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INCORPORAÇÃO DAS
ORIENTAÇÕES NA DEFINIÇÃO DA
ESTRATÉGIA ALENTEJO 2030
Estratégias Regionais e Governança Territorial
Professor: António Ramos
RICARDO MENDES
Mestrando em Ordenamento do Território e Urbanismo
Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030
ÍNDICE
Introdução ............................................................................................................................ 3
Bibliografia ......................................................................................................................... 15
Anexos ................................................................................................................................ 17
Anexo 1 - Enquadramento da Região do Alentejo e das suas Sub-Regiões...........................................................17
Anexo 2 - Resultados Autárquicas 2017 no Alentejo ............................................................................................................. 18
INTRODUÇÃO
O presente documento é elaborado no âmbito da cadeira de Estratégias Regionais e
Governança Territorial. Este documento é o seguimento de um trabalho de grupo da mesma
cadeira onde foi feito uma análise da Estratégia Regional 2030 do Alentejo. Este relatório
como objetivo analisar do ponto de vista critico a elaboração da Estratégia
Deve-se referir ainda que a força política das autarquias influencia a concessão da
estratégia.
“Os concelhos do Alto Minho são cada vez mais procurados pelos nómadas digitais,
muitos deles estrangeiros, que procuram uma casa localizada sobretudo nas zonas rurais,
mas onde exista uma boa cobertura de fibra ótica.
e é nessa ótica que os serviços de interesse geral sejam alvo de alguma reflexão no
processo mencionado anteriormente para que estes sejam implementados no território
(preferencialmente acessíveis à população em geral). Torna-se assim responsabilidade do
Alentejo promover o investimento e desenvolvimento destes serviços de apoio. É aqui que a
Estratégia Alentejo 2030 incidiu o plano de ação de Provisão e acesso a Serviços de
Interesse Geral, procurando atrair a população e atenuar as consequências da situação
demográfica deficiente, mas também para fixar essa mesma população no território da
região alentejana. Para que tal aconteça o plano de ação procura simultaneamente a
melhoria de habitação, educação, saúde, infraestruturas, equipamentos e serviços inter-
regionais de interesse geral.
Os planos de ação que dão resposta ao diagnostico referido são 8 e recaem sobre:
8. Água
Incide principalmente numa proposta conjunta que se faz justificar pelas
vulnerabilidades territoriais do Baixo Alentejo, Alentejo Litoral e ainda do
Algarve de promovendo a resiliência destes ecossistemas mitigando os
efeitos das alterações climáticas nestes territórios.
No entanto, de acordo com a notícia do jornal Dinheiro Vivo (sobre Sines) “Nuno
Mascarenhas alerta que há incentivos públicos para ajudar investidores locais, que não
estão a chegar a Sines. "Existe uma área de investimento público da qual estamos
incompreensivelmente excluídos, que são os investimentos do chamado Programa de
Valorização do Interior. Sines é o único concelho do Alentejo que está excluído deste
programa, o que prejudica, sobretudo, os investimentos mais pequenos, muitos dos quais de
investidores locais, mas que, apesar de pequenos, são investimentos de suporte aos
grandes investimentos", lamenta. "Existem investimentos que só podem ocorrer em
territórios como o de Sines, não sendo justo que sejam excluídos de apoios ou incentivos
pelo facto de serem inviáveis no interior. É relevante que, nesta transição de quadro
comunitário, a aplicação destas medidas possa ser revista, nomeadamente porque, não
sendo Sines um território de interior, continua a ser um território de baixa densidade e a
acusar os problemas normais dessa condição", rematou.” (Dinheiro Vivo, 2021).
Deve-se evidenciar que Nuno Mascarenhas era à data e é atualmente presidente no
executivo camarário de Sines, o que implica que este possui na sua equipa técnicos que
sabem como aceder a fundos monetários. Se com este conhecimento os técnicos têm
dificuldade em aceder aos mesmos, muita mais terá um empresário local que quer começar
um pequeno negócio. É nesta ordem de razão que o acesso aos fundos deveria ser mais
simples para qualquer individuo tenha a possibilidade de criar o seu próprio negócio e criar
de alguma forma dinamismo empresarial na Região do Alentejo .
Tabela 2 - Eixos Prioritários do Programa Operacional Regional do Alentejo e Total de Fundos Aprovados
por Eixo Prioritário
Competitividade
De forma geral a competitividade pode ser definida como “desempenho superior
sustentável” (Powell 2001). A um nível nacional “a habilidade de criar riqueza” (Aiginger,
2006). “a habilidade de um país realizar objetivos políticos no âmbito da economia central”
(Fagerberg, 1988). “Conjunto de instituições, politicas e fatores que determinam o nível de
produtividade de um pais” (World Economic Forum, 2015).
A estratégia define um conjunto de objetivos que tornem o Alentejo num território
mais competitivo através da “inovação, iniciativa empresarial e empreendedorismo,
digitalização e ligações de conetividade, sobretudo ferroviárias” (p. 54). O Plano de ação das
Infraestruturas económicas e de suporte logístico e empreendedorismo suporta em si "
Coesão
“A concentração da atividade económica é inevitável e normalmente desejável para o
crescimento económico, mas as disparidades espaciais da riqueza não o são” (WB, 2009).
“A coesão territorial pode ser entendida como um processo de convergência territorial, que
se espera que ocorra num determinado período de tempo, num determinado território, num
vasto conjunto de indicadores de desenvolvimento, relacionados com várias componentes e
dimensões” (Medeiros, 2016)
“Ao longo desse ciclo, que abrange várias gerações de programação dos fundos
estruturais, foi possível mobilizar recursos da política de coesão que combinaram
investimento na competitividade e na coesão social e territorial.” (p.56) Aqui a estratégia
demonstra que não se pode discutir coesão sem ter em conta a competitividade. Este
conceito aparece também no Plano de Ação das Infraestruturas económicas e de suporte
logístico e empreendedorismo, “este Plano de Ação inscreve-se na construção de respostas
ao Desafio regional relativo à Valorização económica dos recursos e regionais e da coesão
territorial” (p.52).
Governança
A Governança “tem de ocorrer quando as pessoas (…) tem uma interação próxima o
suficiente e para resolverem os seus problemas esta tem de trabalhar em conjunto como um
grupo de forma a alcançarem os objetivos que almejam” (Ndreu, 2016).
A Estratégia Alentejo 2030 define em si o plano de ação da Governança e
Capacitação que afirma que “a problemática da Governança multinível e multi-escalar, a par
da capacitação das instituições e dos seus recursos técnicos e humanos, constitui matéria
recorrente na abordarem de sucessivos ciclos de programação do desenvolvimento regional,
face às insuficiências dos mecanismos existentes e da eficácia de desempenho das
atribuições e competências revelada por parte de entidades territoriais e de interface” (p.54).
“O Plano de Ação Governança e Capacitação deverá aprofundar as dimensões operacionais
do Desafio regional Reforço das Condições de governação e da Ação Coletiva,
nomeadamente em resposta aos Objetivos específicos: (i) Conceção e implementação de
um modelo regional de governação colaborativa em domínios estruturantes das políticas
publicas de desenvolvimento regional; e (ii) Capacitação técnica das instituições e das
pessoas para a gestão de projetos e parcerias.” (p.54)
Descentralização
A descentralização é “a dispersão da autoridade distribuindo a pelos níveis inferiores
do sistema administrativo” (Marume & Jubenkanda, 2016) permitindo assim fazer politicas
adequadas ao território que, por exemplo a autarquias, gerem. Este conceito está assim
ligado à territorialização de políticas. Na estratégia deverá ser promovida não só, mas
também a “descentralização das decisões públicas, que implica a necessidade de
aprofundar as soluções de nível intermunicipal e regional para encarar os desafios da
coesão, da sustentabilidade e do desenvolvimento” (p.38)
Territorialização de Políticas
A territorialização das políticas procura que a administração local faça políticas para
que o território que gerem, tendo estas conhecimento e maior proximidade sobre os
problemas da sua área administrativa terão maior aptidão para definir e promover a respetiva
solução
O excerto no subcapítulo anterior visa a promover “o esforço de territorialização das
políticas publicas” (p.38). Deve ser denotado ainda que “a proposta de Planos de Ação a
elaborar procura traduzir vertentes-chave de territorialização das políticas públicas e
promove uma combinação entre os “objetivos de Política e os objetivos das Agendas
Temáticas, estimulando a integração e permeabilidade e acolhendo intervenções das
importantes áreas da cooperação territorial e da capacitação de recursos” (p.49)
ANÁLISE CRITICA
A Agenda 2030 do Alentejo menciona a palavra “inovação” 88 vezes e não refere a
palavra automação uma única vez. Apesar desta referir que “a digitalização da economia
deverá, ainda, contribuir para a construção de novas respostas aos constrangimentos de
fixação de residentes nos territórios da Região” e “ Digitalização da Economia, Este domínio
transversal abrange um leque crescente de novos sistemas de produção, de produtos e
serviços digitais alimentando novos modelos de negócio e contribuindo para reestruturar
cadeias de valor(…) numa dinâmica de iniciativa renovada e facilitadora de benefícios
socioeconómicos para as organizações do território, as empresas…” não refere a
automação, penso eu por escolha politica de decidir como aplicar estes dois excertos na
prática. Na minha opinião existe medo por parte da população de que a automação venha a
roubar postos de trabalho, e portanto, para um decisor politico demonstrar de forma explicita
que pretende seguir o caminho da automação poderia ser prejudicial para este.
Na minha perspetiva a aposta inovar por meio da automação será o que vai tornar o
território alentejano competitivo, pois será na região onde for mais fácil promover a
automação que haverá mais fundos para investir e a estratégia tinha de contemplar tal facto.
A automação permite que por exemplo, um trabalhador responsável por supervisionar 10
máquinas de fabrico de têxteis produza por 10 ou mais trabalhadores. Os países
desenvolvidos, e principalmente Portugal, vivem num contexto demográfico de elevado
envelhecimento da população. Vamos ter no futuro, portanto uma pirâmide etária inversa
mais acentuada, ou seja, teremos cada vez mais uma população não produtiva em maior
número de acordo com o INE que afirma que em 2019 havia 161,3 idosos por cada 100
jovens e que em 2050 num cenário moderado com migrações existirão 297,2 idosos por
cada 100 jovens. Cabe assim à população das faixas etárias inferiores produzirem
rendimento de forma a darem qualidade e dignidade de vida às faixas etárias superiores. Isto
pode ser feito aumentando os níveis de produtividade por meio da aposta na automação e
robotização dos processos produtivos. Mais de 50% das ocupações existentes em Portugal
são passiveis de serem automatizadas de acordo com a Fundação Francisco Manuel dos
Santos. Este debate leva-nos à questão de que poderão ser extintos postos de trabalho, no
entanto a população portuguesa tende a ser cada vez menor (se consideramos a população
ativa ainda mais reduzida é, e no Alentejo este efeito acentua-se de forma desmedida). E
deve-se apostar cada vez mais na capacidade de adaptação da população para combater
uma possível extinção de um posto de trabalho para a qual esta teve experiência a vida
toda, como por exemplo os taxistas (uma profissão que na minha opinião está num processo
de extinção), que hoje se tiverem a capacidade de e adaptarem às novas tecnologias
poderão ser condutores de TVDEs. É aqui que o setor do Ensino entra, e fazendo uma
sublime passagem ao assunto do ensino devo de valorizar a aposta da ligação de empresas
com a academia que a Estratégia do Alentejo 2030 procura promover. Apostar nas
Universidades e politécnicos do Alentejo é positivo, obriga a que as empresas nele
implementadas não se desloquem. Mover uma empresa é muito rápido, deslocar
conhecimento é um processo mais demoroso. Dando um caso bastante positivo e recente da
Universidade de Évora que em parceria com a Microsoft Portugal criou um curso de
Inteligência Artificial de forma a “potenciar as empresas e os seus gestores com tecnologia
inovadora” na área do agronegócio. Apenas para nota final, falar de automação poderá ser
algo do passado, no entanto em Portugal há décadas de atraso relativamente à mesma.
BIBLIOGRAFIA
Aiginger, K. (2006) ‘Competitiveness: from a dangerous obsession to a welfare creating
ability with positive externalities’, Journal of Industry, Competition and Trade, Vol. 6, No. 2,
pp.161–177.
Fagerberg, J. (1988) ‘International competitiveness’, The Economic Journal, Vol. 98, No. 391,
pp.355–374.
Ndreu, A. (2016) “The definition and importance of local governance. Europena Uniivesity of
Tirana, Tirana, Albania.
Disponível em: https://ojs.journals.cz/index.php/SNSJ/article/view/730
WB (2009) World Development Report 2009, Spatial Disparities and Development Policy,
World Bank”, Washington
ANEXOS