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ENTRE O ESTADO E O NÔMADE: A PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO DE PARTILHA


COMO POSSIBILIDADE DE ALISAMENTO DE ESPAÇOS ESCOLARES ESTRIADOS.

Article · September 2020

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1 57

2 authors:

Paola Amaris-Ruidiaz Roger Miarka


Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia São Paulo State University
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ENTRE O ESTADO E O NÔMADE: A PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO DE PARTILHA
COMO POSSIBILIDADE DE ALISAMENTO DE ESPAÇOS ESCOLARES ESTRIADOS

ENTRE EL ESTADO Y EL NÓMADA: LA PRODUCCIÓN DE UN ESPACIO DE


ENCUENTRO COMO POSIBILIDADE DE ALISAMIENTO DE ESPACIOS
ESCOLARES ESTRIADOS

Paola Amaris-Ruidiaz1
Roger Miarka2

Resumo: Produzem-se uma lógica neoliberal que pode ser compreendida dentro das relações de
poder e saber, mobilizadas pelos Estados como táticas eficientes de governo. A Escola sendo
parte do Aparelho de Estado pode produzir discursos competentes por meio de espaços
institucionais como a “Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo” (ATPC). Este trabalho propõe
pensar em modos possivelmente nômades ao criar um território de partilha em meio a espaços
institucionais, e assim produzir um agente político ─ aquele que age ─ nos lugares institucionais,
nas franjas do próprio Estado. Com isso, busca-se pela operação de uma máquina de guerra que
almeje a criação de territórios existenciais para produzir outras formas de vida, que não àquelas
impostas pelo Estado.
Palavras-chave: Educação Matemática; Filosofia da Diferença; Tratado de Nomadologia.

Resumen: Se produce una lógica neoliberal que puede ser comprendida dentro de las relaciones
de poder y saber, movilizadas por los Estados como tácticas eficientes de gobierno. La escuela
que forma parte del aparato de estado puede producir discursos competentes a través de espacios
institucionales como en el “Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo” (ATPC). Este trabajo
propone pensar en modos posiblemente nómadas al crear un territorio de encuentro en medio de
espacios institucionales, y, así producir un agente político ─aquel que actúa─ en lugares
institucionales, en las márgenes del propio Estado. Con eso, buscase operar una máquina de
guerra que llegue a crear territorios existenciales para producir otras formas de vida, distintas de
las impuestas por el Estado.
Keywords: Educación Matemática; Filosofía de la Diferencia; Tratado de Nomadología.

1
Pós-doutoranda na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no PPGEDUMAT/UFMS. Doutora em Educação
Matemática pela “Universidade Estadual Paulista” (UNESP), campus Rio Claro, São Paulo. Brasil. Bolsista PNPD.
Endereço: Av. Costa e Silva, s/nº. Bairro Universitário. Campo Grande – MS. E-mail: paolaamaris@gmail.com.
2
Doutor em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Rio Claro. Professor na
mesma instituição. Endereço para correspondência: Avenida 24A, 1515, Caixa Postal 178, Bela Vista, CEP: 13506-
900, Rio Claro, SP, Brasil. E-mail: roger.miarka@unesp.br

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Se partires um dia rumo a Ítaca...

Se partires um dia rumo a Ítaca...


Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
E agora sabes o que significam Ítacas.
Kaváfis (2006, p. 146-147)

A viagem, o movimento, a desterritorialização. Quanto pulsa nas pessoas que se


movimentam de um lugar a outro sem parar? Que intensidade é produzida por aqueles que
mudam de casa ou de cidade sem ocuparem-se das terras que pisam? Ocupam-se terras quando
apenas se olha para as estrelas? Quando a ocupação ocorre, abandona-se um território para
ocupar outro? Quanto de marcas e de território se carrega consigo quando em movimento?

Não encontrarás outras terras nem outros mares.


A cidade te seguirá. E nas mesmas ruas sem fim
errarás, nos mesmos bairros te perderás,
e nas mesmas moradas teus cabelos embranquecerão.
Onde quer que vás reencontrarás esta cidade
(KAVÁFIS, 2006, p.147)

A cidade irá trás de ti, como aquele viageiro que muda de lugares, mas permanece no
mesmo lugar. Por que a cidade não abandona mesmo quando se sai dela? O território é um vetor
de movimento, sempre quer conectar novos territórios, fusionando-se com aqueles que ousam
invadi-lo. Não se sai da cidade permanecendo; sair se faz por meio de atos e gestos que ampliam
também outros possíveis territórios ─ a literatura, a pintura, a música.
Possivelmente inspirado por conceitos provenientes do mundo animal e vegetal, Deleuze
usa a palavra “território” para se referir aos encontros que se produzem, e as conexões que criam
os corpos pelos afetos que se estabelecem. Um território não é algo fechado, não se delimita
desde o exterior, um vetor que se move e, portanto, existe em meio a contínuos movimentos de

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desterritorialização e reterritorialização. Melhor ainda, um território é um vetor de saída de
outro território.
A música pode ser a expressão do território entendido como um vetor de movimento. A
música diz o que não pode ser dito de outra maneira: a própria vida quando se move, quando se
torna, quando arboriza. Se os seres vivos expressassem sua capacidade de serem afetados, eles
cantarolariam. Cantariam a canção de seu território, fariam ouvir seus ritornelos.

O ritornelo se define pela estrita coexistência ou contemporaneidade de três


dinamismos implicados uns nos outros. Ele forma um sistema completo do
desejo, uma lógica da existência “lógica extrema e sem racionalidade”. [...] 1.
Procurar alcançar o território para conjurar o caos; 2. Traçar e habitar o território
que filtre o caos; 3. Lançar-se fora do território ou se desterritorializar rumo a
um cosmo que se distingue do caos (ZOURABICHVILI, 2004, p.50).

Esse sistema de desejo e como ele pode se produzir será um dos objetivos deste texto, em
que se discutirão modos pelos quais se pode pensar na constituição de subjetividades, o que inclui
modos possivelmente nômades. O que se busca com isso? “Encontro que permite conceber os
processos de subjetivação como blocos de realidade, força artística, estética como acontecimento,
realidades ─ e não verdade ─ como movediça engendradora de conceitos” (LINS, 2014, p. 139).
E, com isso, explorar ideais que evocam o nômade na invenção de novos espaços transeuntes.
Segundo o Ministério da Educação e Cultura do Brasil (MEC), existem Escolas com
baixos e altos índices de acordo com as metas estabelecidas pelo governo nacional no “Plano
Nacional de Educação”. Dessa maneira, escolhemos uma Escola3 que está entre as 50 melhores
que, segundo o IDEB4, atingem metas de qualidade com nota acima da média, neste caso, com
nota 6.5, meio ponto acima da média nacional a ser atingida em 2021.
Com esse intuito, essa pesquisa assumiu uma prática cartográfica5 para criar narrativas
que pudessem expor, fraturar e problematizar as relações de força visíveis e exercidas nessa

3
Pesquisa desenvolvida durante um doutoramento com título “Encontros e fluxos numa escola: educadora
matemática em potência de criação, fratura e resistência”. Opta-se pela omissão do nome da Escola para evitar
qualquer tipo de representação. Com isto, evita-se tomá-la como um “objeto” de estudo específico e assume-se a
possibilidade de múltiplas Escolas, sem que se percam suas características singulares.
4
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é a “nota” do ensino básico no país. O indicador é
calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, (ou seja, com informações enviadas
pelas escolas e redes).
5
O cartógrafo absorve matérias de qualquer procedência. Não tem o menor preconceito com relação a frequência,
linguagem ou estilo. O compromisso não é com a legitimação, mas com possibilidade de dar língua para movimentos

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Escola. Assim, num primeiro momento, habitou-se um espaço com características institucionais
─ “Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo” (ATPC)6; e paralelamente criou-se um outro espaço
chamado: Conversações sobre marcas de vida: espaço de criação e de potência para professores
de matemática. Um espaço de partilha, molecular em meio ao molar, um espaço de contato e
pequenas ações para problematizar o seguinte: “não sabemos o que pode um corpo, de que ele é
capaz até que ele faça alguma coisa a outro, ou até que ele lhe faça alguma coisa” (SPINOZA,
1980).
Nessa pesquisa operamos com o “Tratado de Nomadologia” da obra Mil Platôs, de
Deleuze e Guattari (1997). Almejamos, com isso, a tentativa de abrir espaços-temporais, e assim
produzir um agente político ─ aquele que age ─ nos lugares institucionais, nas franjas do próprio
Estado.
Com esse objetivo, junto à materialidade produzida nos dois espaços habitados pela
primeira autora deste projeto – ATPC e Espaços de Partilha –, este texto será construído por meio
de três vias que, em conjunto, mobilizem pensamento outros que remetam “a um desejo intenso
de transgredir as fronteiras e estender os limites” (LINS, 2014, p. 140). E assim produzir uma
tentativa de fissurar a própria Escola, como Aparelho de Estado, em busca de uma outra escola
que assuma as marcas produzidas nos corpos que ela habitam.
Engendrados a esse objetivo, para cada uma dessas vias, produzimos um texto compondo
com rastros da vivência na Escola, nomeados: A Disciplinarização de Corpos pelo Capitalismo,
Uma Tentativa de Operação em Modo Nomádico, Máquina de Guerra em Combate com um
Aparelho de Estado.

A disciplinarização de corpos pelo capitalismo

Habitamos uma sociedade que parece operar com um tempo que quer nos capturar a todo
o momento, cujo rastro se mostra quando nossos desejos normalizados. O Capitalismo e sua

do desejo, ou seja, com tudo o que servir para cunhar matéria de expressão e criar sentido. Todas as entradas são vias
possíveis, desde que as saídas sejam múltiplas (ROLNIK, 2014, p.65).
6
A sigla ATPC se refere a Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo, tendo surgido no ano de 2012 para substituir a
sigla HTPC – Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo, porém manteve a mesma função. A HTPC foi instituída nas
escolas públicas pelo Governo do Estado de São Paulo, Brasil através da portaria CENP n° 1/96, lei complementar
n°836/1997, artigo13. Trata-se de um horário de trabalho coletivo com os professores, de frequência semanal com
participação obrigatória.

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maquinaria parecem querer capitalizar os processos de subjetivação, tornando uma consistência
em si mesmo, homogeneizando-os.
Uma lógica de Estado? Estado-controle: conjunto das instituições que controlam a
administração de um território. Estado-forma: condição em que se encontra um sistema,
caracterizada pelo conjunto de todas as suas propriedades físicas. Estado-condição: conjunto de
qualidades ou características com que as coisas se apresentam. Uma lógica de Estado! Mas qual
Estado?
Segundo Deleuze e Guattari (1997) não são apenas os diferentes setores que servem de
modelos de realização, são os Estados de que cada um agrupa e combinam vários setores,
segundo seus recursos, sua população, sua riqueza, seu equipamento. Com o Capitalismo, os
Estados não se anulam, mas mudam de forma e assumem um novo sentido: o surgimento do
Capitalismo seria, portanto, caracterizado por uma relação inédita com a produção social
compreendida, de certa forma, como um desdobramento da produção desejante. Em outros
termos: o Capitalismo estabelece uma relação com o desejo completamente distinto das relações
sociais que lhes são anteriores.
Neste contexto, vale ressaltar que o Estado adquire uma nova significação para além de
suas conotações usuais: ele é antes um tipo, uma figura do que propriamente o resultado de
avanços civilizatórios, de maneira que, onde lemos Estado, poderíamos ler forma-Estado. “É
preciso dizer que o Estado sempre existiu. Quanto mais os arqueólogos fazem descobertas, mais
descobrem impérios” (DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 17).
O Estado não se define apenas por uma articulação de poderes, mas como uma caixa de
ressonância para que os poderes, tanto privados quanto públicos, se comportem como aparelhos
de ressonância. Uma ressonância estatalmente organizada. Ele opera por estratificação, ou seja,
forma um conjunto vertical e hierarquizado que atravessa as linhas horizontais.
Desta maneira, aparece uma nova ordem mundial, políticas neoliberais que se configuram
hoje como fase do Capitalismo. Ações políticas com práticas locais para uma transformação mais
global. Um mundo neoliberal que generaliza a concorrência das economias, mas o que é menos
conhecido é que ele também generaliza a concorrência entre todas as sociedades e todos seus
setores.

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Órgãos de poder que exigiram também uma mudança de olhar sobre as políticas
educacionais e o desenvolvimento de uma abordagem comparativa, sobre o qual uma produção
de discursos legítimos sobre a Escola recai.
Está se criando um novo modelo escolar e educacional, esse modelo chamado por Laval
(2019) como Escola Neoliberal, designado como um modelo escolar que considera a educação
como um bem essencialmente privado, e cujo valor é acima de tudo econômico. Se a escola é um
instrumento de bem-estar econômico, é porque o conhecimento é visto como uma ferramenta que
serve a um interesse individual ou a uma soma de interesses individuais. Dessa maneira ela é
liberal pelo lugar que ocupa no mercado de ensino.
Foucault usa o termo governamentalidade para descrever as “instituições, os
procedimentos, análises e reflexões, os cálculos e as táticas” (FOUCAULT, 2008, p. 143) que são
usados como mecanismos de poder para que o Estado exerça o “governo sobre todos os outros”
(FOUCAULT, 2008, p. 144). Assim, a lógica neoliberal pode ser compreendida dentro das
relações de poder e saber mobilizadas pelos Estados como táticas eficientes de governo.

Seguindo Foucault, podemos dizer que nossa subjetividade possui, desde o séc.
XIX, um certo formato cujas operações se estabelecem dentro de uma
‘sociedade disciplinar’. De acordo com Deleuze, a disciplina como modo de
formar a subjetividade seria um modelo em crise, pois estaria em curso a
constituição de uma ‘sociedade de controle’ a qual implicaria novas
subjetividades (CARDOSO JUNIOR, 2012, p. 603).

Na sociedade disciplinar, o corpo é um objeto e é fragmentado a fim de que a disciplina


possa transformá-lo num “corpo dócil”, expressão de Foucault (2005). Mediante certas técnicas
que se aplicam ao corpo, o ser humano é visto como um objeto que pode ser modelado.
Efetuando-se por meio de leis da ótica e da mecânica e seu dispositivo exemplar, o panóptico:
organiza[r] unidades espaciais que permitem ver sem parar e reconhecer imediatamente. “Em
suma, o princípio da masmorra é invertido─ trancar, privar de luz e esconder. A plena luz e o
olhar de um vigia captam melhor que a sombra, que finalmente protegia” (FOUCAULT, 2005,
p.133).
Ora, “a sociedade disciplinar se organiza de acordo com a contiguidade de vários espaços
disciplinares, onde funções, embora diferentes entre si quanto a seu objetivo, se interconectam no
sentido de que obedecem ao mesmo diagrama ou organização” (CARDOSO JUNIOR, 2012, p.
604). Pode-se dizer que a disciplina controla os corpos para produzir subjetividades. Causando

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efeitos no próprio pensamento, pois seus atos seriam “conforme a um modelo emprestado do
Aparelho de Estado, e que lhe fixaria objetivos e caminhos, condutos, canais, órgãos, todo um
organon” (DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 37).
A Escola por ser parte desse Aparelho de Estado pode produzir discursos homogêneos,
não só a partir da sua estrutura, senão pelos espaços que tem criado para produzir esses discursos,
como o caso da “Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC)”. Um espaço em que todos os
professores de Ensino Médio e Fundamental se reuniam, pois os outros espaços de reuniões eram
esporádicos como conselhos de aula, reuniões de planejamento ou não institucionais ─ sala de
professores. Um dispositivo de subjetivação que parece que funciona para uniformizar discursos,
com uma coordenadora reguladora junto a corpos organizados.

***

ATPC7

Palavras da coordenadora: Hoje precisamos conversar sobre várias situações, uma delas
foi que pedi para um professor eventual não vir mais. Esse professor estava dando problemas na
Escola e, sobretudo, na sala de aula. Vocês têm que saber que um professor em nossa Escola não
pode se sentar, não pode sentar-se mesmo!!!. O centro da nossa Escola são os estudantes e tem
como foco o aprendizado dos nossos estudantes, não se esqueçam disso. Por que nossa Escola
funciona? ─ Ela mesma responde ─ porque aqui temos disciplina, uma Escola sem disciplina
não funciona, além disso, nós temos um processo seletivo para os estudantes ficarem na nossa
Escola, confrontamos os problemas com humanidade e ajuda de todos.

***

A Realidade se constitui como uma trama onde diferentes jogos de linguagem criam e
desenham a ordem de significados de uma vida. A partir desses jogos ligados aos desejos, são
criadas formas de representação em que o homem passa a se reconhecer, produzindo

7
Junto ao texto vamos a produzir uma escrita com as narrativas dos professores, neste caso o discurso da
coordenadora no ATPC.

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determinados conceitos que se vinculam a uma episteme, constituindo um cenário interior em que
seja possível pensar. É a partir daí que Foucault desenvolve um a análise de poder e de
resistência, que se afirmam contra todo dogmatismo que decorre de uma transformação histórica.
Mas, “no seu corpo concreto, o indivíduo não cessa de lançar-se contra si, sendo que este
si não preexiste a esse confronto, ele é engendrado pela auto afecção dessa luta” (VILELA, 2010,
p. 202). Resistir é essa agonia onde ser e não ser deixam de se perspectivar como pontos
extremos. Ao final, a luta pela vida é uma linha de fuga que se cria na própria luta e, assim, “a
resistência apresenta-se como um paradoxal poder de inércia ou uma estranha capacidade de
imobilidade, reconhecida àqueles que recusam o compromisso com as forças dominantes”
(VILELA, 2010, p. 203).
A partir desse pano buscamos pela produção de um conhecimento nômade, “tanto mais
pensarão conforme o que quer um Estado. Com efeito, qual homem de Estado não sonhou com
essa tão pequena coisa impossível, ser um pensador?” (DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 38).
Pensamento nômade se distingue do pensamento sedentário, na medida em que está
constantemente em devir e se impõe por meio de atos de resistência em face dos modos de
pensamento dominante. Nesse processo, coloca-se o pensamento em relação imediata com o fora,
com as forças do fora. Produz-se, assim,

Um pensamento às voltas com forças exteriores em vez de ser recolhido numa


forma interior, operando por revezamento em vez de formar uma imagem, um
pensamento-acontecimento, hecceidade, em vez de um pensamento-sujeito, um
pensamento-problema no lugar de um pensamento-essência ou teorema, um
pensamento que faz apelo a um povo em vez de se tomar por um ministério
(DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 41).

Problematizar a história desde o fora é visibilizar a produção de subjetividades que


constituem o corpo: os efeitos que causa e a vontade de agir que produz. Não é à toa que
Foucault nos ofereceu no livro Vigiar e Punir, uma análise de técnicas e práticas que fizerem do
corpo um lugar para ser manipulado e docilizado. Visibilizar essas práticas e os efeitos que eles
produzem sempre será uma urgência nestes tempos.

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Uma tentativa de operação em modo nomádico

A partir de um estudo de (PETROSKI, 2013), nos debruçaremos sobre o nomadismo


desde seu próprio contorno, para então operá-lo. Tentativa, pois qualquer qualificação identitária
levar-nos-ia inevitavelmente ao caminho da representação. Tentativa, pois esta palavra carrega
consigo a ideia de experimentação. Tentativa que não busca pelo êxito, mas pela potência de
fissura territorial que o próprio processo de tentar pode produzir.
Seja na pesquisa antropológica, no discurso etnográfico, na análise histórica, na
geopolítica ou até mesmo no ambiente da economia, o tema do nômade é assunto recorrente.
Com olhares múltiplos e específicos, em diferentes áreas de estudo procura-se apontar como se
configuraria uma espécie de “identidade” do nômade enquanto formação de uma comunidade,
construção de uma cultura, a razão de ser de certos percursos migratórios. Intensificados por uma
particularidade que é o trânsito, a mobilidade, até mesmo a partilha de novos limites em um
movimento territorial.
Na busca pela sobrevivência, o nômade procura novos territórios, frequentemente por
meio de uma espécie de êxodo, uma fuga necessária para a preservação da vida, como
aventurança, uma abertura ao desconhecido, em que o nomadismo resplandece como uma
característica dos desbravadores. Uma saída da terra natal e da segurança do lar para territórios
ainda não conquistados.
Na literatura, o tema do nômade também é frequente. Seja no universo poético inspirado
nos retirantes do Sertão, seja na navegação em mares desconhecidos, seja nas aventuras de
Ulisses e seu retorno a Ítaca. Na história da literatura constatamos ainda a variedade e
multiplicidade do tema do nômade ressaltado também pela experiência de autores, eles mesmos
nômades ou exilados, que tiveram de abandonar sua terra natal de alguma forma. Nesse sentido,
cabe uma breve apresentação etimológica do termo nómos, que pode nos ajudar a produzir
sentido à figura do nômade:

Quando consideramos o prefixo nómos, que dá tom e sentido ao nômade em sua


etimologia no Grego Clássico, normalmente se confere a essa raiz uma
designação de lei, o legal, o normativamente estabelecido. Daí a construção de
palavras como autonomia, isonomia, etc. O nómos no sentido de “lei” esboça a
norma a ser seguida e foi usado de forma conceitual por diversos pensadores na
própria Grécia Antiga, pautando-se da mesma grafia, associando esse conceito a
um correlato de lógos, ou seja, uma lei cuja necessidade era atestada pela razão,

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pelo discurso, pela palavra. Nesse sentido podemos comentar a noção de nómos
como transposição para o mundo natural da ideia de justiça e de ordem que traz
a razão (PESTROSKI, 2013, p. 20).

Ao observar de forma mais atenta a formação do conceito de nómos, abrem-se


possibilidades que tanto podem apontar para palavra que designava os pastores provenientes da
região do Egito como para o desdobrar-se numa ação até mesmo rudimentar, que é o ato de
partilhar. “A etimologia de nómos, segundo o professor Henrique Cairus da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, provém de um termo original encontrado na Poesia Épica hesiódica
que é némo, cujo sentido é `partilhar um território´” (PESTROSKI, 2013, p. 23).
O nómos pode ser pensado como ocupação e movimentação através da terra, seja na
partilha, na lei pela sobrevivência, ou até mesmo na “repartição daqueles que se distribuem num
espaço aberto ilimitado ou, pelo menos, sem limites precisos” (DELEUZE, 2006, p. 67). É o que
o próprio Deleuze argumenta quando questionado pelo fato de não ter viajado muito por outros
países para expor suas ideias, ao contrário do que fizeram outros intelectuais de seu tempo:
“garanto que, quando leio um livro que acho bonito, ou quando ouço uma música que acho
bonita, tenho a sensação de passar por emoções que nenhuma viagem me permitiu conhecer. Há
uma geo-música, uma geo-filosofia. São países profundos. São os meus países”
(ZOURABICHVILI, 2004, p. 20).

Máquina de guerra em combate com um aparelho de estado

Segundo Cardoso Junior (2012, p. 610) “quando vivemos nos espaços sólidos e
sedentários da identidade, tememos todo o tempo perder a segurança, a grande organização que
nos sustenta, as árvores onde nos penduramos, nós desejamos tudo isso por isso temos medo”.
Esse é o primeiro perigo de se experimentar o nomadismo. “Nós fugimos da fuga, nós
endurecemos” (DELEUZE; GUATARRI; 1980 apud CARDOSO JUNIOR, 2012, p. 267). Isto é,
o endurecimento do qual não nasce nenhum nômade.
A partir disso, discutiremos como foram se produzindo dois territórios na Escola, um
primeiro institucional, e um outro espaço chamado de partilha, criado paralelamente ao primeiro
com professores de Ensino Médio e Fundamental.

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O primeiro espaço acontecia semanalmente. Nele todos os professores de Ensino Médio e
Fundamental se reuniam a “Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo”. Um espaço que parecia ser
bastante estriado, pois era constituído institucionalmente, “estriado pela queda dos corpos, as
verticais de gravidade, a distribuição da matéria em fatias paralelas. Essas verticais paralelas
formaram uma dimensão independente, capaz de se transmitir a toda parte, de estriar todo o
espaço em todas as direções” (DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 30). Estriado com caminhos a
serem retrilhados. Caminhos que se dizem únicos formando um espaço com a pretensão de
homogêneo.
Nessa abertura, aparece o nômade: “um agente político ─ aquele que age ─ que remete a
um desejo intenso de transgredir as fronteiras e estender os limites, tornando-os, terras de
ninguém” (LINS, 2014, p. 140). Expandindo os seus limites na terra remetendo a um modo de
distribuição de terra que não tem contorno, recinto e não se adéqua ao Estado, e, por isso, inventa
novas possibilidades de sobrevivência. Opera, assim, como um vetor de desterritorialização ao
criar um segundo espaço chamado: Conversações sobre marcas de vida: espaço de criação e de
potência para professores de matemática.

***

Espaço de partilha8

─ Eu acho que você percebeu uma coisa, o que você viu hoje não muda muito nos outros
ATPC, “façam isso, façam aquilo, preencham isso, preencham aquilo”, ninguém aguenta. O
ATPC deveria ser um espaço como esse, onde nós escutamos e discutimos sobre a sala de aula,
para nos conhecermos entre todos.
─Eu concordo com você professor─ disse a professora V.─ Às vezes a sala de aula se
mostra um pouco instigante.

***

8
Narrativas dos professores produzidas no espaço de partilha.

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Quando a coordenadora da Escola no APTC possibilitava o espaço, saia-se com os
professores para um espaço outro, que na medida em que não era institucionalmente legitimado,
intentou-se produzir um espaço de partilha. Por ser coletivo não delimitado de antemão,
esperava-se nascido e estabelecido com potência de desterritorialização, buscando, através do
movimento, fazer-se território operando pela criação de espaços lisos ─ “um campo de vetores,
uma multiplicidade não métrica, serão sempre reduzíveis, e necessariamente traduzidos num
cômpar: operação fundamental pela qual se instala e repõe-se em cada ponto do espaço estriado”
(DELEUZE; GUATTARI, 1997, p.33).
Podemos dizer que para um nômade não se trata de ir um espaço estriado a um liso, mas
de alisar o estriado por meio da ocupação. Trata-se “de distribuir um espaço fechado, logo, de ir
um ponto para outro, de ocupar o máximo de lugares com o mínimo de peças” (DELEUZE;
GUATTARI, 1997, p.49). Esse movimento é o que o caracteriza como nômade ─ “fazer de fora
um território no espaço, consolidar esse território por construção de um segundo território
adjacente, desterritorializar o inimigo por rebentamento interno do seu território,
deterritorializar-se a si mesmo, uma outra justiça, um outro movimento, um outro espaço-tempo”
(DELEUZE; GUATTARI, 1997, p.49).
Procuramos, dessa maneira, criar um espaço molecular, um espaço de contato de
pequenas ações para problematizar o que anteriormente tínhamos dito: não sabemos o que pode
um corpo, de que ele é capaz até que ele faça alguma coisa a outro, ou até que ele lhe faça
alguma coisa. Os corpos se movem e se transformam como resultado de encontros com outros
corpos. Tentamos produzir afetos, pois são eles que nos dão o impulso necessário para passar dos
efeitos às causas e assim produzir uma intensa variação no modo de sentir.

Para o nômade, cada parada no deserto, na entrada de um oásis, por exemplo, é


uma pausa, um descanso; uma virgula, isto é, o sinal gráfico que indica a menor
de todas as pausas, o entre-dois pontos, embora esse repouso abra para encontros
nomádicos. Uma palavra, um abraço, um beijo,o toque/gesto no coração, ou o
aperto de mão─aqui e ali ─funcionam como corpos tatuadas de signos
andarilhos colcados no ecossistema, na natureza do lugar, na alógica, no acaso
do deserto, na economia dos afetos (LINS, 2014, p. 141).

Espaços de partilha que assumiram a possibilidade do liso que tendia a permanecer fora
do controle panóptico, diferentemente do ATPC, que se mostrou como um espaço

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institucionalmente estriado, enquanto a forma/estado tendia a delimitar e marcar os limites de seu
território.
Nesse intermezzo o espaço de partilha foi constituído como um território que só vale no
movimento do qual se sai. Não há território sem um vetor de saída. Ao sair do espaço
institucional o “ATPC” sofre a desterritorialização, um abrir-se, engajar-se em linhas de fuga e
até sair de seu curso e se destruir, e nesse deslocamento, ao chegar ao espaço de partilha e voltar
a Escola, ou ao ATPC, acontece uma reterritorialização─ em que os corpos que passam a habitá-
lo já são outros. Outros, pois seus mecanismos de subjetivação já não são os mesmos ─ estão
fissurados, em meio à tentativa de alisamento de uma máquina de guerra. Esse processo de
reterritorialização trata de reconstituir uma relação particular com o cosmos e com a vida, na
composição de uma singularidade individual e coletiva.
O espaço de partilha se desenhou por meio de vários dispositivos disparadores, como:
filmes, músicas, poemas, tópicos educacionais de interesse atual e outros elementos de
agenciadores, que contribuíram para potencializar essas conversas. Assim, esse espaço não
constituído de temas a priori, trouxe a potência de trabalhar com as marcas de vida dos
professores participantes. Dessa forma, seu foco era lidar com os próprios incômodos, com o que
estava acontecendo. Pois, os dispositivos utilizados foram escolhidos concordando com as
marcas que se tornaram sensíveis/visíveis no espaço.

***

Espaço de partilha

─Vocês antes tinham se reunido para falar sobre a sala de aula, sobre a Escola? ─
pergunta P. para os professores
─Não, nunca ─responde J.
─ Nós sozinhos é mais complicado─ responde K.
─Complicado por quê? ─ pergunta P a K.
─Porque aqui cada pessoa sempre vai para seu lado.
Outro professor intervém

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─Como explicar a matéria para os estudantes de um jeito mais fácil? ─ continua
questionando ─ Fiquei pensando nisso e acho que existem muitas maneiras, sobretudo se pensar
entre vários. Quando eu vejo que a coisa está pesada, falo para V., “ajuda aqui um pouco”. Eu
converso direto com V., até seria legal trocar mesmo ideia, certo?
─ Por exemplo─ comenta K. ─ Como fazer que o Primeiro quatro aprenda aquilo? Não
tem isso. Só tem “pessoal tem que me entregar o relatório do primeiro quatro”. A matéria é um
documento, quanto mais papel melhor. Está tudo certo, basta preencher todos os documentos.
Isso faz parte de uma Escola, cumprir coisas, cumprir normas.

***

Um espaço criado na fronteira das estrias institucionais, com o intuito de pensar que da
mesma maneira que uma máquina de guerra pode ser capturada, tornando-se um Aparelho de
Estado, o inverso também pode ocorrer. Existe a possibilidade de criar uma máquina de guerra
que alise as margens de um Aparelho de Estado. Esse nomadismo “acompanha uma máquina de
guerra mundial cuja organização extravasa os aparelhos de Estado” (DELEUZE; GUATTARI
1997, p. 52).
A máquina de guerra é a invenção nômade, porque na sua essência, o nômade instaura-se
nos territórios para dessa maneira criar mundos outros. O seu princípio é o da desterritorilização
como meio de territorializar a si mesmo, não no território, mas na terra que garante sua
sobrevivência. Ora, isso requer toda uma produtividade, toda uma ação. Em suma, uma criação
que pode e deve se encarnar em coisas para além da guerra: um pensamento, uma obra artística,
uma invenção da ciência e até mesmo uma ação política, ou pequenos espaços. Assim, a máquina
de guerra se constrói sobre as linhas de fuga. Isso significa que se cria como formas de escape, de
resistência entre o Aparelho de Estado, dessa maneira, um “espaço de partilha” foi instaurado e
um território existencial foi criado:

O valor do território é existencial: ele circunscreve, para cada um, o campo do


familiar e do vinculante, marca as distâncias em relação a outrem e protege do
caos. O investimento íntimo do espaço e do tempo implica essa delimitação,
inseparavelmente material e afetiva. O traçado territorial distribui um fora e um
dentro, ora passivamente percebido como o contorno intocável da experiência
(pontos de angústia, de vergonha, de inibição), ora perseguido ativamente como

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sua linha de fuga, portanto como zona de experiência (ZOURABICHVILI,
2004, p. 20).

“E agora sabes o que significam Ítacas”

Reticências

A denúncia de Spinoza em sua Ética de que “não sabemos o que pode o corpo” é uma
declaração de vontade e de fuga. Para Deleuze está claro que as fábricas do Capitalismo também
produzem corpos organizados. O que pode o corpo? Ninguém o sabe, é por isso que é uma
pergunta ética que carrega uma produção de uma outra existência, uma vida além da resignação.
Que pode um nômade? Que pode um corpo? É questão de experimentação.

Operadores

CARDOSO JUNIOR, H. Por que ainda é importante pensar como um nômade em nosso tempo?
Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 26, n. 52, p. 599-611, jul./dez. 2012.

DELEUZE, G. A ilha deserta e outros textos (1953-1974). Trad. Luiz B. Orlandi. São Paulo:
Editora Iluminuras Ltda, 2004.

DELEUZE, G. Diferença e repetição. São Paulo: Graal, 2006.

DELEUZE, G; GUATTARI, F. Mil platôs - capitalismo e esquizofrenia, vol. 5. Trad. Peter Pál
Pelbart e Janice Caiafa. São Paulo: Ed. 34, 1997.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. 30.ed.


Petrópolis: Vozes, 2005.

FOUCAULT, M. Segurança, território, população: curso dado no College de France (1977-


1978). Trad. Eduardo Brandao. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

KAVÁFIS, K. Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.

LAVAL, C. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São
Paulo: Boitempo, 2019.

LINS, D. Nietzsche: vida nômade-estadia sem lugar. In: MARQUES, D; GIRANDI, G;


OLIVEIRA JR., W. M. (orgs.). Conexões: Deleuze e territórios e fugas e... Petrópolis, RJ: De
Petrus et alii; Campinas: ALB; Brasilia: CAPES, 2014, p. 138-161.

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PETROSKI, J. S. O encontro nômade entre Jorge Luis Borges e Gilles Deleuze. Dissertação
(Mestrado). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, UFPR, 2013.

ROLNIK, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre:


Sulina, Editora da UFRGS, 2014.

SPINOZA, B. Ética: demostrada según el orden geométrico. Madrid: Editora Nacional, 1980.

VILELA, E. Silêncios tangíveis: corpo, resistência e testemunho nos espaços contemporâneos de


abandono. Porto: Edições Afrontamento, 2010.

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