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Lilian Mussi
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LILIAN MUSSI
Sorocaba
2016
1
LILIAN MUSSI
Sorocaba
2016
2
LILIAN MUSSI
Orientador(a)
______________________________________
Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Examinador(a)
______________________________________
Dr. (a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
Examinador(a)
________________________________________
Dr.(a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
3
RESUMO
ABSTRACT
The Brazilian Cosmetic Market ranks the 4th position at world´s cosmetic market,
however, the vast majority of marketed formulations lacks technology and innovation
regarding active compounds, since the low cost is mandatory to allow this products to be
economically accessible to the Bottom of Pyramid, nowadays corresponding to about
81% of the Brazilian households. This study aimed to understand and provide information
and arguments to identify, discuss and outline business models based on cooperation that
could allow the national cosmetic industry to be able to offer the Brazilian consumers of
low income, real-added value products, at affordable prices. In order to reach this purpose,
it was used the qualitative research method based on bibliographical survey of national
and global reports of the cosmetic sector, social and economic consolidated national
statistics and evaluation of Market databases and intellectual production. As a result,
through the contextualization of the general economic outlook of the Brazilian cosmetic
chain and the evaluation of the degree of innovation in Brazil related to cosmetics, was
possible to diagnose the effort necessary to the elaboration of business models based on
cooperation between stakeholders whose main focus lies in delivering innovative
products, with proven efficacy and based on technology, to the final consumer of low
income.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO / PROBLEMATIZAÇÃO
1
Nesse estudo estão sendo considerados “cosméticos funcionais” aqueles que apresentam eficácia
comprovada através de estudo científico e “cosméticos convencionais” aqueles em que a eficácia percebida
é apenas uma medida subjetiva da expectativa do consumidor. A funcionalidade e segurança de um
cosmético pode ser potencializada através de técnicas como a encapsulação de ativos através de
Nanotecnologia, que permitem o alcance mais eficiente do sistema metabólico alvo, ou a liberação
controlada do ativo, prolongando a ação e minimizando os efeitos colaterais (DAUDT et al., 2013).
Também é possível, através de métodos de extração como a Extração por Fluído Supercrítico, obter ativos
mais concentrados, potencializando a ação desejada ou reduzindo a quantidade de ativo utilizado, ao mesmo
tempo que minimiza-se a toxicidade do ativo inerente da extração convencional com solventes orgânicos,
e o impacto ambiental proveniente da não utilização desses solventes e do reaproveitamento de subprodutos
de outras industrias, como é o caso do Dióxido de Carbono comumente utilizado como solvente em
Extração por Fluído Supercrítico (PRADO, 2003; ANDREO; JORGE, 2006). A Síntese Verde também é
uma tecnologia que agrega valor, eficácia e segurança às nova matérias-primas. Baseia-se na síntese de
moléculas alvo através de solventes menos tóxicos e de processos de menor impacto ambiental, o que,
consequentemente, fornece matérias-primas menos propensas a efeitos colaterais, tais como irritação e
dermatite de contato (PRADO, 2003). Exemplos dessa tecnologia são os ativos multifuncionais cuja
principal função explorada é o de sistema antimicrobiano. Ativos biotecnológicos utilizam-se de micro-
organismos para a produção direcionada de moléculas, gerando um maior rendimento, maior pureza e
menor geração de resíduos, como por exemplo, os biotensoativos (MORAIS; ANGELIS, [2012]). Todas
essas tecnologias de obtenção de ativos carregam, pelo menos, alguns preceitos da Química Verde
(FARIAS; FÁVARO, 2011), a qual, segundo Lenardão et al (2003) “pode ser definida como o desenho,
desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou
geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente [...]”.
7
2
CNAE: Classificação Nacional de Atividades Econômicas. De acordo com a Secretaria da Receita Federal
do Brasil (2017): “A CNAE é o instrumento de padronização nacional dos códigos de atividade econômica
e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da Administração Tributária do país...,
aplicada a todos os agentes econômicos que estão engajados na produção de bens e serviços [...]”.
9
Tabela 1: Número de lançamentos totais de produto para pele, entre os anos de 2011 e 2016, nos países
constituintes do G7, E7 e no Brasil.
G7 E7 Brasil
Lançamentos Totais 29.590 16.475 2.455
Lançamentos e Patentes 181 3 0
Fonte: Mintel GNPD: Base de dados de Novos Produtos Globais, 2017.
3
Domissanitários: De acordo com a ANVISA (2017), saneantes domissanitários são “substâncias ou
preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos
e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento de água [...]”. (Brasil, 2017a).
10
Tabela 2: Faixa de preço (USD) de produto para pele lançados, entre os anos de 2011 e 2016, nos países
constituintes do G7, E7 e no Brasil.
G7 E7 Brasil
Lançamentos USD 0.25 – 192,24 USD 0.09 – 8.36 (48.6%) USD 0.09 – 8.36 (41,4%)
Totais (95,3%), USD 8.37 – 16.64 USD 8.37 – 16.64
América Norte (31,3%) (22,5%) (32,8%)
Europa (39,4%)
Ásia e Pacífico (9,2%)
Lançamentos e USD 23.47 -102.03 USD 6.38 – 12.01 Não aplicável.
Patentes (69%) (66,7%)
USD 17.28 – 19.88
(33.3%)
Fonte: Mintel GNPD: Base de dados de Novos Produtos Globais, 2017.
4
Prestige: De acordo com o Business Dictionary...(2017), produtos precificados com valores acima do
normal praticado no mercado, de forma a melhorar suas vendas constitui a estratégia de marketing de
posicionamento do produto na classe Prestige.
5
Masstige: De acordo com a definição do Oxford Living Dictionaries...(2017), o termo Masstige, surgiu
nos anos 1990, através da fusão das palavras Mass Market e Prestige, no intuito de designar produtos
produzidos em massa, relativamente baratos, que são posicionados no mercado como luxuosos ou de
prestigio.
11
Figura 1: As 10 empresas que mais lançaram cosméticos para pele no Brasil entre os anos de 2011-2016.
6
L’Oréal Brandstorm: http://www.brandstorm.loreal.com/en/challenges/play-experiment-innovate
12
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1759 apud MACKEY; SISODIA, 2013, p. 17) e “A riqueza das nações” (SMITH, 1775
apud MACKEY; SISODIA, 2013, p. 17) descreve um sistema econômico baseado no
acúmulo de riqueza através de um modelo de livre-iniciativa, cuja a fundamentação
residia na relação ética entre os seres humanos. Infelizmente, a parte ética (a consciência)
foi esquecida, o que culminou no modelo capitalista atualmente adotado, fundamentado
em egoísmo e ganância (MACKEY; SISODIA, 2013).
No final do século passado, esse modelo de capitalismo passou a ser questionado
e o resultado foi, de certa forma, o resgate das ideias básicas do capitalismo de Smith e o
delineamento de novos modelos, entre os quais figura um chamado de Capitalismo
Consciente, na qual o lucro não é a única ou a principal razão da existência das empresas.
Nesse modelo, proposto por John Mackey e Rajendra Sisodia, uma empresa deve ter
propósitos mais elevados e buscar a geração de valor de maneira equilibrada e sustentável,
para todas as partes envolvidas, ou seja, desde o fornecedor até o cliente final, passando
por acionistas, funcionários e comunidade (MACKEY; SISODIA, 2013).
O Capitalismo Consciente está fundamentado em 4 pilares (Figura2) (MACKEY;
SISODIA, 2013):
Mas o fato de não ter funcionado em 1800, não significa que essa abordagem não
possa funcionar agora, uma vez que o momento da humanidade é outro. Daniel Pink
(2009), em seu livro “Drive”, descreve as alterações no conceito de motivação que as
gerações recentes têm apresentado. Saímos de uma fase em que punição e premiação eram
as bases da motivação e nos encontramos agora em uma fase em que propósito, autonomia
e domínio são forças motrizes, fatores esses muito mais alinhados aos preceitos do
Capitalismo Consciente do que “o chicote e a cenoura”, possivelmente existentes na
época do New Lanark Mills.
Soma-se à alteração do padrão de motivação, o padrão de comportamento da nova
força de trabalho, a geração Y, na qual o individualismo personalizado e a crença de que
podem mudar o mundo coexistem com a consciência dos problemas sociais e ambientais,
dos quais são simpatizantes e defensores. A geração Y, juntamente com a geração Z,
contribuiu para que os Megatrends7 para os próximos 10 anos indiquem uma
intensificação com a preocupação e o comprometimento em relação ao coletivo.
Megatrends como Urbanização Crescente, Tecnologia Smart, Saúde e Bem-estar, Futuro
da Mobilidade e Escassez de Recursos como energia, água e commodities8 acarretaram
em certa responsabilidade global compartilhada. Conceitos como “Value for Many”
(valor para muitos) e “Inovação Social” são cada vez mais familiares. O primeiro figura
principalmente entre os novos modelos de negócio e está pautado na produção e venda
para mercados de massa em países em desenvolvimento ou na alavancagem do mercado
de maneira global visando a entrega de máximo valor (FROST & SULLIVAN, 2014). Já
o segundo, é um conceito mais antigo, bicentenário, relacionado a novas estratégias,
conceitos, ideias e organizações que procuram solucionar necessidades sociais através de
mudanças que visam o fortalecimento da sociedade civil para que ela própria seja capaz
de resolver os seus problemas (MULGAN et al., 2007).
7
Megatrend: em português, o equivalente à megatendencia. Um megatrend é uma grande mudança social,
econômica, política, ambiental ou tecnológica que se forma lentamente, mas que, uma vez consolidada,
influencia uma grande variedade de atividades, processos e percepções, tanto no governo, quanto na
sociedade, por décadas. Megatrends são divididos, em geral, nas seguintes categorias: aspectos
demográficos, condições políticas, ciência e tecnologia, dinâmica econômica, aspectos sociais e culturais.
( THE COUNCIL OF STATE GOVERNMENTS, 2017)
8
Commodities: Plural de commodity. Matéria-prima ou mercadoria primária produzida em grande
quantidade, cujo preço é regulado pela oferta e pela procura internacionais e não varia muito consoante a
origem ou qualidade. Produto que resulta da produção em massa. (PRIBERAM...2017).
17
Apesar de empreendedores sociais como Robert Owen, em seu New Lanark Mills,
assim como, mais recentemente, Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank,
pioneiro na concessão de microcréditos para empreendedores em países em
desenvolvimento (YUNUS; JOLIS, 2000), motivo pelo qual, foi laureado em 2006 com
o prêmio Nobel da Paz, serem relacionados prontamente ao termo “Inovação Social”, a
mesma pode e deve ser conduzida por políticos e governos, mercados, movimentos como
o de fair trade9, centros acadêmicos, empresas e organizações.
Inclusive, a Inovação Social parece ser a conexão entre o capitalismo social e o
“Value for Many”, os quais se mostram grandes pontos de conexão entre o Capitalismo
Consciente e a geração de valor para os mais desafortunados, ou o que hoje é conhecido
como base da pirâmide.
9
Fair trade: compra e venda de mercadorias na qual se tem certeza que o produtor da mercadoria está
recebendo um preço justo por ela (CAMBRIDGE...2017b).
18
Figura 4: A pirâmide econômica brasileira (2015) de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE versus as declarações do Imposto de Renda.
No entanto, cabe lembrar que o Brasil atravessa uma crise econômica acentuada
em 2015 e 2016. Nos anos de 2014, 2015 e 2016, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita
apresentou queda consecutiva de 0,4%, 4,4% e 4,6%, respectivamente. Valores negativos
de PIB per capita não são vivenciados desde o início dos anos 2000, com exceção para o
ano de 2009 devido à grande crise mundial (BRASIL, 2017b). O acesso ao crédito
diminuiu cerca de 4,7% de 2016 para o primeiro trimestre de 2017, indicando menor
circulação de dinheiro e, portanto, estagnação da economia (BRASIL, 2017b).
21
Figura 7: Mapa conceitual do papel da FAPESP no sistema empreendedor do Estado de São Paulo.
6. REFERÊNCIAS
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