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CURSO DE ECONOMIA
FORTALEZA, JUNHO/2001.
DINÂMICA DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NA DÉCADA DE 90
FORTALEZA — CE
2001
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel do Curso de Ciências
Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará — UFC e encontra-se à disposição
dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo
com as normas de ética científica.
Média
Nota
-
Profa. Sandra Maria dos Santos
Prof Orientador
Nota
Nota
AGRADECIMENTOS v
RESUMO vi
SUMÁRIO vii
INTRODUÇÃO 01
1. A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA —
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 03
1.1. Fase de implantação da indústria 03
1.2. Políticas econômicas da década de
90 e seus reflexos no setor 05
1.3. A abertura econômica — Mercosul 09
4. CONCLUSÃO 39
5. BIBLIOGRAFIA 41
1
INTRODUÇÃO
O controle de câmbio que até então era utilizado para resolver dificuldades do
balanço de pagamentos, passou a ser ferramenta de promoção para o desenvolvimento
industrial automotivo (BAER, 1996).
"Pode-se dizer que, se o periodo que foi do início do Programa de Metas até
1966 correspondeu à fase de implantação do complexo automobilístico, onde se dá a
introdução das primeiras empresas do setor e a definição da orientação para a produção de
automóveis, o período de 1967 a 1980 correspondeu verdadeiramente a consolidação e
expansão do setor" (CARVALHO, 1987). 0 gráfico a seguir demonstra este fato:
929.807 919.864
621. # 749.962
185.287
145.584 174.191
1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
1 0 questionável nesse tipo de incentivo é que na medida que o governo abre mão de receitas, em prol de
investimentos, gera-se a curto prazo, uma demanda por empregos. Novos pólos podem a vir surgir ou não.
Porém, com o crescimento dos negócios, empresas, população, tais centros alvos requisitam nova estrutura que
nem sempre o governo pode arcar. A falta de infra-estrutura pode ser um grande obstáculo. A questão das
"externalidades" não é problema novo para os economistas.
2 imposto sobre circulação de mercadorias e serviços:
3
Imposto sobre transferência de bens imóveis.
Este regime especial, com prazo de vigência até o ano 2010, concede a redução
de: 100% do Imposto de Importação sobre bens de capital, de 90% do Imposto de Importação
sobre insumos, de até 50% do Imposto de Importação sobre veículos e de 45% do IPI na
aquisição de insumos; isenção: de IPI4 incidente na aquisição de bens de capital, do Adicional
ao Frete para Renovação para Marinha Mercante, de I0F5 nas operações de câmbio para
pagamento de bens importados e do Imposto de renda sobre o lucro do empreendimento; e
crédito presumido de WI, com ressarcimento em dobro de contribuições, como PIS e a
COFINS. Quanto a exigências relativas a nacionalização para fabricantes de veículos: com
mais de três rodas, no mínimo, 50%; sobe para 60% em 2002; de 2 rodas, no mínimo, 60% até
2001; depois 70/0 (WEISS, 1998).
País 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Brasil 11,1 11,1 11,1 11,1 10,4 10,3 9,4 9,1 8,8
México 8,9 8,4 8,5 7,8 7,5 7,5 7,9 7,4 7,0
Argentina 5,6 5,5 5,5 5,2 6,0 5,9 5,8 5,7 5,5
Espanha 2,7 2,6 2,5 2,4 2,4 2,3 2,2 2,1 2,0
R. Unido 2,2 2,1 2,2 2,1 2,1 2,1 2,1 2,0 1,9
França 2,0 2,0 2,0 2,0 1,9 1,9 1,9 1,8 1,8
Alemanha 1,9 1,9 2,0 1,9 1,9 1,9 1,9 1,8 1,8
Japão 2,1 2,1 2,0 2,0 1,9 1,9 1,8 1,8 1,8
Itália 1,9 1,9 1,8 1,8 1,8 1,7 1,7 1,7 1,7
EUA 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3
Fonte: Anfavea.
Notas:
1. Os dados do Brasil são estimados.
2. Os dados da Alemanha de 1990 se refere a Alemanha Ocidental. A partir de 1991, a
Alemanha reunificada.
6 Tributo em cascata - O imposto pago na operação anterior, compõe a base de cálculo na base de cálculo
seguinte. Exemplo: O ICMS pago na saída no estado de São Paulo, passa a compor a base de cálculo do ICMS
na saída em Brasília. O mecanismo atual: o ICMS pago ao estado de São Paulo é um crédito em Brasília e ao
calcular o ICMS a ser pago em Brasília, abate-se o valor do ICMS pago em São Paulo.
7
Multinacionais que já têm garantia de presença no pais, no entanto, ainda não estão instaladas.
S
Free on board. Frete .
equipamentos incorporados ao ativo permanente das empresas; 140%(1996), 120%(1997),
95%(1998), 70%(1999) das aquisições de bens de capital fabricados no país; redução do
Imposto de Importação, até 31/12/99, correspondente a 90% para bens de capital; 85%(1996),
70%(1997), 55%(1998), 40%(1999) para insumos e redução de 50%, até 1999, do Imposto de
Importação de veículos de transporte pelas montadoras locais (WEISS,1998).
A melhor posição apresentada no início dos anos 90, era relativa a políticas e
estratégias de manufatura. Constatou-se pouco re-trabalho e grau de sincronia satisfatório,
advindo não da capacitação, mas sim da cultura apresentada ou seja, hierarquia autoritária
centralizada. Pouco envolvimento da mão-de-obra, diferentes status entre os envolvidos na
produção, ausência de políticas de remuneração, centralização da qualidade nas chefias e
escasso treinamento (CARVALHO, 1997; PELIANO et AL, 1987; CAS11(0 et al, 1995).
10 Fazendo um retrocesso cronológico, observa-se no início dos anos 70, não era exigido nem a conclusão do
ensino fundamental, nos anos 80, já se exigia o 1 grau e nos anos 90, o 2° rau ou o próprio curso técnico em
eletrônica.
Ia
"Hoje em dia nas fábricas, não existem mais "pities13", existem "doutores". São
sempre especialistas, de roupas impecavelmente brancas. A montadora aparenta mais um
grande laboratório de um filme futurista. Resta o questionamento aonde a graxa de 10, 20
anos atrás foi parar...".
As obrigações por parte dos empregados, muitas vezes, não são acompanhadas
de treinamento founal, o conhecimento sobre os equipamentos são desenvolvidos na prática,
por isso boa parte das vagas disponíveis são preenchidas por promoções internas e
remanejamento, impondo as trabalhadores cada vez maior conhecimento elétrico-mecânico.
Quanto a vagas que não são preenchidas por pessoal internos, existem convênios em
particular com o SENAI14, para fornecimento de pessoal treinado.
14
0 primeiro acordo entre a Auto-indústria e SENAI, via GEIA, para treinamento data de 01/09/1958.
15
Seriam ambientes-povoados-por robôs e máquinas que dispensariam a presença humana. Produtividade alta e
ausência de acidentes.
16
Exemplo de fábrica escura.
23
17Ver matéria "O futuro da fábrica" publicada na revista Exame, na edição de 21/02/2001.
18
Just-in-time é um sistema de produção, criado por Taüchi Ohno (ex-vice presidente da Toyota), que tem por
base uma idéia simples: a total eliminação de perdas. Perda para ele, é tudo que não acrescentaria valor ao
produto.
24
O domínio tecnológico ainda interférem no contexto social uma vez que, estão
em sua maioria nas mãos do estrangeiro. "O fortalecimento da indústria nacional tem sido
objeto de preocupação do governo federal através de vários órgãos e instituições de fomento,
pesquisa e desenvolvimento" (PELIANO,1987).
50,0
45,0
40,0
33,3
35,0
30,0
25,0 -
20,0 1s 7 16,4
15,0 ,—
10,0 - }1
5,0 -r
- 1 i ,
Brasil Itália França Reino Fspanha Alananlra Japao EUA
Una°
As multinacionais acabam por comprar estas médias e pequenas firmas que não
se seguram no mercado, levando uma crescente concentração no setor. Um exemplo disso é o
caso da Cofap, fábrica de amortecedores, entre outros, de ex-propriedade de Abraham
Kasinski, que hoje trabalha em nova empreitada: a fabricação de motocicletas' 9
19
Ver em Exame„ matéria : "A motoca do vovô" de 19 de maio de 1999
30
20 Cadeia de clientes /fornecedores buscando redução de custos de transporte, assistência técnica e manutenção
através de localização mais próxima.
21
A fábrica funciona em um edificio, mas cada condômino é responsável pela sua área.
32
proporção de vendas internas de carros populares e as vendas totais de carros de passeio era
muito pequena, quadro que se alterou no decorrer da década. Isso evidencia o objetivo da
indústria em reconsiderar o caráter da demanda, principalmente em relação ao caracter
aquisitivo do consumidor no país. Fábricas inteiras foram inauguradas com o fim da produção
deste único produto. No quadro 3, se visualiza o salto de 4,3% em 1990, para 61,9% em 1999,
ou sej a, a participação dos carros populares, nas vendas internas totais, cresceram quase dez
vezes apenas nos primeiros 5 anos e 44% desta data ao último ano da década.
61;8 619
tem como causas a recessão econômica do setor, acentuada pelas atribulações nas relações
com o Mercosul.
Fonte: Anfavea.
29,9
~,.
9,195
L154 03%
1990 1991 1992 1993 19% 1995 19% 1997 1998 1999
2~~
b81.3&
391:415 ~ ~ ,43 ,
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1.(2173. 1: ;a_ -,', 139332
LT6F23 1.1443
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1.051467 547
1990 1991 19c/2 1993 1994 1995 1995 19997 1998 1995
-0- proii; ~ Vetic items ENxitages
GRÁFICO 6 — Produção, Vendas Internas e Exportações de Automóveis em unidades no
período de 1990-1999
Fonte: Anfavea
22
Ver o estado de São Paulo, 8 de janeiro de 2000, matéria "O recuo do setor automobilístico".
Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores, Hugo Maia, "o encalhe já foi maior
nas concessionárias, mas em épocas de vendas altas"23.
23
Ver www.gazetadopovo.com.br
J5
4. CONCLUSÃO
Enfim, é um setor que não pára. As expectativas de crescimento são cada vez
maiores, tanto em produção, como na capacidade de vendas internas e exportação.
5. BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, Nelson; SANTOS, Ariovaldo, Não foi desta vez que o Brasil S.A. brilhou.
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2000.
JETIN, Bruno. A América latina e o Brasil nas estratégias de internacionalização das firmas
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4L
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