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QUEBRANDO O SILÊNCIO 2022 by Sara

Existe um provérbio Chinês que diz: “antes de começar o trabalho de


mudar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa”.
Uma jovem japonesa foi passar as festividades de Natal e Ano Novo na casa
de uma senhora cristã. No final daqueles dias, ao despedir-se da jovem, a senhora
lhe perguntou se havia apreciado a maneira como eles viviam no mundo ocidental.
A jovem respondeu: gostei muito! Sua casa é muito bonita, mas há uma coisa
que senti falta e fez sua casa parecer um pouco estranha. Fui com a senhora à
igreja e a vi adorar seu Deus lá; mas senti falta desse Deus em sua casa. E a jovem
continuou dizendo: Como a senhora sabe, no oriente nós temos um nicho para
nossos deuses em cada casa, e os deuses estão sempre conosco. A senhora não
costuma adorar seu Deus em seu lar com sua família?
No mundo em que vivemos, enfrentamos grandes desafios em nossos
relacionamentos familiares e afetivos. Isso porque a luta diária pela sobrevivência e
as demandas cada vez maiores para a satisfação dos desejos têm provocado um
forte impacto nas emoções e comportamento das pessoas.
É por isso que o lar precisa ser um lugar de refúgio e não um campo de
batalha.
Uma pergunta que precisamos responder todos os dias é a seguinte: O que
posso e devo fazer para manter meu lar como um lugar de refúgio? O Apóstolo
Paulo nos dá a resposta. “(...) acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o
vínculo da perfeição” (Colossenses 3:14).
O amor é uma lente que nos permite ver as pessoas muito além de seus
valores físicos, materiais ou até mesmo profissionais.
Quando essa lente está desfocada e adotamos como base de sustentação de
nossos relacionamentos, o físico, o material e até mesmo o profissional, adotamos
um caminho perigoso e desastroso. Isso porque hoje eu posso ter bens e amanhã
posso perdê-los! Hoje eu posso ter beleza física, mas quem garante que ela se
eternizará? Hoje eu posso ser uma pessoa profissionalmente bem-sucedida, mas
quem me garante que amanhã serei?
Relacionamentos que colocam essas coisas em primeiro lugar dificilmente se
sustentam. Ann Landers escreveu: “Se houver amor em sua vida, isso pode
compensar muitas coisas que lhe fazem falta. Caso contrário, não importa o
quanto tiver, nunca será o suficiente”.
É por isso que o apóstolo Paulo escreve: “Acima de tudo isto, porém,
esteja o amor[...]”. Existem muitas razões para Paulo dizer isso, mas vamos
considerar apenas três razões importantes:
1. QUEM AMA CUIDA, NÃO MALTRATA!
Não podemos nos esquecer de que a saúde emocional, física e espiritual
daqueles que estão ao nosso redor está intimamente ligada ao cuidado que temos
para com eles.
A vida se desenvolve com o suprimento das necessidades básicas, como
alimentação, moradia, roupas e outros, e com a manutenção da convivência em
grupos sociais, nos contextos coletivos, como família, trabalho, escola e igreja. No
entanto, como explica o psicólogo Maslow, temos outras necessidades a serem
supridas que são em geral negligenciadas. Os pais priorizam as necessidades
físicas, por serem visíveis, e por diversas vezes negligenciam as outras
necessidades: atitudes emocionais e sociais que podem ser traduzidas em ações de
amor.
Priorizamos as necessidades fisiológicas. Negligenciamos as outras
necessidades que podem ser resumidas em atos de amor. O psicólogo Augusto
Cesar Maia, em seu livro sobre relacionamento familiar, explica o que acontece
quando negligenciamos os atos de amor: “A privação de amor cria um vácuo no
qual a depressão, alienação, e mesmo a revolta podem achar lugar no coração
dessas crianças. Quando crescem, com muita frequência, formam estruturas
patológicas de caráter” (Relacionamento familiar, p. 92)
As crianças aprendem por imitação e observação, e alguns comportamentos
nos adultos são vistos em crianças provocando reações diversas. Crianças que
convivem com pais agressivos, alcoólatras, indiferentes e com outras patologias no
caráter tendem a reproduzir esses comportamentos na fase adulta.
Portanto, os comportamentos são aprendidos na primeira infância e são
repetidos ao longo das gerações. Assim explica o texto bíblico em Êxodo 20:5, 6:
“Porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos
pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me
desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e
guardam os meus mandamentos” (NVI).
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na
disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6:4). A disciplina é
fundamental no desenvolvimento moral, social e espiritual da criança. Porém,
disciplina é bem diferente de violência, seja verbal seja física.
2. QUEM AMA RESPEITA, NÃO AGRIDE!
O respeito para com as pessoas é um sinal de respeito para comigo mesmo.
Quando respeito o outro, eu demonstro que sou digno de ser respeitado.
O respeito me leva a tratar a outra pessoa com honra e dignidade. “Tratai
todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1 Pedro 2:17). O
respeito é uma consequência do amor.
Eu demonstro respeito a uma pessoa quando:
 Dou atenção ao que ela está dizendo;
 Promovo o diálogo, sem precisarmos alterar a voz para ser ouvido (evite
querer ser o único que fala num relacionamento familiar);
 Eu cumpro as promessas feitas;
 Eu aceito as diferenças que existem entre nós;
 Eu respeito a individualidade do outro. Não posso me esquecer de que
individualidade não significa independência;
 Eu reconheço suas qualidades e as reforço e minimizo suas fraquezas.
Respeito não significa:
 Sempre concordar com a outra pessoa;
 Aceitar tudo o que ela faz;
 Submeter-se a coisas erradas que ela pratica.
Agressões verbais repetitivas são comuns nas famílias na atualidade;
apelidos, zombaria e desrespeito produzem sequelas significativas nas vítimas.
Infelizmente, os efeitos dessa rotina de violência só são percebidos quando quadros
de ansiedade, depressão, transtornos psicológicos, dependência de drogas e até
mesmo suicídio se revelam.
Uma pesquisa recente, realizada em 2021 pelo DataSenado, aponta um
aumento na percepção das mulheres sobre a ocorrência da violência doméstica.
Pois, 86% das entrevistadas declararam que de sua perspectiva a violência contra
mulher cresceu em 2021.
Além disso, 71% das mulheres entrevistadas nessa pesquisa afirmam que o
Brasil é um país muito machista. E 68% conhecem no mínimo uma mulher que foi,
ou é, vítima de violência doméstica.
Já o número de mulheres que declarou já ter sido agredida por um homem,
entre as mulheres ouvidas, é de 27%. E o DataSenado também aponta que 18%
das mulheres agredidas possuem convivência diária com o agressor.
O DataSenado realiza sua pesquisa sobre o índice de violência doméstica no
Brasil todos os anos, desde o ano de 2005. Portanto, fornece estatísticas
atualizadas sobre o tema anualmente.
A violência nestes relacionamentos denominada como “violência doméstica”
é apenas a agressão? Não, ela abrange várias formas de desrespeito conjugal.
O Artigo 5.º da Lei 11.340, Lei Maria da Penha, define a violência doméstica
como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
Nossos relacionamentos seriam bem melhores e mais duradouros se
simplesmente aplicássemos a eles a regra áurea: Não farei com meu próximo aquilo
que não gostaria que fizessem comigo.
3. QUEM AMA PERDOA, NÃO PUNE!
Colossenses 3:13: “Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns
aos outros, caso alguém tenha alguma queixa contra outra pessoa. Assim como o
Senhor perdoou vocês, perdoem uns aos outros.”
A convivência sempre traz desgastes. Parece incrível, mas as pessoas que
muitas vezes mais magoamos são aquelas que dizemos que amamos. Perdoar é
uma escolha que precisamos fazer todos os dias, porque sempre haverá
decepções, mal-entendidos e mágoas.
Porém, a falta de perdão é assassina. Mata nossos relacionamentos, mata a
saúde, mata a alegria e ainda nos impede de caminhar perto de Deus.
O perdão é um dom de Deus para nossa vida. “‘Se, porém, não perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas
ofensas.’ Mat. 6:15. Nada pode justificar o espírito irreconciliável. Aquele que
não é misericordioso para com os outros, mostra não ser participante da
graça perdoadora de Deus. No perdão de Deus, o coração do perdido é atraído
ao grande coração do Infinito Amor. A torrente da compaixão divina derrama-
se no espírito do pecador e, dele, na de outros. A benignidade e misericórdia
que em Sua própria vida preciosa Cristo revelou, serão vistas também
naqueles que se tornam participantes de Sua graça. ‘Mas, se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.’ Rom. 8:9. Está alienado de Deus e
apto unicamente para a eterna separação dEle” (Parábolas de Jesus, p. 129).
Quando Jesus é chamado para ser a prioridade em nossa vida, tudo se
transforma. Ele é quem nos ensina a amar e perdoar. Os relacionamentos são
restaurados por Ele, e somente Ele nos conduz em um relacionamento saudável, ou
nos orienta quanto à possibilidade de deixarmos um relacionamento doentio. Ele
nos perdoa e nos ensina a perdoar, nos ensina a crer no recomeço. Ele renova
nossas forças e nos fortalece. Não somos vítimas, mas vencedores! As vítimas não
devem continuar vítimas. Elas podem recorrer ao Senhor para sentir o rio da graça e
da água da vida banhando sua história de poder e transformação. “Pedi e dar-se-
vos-á; buscai e encontrareis…” (Mt 7:7)
CONCLUSÃO
Somos frágeis nas áreas física, material, emocional e espiritual. Precisamos ser
fortalecidos para não nos machucarmos tanto. Quando sofremos abusos,
precisamos ser fortalecidos. A promessa bíblica diz em 1 Pedro 5:10, 11: “Ora, o
Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou a sua eterna glória, depois de
terdes sofrido por um pouco, Ele mesmo vos há de aperfeiçoar (o termo dá a
ideia de consertar peças fracas ou quebradas), firmar (tornar firme, sólido
como granito, rijo como fibras, forte como aço temperado), fortificar (remover
flacidez, trocar a fragilidade pela estabilidade) e fundamentar (é a ideia de
lançar um alicerce). A Ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos”.
Jesus Se tornou frágil, sofreu abusos físicos, psicológicos, foi negligenciado e
rejeitado, quebrou o silêncio das mazelas deste mundo pecaminoso com o grito de
restauração das famílias por meio da cruz. Não respondeu aos xingamentos nem
revidou aos abusos sofridos; permitiu-Se ser vítima para vencer o pecado e fazer
das vítimas deste mundo vencedoras, pois Ele venceu e nos restaurou por meio da
cruz.

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