o mundo, ou pelo menos deveria haver. É bem verdade que alguns
ímpios adotam bem um disfarce de cultura cristã e que, em contrapartida, há crentes professos que não
diferem em nada dos ímpios, negando o nome de cristão através de seu comportamento mundano. Mas a
diferença essencial não pode ser revogada. As imagens distinguem o mundo dos cristãos, como o seco e o
molhado, como as cores preto e branco, assim são luz e trevas e sal e deterioração. A diferença é óbvia e
clara.

3.2. Os cristãos têm que aceitar a responsabilidade que essa diferença traz.

Quando Jesus enfatiza que os discípulos são sal e luz, Ele os chama à responsabilidade do ofício. Era como
Jesus estivesse dizendo assim: “vocês não podem falhar para com o mundo em que foram chamados a
servir”. Vocês são sal e luz. O sal não tem valor dentro do saleiro, ele tem que salgar. A luz não tem valor se
ficar escondida, ela tem que brilhar. Embora sejamos moral e espiritualmente distintos dos ímpios, não
podemos nos afastar da sociedade, pelo contrário, devemos salgar a terra e brilhar no mundo. Está diante
de nós essa vocação cristã, estamos em vantagem nessa tarefa de influenciar o mundo. Temos Jesus, seu
evangelho, seus ideais e o seu poder a nosso favor. Temos e somos o que o mundo não tem e não é, mas
precisa urgentemente.

3.3. A responsabilidade é dupla

Os cristãos têm de considerar que sua responsabilidade é dupla, como vimos acima, embora seus efeitos
sejam complementares. Uma é a função negativa do sal: impede e evita a deterioração. Já a segunda
função é positiva, brilhar como luz: ilumina e brilhar em meio às trevas. Assim, Jesus mostra a dupla
influência do cristão na sociedade: negativa de impedir a propagação do pecado e positiva, de propagar a
verdade, a beleza e a proposta do evangelho de Jesus ao mundo. Seria, por assim dizer, evangelização e
ação social, pregação da fé e pratica de boas obras, proclamação e ação!

CONCLUSÃO

O propósito maior de o cristão ser sal e luz é glorificar a Deus (v.16). Deus é exaltado em sua glória quando
cumprimos nosso papel de cristãos.

Portanto, o cristão não pode perder sua característica distintiva de sal da terra e luz do mundo, mas primar
pela excelência espiritual, conservar suas convicções cristãs, seus valores, padrões e estilo de vida. Com isto
todos perceberão que ser crente é muito mais do que frequentar a igreja.

Leitura diária:

Seg – Gálatas 1.1-12


Ter – Hebreus 11.1-16
Qua – Salmo 37
Qui – 1João 1.5-7
Sex – Romanos 12.9-15
Sáb – Romanos 12.17-21
Dom – 2Coríntios 1.1-4

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