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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
CURSO DE AGRONOMIA

TARCÍSIO HUGO SALVIANO

PROJETO INFORMACIONAL DE UM MECANISMO PARA AJUSTAR


AUTOMATICAMENTE A BITOLA DAS ESTEIRAS DE UM TRATOR

FORTALEZA - CE
2016
TARCÍSIO HUGO SALVIANO

PROJETO INFORMACIONAL DE UM MECANISMO PARA AJUSTAR


AUTOMATICAMENTE A BITOLA DAS ESTEIRAS DE UM TRATOR

Monografia apresentada ao Curso de


Agronomia da Universidade Federal do Ceará -
UFC, Departamento de Engenharia Agrícola
como requisito para a obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Albiero

FORTALEZA - CE
2016
TARCÍSIO HUGO SALVIANO

PROJETO INFORMACIONAL DE UM MECANISMO PARA AJUSTAR


AUTOMATICAMENTE A BITOLA DAS ESTEIRAS DE UM TRATOR

Monografia apresentada ao Curso de


Agronomia da Universidade Federal do Ceará -
UFC, Departamento de Engenharia Agrícola
como requisito para a obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo.

Aprovada em: 05/02/2016


A Deus.
Aos meus pais, Estela e Zacarias e à minha
namorada Maíra Saldanha que me
acompanharam ao longo da graduação e me
ajudaram a realizar esse sonho.
Ao orientador Daniel Albiero pela orientação e
paciência e ao José Heldenir Pinheiro Bezerra
pela colaboração.
AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal do Ceará (UFC)


Ao Prof. Dr. Daniel Albiero, pela paciência e orientação.
Ao Prof. Me. José Heldenir Pinheiro Bezerra pelas sugestões e colaboração.
Aos participantes da banca examinadora, Prof. Dr. Danilo Roberto Loureiro e Me.
Francisco Ronaldo Belém Fernandes, pelo tempo e pelas valiosas colaborações e sugestões.
A todos os professores que ao longo dos anos contribuíram com minha formação
profissional e pessoal.
As amizades que firmei na Universidade Federal do Ceará- UFC e no Instituto
Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Ceará – IFCE, ao longo do tempo em que
cursei o curso de Agronomia e Técnico em Manutenção Automotiva, pelo apoio, reflexões,
críticas e sugestões recebidas.
A minha namorada Maíra Saldanha pelo companheirismo e apoio.
A minha família, em especial, ao meu pai Zacarias e ao meu avô Raimundo, que
me ensinaram a valorizar o estudo como forma de realização pessoal.
“O fracasso é a oportunidade de se começar de
novo inteligentemente.” Henry Ford
RESUMO

Os tratores agrícolas são classificados quanto a seu sistema de rodado que podem ser de rodas
ou esteiras. As esteiras distribuem melhor o peso do trator sobre a superfície, diminuindo a
compactação do solo e aproveitando melhor a potência derivada do motor. A adequação do
trator às condições de trabalho é essencial para melhorar seu desempenho durante a operação.
A bitola é a distância entre os centros dos rodados de um mesmo eixo e seu ajuste permite o
uso de implementos em cultivos em linha e melhora a estabilidade do trator. Atualmente,
apenas os tratores comerciais de rodas possuem mecanismos e procedimentos que
possibilitam esse ajuste. O objetivo do trabalho foi desenvolver um projeto informacional de
um mecanismo capaz de alterar a bitola do rodado de esteiras automaticamente enquanto o
trator estiver em movimento, utilizando o modelo de fases. As especificações de projeto
geradas nesse trabalho servem de base para a fase de projeto conceitual na qual a concepção
do produto é gerada.

Palavras-chave: Modelo de fases. Rodado agrícola. Adequação de máquinas.


ABSTRACT

Agricultural tractors are classified according to their locomotion system that can be wheels or
tracks. The tracks better distribute the tractor weight on the surface, reducing soil compaction
and better utilization of the power derived from the engine. The adequacy of the tractor to the
working conditions is essential to improve its performance during operation. The track width
is the distance between the centers of the wheels on the same axle and its adjustment permits
the use of implements on lined crops and improves the stability of the tractor. Currently, only
commercial wheel tractors have mechanisms and procedures that enable this setting. The
objective was to develop an informational design of a mechanism able to change the track
width of the tracks automatically while the tractor is in motion, using the phase model. The
design specifications generated in this study provides a basis for the conceptual design phase
in which the conception of the product is generated.

Keywords: Phase model. Agricultural locomotion system. Machines adequacy.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1  Ajuste do eixo telescópico dianteiro.................................................................. 18

Figura 2  Ajuste do eixo estendível dianteiro ................................................................... 19

Figura 3  Ajuste da bitola dianteira através de combinações entre aros e discos


reversíveis ........................................................................................................ 19

Figura 4  Esquema de fixação do disco da roda ao aro para ajuste da bitola traseira ...... 19

Figura 5  Ajuste da bitola no eixo .................................................................................... 20

Figura 6  Bitola servo-ajustável ........................................................................................ 20

Figura 7  Diferentes ajustes em função do espaçamento da cultura ................................. 21

Figura 8  Vista superior e vista frontal, respectivamente ................................................. 22

Figura 9  Seções horizontais, mostrando a bitola estendida e recolhida,


respectivamente ................................................................................................. 23

Figura 10  Vista superior e seções das linhas 2 2, 3 3 e 4 4 na direção dos furos .............. 24

Figura 11  Vista superior e vistas frontais mostrando o cilindro contraído e estendido,


respectivamente ............................................................................................... 24

Figura 12  Forças e momentos resultantes de uma roda flexível em superfície flexível.... 26

Figura 13  Forças e momentos resultantes de uma esteira.................................................. 26

Figura 14  Primeiro protótipo de trator de esteiras movido a vapor.................................... 28

Figura 15  Diagrama de um rodado de esteiras .................................................................. 29

Figura 16  Rodado de esteiras de borracha......................................................................... 30

Figura 17  Modelo de fases do projeto do produto.............................................................. 31

Figura 18  Projeto informacional........................................................................................ 32

Figura 19  Projeto conceitual............................................................................................... 33

Figura 20  Fases do ciclo de vida do produto e seus respectivos clientes........................... 33

Figura 21  Diagrama de Mudge empregado na valoração dos requisitos levantados......... 36

Figura 22  QFD aplicado ao estudo em questão ................................................................. 39


Figura 23  Função global do dispositivo do trabalho.......................................................... 42

Figura 24  Estrutura funcional do dispositivo..................................................................... 43

Figura 25  Concepção de um dispositivo hidráulico........................................................... 43

Figura 26  Identificação dos componentes ........................................................................ 44

Figura 27  Vistas frontais, bitola antes e depois do acionamento do dispositivo................ 44


LISTA DE QUADROS

Quadro 1  Requisitos dos clientes ao longo das fases do ciclo de vida do produto.......... 34

Quadro 2  Distribuição hierarquizada dos requisitos de cliente do projeto....................... 36

Quadro 3  Requisitos de projeto obtidos e classificados.................................................... 37

Quadro 4  Distribuição hierarquizada dos requisitos de projeto........................................ 39

Quadro 5  Especificações do projeto de acordo com hierarquização dos requisitos de


projeto................................................................................................................ 40
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
2 OBJETIVO ........................................................................................................ 15
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 16
4.1 Mecanização Agrícola........................................................................................ 16
4.2 Adequação de máquinas.................................................................................... 17
4.3 Ajustes da bitola em tratores de rodas............................................................. 18
4.4 Ajustes da bitola em rodados de esteiras......................................................... 22
4.5 Teoria da Tração................................................................................................. 25
4.6 O trator de esteiras na agricultura................................................................... 28
5 METODOLOGIA ............................................................................................. 31
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 33
6.1 Projeto informacional........................................................................................ 33
6.2 Desenho conceitual............................................................................................. 42
7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 46
14

1 INTRODUÇÃO

O setor agrícola desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do país,


gerando renda e empregos, além de sustentar a base da alimentação humana e animal. O uso
adequado de máquinas aumenta a rentabilidade da atividade agrícola, fazendo com que sua
modernização seja cada vez mais comum entre as propriedades rurais.
A mecanização agrícola aumenta a produção da propriedade e torna o trabalho no
campo menos árduo. Não há uma única máquina que consiga solucionar todos os problemas
no campo, contudo, o trator agrícola desenvolve diversas funções em uma propriedade e
traciona diversos implementos, pois, possuí regulagens que o permite executar diversas
tarefas da melhor maneira possível.
A adequação do trator permite que o mesmo realize a operação em seu ponto
ótimo, proporcionando um melhor desempenho e menor custo de operação. Nem sempre, a
máquina está na sua configuração ótima, isso depende de condições de trabalho como
velocidades, implementos e condições do solo. Um trator de esteiras não necessita de ajustes
em pressão de inflação e lastragem, entretanto, tem um vão livre baixo e a bitola fixa.
Os tratores destinados à agricultura são dotados de potência variada, podendo ser
classificados em leves, médios e pesados. Quanto ao sistema de locomoção podem ser de
rodados pneumáticas ou esteiras. Os tratores de esteiras são comumente usados em serviços
que requerem uma grande quantidade de força de tração. Esse tipo de trator possui maior
estabilidade, menor compactação do solo, maior aderência e força de tração quando
comparado ao trator de rodas, contudo, sua bitola não é ajustável, seu preço é elevado e a
manutenção do sistema de rodagem é dispendiosa.
A bitola é a distância de centro a centro dos rodados de um mesmo eixo do trator,
e deve ser ajustada para adequá-lo às linhas da cultura e aos implementos que serão usados,
além de estabilizá-lo em terrenos acidentados e facilitar o seu transporte. Os tratores de rodas
já possuem alguns sistemas de ajuste da bitola como o de aros e discos, o de eixo prolongado
e o de servo ajustável, que variam de acordo com a marca e o modelo do trator, portanto deve-
se consultar o manual do operador para o procedimento correto de regulagem. Porém, os
tratores de esteiras comerciais não possuem mecanismos de ajustes da bitola, pois, possuem
uma bitola padrão fixa, que varia com a marca e o modelo do trator.
15

2 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é desenvolver um projeto informacional de um


mecanismo de ajuste automático da bitola de um trator de esteiras que possibilite ao operador
realizar a operação sozinho, de dentro da cabine, com o trator em movimento.

3 JUSTIFICATIVA

Os tratores de esteiras não são muito populares, pois, são caros e de manutenção
dispendiosa, geralmente, são usados em operações que requerem muita força de tração, por
isso são mais comuns na construção civil e em atividades florestais, apesar de poderem ser
usados em diversas operações agrícolas. Em uma propriedade agrícola, o trator de esteiras
pode tracionar diversos implementos devido sua capacidade de tração, pois, o rodado de
esteiras proporciona um menor índice de patinação e distribui melhor o peso da máquina,
diminuindo a compactação do solo. A máquina pode ser utilizada durante todo o ano, pois,
além de realizar as operações típicas de preparo do solo, pode também ser utilizada em
serviços de lâmina como terraplanagem, construção de rodovias, desmatamento, enleiramento,
construção de drenos, diques e pequenas barragens de terra.
A adequação do trator ao implemento proporciona o consumo ideal de
combustível, diminui o desgaste das peças moveis e permite o uso de implementos em
cultivos em linha. Automatizar a adequação da bitola das esteiras do trator, tornará o
procedimento mais rápido e seguro, aumentando ainda mais a eficiência da máquina. O
operador será capaz de efetuar o ajuste sozinho, dispensando auxílio de outro funcionário.
Com o trator realizando o processo de ajuste em movimento, não há necessidade de que o
mesmo seja suspenso, diminuindo o risco de acidentes, o esforço do operador na adequação e
o tempo necessário para realiza-la. Além disso, como o ajuste pode ser realizado no campo,
não é necessário que o trator retorne ao galpão de máquinas.
O dispositivo deste trabalho será do tipo hidráulico, pois, esse tipo de sistema é o
mais comum em tratores; é possível que o dispositivo seja compatível com a bomba
hidráulica do trator; a força e velocidade dos cilindros hidráulicos são reguladas com
facilidade e precisão e os elementos do sistema são seguros contra sobrecargas.
16

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Mecanização agrícola

A agricultura é de suma importância para economia mundial, é a base da


alimentação humana e fornece matéria prima à agroindústria, à indústria química e à indústria
alimentícia (FERNANDES et al., 2008)
A produção agrícola está sujeita à periodicidade das condições do clima e das
fases de desenvolvimento da planta, portanto, é realizada em etapas cronologicamente
distintas, chamadas de operações agrícolas, que ocorrem em um sequencia ordenada, desde o
preparo do solo à colheita (PACHECO, 2000) e segundo Klaver (2013) a mecanização
agrícola está presente em todas elas.
As operações agrícolas costumavam ser realizadas predominantemente de forma
manual. Hoje, por obterem baixa capacidade operacional, são viáveis economicamente apenas
em propriedades onde há produção de subsistência. As operações agrícolas passaram a ser
mecanizadas, devido ao aumento populacional, principalmente nos centros urbanos, a
necessidade de aumentar a produção de alimentos e a redução de pessoas empregadas na
agricultura (GARCIA, 1998).
Para Balastreire (1990), o uso de máquinas para substituir ou auxiliar o trabalho
manual ou animal é considerado mecanização. Klaver (2013) define mecanização agrícola
como o uso técnico e economicamente organizado de um conjunto ou sistema de máquinas
agrícolas na execução de operações agrícolas visando o máximo desempenho útil e mínimos
custos, tempo e energia, e a considera necessária para o aumento da área cultivada e da
produtividade das culturas.
O Brasil deu início ao processo de modernização da agricultura a partir da década
de 1950 com a importação de meios de produção mais avançados. O processo se concretiza na
década de 1960, com a introdução de um setor industrial focado na produção de equipamentos
e insumos para a agricultura. A instalação da Ford, em 1959, começou a produção interna de
tratores, já que antes disso, todos os tratores eram importados. O número de tratores nas
propriedades começava a mudar os moldes de produção nacionais (TEIXEIRA, 2005).
Nos últimos tempos, a abertura de novas fronteiras agrícolas fez com que o Brasil
aumentasse o número de máquinas e implementos agrícolas no processo produtivo para elevar
a produção de grãos. Assim, anualmente, são lançados diversas máquinas e implementos de
diferentes pesos e tamanhos (SALVADOR et al., 2009). As operações nas grandes lavouras
17

dependem de máquinas, isso provoca forte influência no setor de máquinas agrícolas, gerando
impacto significativo na economia nacional. (ANFAVEA, 2011).
A indústria de tratores agrícolas forma um dos pilares da modernização do
agronegócio, pois, é uma das principais fornecedoras de bens de capital, já que os tratores são
utilizados em quase todas as atividades agrícolas (REBOUÇAS, 2013). Tratores com potência
superior a 147 kW são menos comercializados por serem destinados à agricultura de grande
escala. Tratores de 37 a 74 kW são mais vendidos por se adequarem melhor às necessidades
da maior parte dos agricultores brasileiros (RUSSINI, 2012)
Em termos de custo, a mecanização agrícola no Brasil chega a ser o segundo fator
de produção mais importante, somente menor que a posse da terra, mas, em termos de
potencial para redução de custos, pode ser considerado o fator principal. Para reduzir os
custos é necessária uma melhora na gestão dos sistemas mecanizados, já que as técnicas
administrativas clássicas só são eficazes em momentos de baixa concorrência e não atendem
mais as condições impostas pelo mercado (MILAN, 2004).

4.2 Adequação de máquinas agrícolas

Operações mecanizadas que não seguem as corretas regulagens podem causar


problemas como compactação do solo, consumo de combustível excessivo, desgaste
prematuro dos equipamentos, além de aumentar o número de horas necessárias para realizar a
operação, diminuindo a eficiência do equipamento. Grande parte das operações agrícolas,
desde o preparo do solo à colheita, podem ser mecanizadas e apresentar grande eficiência e
retorno econômico ao produtor, se bem conduzidas, para isso, é necessário que o conjunto
trator equipamento esteja bem dimensionado, proporcionando alta capacidade operacional e
baixo custo (DUARTE JÚNIOR et al., 2008).
Equipamentos agrícolas podem ter sua utilização comprometida caso não estejam
adequados às condições de trabalho. O uso racional do equipamento requer conhecimentos
como sistema de manejo do solo, características desejáveis do solo, energia consumida e
capacidade efetiva de trabalho (MANTOVANI, 1987).
Na agricultura moderna brasileira houve um aumento nos custos dos insumos, o
que pode ocasionar em redução de lucratividade. Até 40% dos custos totais de uma
propriedade agrícola estão relacionados ao uso de máquinas (MATOS, 2007), assim, se faz
necessário o planejamento da mecanização por meio do dimensionamento correto dos
equipamentos. Para isso, Mantovani et al. (1999) sugerem testar condições de trabalho
18

semelhantes às ideais para avaliar o desempenho e solucionar quaisquer problemas causados


ao solo ou às plantas. A adequação do conjunto trator implemento pode reduzir o consumo de
combustível, principal indicador técnico na avaliação do desempenho de tratores, pois,
transmite a eficiência da transformação do combustível em trabalho útil independente das
diversas variáveis existentes durante seu uso em campo (SERRANO, 2007).

4.3 Ajustes da bitola em tratores de rodas

Os tratores de roda possuem mecanismos e procedimentos para regulagem da


bitola dianteira e traseira visando a adaptação do conjunto trator implemento ao trabalho a ser
executado, os ajustes variam com o tipo de cultura, terreno, implemento e operação
(MONTEIRO; ALBIERO, 2012).
Para o ajuste da bitola do eixo dianteiro existe um eixo telescópico com furos
espaçados ao longo do eixo, para regulá-lo basta remover os parafusos e mover o eixo interno
até a posição desejada e então apertar os parafusos novamente.
Figura 1 – Ajuste do eixo telescópico dianteiro.

Fonte: GARCIA 2014


Outros tratores possuem eixos estendíveis com mais furos do que o eixo
telescópico, para regulá-lo, assim como no eixo telescópico, basta remover os parafusos e
mover o eixo até a posição desejada e então apertar os parafusos novamente na canga do eixo,
contudo, é necessário o reajuste do ângulo de convergência das rodas dianteiras e da barra de
direção.
Figura 2 – Ajuste do eixo estendível dianteiro.
19

Fonte: GARCIA 2014


É possível também alterar a bitola dianteira através da mudança na montagem do
conjunto aro pneu. Esses eixos são do tipo aro e disco reversíveis e permitem oito
combinações diferentes.
Figura 3 – Ajuste da bitola dianteira através de combinações entre aros e discos reversíveis.

Fonte: Massey Ferguson


Esse método também é utilizado no ajuste de bitolas traseiras de alguns tratores. O
ajuste se dá pelo formato de disco que a maioria das rodas dos tratores têm. A parte interna
não é alinhada à linha central do aro, então, o posicionamento da concavidade do disco regula
a bitola.
Figura 4 – Esquema de fixação do disco da roda ao aro para ajuste da bitola traseira.

Fonte: GARCIA 2014


20

Outra maneira de alterar a bitola traseira é através de cubos de travas. Estes cubos
são fixados ao eixo por meio de parafusos que ao serem desapertados permitem o movimento
da roda ao longo do eixo. Ao encontrar o ajuste desejado, basta reapertar os parafusos,
fixando novamente os cubos.
Figura 5 – Ajuste da bitola no eixo.

.
Fonte: GARCIA 2014
No sistema servo ajustável, o aro possui trilhos helicoidais em sua base que o
permite deslizar e fixar através de parafusos. Nos trilhos, há furos equidistantes representando
os valores de bitola possíveis. Para ajustar a bitola, é necessário girar o aro, no sentido horário
a bitola diminui e no anti-horário aumenta.
Figura 6 – Bitola servo-ajustável.

Fonte: GARCIA 2014


Ao ajustar a bitola deve-se ter o cuidado de se certificar que as rodas passem entre
as fileiras da cultura e que a bitola dianteira corresponda com a traseira.
Figura 7: Diferentes ajustes em função do espaçamento da cultura.
21

Fonte: TEIXEIRA 2006


Segundo Teixeira (2006), em operações de preparo do solo, quando a bitola
mínima do trator é maior que a largura de ataque do arado de aiveca, um lado do trator trafega
dentro do sulco e o outro lado sobre a porção de solo não arado. O cálculo da bitola ideal ao
se trabalhar com esse implemento se dá pela equação 1:
B = n . LA + LP (1)
Onde:
B = bitola do trator;
n = número de aivecas;
LA = largura de ataque do arado;
LP = largura do pneu.
No uso de arado de discos, a equação muda devido ao formato abaulado do disco
que causa uma folga de 10 a 15 cm entre cada pneu e o local de ataque do disco durante a
operação (TEIXEIRA, 2006).
B= n . LA + LP + 2f (2)
Onde:
B = bitola do trator;
n = número de discos;
LA = largura de ataque do arado;
LP = largura do pneu;
f = folga (10 a 15 cm).
Segundo a norma ISO, tratores agrícolas standard possuem bitolas normalizadas
de 1,50 m, 1,80 m e 2,00 m com tolerância de 2,5cm, e que pelo menos duas destas dimensões
podem ser obtidas em qualquer trator.
22

Não é comum a modificação da bitola do trator, seja pelo desconhecimento do


operador ou pela dificuldade encontradas durante o ajuste como no caso das trocas de posição
do disco e do aro. Entretanto, a adaptação da bitola às linhas de cultivo e ao tipo de
implemento é uma necessidade agrícola e atualmente, os tratores são equipados com
mecanismos mais fáceis de operar como no sistema de cubo móvel que altera a bitola no eixo
e no sistema servo ajustável (FERREIRA, 2010)

4.4 Ajustes da bitola em rodados de esteiras

Como os tratores de esteiras comerciais, atualmente, não possuem mecanismos


que tornem possível esse ajuste, foi realizada uma busca por patentes no banco de dados do
site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) utilizando as palavras “bitola” e
“esteira” nos títulos e nos resumos. Como resultado relevante apareceu a patente N° PI
9405187-9 - SISTEMA DE SUSPENSÃO PARA UM VEÍCULO DE ESTEIRA, E,
CONJUNTO DE AJUSTE DE BITOLA DE ESTEIRA PARA UM VEÍCULO DE ESTEIRA,
criada por Nagorcka e Kizlyk em 1993, contudo, não entra em conflito com a proposta deste
trabalho, pois, o trator deve estar suspenso para a realização do procedimento.
Utilizando a ferramenta de busca por patentes do google com palavras como
“gauge”, “track”, “track width” e “tracked vehicle”, foram encontradas algumas patentes com
procedimentos diferentes de ajuste da bitola de esteiras, inclusive a patente anterior, U.S. Pat.
N° 5622234 – TRACK SUSPENSION SYSTEM AND TRACK GAUGE ADJUSTMENT
ASSEMBLY.
Figura 8 – Vista superior e vista frontal, respectivamente.
23

Fonte: Google [http://www.google.com/patents/US5622234]


Outro processo de ajuste foi proposto por Potter, em 1956, movendo manualmente
eixos telescopicamente projetados para a largura desejada através de parafusos rosqueados e
travando a respectiva bitola manualmente por meio de peças de fixação dispostas
paralelamente aos eixos de suporte. Porém, esse modo manual de operar é difícil e demorado,
além disso, os elementos de acoplamento e peças intermediarias devem estar disponíveis. U.S.
Pat. N° 2763330 – LATERALLY ADJUSTABLE TREADS FOR CRAWLER CRANES.
Figura 9 – Seções horizontais, mostrando a bitola estendida e recolhida, respectivamente.

Fonte: Google [http://www.google.com/patents/US2763330]


Em 1954, Kondracki criou um dispositivo hidráulico para alterar a bitola de
veículos de esteiras, um cilindro hidráulico puxa as esteiras para perto do chassi ou as afasta
através de partes móveis guiadas telescopicamente, para travar a distância desejada é
necessário que os furos da parte fixa coincidam com os da parte móvel para que sejam
inseridos parafusos. U.S. Pat. N° 2681231 – TRACK-ADJUSTING MEANS FOR TRENCH
DIGGERS AND SIMILAR MACHINES. Além do fato de que é difícil alinhar os furos com
um dispositivo hidráulico, um segundo operador deve verificar o alinhamento, inserir e
apertar os parafusos. Os parafusos são submetidos a um estresse considerável enquanto
absorvem forças laterais durante as manobras de curvas do veículo, o que faz com que o
desgaste das peças seja inevitável.
Figura 10 – Vista superior e seções das linhas 2 2, 3 3 e 4 4 na direção dos furos.
24

Fonte: Google [http://www.google.com/patents/US2681231]


Em 1972, Althaus também criou um dispositivo hidráulico para alterar a bitola de
veículos de esteiras, longarinas fixadas as esteiras estão dentro de um eixo telescópico e ao
serem reversivelmente energizadas por um fluido podem aumentar ou diminuir a distância
entre as esteiras, uma peça cuneiforme é responsável por limitar o deslocamento transversal
das longarinas e um bloqueio é fornecido para travá-las na posição ajustada. U.S. Pat. N°
3712398 – HYDRAULICALLY OPERABLE DEVICE FOR CHANGING THE TRACK
WIDTH OF TRACK-LAYING VEHICLES. Apesar de necessitar de apenas um operador e ter
reduzido os esforços, assim como os demais procedimentos, o veículo deve estar suspenso
para que se realize o procedimento, o que o torna demorado e ainda aumenta os riscos de
ocorrer um acidente.
Figura 11 – Vista superior e vistas frontais, mostrando o cilindro contraído e estendido,
respectivamente.

Fonte: Google [http://www.google.com/patents/US3712398]


25

Nenhuma das patentes encontradas envolvendo um sistema hidráulico permitia


que o procedimento pudesse ser realizado com o veículo em movimento, o que aumenta sua
eficiência em campo. Segundo Pacheco (2000), a eficiência de uma máquina em campo pode
ser calculada através da razão entre o tempo operacional efetivo e o tempo total de campo.

(3)
Onde o tempo operacional efetivo (ToE) é o tempo necessário para que a máquina
desempenhe a função para qual foi projetada e o tempo total de campo (TtC) representa a
soma do tempo operacional efetivo com os tempos perdidos (TP).
TtC = ToE + TP (4)
Onde são considerados como Tempos perdidos, momentos em que a máquina está
em campo e não está desempenhando sua função, contudo, está sendo preparada para tal.
Alguns exemplos disso, são: embuchamentos, ajustes ou reparos em operação, obstruções no
campo, reabastecimentos (combustível, sementes, adubos, defensivos, fertilizantes),
lubrificação, descarga da colheita, manobras de cabeceira e etc.

4.5 Teoria da tração

O propósito dos tratores agrícolas é realizar trabalho de tração. O trator ideal


converte toda a energia da queima do combustível em trabalho útil na barra de tração. Na
prática, a maior parte da energia potencial é perdida no processo de conversão de energia
química em mecânica, junto com as perdas através da transmissão e do movimento do rodado
no solo (ZOZ; GRISSO, 2003).
Os mesmos autores, em seu estudo sobre tração com tratores de diferentes
rodados, estabelecem três condições teóricas de trabalho em que uma roda age sobre o solo:
roda sólida em superfície sólida, roda flexível em superfície sólida e roda flexível em
superfície flexível, sendo esta a que representa a condição real em que as máquinas agrícolas
trabalham.
Figura 12 – Forças e momentos resultantes de uma roda flexível em superfície flexível.
26

Fonte: Adaptado de Zoz e Grisso (2003)


A mecânica de um rodado de esteiras é similar ao de rodas em muitos aspectos,
mas a distribuição da carga depende dos parâmetros do veículo como o número de eixos, o
tipo de suspensão e as características da transferência de peso do veículo.
Figura 13 – Forças e momentos resultantes de uma esteira.

Fonte: Adaptado de Zoz e Grisso (2003)


Entender a mecânica da tração é fundamental para diferenciar eficiência de tração
de eficiência do trator. As forças básicas envolvidas no processo estão mostradas nas figuras
12 e 13. O torque (T) desenvolve uma tração bruta ou teórica (GT) ao entrar em contato com a
superfície, parte dessa tração é necessária para vencer a resistência ao movimento (MR). A
tração líquida ou real (NT) que a roda desenvolve pode ser representada pela diferença entre a
tração teórica e a resistência ao movimento, conforme a equação 5.
NT = GT – MR (5)
Segundo Mialhe (1980), tração é uma força proveniente da interação entre um
rodado (dispositivo de autopropulsão) e uma superfície (solo agrícola) e depende
fundamentalmente de suas características, devendo ser suficiente para vencer a resistência ao
movimento e deslocar cargas impostas à barra de tração nas velocidades de trabalho
necessárias. Ashburner e Sims (1984) citam a equação de Miclethwaite usada na teoria da
tração, apresentando o valor máximo da capacidade de tração em solos:
27

θ (6)
Onde:
= valor máximo de tração do solo;
c = coesão do solo;
A = área de contato rodado/solo;
Q = carga normal na superfície do solo;
θ = ângulo de atrito interno do solo.
Para aumentar a tração em solos arenosos deve-se aumentar o peso sobre o
dispositivo de tração e em solos argilosos aumentar a área de contato do rodado com o solo.
Solos agrícolas apresentam diversas condições superficiais e subsuperficiais, no
que diz respeito suas propriedades como textura, adensamento, umidade e presença e tipo de
cobertura. O desempenho de máquinas agrícolas reflete estas condições já que o solo agrícola
oferece pouca aderência para os rodados motrizes (FIORESE et al., 2015). Solos agrícolas
podem variar desde a areia quase pura até quantidades elevadas de argila e/ou elementos
orgânicos. Solos arenosos apresentam baixa coesão e são pouco influenciados pelo teor de
água. Solos argilosos apresentam características inversas, pois, são muito coesivos e bastante
influenciados pelo teor de água. A heterogeneidade dos solos impede que um mesmo rodado
funcione bem em todas condições de solo possíveis (MONTEIRO, 2011). Wismer e Luth
(1972) citam e a lei de Coulomb, teoria originalmente proposta por Mohr, que estabelece a
reação entre solo e rodado através da ruptura do solo por cisalhamento de acordo com a
equação 7:
(7)
Onde:
T = tensão de cisalhamento;
c = coesão do solo;
σ = tensão normal de compressão;
φ = ângulo de atrito interno.
Para solos arenosos, a valor do ângulo de atrito interno varia entre 25 e 40° e o de
coesão entre 0 e 10 kN/m². Em solos argilosos os valores de coesão estão entre 10 e 20 kN/m²
e os de ângulo de atrito interno entre 0 e 10°.
28

4. 6 O trator de esteiras na agricultura

Há vários tipos de tratores agrícolas, cada um tem sua aplicação ideal, pois,
possuem características próprias de projeto como potência, transmissão e tipo de rodado, de
modo que cada tipo de máquina pode executar um determinado serviço da melhor forma
possível. Em áreas pequenas de cultivo intenso de hortaliças é comum o uso de microtratores,
para operações que exijam até 7.000 kg na barra de tração com velocidades acima de 8 km/h
são recomendados tratores de rodas e para operações que exijam esforços superiores à 3.000
kg com velocidades até 8 km/h, tratores de esteiras são preferíveis, pois, são dimensionados
para essas exigências (PACKTER, 19--)
Um trator deve ser usado em aproximadamente 1.000 horas de trabalho por ano
para que se justifique o investimento, então, quanto mais versátil melhor, assim, o trator deve
ser ajustado ao maior número de implementos e operações possíveis. Tratores de esteiras,
além de realizarem operações comuns de tração na propriedade, podem executar serviços de
lâmina nos períodos de entressafra, trabalhando até 3.000 h/ano. Devido ao seu projeto
simples e robusto, um trator de esteiras suporta longos períodos de trabalho sem apresentar
defeitos mecânicos, apresentando vida útil de até 20.000 horas. Também possuem valor de
revenda maior que o de um trator de rodas de mesma potência (PACKTER, 19--).
Os rodados de esteiras surgiram em 1904 no Estado Unidos, Best e Rolt dois
fabricantes de ceifadeiras, projetaram um sistema de esteira de madeira em suas máquinas
movidas a vapor, era uma espécie de trilhos móveis feitos pela própria máquina,
revolucionando o modo como suas ceifadeiras se moviam sobre o solo, mesmo em condições
de terreno molhado (PACKTER, 19--).
Figura 14 – Primeiro protótipo de trator de esteiras movido a vapor.

Fonte: Caterpillar [http://www.caterpillar.com/en/company/history/1900.html]


29

Além da diferença óbvia quanto ao rodado, tratores de esteiras são diferentes de


tratores de rodas por vários motivos. São especialmente projetados para serviços pesados, seja
de tração ou lâmina, sem comprometer a vida útil da máquina. A eficiência de tração desses
tratores foi comprovada nos estudos de Zoz e Grisso (2003), ao compararem rodados de
esteiras de larguras diferentes e um rodado de pneus em três superfícies diferentes,
verificaram que quanto mais larga a esteira, maior a tração real, e que independente da largura,
as três esteiras se comportaram de maneira similar com índice de eficiência de tração
superiores à 70%.
O rodado de esteiras é basicamente constituído por rodas motrizes, um conjunto
de roletes de apoio, a esteira e uma mola para tencioná-la. As esteiras de metal são formadas
por elos de pinos e buchas dispostos transversalmente apoiados em chapas de aço, que são as
sapatas, estas são dotadas de garras que firmam o rodado no solo. Todas as peças móveis do
rodado são protegidas por um chassi, que impede materiais estranhos de sujarem ou até
mesmo danificarem o sistema. A direção do trator é determinada pela diferença de velocidade
entre as esteiras acionando a embreagem de direção.
Figura 15 – Diagrama de um rodado de esteiras: (1) Roda motriz traseira; (2) Esteira; (3)
Roletes de apoio superior; (4) Roda motriz dianteira; (5) Roletes de apoio inferior; (6) Roda
tensora; A seta indica a direção de deslocamento.

Fonte: Wikipedia [https://pt.wikipedia.org/wiki/Lagarta_(mecânica)]


As rodas motrizes são responsáveis por transferirem movimento as esteiras. Nesse
modelo, elas são montadas na parte superior, distantes da área de contato com o solo,
permitindo que sua posição permaneça fixa, impedindo que a esteira se desencaixe.
A suspenção é, geralmente, montada nos roletes de apoio inferior, fazendo com
que a esteira se molde à superfície e o operador não sinta grandes impactos durante o percurso.
Já os roletes superiores ajudam na verificação da tenção na esteira.
Há também esteiras de borracha, feitas em peça única, muito resistente, formada
por borracha e camadas de cabos de aço flexível, possuem garras semelhantes aos rodados
30

comuns de borracha o que garante ótima tração e aderência ao solo. Existem blocos guia do
tipo V no lado interno da esteira que garantem seu alinhamento durante o trabalho. São
tratores projetados para unir as vantagens das esteiras aos rodados convencionais de pneus,
podendo rodar em estradas asfaltadas com velocidades de até 30km/h com sistema de direção
diferencial e de servotransmissão de comando direto. A potência do motor varia de acordo
com o modelo. O ajuste de tenção é feito por cilindros tensionadores (PACKTER, 19--).
Figura 16 – Rodado de esteiras de borracha.

Fonte: Bercosul [http://www.bercosul.com.br/produtos/BRP/BRP.html]


O peso dos tratores de esteiras varia de 9000 à 13000 kg, o mesmo que os tratores
de rodas, a diferença é que o peso dos tratores de esteiras é distribuído em mais de um eixo,
reduzindo a compactação do solo, por ter baixo peso por eixo e grande área de contato da
máquina com o solo (PACKTER, 19--).
A modernização da agricultura intensificou o uso de máquinas, acarretando no
aumento da carga aplicada ao solo e nas alterações de suas propriedades físicas (YAVUZCAN
et al., 2005). O uso das máquinas agrícolas cria tensões nas interfases solo-rodado e solo-
implemento, tanto em superfície quanto em profundidade, afetando a compactação do solo e a
tração desenvolvida pelos rodados (HORN; LEBERT, 1994). A pressão causada por uma
máquina agrícola depende de seu peso total, da área de contato dos seus rodados, do número
de eixos e das propriedades físicas do solo.
A compactação do solo é a agregação forçada de suas partículas, reduzindo o
volume ocupado por elas. Em um solo compactado pode ser constatado aumento de sua
densidade natural e da resistência mecânica ao crescimento das raízes, além da redução do
volume de macroporos, da infiltração e dos movimentos internos de água e oxigênio. A
intensidade de compactação depende das propriedades físicas do solo, pressão exercida pelos
rodados do trator, cargas, tipo de equipamentos e frequência de tráfego de máquinas (SEIXAS,
1988)
31

5 METODOLOGIA

Foi utilizado o modelo de fases para sistematizar o processo de planejamento de


projeto do produto, também conhecido como modelo consensual é formado por três etapas:
Projeto Informacional, Projeto Conceitual e Projeto Detalhado. Nesse modelo, cada etapa gera
um resultado que é usado na etapa seguinte, criando um fluxo de informação.
(FORCELLINI,2003). Este trabalho só irá se estender até a 1° fase a de projeto informacional.
Primeiramente, obteve-se uma descrição clara do problema, pois, é dele que parte
a necessidade de desenvolver um novo produto (FORCELLINI, 2003). Na busca pela solução
do problema, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas áreas de máquinas agrícolas,
projeto de produtos (PDP) e desenvolvimento de projetos, várias ideias foram geradas até a
formação da ideia do produto. Os requisitos do cliente e de projeto foram criados e
hierarquizados para suprir atributos como segurança, economia e eficiência da melhor forma
possível. Com as especificações formadas, foi feita a análise de sistema técnicos conhecidos
proposta por Pahl (2005) visando a concepção do leiaute.
Figura 17 – Modelo de fases do projeto do produto.

Fonte: Adaptado de Forcellini (2003).

5.1 Projeto Informacional

Nesta fase, são coletadas todas as informações inerentes ao problema afim de criar
e hierarquizar os requisitos do projeto, gerando as especificações que o projeto deve possuir e
auxiliando na avaliação de viabilidade.
Figura 18 – Projeto informacional
32

Fonte: Adaptado de Forcellini (2003).


Pesquisando informações técnicas sobre adequação de máquinas, regulagem de
bitola, comercialização e uso de tratores de esteiras, possibilita a identificação de possíveis
soluções para o produto. Para a identificação dos clientes, é estabelecido um ciclo de vida do
produto que revela as pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em cada fase do projeto desde o
desenvolvimento do projeto ao uso.
Com os clientes estabelecidos, é possível estimar as necessidades de cada um e
estabelecer os requisitos dos clientes. Estes devem ser traduzidos em frases curtas com verbos
e substantivos chaves que designam uma determinada função a ser desempenhada.
Os requisitos de projeto são estabelecidos em função dos requisitos dos clientes
que geralmente não são mensuráveis, assim, pode-se obter as definições físicas do produto,
estas seguem atributos como segurança, eficiência e economia.
As especificações do projeto são geradas com base na lista hierarquizada dos
requisitos. Esta é obtida através de um método baseado no QFD – Quality Function
Deployment, mais conhecido como Casa da Qualidade. Esse processo permite verificar a
interação entre os requisitos dos clientes e os requisitos do projeto, quantificando
características prioritárias que o produto deve apresentar na etapa de concepção de projeto.
Na fase seguinte, as especificações do projeto são avaliadas afim estabelecer uma
estrutura funcional ao produto, assim, é possível pesquisar por princípios de solução,
combiná-los e desenvolver uma concepção para o produto.
Figura 19 – Projeto conceitual
33

Fonte: Adaptado de Forcellini (2003).

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Projeto Informacional

Na etapa em que se pesquisa informações sobre o tema do projeto pode-se


estabelecer o ciclo de vida do produto e quem são os respectivos clientes. Em busca de
produtos similares foram encontradas algumas patentes relacionadas ao tema do projeto. Esta
etapa foi contemplada na revisão bibliográfica.
As etapas seguintes do projeto informacional são identificar as necessidades e
estabelecer os requisitos dos clientes, para isso, foi analisado o ciclo de vida do produto
desde o planejamento ao descarte afim de reconhecer os clientes de cada fase do ciclo de vida.
Figura 20 – Fases do ciclo de vida do produto e seus respectivos clientes.

Fonte: Adaptado de Oldoni (2012)


34

Usando brainstorming, foi possível estimar uma série de necessidades dos clientes
ao longo do ciclo de vida do produto. Essas necessidades foram transformadas em requisitos,
formando frases curtas com os verbos ser, ter, estar ou outro verbo que represente bem a
função a ser desempenhada, seguido de um ou mais substantivos, como proposto por Fonseca
(2000).
Quadro 1 – Requisitos dos clientes ao longo das fases do ciclo de vida do produto.
Prováveis Clientes Requisitos dos clientes
1. Ter capacidade operacional adequada
Equipe de projeto 2. Ter controle manual do sistema
3. Ter vida útil longa
4. Ter fabricação de baixo custo
Indústrias, 5. Ter montagem simples
Engenheiros e 6. Ser desacoplável
Técnicos 7. Ter baixo peso
8. Ter poucos componentes
9. Otimizar espaço
Marketistas,
10. Ser de fácil revenda
concessionárias e
11. Ter peças de reparo padrão
vendedores
12. Ter reparo simples
13. Ter bom custo x benefício
14. Ser fácil de usar
15. Ter regulagem rápida
16. Operar sem auxílios
Usuário
17. Operar sem esforço
18. Possibilitar multicultivos
19. Ser seguro
20. Ter manutenção facilitada
Fonte: Autor
Segue um melhor esclarecimento sobre cada um dos requisitos levantados:
-Ter capacidade operacional adequada: amplitude e velocidade de variação da
bitola que atenda às necessidades exigidas, aumentar a eficiência das operações no campo;
-Ter controle manual do sistema: uma alavanca de comando graduada que
permita ao usuário uma regulagem controlada em tempo real de funcionamento e que o
permita intervir quando existir problemas ou funcionamento inesperado, evitando assim
acidentes;
-Ter vida útil longa: o dispositivo deve apresentar boa resistência, possibilitando
sua utilização por um longo período sem manutenções corretivas no equipamento;
-Ter fabricação de baixo custo: obter o máximo de aproveitamento das linhas de
montagem de tratores nas fábricas, viabilizar a fabricação das peças que compõem o
dispositivo;
35

-Ter montagem simples: poucas peças, engates simples e poucas ferramentas


envolvidas;
-Ser desacoplável: possibilitando que o dispositivo seja vendido como opcional e
que o usuário possa adquiri-lo depois;
-Ter baixo peso: a massa total do dispositivo deve ser compatível com qualquer
trator de esteiras sem alterar sua performance ou consumo;
-Ter poucos componentes: dispositivo simples, fácil de fazer manutenção e
reparo;
-Otimizar espaço: os tratores equipados com este dispositivo, se regulados para a
bitola mínima podem ocupar menos espaço nos meios de transporte, no pátio das
concessionárias e nos galpões das fazendas;
-Ser de fácil revenda: alta rotatividade do dispositivo no mercado;
-Ter peças de reparo padrão: proporcionar aos usuários peças de reparo de fácil
aquisição no mercado e de baixo custo;
-Ter reparo simples: em caso de substituição de peças, que essas sejam de fácil
engate e que não haja necessidade de ferramentas especiais ou de alto grau de instrução e
tecnificação;
-Ter bom custo x benefício: o preço final do produto deve ser compatível com a
capacidade operacional, viabilizando sua aquisição;
-Ser fácil de usar: o manuseio do equipamento deve ser intuitivo,
proporcionando facilidade na execução das regulagens, além disso, deve apresentar manual
técnico de linguagem simples contendo todas as informações sobre operação e manutenção do
dispositivo;
-Ter regulagem rápida: apresentar resposta rápida ao comando do operador;
-Operar sem auxílios: possibilitar a execução das regulagens da bitola sem
auxílio de outros funcionários, nem de ferramentas especiais ou peças extras;
-Operar sem esforço: possibilitar a regulagem da bitola com o trator em
movimento, sem precisar sair da cabine, parar a operação ou levantar o trator, aumentado o
rendimento do funcionário;
-Possibilitar multicultivos: as diferentes regulagens da bitola proporcionam
atividades em culturas de espaçamentos diferentes na mesma propriedade;
-Ser seguro: proporcionar postura adequada ao usuário durante a sua utilização,
respeitando aspectos ergonômicos, proteção adequada dos componentes que ofereçam risco
durante a utilização ou manutenção;
36

-Ter manutenção facilitada: facilitar o desacoplamento, montagem e


desmontagem do dispositivo, sem a necessidade de um grande número de ferramentas ou de
ferramentas especiais;
Após expressar as expectativas dos clientes em linguagem de engenharia,
revelando prováveis funções do produto, os requisitos de clientes passam a ser valorados e
hierarquizados usando como base o diagrama de Mudge, este consiste na comparação
continua de um requisito com os demais listados, sempre comparando em pares e atribuindo
níveis de importância, o valor relativo do requisito é o somatório dos níveis de importância,
como mostra a Figura 20.
Figura 21 – Diagrama de Mudge empregado na valoração dos requisitos levantados.

Fonte: Autor
Verificou-se que o requisito “Ser seguro” obteve maior pontuação, se mostrando
como requisito de maior relevância para o cliente, seguido pelos requisitos “Possibilitar
multicultivos” e “Ser de fácil revenda”, como mostra o quadro 2.
Quadro 2 – Distribuição hierarquizada dos requisitos de cliente do projeto.
Posição Requisito Soma % Classe
1° 19. Ser seguro 51 12,00 9
2° 18. Possibilitar multicultivos 45 10,59 8
3° 10. Ser de fácil revenda 35 8,24 6
4° 1. Ter capacidade operacional adequada 34 8,00 6
5° 17. Operar sem esforço 34 8,00 6
6° 13. Ter bom custo x benefício 33 7,76 5
7° 14. Ser fácil de usar 29 6,82 4
37

8° 2. Ter controle manual do sistema 23 5,41 3


9° 16. Operar sem auxilios 23 5,41 3
10° 4. Ter fabricação de baixo custo 20 4,71 3
11° 15. Ter regulagem rápida 18 4,24 2
12° 3. Ter vida útil longa 13 3,06 1
13° 20. Ter manutenção facilitada 12 2,82 1
14° 6. Ser desacoplável 10 2,35 1
15° 7. Ter baixo peso 10 2,35 1
16° 12. Ter reparo simples 10 2,35 1
17° 5. Ter montagem simples 9 2,12 1
18° 8. Ter poucos componentes 8 1,88 1
19° 11. Ter peças de reparo padrão 8 1,88 1
20° 9. Otimizar espaço 0 0,00 1
Fonte: Autor
Apesar do requisito “Otimizar espaço” não ter recebido pontuação em relação aos
outros, ainda representa uma necessidade ao longo do ciclo de vida do produto, por isso, não
foi removido e foi adicionado a classe 1.
Com os requisitos dos clientes estabelecidos e hierarquizados, faz-se a conversão
em requisitos do projeto, para isso, foi utilizado o quadro de atributos proposto por Fonseca
(2000) como base para a conversão. Nesse quadro, os requisitos de projeto são desdobrados a
partir dos requisitos dos clientes seguindo a classificação por atributos, além disso, foram
adicionados outros requisitos técnicos que também atribuem características ao produto
somando 26 requisitos de projeto contra 20 requisitos de clientes, como mostra o quadro 3.
Quadro 3 – Requisitos de projeto obtidos e classificados.
Número de funcionários (n°)
Funcionamento Precisão na regulagem (%)
Duração da regulagem (s)
Custo de produção (R$)
Econômico Custo de manutenção (R$)
Atributos Custo de operação (R$)
básicos Segurança Baixo risco de acidentes (%)
Confiabilidade Vida útil longa (h)
Atributos Ergonômico Duração de (des) acoplamento (min)
Gerais Legal, Patentes, Da normalização, Do impacto ambiental,
Da modularidade, Estético
Processo de fabricação usual (%)
Fabricabilidade
Tempo de fabricação (h)
Atributos Mantenabilidade Duração de manutenção e limpeza (h)
do ciclo de Intervalo entre manutenções (h)
vida Armazenabilidade
Espaço ocupado (m²)
Transportabilidade
Comerciabilidade Número de equipamentos vendidos
38

(n°)
Tempo gasto para realizar a operações
Usabilidade
(s)
Montabilidade Tempo de montagem (h)
Embalabilidade, Reciclabilidade
Bitola máxima (cm)
Geométricos
Bitola mínima (cm)
Atributos Materiais padronizados (%)
Material
materiais Materiais de fácil aquisição (%)
Peso Baixo peso (Kg)
Atributos Cor
Específicos Cinemática Velocidade de trabalho (Km/h)
Atributos Força Força de acionamento do pistão (N)
Energéticos Tipo de energia Hidráulica (W)
Fluxo
Atributos Controle Variação de regulagens (n°)
de controle Estabilidade, Sinais

Fonte: Adaptado de Fonseca (2000)


Para saber que características o desenho deve ter, e estudar sua viabilidade, foi
utilizado um método baseado no QFD – Quality Function Deployment, mais conhecido como
Casa da Qualidade. Esse processo permite verificar a interação entre os requisitos desejados
pelos clientes e as qualidades que o produto em projeto pode vir a oferecer, quantificando
características prioritárias e dando diretrizes ao projeto. Para isso, foram utilizados os níveis
de importância para o usuário com base nas classes da hierarquização obtida através do
diagrama de Mudge, os níveis de interação entre os requisitos do usuário e do projeto podem
ser forte, médio ou fraco representado pelos valores 5, 3 e 1 respectivamente.
Figura 22 – QFD aplicado ao estudo em questão.
39

Requisitos de Projeto

Km/h
Unid.

min

cm
cm
R$
R$
R$

Kg


W
%

%
%

N
h

h
h
h

h
h
s

Temp. gasto p/ realizar a ope.


Intervalo entre manutenções

Materiais de fácil aquisição


Dur. de (des) acoplamento

Dur. de manut. e limpeza


IMPORTANCIA
Número de funcionários

Processo de fabri. usual

Materiais padronizados

Velocidade de trabalho

Variação de regulagens
Baixo risco de acidente
Precisão na regulagem
Duração da regulagem

Força de acionamento
Custo de Manutenção

N° de equip. vendidos

Tempo de montagem
Tempo de fabricação
Custo de Operação
Custo de Produção

Espaço ocupado

Bitola máxima
Vida útil longa

Bitola mínima

Baixo peso

Hidráulica
Ter cap. ope. adequada 6 3 3 3 3 3 5 1 1 5 3 3 3
Ter contr. man. do sistema 3 3 3 3 5 1 1 1
Ter vida útil longa 1 5 1 1 1 1
Ter fabricação de baixo custo 3 5 3 1
Requisitos dos Clientes

Ter montagem simples 1 5 3 3


Ser desacoplável 1 5 1
Ter baixo peso 1 5 3 3
Ter poucos componentes 1 3 1 3 5 5 5 3 3
Otimizar espaço 1 5 3
Ser de fácil revenda 6 5 3
Ter peças de rep. padrão 1 3 3 1 5 3
Ter reparo simples 1 5 1 5 5 1 3 3
Ter bom custo x benefício 5 1 3 5 5 3 3 3 1 3 5 1 1 1 3 3 3 3
Ser fácil de usar 4 3 3 3 1 5 1 3
Ter reg. rápida 2 1 5 3 5 3
Operar s/ auxilios 3 5 3 3 5
Operar s/ esforço 6 3 3 3 3 5 1 3 3
Possibilitar multicultivos 8 3 3 3 3 3 1 5
Ser seguro 9 3 5 3
Ter manut. facilitada 1 3 5 1 1 3 5 5 3 3
62 38 73 15 41 95 80 51 8 13 9 34 26 10 49 93 16 29 29 22 48 12 49 60 29 79

Fonte: Autor
Verificou-se que o requisito de projeto mais significante foi “Custo de operação”,
seguido por “Tempo gasto para realizar operações” e “Baixo risco de acidentes”, todos os três
envolvendo a forma como se opera o mecanismo que altera a bitola, esperando que seja de
custos menores, rápido e seguro, condizendo com a proposta deste trabalho. Os requisitos
ficaram ranqueados e divididos em três partes, o terço superior contendo os requisitos de
maior importância ao projeto, o terço intermediário e o terço inferior com os requisitos de
menor importância, como mostra o quadro 4.
Quadro 4 – Distribuição hierarquizada dos requisitos de projeto.
Posição Requisito de Projeto Soma
1° Custo de Operação 95
2° Tempo gasto para realizar operações 93
Terço superior

3° Baixo risco de acidentes 80


4° Variação de regulagens 79
5° Duração da regulagem 73
6° Número de funcionários 62
7° Força de acionamento do pistão 60
8° Vida útil longa 51
40

9° N° de equipamentos vendidos 49
10° Velocidade de trabalho 49

Terço intermediário
11° Materiais de fácil aquisição 48
12° Custo de Manutenção 41
13° Precisão na regulagem 38
14° Duração de manutenção e limpeza 34
15° Bitola máxima 29
16° Bitola mínima 29
17° Hidráulica 29
18° Intervalo entre manutenções 26
19° Materiais padronizados 22
Terço inferior

20° Tempo de montagem 16


21° Custo de Produção 15
22° Processo de fabricação usual 13
23° Baixo peso 12
24° Espaço ocupado 10
25° Tempo de fabricação 9
26° Duração de (des) acoplamento 8
Fonte: Autor
No quadro 5, foram definidas metas, formas de avaliação e aspectos indesejados
com base nas informações adquiridas ao longo da coleta de informações sobre o tema, passo
inicial do processo.
Quadro 5 – Especificações do projeto de acordo com hierarquização dos requisitos de projeto.
REQUISITO VALOR FORMA DE
ASPECTOS INDESEJADOS
DE PROJETO META AVALIAÇÃO
< 200,00 Aumento das horas de trabalho, mais
Custo de Operação Teste em campo
R$/h funcionários
Comprometer o rendimento
Tempo gasto em
< 1 h/ha Teste em campo operacional, interferir o funcionamento
operações
da máquina
Ocorrência de acidentes envolvendo o
Baixo risco de
<5% Teste em campo dispositivo em funcionamento ou
acidente
manutenção
Variação de Contagem em Aumento no custo de fabricação,
>3
regulagens laboratório comprometer o funcionamento
Duração da Cronometragem em Comprometer o rendimento
< 1 min
regulagem laboratório operacional, regulagem demorada
Número de
1 Teste em campo Aumento no número de funcionários
funcionários
Força de Alterar as dimensões dos componentes,
< 3 kN Teste em laboratório
acionamento aumentar os custos de fabricação
Análise de vida útil dos Uso de materiais comuns e processos
Vida útil longa > 10 anos
componentes convencionais de fabricação
41

N° de
Contagem dos
equipamentos 20/mês Baixo índice de vendas
equipamentos vendidos
vendidos
Comprometer o rendimento
Velocidade de
> 5 Km/h Teste em campo operacional, interferir o funcionamento
trabalho
da máquina
Dificuldades em achar peças
Materiais de fácil
> 90 % Teste em campo compatíveis com dispositivo em lojas
aquisição
do ramo
<
Custo de Danificar a máquina, reposição de
1000,00 Teste em campo
Manutenção peças
R$/ano
Precisão na Danificar linhas de culturas, baixar o
2,5 cm Teste em campo
regulagem rendimento da máquina
Duração de
Cronometragem em Durabilidade reduzida por desgaste,
manutenção e <2h
laboratório tempo de manutenção elevado
limpeza
Determinação em
Bitola máxima 2,0 m Não atender ao espaçamento da cultura
laboratório
Determinação em
Bitola mínima 1,5 m Não atender ao espaçamento da cultura
laboratório
Comprometer o rendimento
Hidráulica < 25 W Teste em laboratório operacional, não atender as
especificações de projeto
Intervalo entre Desgaste precoce dos materiais,
200 h Teste em campo
manutenções substituição de componentes
Materiais Contagem em Materiais não correspondentes ao
> 80 %
padronizados laboratório padrão do dispositivo
Tempo de Cronometragem na Dificuldades em montar o dispositivo,
<1h
montagem indústria usar ferramentas especiais ou incomuns
< Soma dos valores gastos Comprometer o desempenho, redução
Custo de Produção 5.000,00 com processos, projeto, dos componentes e da qualidade dos
R$ mão de obra e insumos materiais.
Processo de Limitação do uso de processos com
> 80 % Contagem na indústria
fabricação usual soluções inovadoras
Superdimensionamento dos
Determinação em
Baixo peso < 250 kg componentes, comprometer o
laboratório
desempenho da máquina
Ocupar muito espaço, não passar em
Espaço ocupado <3 m² Medição em laboratório
lugares estreitos
Tempo de Cronometragem na Elevado tempo de fabricação, aumento
<5h
fabricação indústria do custo de produção
Dificuldades durante o (des)
Duração de (des) Cronometragem em
< 30 min acoplamento, uso de muitas
acoplamento laboratório
ferramentas
Fonte: Autor
As especificações do projeto são o produto final da fase de projeto informacional
que serve de base para a fase de projeto conceitual, elas dão origem às primeiras formas
42

físicas do produto. Se necessário, nas fases seguintes, os valores podem ser modificados para
melhor atenderem as necessidades dos clientes.

6.2 Desenho conceitual

Uma função expressa o fluxo de energia, material e sinal de um sistema que


desempenha uma tarefa. A função global representa a solução principal do problema, que
neste trabalho foi “regular/travar a bitola desejada”, a figura 23 mostra a entrada do
dispositivo, transformação e entrega dos resultados ao usuário e ao meio ambiente.
Figura 23 – Função global do dispositivo do trabalho.

Fonte: Autor
Com a função global bem definida, é estabelecida a estrutura funcional, onde
são criadas funções parciais que representam a função global em etapas, dividindo as tarefas
realizadas pelo dispositivo e facilitando a busca por princípios de soluções.
Figura 24 – Estrutura funcional do dispositivo.
43

Fonte: Autor
Após a definição da estrutura funcional, são pesquisados princípios de soluções
capazes de solucionar as funções parciais da melhor forma possível, a combinação desses
princípios desenvolve uma série de concepções, aquela que melhor se adequar às
especificações do projeto é selecionada.
Com a ajuda do software SolidWorks, foi desenvolvido um modelo simplificado
em 3D de um conceito que atenda às especificações do projeto criadas na fase de projeto
informacional.
Figura 25 – Concepção de um dispositivo hidráulico.

Fonte: BEZERRA 2015


Os pistões hidráulicos, de dupla ação, imprimem força suficiente para
empurrar/puxar as esteiras, em movimento, ao acionamento de uma alavanca de controle
disposta ao usuário na cabine, a mesma controla a velocidade do ajuste e o travamento na
posição desejada. Uma chapa metálica transfere a força dos pistões às esteiras sem causar
44

danos ao seu funcionamento. As longarinas acompanham o movimento dos pistões e mantem


a estrutura de apoio em equilíbrio. A estrutura de apoio é a base do trator. A disposição dos
componentes se encontram na figura 26. A figura 27 mostra a diferença de bitolas depois de
acionado o dispositivo.
Figura 26 – Identificação dos componentes: 1- Esteiras; 2- pistões hidráulicos; 3- longarinas;
4- Estrutura de apoio.

Fonte: Adaptado de Bezerra (2015)


Figura 27 – Vistas frontais, bitola antes e depois do acionamento do dispositivo.

Fonte: BEZERRA 2015


45

7 CONCLUSÃO

Com base na metodologia utilizada, foi possível desenvolver o projeto


informacional de um dispositivo hidráulico capaz de regular a bitola do rodado de esteiras de
um trator em movimento, de forma rápida e segura.
As especificações criadas neste trabalho servem de base para uma concepção que
atenda às necessidades dos clientes. A redução do tempo perdido em operações proporciona
um aumento da eficiência da máquina em campo, refletindo positivamente nos custos da
mecanização na propriedade.
Além disso, o trabalho serve como material teórico para pesquisas futuras em
aumento de eficiência em máquinas agrícolas.
46

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