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Findando nossos encontros que produziram afetos em corpos dilacerados (por vontade
própria) e com as feridas abertas ao diferente, ao novo, ao inesperado, tivemos a honra de
conversar com Roger Miarka, que nos trouxe dinâmicas surreais, literalmente punk .A
questão disparadora foi: como opera o Maior/menor na(s) educação(ões) matemática(s)? A
partir de “caixas” virtuais, em grupos, produzimos afetos a partir de imagens, notícias e trechos
de textos. O resultado de nosso grupo está no link
https://docs.google.com/presentation/d/1wtBNxrBPePiGR0q2JPRaJkpAjZZVsRJiH5HYxrsmJNE/
edit#slide=id.p. Mas, o que nos levou a conversarmos sobre maior e menor? A partir de um
ensaio-entrevista de Camilo Riani com Sílvio Gallo, que ressaltam a ideia de menor a partir dos
principais autores estudados no “espaço Paola”, Deleuze e Guattari, onde o “menor” dos
autores reside na captura de pequenos “menores” que influenciam na “língua maior”. Uma obra
com “literatura menor” tem características como desterritorialização da língua, ramificação
política como forma de resistência, desafio ao sistema linguístico “formal”, e o aspecto de que
tudo adquire um valor coletivo, a obra fala para uma comunidade, o autor se dissolve na história,
a história se abre ao leitor sem intenção de autoridade, ou antes, de autoria. O maior/menor de
Deleuze e Guattari não são geométricos, mas uma relação de controle. O maior tem um espaço
criativo, mas delimitado, e o menor é errante, livre para criar na loucura. Também não são
(necessariamente) opostos.
Para falar de uma arte menor, Deleuze e Guattari remetem a Franz Kakfa, e à obra “O
processo”. Com base no filme homônimo de Orson Welles (1992)
(https://www.youtube.com/watch?v=D1ON_HfkvKM), pôde-se perceber um romance (novel)
com mudanças abruptas de cenas, uma sexualidade exacerbada, mas dentro de um senso de
humor cotidiano. Joseph K. (características dos personagens de Kafka, nomes quaisquer, de
sujeitos comuns e subjugados) é interpelado por “agentes secretos” que dizem que o estado o
está acusando, só não é revelado durante toda a trama qual a materialidade e o objeto de
julgamento. Capítulos que parecem inacabados e com rupturas abruptas no continuum da
história. Uma criação, mais que uma máquina de reprodutibilidade, como era entendido o
cinema segundo Walter Benjamin. Da mesma forma, com a caricatura, o artista deixa de
reproduzir para criar. Como todo movimento “diferente”, a caricatura foi reduzida a “arte
secundária”, mas se mostra como arte subversiva, que ressignifica a invenção e coloca a “ordem
natural das coisas” em segundo plano. Também, se mostra como ato político que coloca a todos
num mesmo patamar, uma forma de representação disruptiva. E a coletividade do “menor” pela
caricatura que dissolve o que é o autor, em desenhos com uma estética própria, mas voltada
para os leitores.
– Queimem meus livros didáticos, tatuem novos afetos no meu corpo-mente,
venham, avassalem-me, autores-vozes que se constituem a partir de minhas leituras!
Façam arder em mim o fluxo da saída de meus órgãos por algumas frestas das feridas
de minhas desventuras na floresta do novo, enquanto em outras frestas vocês me
preenchem de devaneios! Chicoteiem-me até eu vomitar toda pretensão de sabedoria,
altruísmo e conformismo, para que eu me renove com o “nada sei” e possa me deliciar
com novos rumos espinhosos...
– Mas, Sr. Diogo, o Sr. Está louco?
–D
E
S
V
A
I
R
A
D
O
Afetos musicais:
Likufanele https://www.youtube.com/watch?v=uY_BKzdmo7g