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ANÁLISE CRITICA À

INCORPORAÇÃO DAS
ORIENTAÇÕES NA DEFINIÇÃO DA
ESTRATÉGIA ALENTEJO 2030
Estratégias Regionais e Governança Territorial
Professor: António Ramos

RICARDO MENDES
Mestrando em Ordenamento do Território e Urbanismo
Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030

ÍNDICE

Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo


2030

Introdução ............................................................................................................................ 3

Integração das abordagens sub-regionais no contexto da estratégia Alentejo 2030 ............ 3

Incorporação da abordagem de especialização inteligente na Estratégia do Alentejo 2030 . 5

A Densificação do modelo Territorial e a estruturação proposta para a consolidação dos


subsistemas territoriais ........................................................................................................ 6

abordagens territoriais assumidas e o eventual ajustamento às assimetrias identificadas


nos diferentes territórios ...................................................................................................... 7

Projetos estrtuturantes e desafios regionais para 2030 ....................................................... 9

Ligação da Estratégia com os Conceitos de coesão, competitividade, governança,


descentralização e territorialização de polítcas .................................................................. 11
Competitividade.............................................................................................................................................................................................. 11
Coesão ................................................................................................................................................................................................................... 12
Governança........................................................................................................................................................................................................ 12
Descentralização ............................................................................................................................................................................................ 13
Territorialização de Políticas ................................................................................................................................................................... 13

Análise Critica ..................................................................................................................... 13

Bibliografia ......................................................................................................................... 15

Anexos ................................................................................................................................ 17
Anexo 1 - Enquadramento da Região do Alentejo e das suas Sub-Regiões...........................................................17
Anexo 2 - Resultados Autárquicas 2017 no Alentejo ............................................................................................................. 18

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Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030

INTRODUÇÃO
O presente documento é elaborado no âmbito da cadeira de Estratégias Regionais e
Governança Territorial. Este documento é o seguimento de um trabalho de grupo da mesma
cadeira onde foi feito uma análise da Estratégia Regional 2030 do Alentejo. Este relatório
como objetivo analisar do ponto de vista critico a elaboração da Estratégia

INTEGRAÇÃO DAS ABORDAGENS SUB-REGIONAIS NO


CONTEXTO DA ESTRATÉGIA ALENTEJO 2030
A Estratégia diagnosticou cada sub-região para que estas
se adequassem melhor ao território. Neste âmbito foram
expostas as diferenças que se acentuam respetivamente ao
desenvolver económico do Alentejo Litoral quando comparado
com as demais sub-regiões.

Tabela 1 – Indicador Sintético de Desenvolvimento Regional (Alentejo e Figura 1 - Enquadramento da


NUTS III) Região do Alentejo e das suas
Fonte: INE Sub-Regiões
Fonte: Própria

A Estratégia tem em conta o Indicador Sintético de Desenvolvimento Regional de


cada sub-região tendo ainda em conta os Índices de competitividade, ambiental e de coesão
comparando os anos civis de 2014 e 2018. Com estes dados faz-se evidenciar uma relação
inversa se forem tidos em conta os índices de competitividade e ambiental, remetendo assim
para a conclusão de que quanto maior for a atratividade de uma determinada sub-região
maior é a desconsideração que a mesma tem pelos seus recursos naturais explorando-os de
forma desmedida e deteriorativa.
Para a sub-região do Alto Alentejo recomenda-se uma nova realidade produtiva de
forma que seja criada um dinamismo de oferta que proporcione mais oportunidades de

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emprego, o incitamento ao dinamismo empresarial, de logística e distribuição com a


finalidade de manter a inovação, vitalidade demográfica, cooperação transfronteiriça,
combate à desertificação, a alteração das funções para manutenção da fertilidade dos solos,
a manutenção do desempenho de âmbito ambiental fortalecendo simultaneamente os níveis
de competitividade e a valorização económica dos recursos.
A Estratégia propõe, para o Alentejo Central, o reforço da relação económica com a
área Metropolitana de Lisboa com o propósito de aumentar a vitalidade demográfica, a
dinâmica empresarial e a acessibilidade à inovação, a aposta na produção de energia
renovável fotovoltaica, o reforço da atratividade de Évora e dos concelhos contidos na sua
evolvente aumentando assim a coesão territorial e mantendo os elevados índices sintéticos
de desenvolvimento regional-
Tendo em conta a Lezíria do Tejo, deve-se reforçar nesta também o relacionamento
económico com a Área Metropolitana de Lisboa estimulando a vitalidade demográfica, a
dinâmica empresarial e a acessibilidade à inovação, apostar-se no setor da Agroindústria e
nas industrias alimentares aumentando a competitividade, incentivar-se a modernização dos
aproveitamentos hidroagrícolas e aumenta-se a diversidade dos recursos turísticos e
regionais por via dos produtos, serviços e destinos turísticos sustentáveis e certificados..
Analisando o Baixo Alentejo, a Estratégia procura afirmar a agroindústria e a industria
alimentar, tirar ganhos e fomentar o regadio do Alqueva, incentivar a produção de energia
fotovoltaica, tornar os ativos emergentes (ex.: setor da aeronáutica, espaço e defesa) em
ativos desenvolvidos, retirar mais valias da proximidade com a Região do Algarve e apostar
nas fontes de recursos minerais.
Por ultimo, o relativamente ao Alentejo Litoral a estratégia procura manter o equilíbrio
entre competitividade e qualidade ambiental, de forma a que a primeira não prejudique a
segunda. A estratégia procura ainda aplicar medidas para conter a erosão e vulnerabilidade
nas zonas costeiras (localização dos Clusters das atividades económicas), procura
dinamismo nas atividades da economia do mar por meio da inovação produtiva, apostar na
resiliência dos ecossistemas face aos efeitos das alterações climáticas, promover a
intervenção e a atividade económica sustentável, beneficiar e aumentar a relação com a
Área Metropolitana de Lisboa aumentando assim a vitalidade demográfica mas também o
dinamismo empresarial e a cooperação inter-regional. Denota-se ainda na estratégia para
esta sub-região a estratégia de atrair investimento para a área industrial de Sines, apostar
nas sinergias com o porto de Sagres (criando emprego e valorizando a economia regional),
aposta no transporte marítimo por via do porto de Sines, o desenvolvimento setorial do
cluster agroalimentar (para que esta sub-região impulsione as demais e contribua para o
aumento da coesão da região).

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Deve-se referir ainda que a força política das autarquias influencia a concessão da
estratégia.

INCORPORAÇÃO DA ABORDAGEM DE ESPECIALIZAÇÃO


INTELIGENTE NA ESTRATÉGIA DO ALENTEJO 2030
Nas últimas décadas tem se manifestado cada vez mais uma mão de obra inovadora.
A partir de 2 de março de 2020 que nada voltou a ser o mesmo com o registo dos primeiros
casos de pessoas infetadas com o vírus da SARS-COV2. A 18 de março é anunciada a
restrição ao direito de “habeas corpus” e ao encerramento de estabelecimentos
considerados não essenciais resultantes do primeiro estado
de emergência. Neste cenário que a inovação é potenciada
por vários aspetos, tais como, Ensino online, E-commerce,
Atendimento à distância, Teletrabalho etc… Neste contexto
deixa de ser necessário estar nas áreas mais urbanas para
beneficiar das oportunidades que estas podem oferecer e um
largo conjunto da população portuguesa começa a viver
temporariamente nos meios rurais. Este cenário passa a ser
benéfico para o Alentejo o que justificou que fossem
integradas na Estratégia Alentejo 2030 metas inseridas na
Estratégia Regional Inteligente 2020.

Estas metas são:

▪ Melhorar o desempenho do SRI


▪ Explorar áreas emergentes Figura 2 - Resultados Autárquicas
2017 no Alentejo
▪ Intensificar os padrões de interação e Fonte: Própria
cooperação entre atores, reforçando a
combinação simbiótica entre recursos e atividades económicas
▪ Promover a construção coletiva de vantagens competitivas e de
spillovers económicos e de conhecimentos

Ainda foram propostos um conjuto de desafios para a Estratégia Regional de


Especialização Inteligente 2030 que serão alcançados juntamente com a Estratégia Alentejo
2030, sendo eles:

• Incrementar a sustentabilidade territorial

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• Reforçar o valor das cadeias produtivas regionais


• Incrementar a qualificação dos recursos humanos regionais

“Os concelhos do Alto Minho são cada vez mais procurados pelos nómadas digitais,
muitos deles estrangeiros, que procuram uma casa localizada sobretudo nas zonas rurais,
mas onde exista uma boa cobertura de fibra ótica.

A situação é descrita ao Expresso por um conjunto de profissionais de empresas de


mediação imobiliária que atuam nesta sub-região do Minho” (Expresso, 2022). Os atores que
definem as estratégias para a Região do Alentejo têm de ser capazes de prever estas
necessidades de determinados grupos de pessoas de forma, por exemplo, explorar novas
áreas emergentes e ficar na vanguarda da inovação promovendo, neste caso, o seu turismo
rural. Resumidamente é necessário apostar no reforço da competitividade e da capacidade
de atração, aumentando a oferta de emprego, de serviços e dos níveis de qualidade de vida
para combater um dos principais problemas do Alentejo, a desertificação populacional.

A DENSIFICAÇÃO DO MODELO TERRITORIAL E A


ESTRUTURAÇÃO PROPOSTA PARA A CONSOLIDAÇÃO DOS
SUBSISTEMAS TERRITORIAIS
De acordo com o artigo 2º da lei n.º 99/2019, de 5 de setembro (1ª revisão do
PNPOT) “A elaboração de estratégias, de programas e de planos territoriais ou com
incidência territorial é condicionada pelo quadro de referência do PNPOT, nomeadamente os
princípios da coesão territorial e da competitividade externa, os desafios e opções
estratégicas e o modelo territorial constantes do relatório, bem como as medidas de política,
os compromissos e as diretrizes constantes do programa de ação.” (Lei n.º99/2019 de 5 de
setembro). De qualquer das formas a estratégia faz o levantamento dos ativos permanentes
e adquiridos enquanto que os centros urbanos se “regem” pelo Plano Regional de
Ordenamento do Território do Alentejo ( “O PNPOT aponta, assim, para a necessidade de
desenvolvimento de estratégias e modelos territoriais regionais atualizados que enquadrem
o desenvolvimento socioeconómico regional e a definição dos futuros programas
operacionais, afirmando como prioritário dar início aos exercícios de elaboração e alteração
dos PROT, considerando as dinâmicas das instituições da região e sem prejuízo da
redefinição do modelo de competências das CCDR.”( lei n.º99/2019, de 5 de setembro)). A
população tende a realizar a suas deslocações para os locais que tem melhores níveis de
qualidade de vida ao invés de se deslocar para os que carecem de dinamismo populacional

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e é nessa ótica que os serviços de interesse geral sejam alvo de alguma reflexão no
processo mencionado anteriormente para que estes sejam implementados no território
(preferencialmente acessíveis à população em geral). Torna-se assim responsabilidade do
Alentejo promover o investimento e desenvolvimento destes serviços de apoio. É aqui que a
Estratégia Alentejo 2030 incidiu o plano de ação de Provisão e acesso a Serviços de
Interesse Geral, procurando atrair a população e atenuar as consequências da situação
demográfica deficiente, mas também para fixar essa mesma população no território da
região alentejana. Para que tal aconteça o plano de ação procura simultaneamente a
melhoria de habitação, educação, saúde, infraestruturas, equipamentos e serviços inter-
regionais de interesse geral.

ABORDAGENS TERRITORIAIS ASSUMIDAS E O EVENTUAL


AJUSTAMENTO ÀS ASSIMETRIAS IDENTIFICADAS NOS
DIFERENTES TERRITÓRIOS
A forma como a estratégias olham para cada território e o acerto de disparidades dos
mesmos são cruciais pois quanto maior for a quantidade de recursos humanos que um
território tiver, maior será a capacidade deste se desenvolver autonomamente e é desta
forma que é imprescindível pensar primeiramente na população (procurando dar resposta às
suas necessidades) já que esta é dominante relativamente aos demais fatores de
desenvolvimento territorial.

Relativamente a esta dinâmica e ao desafio de atrair população que a região


alentejana apresenta, a Estratégia Alentejo 2030 desenvolveu Planos de Ação que procuram
dar resposta ao diagnóstico da Região do Alentejo. Este diagnóstico destaca:

• Excesso de população idosa


• Carência de atratividade para a população (ativa e instruída) estimuladora
do desenvolvimento regional
• Atração a empresas deficiente (processo de inovação pouco desenvolvido e
sem competitividade)
• Ingerência dos recursos naturais da região
• Escassez de investimento na rede de transportes do Alentejo (obstrução à
incorporação no sistema nacional de mobilidade)

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Os planos de ação que dão resposta ao diagnostico referido são 8 e recaem sobre:

1. Provimento e Acesso a Serviços de Interesse Geral


De forma a solucionar a carência de geração de atratividade para a
população através do alargamento da oferta destes serviços em contexto
digital que permitem resoluções integradas e financeiramente sustentáveis.
2. Sustentabilidade Territorial, Património Natural e Ação Climática
Contabilizando as vulnerabilidades que o Alentejo revela e estimulando o
uso eficaz, sustentável e inteligente dos recursos
3. Conhecimento e Inovação
Procurando estimular a produção de conhecimento, transferência de
tecnologia e a inovação empresarial por meio da EREI Alentejo 2030,
fazendo progredir a colaboração e apreciando os ativos
4. Infraestruturas Económicas e de Suporte Logístico e
Empreendedorismo
Procurando dar apoio às empresas e a garantir condições propicias para
atrair investimento e fixar empresas
5. Qualificação, Emprego e Inclusão Social
Potenciando a fixação empresarial com mão de obra instruída e que se
encaixa nas necessidades do tecido empresarial que procura um ensino
digital
6. Cooperação Territorial
O território deve ser considerado sempre que possível como um território
continuo e integrado, pois, a dinâmicas intra e interterritoriais não param
nas fronteiras dos mesmos. Deve ser analisado da perspetiva da sua
população e não de que define estratégias. Este plano de ação procura
ainda a criação de sinergias com a Andaluzia, Algarve, Extremadura e
Centro e a extinção dos custos fronteiriços.
7. Governança e Capacitação
Procura a ligação e implementar um modelo regional de governação
colaborativa em domínios fundamentais das políticas publicas de
desenvolvimento regional. E prover as instituições e as pessoas de
capacidades técnicas para a gestão de projetos e parcerias.

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8. Água
Incide principalmente numa proposta conjunta que se faz justificar pelas
vulnerabilidades territoriais do Baixo Alentejo, Alentejo Litoral e ainda do
Algarve de promovendo a resiliência destes ecossistemas mitigando os
efeitos das alterações climáticas nestes territórios.

No entanto, de acordo com a notícia do jornal Dinheiro Vivo (sobre Sines) “Nuno
Mascarenhas alerta que há incentivos públicos para ajudar investidores locais, que não
estão a chegar a Sines. "Existe uma área de investimento público da qual estamos
incompreensivelmente excluídos, que são os investimentos do chamado Programa de
Valorização do Interior. Sines é o único concelho do Alentejo que está excluído deste
programa, o que prejudica, sobretudo, os investimentos mais pequenos, muitos dos quais de
investidores locais, mas que, apesar de pequenos, são investimentos de suporte aos
grandes investimentos", lamenta. "Existem investimentos que só podem ocorrer em
territórios como o de Sines, não sendo justo que sejam excluídos de apoios ou incentivos
pelo facto de serem inviáveis no interior. É relevante que, nesta transição de quadro
comunitário, a aplicação destas medidas possa ser revista, nomeadamente porque, não
sendo Sines um território de interior, continua a ser um território de baixa densidade e a
acusar os problemas normais dessa condição", rematou.” (Dinheiro Vivo, 2021).
Deve-se evidenciar que Nuno Mascarenhas era à data e é atualmente presidente no
executivo camarário de Sines, o que implica que este possui na sua equipa técnicos que
sabem como aceder a fundos monetários. Se com este conhecimento os técnicos têm
dificuldade em aceder aos mesmos, muita mais terá um empresário local que quer começar
um pequeno negócio. É nesta ordem de razão que o acesso aos fundos deveria ser mais
simples para qualquer individuo tenha a possibilidade de criar o seu próprio negócio e criar
de alguma forma dinamismo empresarial na Região do Alentejo .

PROJETOS ESTRTUTURANTES E DESAFIOS REGIONAIS PARA


2030
A Estratégia do Alentejo 2030 conta investimentos inseridos no Plano Nacional de
Investimentos 2030 no Âmbito dos Transportes e Mobilidade investindo em

• Programa de sinalização e implementação do ERTM/ETCS + GSM-R (Linha


do Alentejo) com 270 milhões de euros

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• Programa de eletrificação e reforço da Rede Ferroviária Nacional (Ramal de


Portalegre) com 235 milhões de euros
• Corredor Internacional Sul: nova ligação de Sines a Grândola com 120
milhões de euros
• Modernização da Linha do Alentejo com 90 milhões de euros
• Programa de construção de “missing links” no IC9, A23 e IC13, contando
com 300 milhões de euros
• Conclusão do IP8 Sines-Beja com 130 milhões de euros
• Programa de valorização das áreas empresariais em Aljustrel, melhorando
as acessibilidades à zona de extração mineira e à área de localização
empresarial com 110 milhões de euros
• Porto de Sines com 940 milhões de euros

A Estratégia do Alentejo 2030 conta ainda com investimentos do Plano Nacional de


Investimentos 2030 na área da energia:

• Consolidação das redes nacionais de eletricidade (ligação a 400 kw nos


eixos de Ferreira do Alentejo-Ourique-Tavira e Eixo Falagueira-Estremoz-
Divor-Pegões com 175 milhões de euros

Estes projetos são fundamentais para a Região do Alentejo, no entanto o investimento


privado também deve ser um “alvo” da região sendo que este pode expandir o potencial
desenvolvimento referido.
Fundo Total % de Fundos
Eixo Prioritário do PO Aprovado Aprovados
01-Competitividade e internacionalização das PME 349 465 454 27,86
02-Ensino e qualificação do capital humano 139 867 418 11,15
03-Investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação 74 341 046 5,93
04-Desenvolvimento urbano sustentável 130 669 539 10,42
05-EMPREGO E VALORIZAÇÃO ECONÓMICA DE RECURSO ENDÓGENO 63 705 897 5,08
06-COESÃO SOCIAL E INCLUSÃO 270 334 891 21,55
07-Eficiência energética e mobilidade 35 169 639 2,80
08-Ambiente e sustentabilidade 140 376 505 11,19
09-capacitação institucional e modernização administrativa 22 033 439 1,76
10-Assistência Técnica 28 442 178 2,27
Total 1 254 406 006

Tabela 2 - Eixos Prioritários do Programa Operacional Regional do Alentejo e Total de Fundos Aprovados
por Eixo Prioritário

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O Programa Operacional Regional do Alentejo apresenta um total de fundos


aprovados na ordem de cerca de 1,25 mil milhões de euros sendo assim mais
discriminadamente cerca de 349 milhões (27,86%) para o eixo prioritário da competitividade
e internacionalização das PME, cerca de 140 milhões de euros (11,15%) para o eixo
prioritário do ensino e qualificação de capital humano, cerca de 74 milhões de euros (5,93%)
para investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação, cerca de 131 milhões (10,42%)
para o desenvolvimento urbano sustentável, cerca de 64 milhões (5,08%) para o emprego e
valorização económica de recursos endógenos, cerca de 270 milhões (21,55%) para a
coesão social e inclusão, cerca de 35 milhões (2,8%) para eficiência energética e
mobilidade, cerca de 140 milhões (11,19%) para ambiente e sustentabilidade, cerca de 22
milhões (1,76%) para a capacitação institucional e modernização administrativa e cerca de
28 milhões (2,27%) para a assistência técnica.
Para alem do Plano Operacional Regional do Alentejo também existem alguns
investimentos privados aprovados ou em discussão para o território Alentejano, que por sua
vez tendem a mostrar alguma disparidade se associarmos o valor desses investimentos às
sub-regiões em análise. Pode-se fazer a comparação com os investimentos do PO, no
entanto o argumento que se poderá ir contra esta análise é a de que o PO tem de forma,
mais ou menos, ponderada a necessidade de cada sub-região.

LIGAÇÃO DA ESTRATÉGIA COM OS CONCEITOS DE COESÃO,


COMPETITIVIDADE, GOVERNANÇA, DESCENTRALIZAÇÃO E
TERRITORIALIZAÇÃO DE POLÍTCAS

Competitividade
De forma geral a competitividade pode ser definida como “desempenho superior
sustentável” (Powell 2001). A um nível nacional “a habilidade de criar riqueza” (Aiginger,
2006). “a habilidade de um país realizar objetivos políticos no âmbito da economia central”
(Fagerberg, 1988). “Conjunto de instituições, politicas e fatores que determinam o nível de
produtividade de um pais” (World Economic Forum, 2015).
A estratégia define um conjunto de objetivos que tornem o Alentejo num território
mais competitivo através da “inovação, iniciativa empresarial e empreendedorismo,
digitalização e ligações de conetividade, sobretudo ferroviárias” (p. 54). O Plano de ação das
Infraestruturas económicas e de suporte logístico e empreendedorismo suporta em si "

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investimentos enquadráveis nas Prioridade de Investimento relativas ao reforço do


crescimento e competitividade das pequenas e médias empresas” (p.52)

Coesão
“A concentração da atividade económica é inevitável e normalmente desejável para o
crescimento económico, mas as disparidades espaciais da riqueza não o são” (WB, 2009).
“A coesão territorial pode ser entendida como um processo de convergência territorial, que
se espera que ocorra num determinado período de tempo, num determinado território, num
vasto conjunto de indicadores de desenvolvimento, relacionados com várias componentes e
dimensões” (Medeiros, 2016)
“Ao longo desse ciclo, que abrange várias gerações de programação dos fundos
estruturais, foi possível mobilizar recursos da política de coesão que combinaram
investimento na competitividade e na coesão social e territorial.” (p.56) Aqui a estratégia
demonstra que não se pode discutir coesão sem ter em conta a competitividade. Este
conceito aparece também no Plano de Ação das Infraestruturas económicas e de suporte
logístico e empreendedorismo, “este Plano de Ação inscreve-se na construção de respostas
ao Desafio regional relativo à Valorização económica dos recursos e regionais e da coesão
territorial” (p.52).

Governança
A Governança “tem de ocorrer quando as pessoas (…) tem uma interação próxima o
suficiente e para resolverem os seus problemas esta tem de trabalhar em conjunto como um
grupo de forma a alcançarem os objetivos que almejam” (Ndreu, 2016).
A Estratégia Alentejo 2030 define em si o plano de ação da Governança e
Capacitação que afirma que “a problemática da Governança multinível e multi-escalar, a par
da capacitação das instituições e dos seus recursos técnicos e humanos, constitui matéria
recorrente na abordarem de sucessivos ciclos de programação do desenvolvimento regional,
face às insuficiências dos mecanismos existentes e da eficácia de desempenho das
atribuições e competências revelada por parte de entidades territoriais e de interface” (p.54).
“O Plano de Ação Governança e Capacitação deverá aprofundar as dimensões operacionais
do Desafio regional Reforço das Condições de governação e da Ação Coletiva,
nomeadamente em resposta aos Objetivos específicos: (i) Conceção e implementação de
um modelo regional de governação colaborativa em domínios estruturantes das políticas
publicas de desenvolvimento regional; e (ii) Capacitação técnica das instituições e das
pessoas para a gestão de projetos e parcerias.” (p.54)

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Descentralização
A descentralização é “a dispersão da autoridade distribuindo a pelos níveis inferiores
do sistema administrativo” (Marume & Jubenkanda, 2016) permitindo assim fazer politicas
adequadas ao território que, por exemplo a autarquias, gerem. Este conceito está assim
ligado à territorialização de políticas. Na estratégia deverá ser promovida não só, mas
também a “descentralização das decisões públicas, que implica a necessidade de
aprofundar as soluções de nível intermunicipal e regional para encarar os desafios da
coesão, da sustentabilidade e do desenvolvimento” (p.38)

Territorialização de Políticas
A territorialização das políticas procura que a administração local faça políticas para
que o território que gerem, tendo estas conhecimento e maior proximidade sobre os
problemas da sua área administrativa terão maior aptidão para definir e promover a respetiva
solução
O excerto no subcapítulo anterior visa a promover “o esforço de territorialização das
políticas publicas” (p.38). Deve ser denotado ainda que “a proposta de Planos de Ação a
elaborar procura traduzir vertentes-chave de territorialização das políticas públicas e
promove uma combinação entre os “objetivos de Política e os objetivos das Agendas
Temáticas, estimulando a integração e permeabilidade e acolhendo intervenções das
importantes áreas da cooperação territorial e da capacitação de recursos” (p.49)

ANÁLISE CRITICA
A Agenda 2030 do Alentejo menciona a palavra “inovação” 88 vezes e não refere a
palavra automação uma única vez. Apesar desta referir que “a digitalização da economia
deverá, ainda, contribuir para a construção de novas respostas aos constrangimentos de
fixação de residentes nos territórios da Região” e “ Digitalização da Economia, Este domínio
transversal abrange um leque crescente de novos sistemas de produção, de produtos e
serviços digitais alimentando novos modelos de negócio e contribuindo para reestruturar
cadeias de valor(…) numa dinâmica de iniciativa renovada e facilitadora de benefícios
socioeconómicos para as organizações do território, as empresas…” não refere a
automação, penso eu por escolha politica de decidir como aplicar estes dois excertos na
prática. Na minha opinião existe medo por parte da população de que a automação venha a
roubar postos de trabalho, e portanto, para um decisor politico demonstrar de forma explicita
que pretende seguir o caminho da automação poderia ser prejudicial para este.

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Na minha perspetiva a aposta inovar por meio da automação será o que vai tornar o
território alentejano competitivo, pois será na região onde for mais fácil promover a
automação que haverá mais fundos para investir e a estratégia tinha de contemplar tal facto.
A automação permite que por exemplo, um trabalhador responsável por supervisionar 10
máquinas de fabrico de têxteis produza por 10 ou mais trabalhadores. Os países
desenvolvidos, e principalmente Portugal, vivem num contexto demográfico de elevado
envelhecimento da população. Vamos ter no futuro, portanto uma pirâmide etária inversa
mais acentuada, ou seja, teremos cada vez mais uma população não produtiva em maior
número de acordo com o INE que afirma que em 2019 havia 161,3 idosos por cada 100
jovens e que em 2050 num cenário moderado com migrações existirão 297,2 idosos por
cada 100 jovens. Cabe assim à população das faixas etárias inferiores produzirem
rendimento de forma a darem qualidade e dignidade de vida às faixas etárias superiores. Isto
pode ser feito aumentando os níveis de produtividade por meio da aposta na automação e
robotização dos processos produtivos. Mais de 50% das ocupações existentes em Portugal
são passiveis de serem automatizadas de acordo com a Fundação Francisco Manuel dos
Santos. Este debate leva-nos à questão de que poderão ser extintos postos de trabalho, no
entanto a população portuguesa tende a ser cada vez menor (se consideramos a população
ativa ainda mais reduzida é, e no Alentejo este efeito acentua-se de forma desmedida). E
deve-se apostar cada vez mais na capacidade de adaptação da população para combater
uma possível extinção de um posto de trabalho para a qual esta teve experiência a vida
toda, como por exemplo os taxistas (uma profissão que na minha opinião está num processo
de extinção), que hoje se tiverem a capacidade de e adaptarem às novas tecnologias
poderão ser condutores de TVDEs. É aqui que o setor do Ensino entra, e fazendo uma
sublime passagem ao assunto do ensino devo de valorizar a aposta da ligação de empresas
com a academia que a Estratégia do Alentejo 2030 procura promover. Apostar nas
Universidades e politécnicos do Alentejo é positivo, obriga a que as empresas nele
implementadas não se desloquem. Mover uma empresa é muito rápido, deslocar
conhecimento é um processo mais demoroso. Dando um caso bastante positivo e recente da
Universidade de Évora que em parceria com a Microsoft Portugal criou um curso de
Inteligência Artificial de forma a “potenciar as empresas e os seus gestores com tecnologia
inovadora” na área do agronegócio. Apenas para nota final, falar de automação poderá ser
algo do passado, no entanto em Portugal há décadas de atraso relativamente à mesma.

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Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030

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Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030

ANEXOS

Anexo 1 - Enquadramento da Região do Alentejo e das suas Sub-Regiões

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Análise critica à incorporação das orientações na definição da Estratégia Alentejo 2030

Anexo 2 - Resultados Autárquicas 2017 no Alentejo

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