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3EP4 Teste de Português - o Texto poético

Não te Amo

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.


E eu n 'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero


De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.


Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,


De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto


Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett  GARRETT, A. Folhas Caídas. Mem Martins: Europa-


América. 2ª ed. 1987 .

1 O poeta fala-nos do amor e do querer.

1.1 Que qualidades tem o amor?

1.2 E o querer, que qualidades tem?

2. Há um conflito neste poeta. Identifica-o e explica-o.

3. Já pensaste bem no que aqui leste? Dá agora a tua opinião sobre isso.
Escolhe, pelo menos, dois destes pequenos textos e comenta-os.

A D
Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia Li um dia, não sei onde
portanto, e uma traição a nós próprios (importa
soberanamente que não amemos). Li um dia, não sei onde,
Fernando Pessoa  , Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
B Contentam-se em ser amados.
Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei
como, e dói não sei porquê. Fico a cismar pensativa
Luís de Camões Neste mistério encantado...
Diga prá mim: de nós dois
C Quem ama e quem é amado?...
Como é por dentro outra pessoa? Florbela Espanca
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo E
Com que não há comunicação possível, Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente,
Com que não há verdadeiro entendimento. a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito
nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Nada sabemos da alma Isso é verdade em toda a escala do amor. No
Senão da nossa; amor sexual buscamos um prazer nosso dado por
As dos outros são olhares, intermédio de um corpo estranho. No amor
São gestos, são palavras, diferente do sexual, buscamos um prazer nosso
Com a suposição dado por intermédio de uma ideia nossa.
De qualquer semelhança no fundo. Fernando Pessoa  ,
Fernando Pessoa

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