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Interpretação de Linguagem Não-Verbal

Mentira e Engano

Nuno Gonçalo Paixão Amaral Santos Almeida

Psicologia das Informações

Lisboa 2018
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Índice
Comunicação Não-Verbal.............................................................................................................. 1
Importância da Comunicação Não-verbal ..................................................................................... 1
Tipos de comunicação Não-Verbal................................................................................................ 1
Cinésica...................................................................................................................................... 2
Linguagem corporal ............................................................................................................... 2
Emblemas .......................................................................................................................... 2
Ilustradores ....................................................................................................................... 3
Reguladores....................................................................................................................... 3
Postura .............................................................................................................................. 3
Comunicação facial ........................................................................................................... 3
Técnicas de gestão facial ............................................................................................... 3
Oculésia ..................................................................................................................................... 3
Háptica ...................................................................................................................................... 4
Paralinguística ............................................................................................................................... 5
Persuasão, Compreensão, e Quão Rápido Falamos.................................................................. 6
Vocalizações .............................................................................................................................. 6
Caracterizadores vocais......................................................................................................... 6
Qualificadores vocais ............................................................................................................ 6
Separadores vocais................................................................................................................ 6
As funções do silêncio ............................................................................................................... 7
Espaço e Território ........................................................................................................................ 7
Comunicação proxémica ........................................................................................................... 7
Dimensões do espaço................................................................................................................ 7
Território ................................................................................................................................... 8
Teorias de espaço ...................................................................................................................... 8
Características físicas .................................................................................................................... 8
Artefactos .................................................................................................................................. 8
Factores ambientais .................................................................................................................. 9
Interpretar gestos ......................................................................................................................... 9
Olhos ....................................................................................................................................... 11
Face ......................................................................................................................................... 11
Sorriso ..................................................................................................................................... 11
Mãos ........................................................................................................................................ 12
Pernas e Braços ....................................................................................................................... 13

NUNO ALMEIDA I
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Postura: Sentar e Andar .......................................................................................................... 13


Interpretar Grupos de Gestos ................................................................................................. 13
Grupos de gestos comuns ................................................................................................... 14
Perceber e interpretar a linguagem corporal ............................................................................. 17
Tirar gestos fora do contexto (atribuir significado a um único gesto). ................................... 17
Intuição e Congruência............................................................................................................ 17
Evolução e refinamento de gestos inerentes.......................................................................... 17
A Palma.................................................................................................................................... 18
Apertos de mão ....................................................................................................................... 20
Apertos de mão de duas mãos ............................................................................................ 21
As mãos ................................................................................................................................... 23
Sorrisos .................................................................................................................................... 25
Dedos e mão ao rosto, cabeça, e pescoço .............................................................................. 26
Gestos de Enganar - Mão a Boca, Orelha, ou Olho. ................................................................ 27
Linguagem dos braços ............................................................................................................. 29
Linguagem das pernas e pés ................................................................................................... 31
Linguagem do cabelo, cabeça, e rosto .................................................................................... 32
Outras posições ....................................................................................................................... 35
Mentira........................................................................................................................................ 38
Tipos de mentiras .................................................................................................................... 39
Moralidade de mentir ............................................................................................................. 39
Porque mentimos? ...................................................................................................................... 39
Mentira em animais ................................................................................................................ 40
Desenvolvimento da mentira .................................................................................................. 40
Mentira em robots .................................................................................................................. 41
História da Detecção de Mentiras ............................................................................................... 41
Métodos actuais .......................................................................................................................... 42
Poligrafia moderna .................................................................................................................. 42
Micro-expressões faciais ......................................................................................................... 42
Detecção Neurotecnológica da Mentira (NTLD) ..................................................................... 43
Padrões de Fluxo Sanguíneo ............................................................................................... 43
Padrões de Reconhecimento .............................................................................................. 44
Será ético? ............................................................................................................................... 45
Qual é a validade dos detectores de mentiras? ...................................................................... 45
Como enganar um detector de mentiras ................................................................................ 46

NUNO ALMEIDA II
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Como saber quando alguém está a mentir ................................................................................. 47


Grupos Comportamentais da Decepção ................................................................................. 47
Padrões Macro .................................................................................................................... 47
Micro padrões - expressos no rosto .................................................................................... 48
Como mentir ............................................................................................................................... 51
Apanhar um mentiroso ............................................................................................................... 51
Sinais de que a pessoa está a mentir ...................................................................................... 52
Entrevista .................................................................................................................................... 53
Preparação e Planeamento ..................................................................................................... 54
Engage and Explain.................................................................................................................. 55
Tipos de documentação de entrevistas .................................................................................. 59
Interrogatório .............................................................................................................................. 60
Preparação e Planeamento ..................................................................................................... 61
Engage and Explain.................................................................................................................. 61
Tipos de documentação de confissões ................................................................................... 63
Decepção no Interrogatório .................................................................................................... 63
Entrevista vs Interrogatório ........................................................................................................ 64
Técnicas de Interrogação ............................................................................................................ 65
Fase I – Preparação ................................................................................................................. 66
Fase II – Desenvolver tácticas com base no resultado final .................................................... 66
Fase III – Obter a confissão ..................................................................................................... 69
Índice de Figuras ......................................................................................................................... 71

NUNO ALMEIDA III


INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

By a man's fingernails, by his coat-sleeve, by his boots, by his trouser-knees,


by the calluses of his forefinger and thumb, by his expression, by his shirt-
cuffs, by his movements—by each of these things a man's calling is plainly
revealed. That all united should fail to enlighten the competent enquirer in
any case is almost inconceivable.

Sherlock Holmes, 1887

Comunicação Não-Verbal
Mais de metade de todas as mensagens são transmitidas através de elementos não-
verbais: aparência, linguagem corporal, tom, e ritmo da voz.

Comunicação não-verbal é o processo de enviar e receber mensagens sem palavras


por meio de expressões faciais, olhares, gestos, toque, posturas, espaço, tons de voz, e
silêncio. Indícios não-verbais incluem todos os sinais expressivos, sinais, e sugestões que são
usados para enviar e receber mensagens.

Antes das mensagens verbais serem processadas é tomada em conta a aparência do


orador, entusiasmo e sinceridade, e tom de voz; recebidas como mensagem não-verbal.

Se esta mensagem não-verbal reforçar o conteúdo verbal, o orador envia uma


mensagem poderosa.

Se as duas mensagens não coincidirem, podem cancelar-se uma à outra, o que significa
que nenhuma mensagem foi entregue.

Importância da Comunicação Não-verbal


Estima-se que na maioria das vezes a comunicação não-verbal transmita uma
percentagem maior de informações sociais (65% ou mais), enquanto a comunicação verbal
desempenha um papel menos saliente (35% ou menos). Tanta informação é comunicada não-
verbalmente que frequentemente o aspecto verbal é negligenciável.

A comunicação de informação é essencial para apoiar a infra-estrutura da sociedade.


Esta necessidade básica não mudou desde que as primeiras imagens foram gravadas em
tábuas de argila no Médio Oriente, há cerca de 6 000 anos atrás, para registrar transacções
comerciais.

Tipos de comunicação Não-Verbal


Gestos Corporais e Expressões Faciais

Toque

Som

NUNO ALMEIDA 1
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Espaço

Cinésica
O estudo das dimensões comunicativas dos movimentos faciais e corporais corporais. Inclui:
movimento corporal (linguagem corporal – inclui membros, cabeça, pés, e pernas),pernas gestos,
expressões faciais,, contacto visual e comportamento dos olhos,, postura, e volume de fala.

Alguns movimentos providenciam informação sobre emoções, outros sobre


características pessoais ou atitude.

Linguagem corporal
Emblemas, ilustradores,
ustradores, exibições de afecto
afecto, reguladores, postura,, comunicação facial.
facial

Emblemas
Emblemas são gestos ou sinais aos quais foi atribuído um significado específico, sendo
conhecidos pelo grupo que os emprega e limitados pelo tempo e pela cultura.

 Polegar para cima OK


 V com os dedos Vitória
 Dedo apontado à tempura com o polegar perpendicular Suicídio
 Mão a agarrar a garganta Sufocar
 Mão à boca Comer
 Inclinar cabeça, olhos fechados Dormir

O emprego de emblemas pode ser para insultar, indicar direcções, cumprimentar,


despedir, responder a perguntas (sim, não, não sei), demonstrar um estado físico ou emoção.
Só faz sentido utilizar emblemas dentro do grupo que os conhece, ou arrisca-se
arrisca a que sejam
mal ou não interpretados – o mesmo emblema pode ter significados diferentes em culturas
diferentes. Polegar e dedo indicador juntos com os restantes esticad
esticados
os simboliza "OK" para um
ocidental, "dinheiro" para um japonês, "zero" para os franceses, e é insulto para turcos e
brasileiros.

A parte do corpo mais associada a emblemas são as mãos, mas não têm exclusividade -
enrugar o nariz simboliza nojo
nojo, abrir a boca exageradamente
xageradamente e levantar as sobrancelhas
simboliza surpresa, virar
irar as palmas para cima e encolher os ombros simboliza incerteza.

Figura 1. Emblemas de mão – polegar para cima simboliza aprovação; Polegar e


dedo indicador juntos com os restantes esticados simboliza concordância ou
aceitação; Dedos em V simboliza vitória.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Ilustradores
Gestos que reforçam o que está a ser dito sugerem envolvimento emocional, daí
sinceridade. Se um gesto não corresponde ao que está a ser dito, isso sugere engano. A mão
dominante é mais associada a emoções positivas; a não dominante a emoções negativas.

A decepção é acompanhada pela diminuição de ilustradores em comparação com a


norma individual (controlo excessivo da linguagem corporal), mas pode não se aplicar quando
o risco é alto.

Reguladores
Reguladores podem indicar ao orador que continue, se apresse, se torne mais
interessante, explique, deixe outro falar.

Os reguladores de vez de falar (os mais estudados) são inclinar a cabeça, acenar,
contacto visual (menos contacto visual quando se quer terminar a conversa).

Postura
 Postura caída = espíritos em baixo.
 Postura erecta = espíritos em alto, energia e confiança.
 Inclinado para a frente = aberto e interessado.
 Inclinado para trás = defensivo ou desinteressado.
 Braços cruzados = defensivo.
 Braços descruzados = vontade de ouvir.
 Mãos nos quadris = impaciente.

Comunicação facial
 Gestão facial.
 Feedback facial.
 Expressões faciais e cultura.

Técnicas de gestão facial


 Intensificar - exagerar um sentimento.
 Desintensificar - para atenuar/conter/reprimir um sentimento.
 Neutralizar - para esconder um sentimento.
 Mascarar - para substituir ou trocar a expressão de uma emoção ou outra.

Oculésia
Estudo da forma como os olhos são usados durante uma troca de comunicações. As
características das mensagens oculares são direcção, duração, qualidade.

Funções do contacto visual:

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 Monitorizar o feedback;
 Assegurar a atenção e o interesse da audiência;
 Regular ou controlar a conversa;
 Sinaliza a natureza do relacionamento;
 Compensar uma maior distância física.

Evitar contacto visual normalmente significa:

 Desatenção Civil;
 Sinal de falta de interesse;
 Estímulos desagradáveis;
 Aumentar Outros Sentidos.

Dilatação de pupilas deve-se a atractividade, interesse, excitação emocional.

Háptica
O estudo do toque como meio de comunicação não-verbal. A forma mais primitiva de
comunicação.

Função do toque:

 Emoções positivas;
 Brincadeira;
 Controlo;
 Ritualístico;
 Relacionado a uma tarefa.

Evitar o toque normalmente significa:

 Apreensão de comunicação;
 Revelar intenções;
 Variação de géneros.

Diferença de géneros/sexos e toque:

 Mães vs Pais
 Mesmo sexo vs sexo oposto

Diferenças Culturais e Toque:

 Culturas de contacto
 Culturas de não-contacto

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Háptica e Cooperação:

 Contexto de grupo
 Dilemas sociais
 Proximidade
 O toque aumenta a aceitação ou cooperação.

Tanto o contacto visual quanto o toque têm uma variedade de funções e significados.
Ambos estão sujeitos à variabilidade de género e a variabilidade cultural.

Paralinguística
Paralinguística é a dimensão vocal (mas não verbal) da fala. Refere-se à maneira como
se diz algo, ao invés daquilo que se diz. Ao enfatizar palavras diferentes numa frase, pode
alterar-se completamente o significado sem qualquer alteração à estrutura da frase.

“Eu nunca disse que eu não gostava dela”

“EU nunca disse que eu não gostava dela”

“Eu NUNCA disse que eu não gostava dela”

“Eu nunca DISSE que eu não gostava dela”

“Eu nunca disse que EU não gostava dela”

“Eu nunca disse que eu NÃO gostava dela”

“Eu nunca disse que eu não GOSTAVA dela”

“Eu nunca disse que eu não gostava DELA”

O comportamento de fala inclui:

 Qualidade de voz e tom


 Alcance vocal e controlo rítmico
 Andamento
 Articulação
 Ressonância
 Controlo da glote
 Controlo vocal e labial

Pistas de paralinguística são usados para formar impressões, identificar estados


emocionais, e fazer julgamentos de credibilidade, inteligência, e objectividade.

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Persuasão, Compreensão, e Quão Rápido Falamos


Níveis de afabilidade, inteligência, e objectividade.

 111 ppm - menor quantidade de afabilidade, objectividade, e menos inteligente.


 140 ppm - inteligência média, agradabilidade, e objectividade.
 191 ppm – a audiência concorda mais com o discurso mais rápido; vistos como os mais
inteligentes e objectivos, mesmo quando a audiência sabe que o orador está a tentar
vender alguma coisa.

Níveis de compreensão nos discursos a 201 ppm estão a cerca de 95%, caindo apenas
ligeiramente para 90% quando se aumenta a velocidade para 282 ppm.

Vocalizações
Sons não-verbais - não são palavras, mas transmitem um significado. Divididos em
caracterizadores vocais, qualificadores vocais, e separadores vocais.

Caracterizadores vocais
 Rir
 Suspirar
 Chorar
 Arrotar
 Inalar
 Gemer
 Choramingar
 Gritar
 Sussurrar

Qualificadores vocais
 Intensidade (alto-suave)
 Altura do tom
 Graves-agudos

Separadores vocais
 Um
 Ah
 Uh

Alguns sons são não-vocais (como estalar os dedos, bater com o pé, sons respiratórios
voluntários – como inalações rápidas; onomatopeias), fazendo também parte da comunicação
não-verbal.

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As funções do silêncio
 Tempo para pensar: tempo para formular respostas.
 Arma para ferir os outros (o tratamento silencioso).
 Resposta a ansiedade pessoal: permanecer em silêncio na presença de estranhos.
 Impedir a comunicação: mecanismo de defesa contra dizer coisas no calor do
momento que não se podem retirar.
 Comunicar respostas emocionais: beicinho, raiva, irritação, fixar o olhar durante algum
tempo; amor.
 Obter efeitos específicos: colocar estrategicamente pausas antes ou depois das frases
para indicar importância ou seriedade.
 Nada a dizer: às vezes simplesmente não há nada a dizer.

Espaço e Território

Comunicação proxémica
Proxémica é o estudo da comunicação espacial e como a usamos (Devito, 2001).
Termo cunhado pelo fundador, Edward Hall, em 1968 no seu livro The Silent Language.

Existem quatro distâncias que utilizamos na comunicação interpessoal quotidiana, e


estas são culturalmente definidas. Há também cinco dimensões usadas para atribuir a
importância do espaço no estatuto social.

Distâncias:

 Distância íntima – toque até 15-45cm


 Distância Pessoal – 45cm a 5m (inclui a "bolha pessoal")
 Distância Social – 1,2 a 3,5m
 Distância Pública – 3,5 a 7,5m

Dimensões do espaço
Mais é melhor que menos.

 Atribuir importância ou estatuto com base em quanto espaço uma pessoa te.
 Privado é melhor que público.
 É melhor não ter que dividir espaço.
 Desejamos excluir as pessoas para marcar os limites do nosso espaço.
 Fechar portas é um sinal importante de que uma conversa é íntima e importante.

Mais alto é melhor que mais baixo.

 Paisagem/imagens distinguem altos de baixo.

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 Casas em terras mais altas costumam ser mais caras.


 Perto é melhor do que longe.
 É mais valorizado ter um escritório perto do chefe/patrão.
 É mais valorizado estar numa posição perto do anfitrião num jantar.

Dentro é melhor que fora.

 Vantagem de jogar em casa em equipas desportivas.

Território
Território é a reacção possessiva a uma área ou objecto em particular.

 Território primário - pertence o indivíduo.


o Marcadores de limite.
 Território secundário - não pertencente ao indivíduo, mas é a ele associado.
o Marcadores centrais.
 Territórios públicos - áreas como parques que pertencem a todos.

Teorias de espaço
 Teoria da protecção - as pessoas estabelecem uma zona pessoal (bolha pessoal) em
torno de si mesmas como protecção contra toques indesejados ou ataques, se se
sentem ameaçadas querem mais espaço ao seu redor.
 Teoria do equilíbrio - quão maior a intimidade, mais próxima a distância, e vice-versa.
 Teoria da violação da expectativa - as pessoas esperam que os outros mantenham certas
distâncias, quando estas são violadas as acções são questionadas.

Características físicas
Nem toda comunicação não-verbal vem através de movimento

Algumas são características estáticas de apresentação:

 Altura
 Peso
 Cabelo
 Cor da pele
 Hálito

Artefactos
Quando objectos interagem com pessoas para enviar indícios não-verbais:

 Roupa
 Batom
 Pestanas postiças

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 Perucas
 Perfume

Factores ambientais
Associados ao evento de comunicação que afecta o relacionamento humano, mas não
faz parte dele.

 Mobília
 Estilo arquitectónico
 Decoração interior
 Condições de iluminação
 Cores
 Temperatura

A primeira impressão é muito importante. As primeiras impressões acontecem sempre


que iniciamos a comunicação. A primeira impressão positiva torna as comunicações muito
mais fáceis e mais confortáveis. Primeiras impressões negativas podem interromper um
relacionamento antes de começar. Incluem:

 Roupa e grooming
 Voz
 Aperto de mão
 Contacto visual
 Postura corporal

Interpretar gestos
A linguagem corporal e a comunicação não-verbal são transmitidas através dos olhos,
face, mãos, braços, pernas, e postura (sentar e andar).

Cada gesto isolado individual é como uma palavra numa frase; é difícil e perigoso
interpretar isoladamente só por si.

Considerar o gesto à luz de tudo o que está a acontecer em redor.

Existem quatro modos básicos de linguagem corporal:

 Responsivo (ávido)
 Reflexivo (Avaliando)
 Fugitivo (entediado)
 Combativo (agressivo)

Existem dois grupos básicos de posturas: aberto/fechado e para frente/trás:

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Aberto/fechado é o mais óbvio. Pessoas com braços cruzados, pernas cruzadas, e


corpos virados para longe estão a sinalizar que estão a rejeitar mensagens.
o As pessoas que mostram mãos abertas, totalmente viradas para o orador e
com os dois pés plantados no chão, estão a aceitá
aceitá-las.
 Para a frente/trás indica se as pessoas estão a reagir activamente ou passivamente à
comunicação. Quando se inclinam para frente e apontam para o orador, estão a
aceitar ou rejeitar activamente a mensagem.
o Quando se inclinam para trás, olham para o tecto, rabiscam num bloco,
limpam os óculos, absorvem ou ignoram passivamente.

Responsivo

 Envolvido:
 Inclinado para a frente
 Corpo aberto
 Braços abertos
 Mãos abertas

Reflexivo

 A ouvir:
 Cabeça inclinada
 Muito contacto visual
 Alta taxa de piscar de olhos

Fugitivo

 Entediado:
 A olhar para o espaço
 Postura caída
 Rabiscar
 Bater o pé

Combativo

 Deixa-me falar:
 Bater com os dedos/dedilhar
 Bater o pé
 Olhar fixamente

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Olhos
“Janelas da alma”, são excelentes indicadores de sentimentos. Pessoas honestas têm
tendência a olhar directamente nos olhos quando falam - ou pelo menos assim interpretam os
ouvintes. As pessoas evitam o contacto visual com outra pessoa quando uma pergunta
desconfortável é feita.

Os olhos devem ser utilizados de modo a reduzir tensão e criar confiança em vez de
aumentar a tensão.

O levantar de uma sobrancelha mostra descrença, e duas mostra surpresa.

As pessoas são classificadas como “olhar à esquerda” e “olhar à direita”. Os que olham
à direita são mais influenciados pela lógica e precisão, os que olham à esquerda são
considerados mais emocionais, subjectivos, e sugestionáveis.

Face
O rosto é um dos indicadores mais confiáveis das atitudes, emoções, e sentimentos de
uma pessoa. Ao analisar expressões faciais, as atitudes interpessoais podem ser discernidas e
feedback pode ser obtido. Algumas pessoas tentam esconder as suas verdadeiras emoções.

Gestos faciais comuns incluem:

 Tristeza: infelicidade, raiva;


 Sorrisos: felicidade;
 Desprezo: antipatia, nojo;
 Tensão mandibular: tensão, raiva;
 Lábios amuados (beicinho): tristeza.

Sorriso
Existem dois tipos de sorrisos, falsos e genuínos. Sorrisos falsos são gerados
conscientemente, utilizando os músculos zigomáticos maiores para puxar os lábios para trás,
revelando os dentes e aumentando as bochechas. Sorrisos genuínos são gerados
inconscientemente, com os músculos do globo ocular a puxarem os olhos para trás (rugas pés-
de-galinha), juntamente com o trabalho dos músculos zigomáticos maiores.

Quando sentimos prazer, sinais neurais passam pela parte do cérebro que processa a
emoção, fazendo os músculos da boca moverem, as bochechas levantar, os olhos vincarem, e
as sobrancelhas inclinar levemente.

Sorrir e rir são universalmente considerados sinais que mostram que uma pessoa está
feliz. Choramos ao nascer, começamos a sorrir às cinco semanas, e a rir entre o quarto e o
quinto mês. Os bebés aprendem rapidamente que chorar chama a nossa atenção, e que sorrir
nos mantem-nos lá. Trabalho com os nossos primos mais próximos, os chimpanzés, mostraram
que o sorriso tem um propósito ainda mais profundo e primitivo.

Para mostrar que são agressivos, os chimpanzés revelam as suas presas inferiores,
avisando que podem morder. Os seres humanos fazem exactamente a mesma coisa quando se

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tornam agressivos, derrubando ou empurrando o lábio inferior, pois a sua função principal é
esconder os dentes inferiores. Os chimpanzés têm dois tipos de sorrisos: um é sorriso de
apaziguamento, que revela submissão. Nesse sorriso de chimpanzé - conhecido como “cara de
medo” - a mandíbula abre para expor os dentes e os cantos da boca, que são puxados para
trás e para baixo, lembrando um sorriso humano.

O outro é a “cara de brincadeira”, onde os dentes são expostos, os cantos da boca e os


olhos são puxados para cima, e sons vocais são feitos, semelhantes aos do riso humano. Em
ambos os casos esses sorrisos são usados como gestos de submissão.

O primeiro sorriso comunica "não sou uma ameaça porque, como pode ver, eu tenho
medo de si", e o outro diz "eu não sou uma ameaça porque, como pode ver, eu sou como uma
criança brincalhona". Este é a mesma expressão usada por um chimpanzé ansioso ou com
medo de ser atacado ou ferido por outros. Os músculos zigomáticos maiores puxam os cantos
da boca para trás horizontalmente ou para baixo, e os músculos do globo ocular não se
movem. É o mesmo sorriso nervoso usado por uma pessoa que é quase atropelada por um
autocarro. Porque é uma reacção de medo, sorriem e dizem: "Puxa... eu quase morri!"

Nos humanos o sorriso serve o mesmo propósito que nos outros primatas. Diz à outra
pessoa que não é ameaça e pede aceitação a um nível pessoal. A falta de sorriso explica
porque muitos indivíduos dominantes, como Vladimir Putin, James Cagney, Clint Eastwood,
Margaret Thatcher, e Charles Bronson parecem sempre rabugentos ou agressivos, e raramente
são vistos a sorrir - simplesmente não querem aparecer submissos de forma alguma.

Frequentemente, ao se sorrir para alguém, o sorriso é reciprocado, mesmo quando


ambos são falsos. Nós não temos controlo total sobre os nossos músculos faciais, e muitas
vezes espelhamos as expressões que vemos, mesmo que não o queiramos fazer.

É por isso que é importante ter um sorriso regular como parte de repertório de
linguagem corporal, mesmo quando não se tem vontade de sorrir, pois sorrir influência
directamente as atitudes de outras pessoas e como elas reagem à nossa presença.

Mãos
Mãos entrelaçadas geralmente indicam que a pessoa está a passar por uma pressão
indevida. Pode ser difícil relacionar com essa pessoa devido à sua tensão e discordância.

Estar em pé com as mãos unidas atrás das costas geralmente indica superioridade e
ser autoritário.

Colocar uma ou ambas as mãos sobre a boca, especialmente ao falar, pode indicar que
a pessoa está a tentar esconder algo.

Colocar a mão na bochecha ou acariciar o queixo geralmente demonstra pensamento,


interesse ou, consideração.

Dedos dobrados sobre o queixo ou abaixo da boca geralmente demonstram avaliação


crítica.

Esfregar suavemente atrás ou ao lado da orelha com o dedo indicador, ou esfregar o


olho normalmente significa que a outra pessoa não tem certeza sobre o que está a ser dito.

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Inclinar para trás com as duas mãos a apoiar a cabeça geralmente indica uma sensação
de confiança ou superioridade.

Pernas e Braços
Braços cruzados tendem a sinalizar a que o indivíduo está defensivo. Parecem agir
como protecção contra um ataque antecipado ou uma posição fixa de onde a outra pessoa
prefere não sair.

Braços abertos e estendidos geralmente indicam abertura e aceitação.

Pernas cruzadas tendem a transmitir desacordo. Pessoas que cruzam as pernas de


forma apertada parecem estar a dizer que não concordam com o que está a ser dito ou feito.
Se as pernas estiverem cruzadas e os braços firmemente cruzados, a atitude interior é
geralmente de extrema negatividade em relação ao que está a acontecer à volta. Pode ser
difícil conseguir um acordo.

Postura: Sentar e Andar


Sentar com as pernas cruzadas e o pé elevado num leve movimento circular indica
tédio ou impaciência.

Interesse e envolvimento são geralmente projectados quando o indivíduo está sentado


na borda da cadeira e inclinados ligeiramente para frente.

Sentar com os cotovelos no apoio de braços de uma cadeira é uma posição de poder e
transmite uma imagem de força e firmeza. Indivíduos humildes e derrotados deixam os braços
caírem dentro dos braços da cadeira.

Geralmente as pessoas que andam rápido e balançam os braços livremente tendem a


saber o que querem e procuram-lho. As pessoas que andam com os ombros curvados e as
mãos nos bolsos tendem a ser reservadas e críticas. Não parecem gostar muito do que está a
acontecer à sua volta.

Pessoas deprimidas geralmente arrastam-se com as mãos nos bolsos, cabeça para
baixo, e ombros curvados.

Pessoas que estão preocupadas ou a pensar geralmente andam de cabeça baixa, mãos
cruzadas atrás das costas, e andam muito devagar.

Interpretar Grupos de Gestos


Certas combinações de gestos são indicadores especialmente confiáveis dos
verdadeiros sentimentos de uma pessoa. Essas combinações são chamadas de grupos de
gestos.

Cada gesto é dependente dos outros, portanto a análise da linguagem corporal de uma
pessoa é baseada numa série de sinais para garantir que a linguagem corporal seja entendida
com clareza e precisão.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Todos os gestos individuais encaixam para projectar uma mensagem comum e


unificada. Quando isso não acontece, significa alguma incongruência. Por exemplo: uma
gargalhada nervosa.

Uma gargalhada geralmente sinaliza de relaxamento. Mas se houver sinais nervosos na


linguagem corporal, significa que a pessoa está a tentar escapar de uma situação desagradável.

Grupos de gestos comuns


Abertura e sinceridade

 Mãos abertas;
 Colarinho desabotoado;
 Inclinar ligeiramente para a frente na cadeira;
 Despir o casaco;
 Descruzar braços e pernas, aproximando-se.
 Quando as pessoas se orgulham do que fizeram geralmente mostram as suas mãos de
forma bastante aberta.
 Quando não se orgulham colocam frequentemente as mãos nos bolsos, ou escondem-
nas.
 Quando as pessoas mostram sinais de abertura, geralmente significa que estão muito
confortáveis na sua presença, o que é bom.

Estar defensivo

 Corpo rígido;
 Braços ou pernas cruzados de forma apertada;
 Olhar para os lados ou revirar os olhos ocasionalmente;
 Contacto visual mínimo;
 Lábios franzidos, punhos cerrados, e cabeça abatida;

Nervosismo

 Assobiar;
 Brincar com moedas;
 Mexer em objectos pequenos de forma inquieta;
 Contorcer os lábios ou rosto;
 Limpar a garganta;
 Fumar em série;
 Cobrir a boca com a mão,
 Bater os dedos.

Avaliação

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Gestos de avaliação dizem se a outra pessoa está a ser atenciosa ou a considerar o que
está a ser dito. Por vezes de uma forma amigável por vezes de uma forma hostil.
 Gestos típicos de avaliação incluem:
 Cabeça inclinada;
 Mão na bochecha;
 Inclinado para a frente;
 Acariciar o queixo.
 Por vezes os gestos de avaliação assumem um aspecto crítico:
 Corpo mais retraído;
 Mão por baixo do queixo, como se estivesse a segurar a cabeça.
 Geralmente é um gesto desfavorável.
 Para ganhar tempo para avaliar a situação, as pessoas normalmente fumam ou limpam
os óculos.
 Um último gesto de avaliação negativa é colocar os óculos na ponta do nariz e olhar
por cima deles. Este gesto geralmente causa uma reacção emocional negativa
exagerada.

Suspeita, secretismo, rejeição, e dúvida:

Essas emoções negativas são tipicamente comunicadas por:

 Olhares laterais (suspeita e dúvida);


 Contacto visual mínimo ou não existente;
 Deslocar o corpo para longe do orador;
 Tocar ou esfregar o nariz.
 Quando uma pessoa não quer contacto visual pode significar que está a ser mais
reservada, tem sentimentos particulares em oposição ao que está a ser dito, ou
esconde algo.
 Afastar o corpo de alguém significa que quer terminar a conversa, reunião, etc.
 Tocar no nariz pode indicar dúvida ou encobrimento.

Prontidão

A prontidão está relacionada com o indivíduo orientado por objectivos e preocupado


com cumprir tarefas.

Comunica a dedicação a um objectivo geralmente ao sentar-se à frente na borda de


uma cadeira. Isso pode transmitir excesso de ansiedade.

Aborrecimento ou Impaciência:

Sentimentos improdutivos geralmente transmitidos por:

 Bater os dedos;
 Colocar a cabeça na palma da mão;

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Balançar o pé;
 Mexer no cabelo ou na roupa;
 Olhar para o relógio ou saída.

Entusiasmo

Emoção agradável de ver noutros e no próprio. Transmitida por:

 Pequeno sorriso para si mesmo;


 Mãos abertas e braços estendidos para fora;
 Olhos arregalados em alerta;
 Caminhada animada e saltitante;
 Voz animada e bem modulada.

Palavras e frases que geralmente irritam e magoam as pessoas:

 Já devias saber…
 Não vejo qualquer propósito em...
 Tu tens de perceber isso...
 É difícil de acreditar…
 Não sejas idiota.
 Não podes fazer isso...
 Isso é irrelevante...

Evitar utilizar absolutos. Evitar rebaixar os outros. Evitar julgamentos que soem a
julgamentos de superioridade.

O preço que pagamos por não dizer o que queremos dizer - ou dizer algo que não
quisemos dizer pode causar culpa, raiva, perda de auto-estima.

Acusação, gritos, e agressividade não provam a nossa argumentação.

Informar sem magoar

 Tentar ouvir os outros primeiro.


 Reconhecer os pontos de vista e sentimentos dos outros.
 Evite a palavra "nunca" e o uso de mensagens que comessem por “Tu! …”
o ex.: “Tu estás sempre atrasado”. “Tu nunca...”

NUNO ALMEIDA 16
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Perceber e interpretar a linguagem corporal


Os seres humanos orgulham
orgulham-sese da sua capacidade aparentemente única de verbalizar
sentimentos e ideias. Contudo, enquanto a boca conta uma história, os gestos e a postura
podem contar uma história diferente.

Tirar gestos fora do contexto (atribuir significado a um único gesto).


Os gestos devem ser observados em grupos para fornecer uma imagem mais precisa
da pessoa sob observação

Cada gesto é como uma frase, a soma total de posturas e gestos contam uma história
não-verbal.

Intuição e Congruência
Por vezes a intuição indica que certas pessoas não estão a ser directas mesmo que
pareçam lógicas e apropriadas.
priadas. Essa intuição ou instinto resulta da capacidade subconsciente
de ler a linguagem corporal de outra pessoa.

Evolução e refinamento de gestos inerentes


Cientistas comportamentais descobriram que alguns gestos básicos de comunicação
são universais e acredita-se
se que sejam inerentes.

Exemplos: sorrir, encolher os ombros, acenar com a cabeça.

As crianças tendem a exagerar esses gestos, facilitando a leitura da sua linguagem corporal
(fig. 2).

Figura 2. Quando as crianças são pequenas e dizem uma mentira as suas


mãos voam sobre a boca.

Figura 3. Um adolescente pode "refinar" esse gesto inerente


simplesmente trazendo pontas de dedos para a boca.

NUNO ALMEIDA 17
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Este gesto é inerente e continua a ser usado ao longo da vida de formas mais refinadas
e variadas.

Figura 4. Um adulto pode levar o dedo até o canto da boca.

Por vezes os adultos abstêm-se de usar as mãos e


morde
mordem o lábio inferior, apertam os lábios, ou movimentam os
lábios de um lado para o outro.

A Palma
Historicamente uma palma aberta signific
significa honestidade, verdade, lealdade e
submissão.

A palma da mão aberta virada para cima - gesto significa apelo ou solicitação a outras
pessoas (fig. 5).

Palma
ma da mão aberta virada para a frente ou para baixo - gesto indica desejo de parar
ou aguentar algo; sinal de restrição (fig. 6).

Figura 5. Apelo ou solicitação a outros

Figura 6. Desejo de parar ou aguentar algo.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Figura 7.. Palma virada para cima exprime submissão.

Figura 8.. Palma virada para baixo exprime autoridade.

Figura 9.. Esfregar as palmas

Esfrega
Esfregar as palmas das mãos é uma maneira de comunicar
expectativa positiva. Alguém a jogar dados esfrega-os
os entre as palmas das
mãos como sinal de expectativa positiva de ganhar.

Figura 10. Palma fechada com o dedo indicador estendido.

Este gesto é um punho onde o dedo apontado é usado


como um bastão simbólico com o qual o locutor subjuga os
ouvintes. Subconscientemente evoca sentimentos negativos
nos receptores porque precede um golpe dire directo, um
movimento primal que a maioria dos primatas usa num ataque
físico.

Em alguns países, como a Malásia e as Filipinas, apontar o dedo para uma pessoa é um
insulto, pois esse gesto é usado apenas para apontar animais. Os malaios ususam
am o polegar para
apontar para pessoas ou dar indicações
indicações.

A linguagem corporal é uma consideração importante para certos indivíduos:

 Políticos - geralmente expõem as palmas das mãos como se apelassem para o público.

NUNO ALMEIDA 19
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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 Esta é uma posição de submissão e demonstra aos eleitores que ele/ela é o seu
servidor público!

Apertos de mão
Apertos de mão são relíquias do nosso passado remoto, um revelar das mão e braços
para revelar que
ue não estavam a ocultar armas.

Figura 11. O aperto do antebraço - procurar armas escondidas - o


método romano original de saudação.

A forma moderna desse antigo ritual de saudação é o entrelaçamento e a agitação das


palmas, tendo sido originalmente usada no século XIX para selar transa
transacções
ções comerciais entre
homens de igual estatuto.. Tornou
Tornou-se difundido apenas
penas nos últimos cem anos,
anos e permaneceu
no domínio masculino até tempos recentes. A Actualmente, na maioria doss países ocidentais e
europeus é realizado tanto na saudação inicial quanto na despedida em todos os contextos
empresariais, e cada vez mais em fes
festas e eventos sociais por mulheres e homens.

Hoje, três
rês atitudes básicas são transmitidas através do aperto de mão: dominância,
submissão, igualdade.

Figura 12. Dominância é demonstrada girando a mão de modo que a


palma fique voltada para baixo durante o aperto de mão.

Figura 13. Submissão é demonstrada girando a mão de modo que a


palma esteja voltada para cima durante o aperto de mão
mão.

Figura 14. Igualdade é demonstrada girando a palma de modo que ela


não fique nem para cima nem para baixo.

NUNO ALMEIDA 20
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Apertos de mão de duas mãos


A intenção de qualquer aperto de mão de duas mãos é tentar mostrar sinceridade,
confiança, ou profundidade de sentiment
sentimentoo para o receptor. Dois elementos significativos
devem ser notados. Primeiro, a mão esquerda é usada para comunicar a profundidade da
sensação que o iniciador quer transmitir. Isso relaciona
relaciona-se
se à posição da mão esquerda do
iniciador no braço direito do rec
receptor.
eptor. É como uma intenção de abraçar, com a mão esquerda
do iniciador a ser usada como um termómetro de intimidade - quão mais alta é colocada no
braço do receptor, mais intimidade o iniciador está a tentar mostrar. O iniciador tenta mostrar
uma conexão íntima
ntima com o receptor, enquanto tenta ao mesmo tempo controlar o seu
movimento.

Segundo,
egundo, a mão esquerda do iniciador é uma invasão do espaço pessoal do receptor.
Em geral, agarrar o punho ou o cotovelo é aceitável apenas quando uma pessoa é próxima da
outra. Agarrar o braço ou o ombro mostra intimidade próxima, e pode até resultar num
abraço. Se os sentimentos íntimos não forem mútuos ou o iniciador não tiver
iver uma boa razão
para usar um aperto de mão de duas mãos, o receptor provavelmente
rovavelmente desconfiará das
intenções do iniciador.

Figura 15. Aperto de mão "luva"/com


/com as duas mãos
mãos.

O iniciador segura as duas mãos ao redor da mão do


receptor.. Tem a intenção de transmitir a impressão de
companheirismo e amabilidade
amabilidade, confiança e honestidade. É
por vezes referido como "aperto de mão do político". Este
tipo de aperto aumenta a intensidade do contacto físico,
proporcionando controlo ao iniciador, restringindo a mão
direita do receptor.

Figura 16. Aperto de mão com toque


oque de braço.

Variação do aperto de mão “luva” pelo qual o


iniciador aperta a mão estendida do receptor de maneira
convencional enquanto segura o mesmo braço do receptor
com a mão livre. Tem também a intenção de demonstrar
sinceridade e cordialidade, mas muitas vezes é visto como
uma violação do espaço pessoal.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Figura 17. Apertos de mão de duas mãos


mãos. Agarrar no pulso, cotovelo, braço, e ombro.

Num aperto de mão de duas mãos, agarrar no cotovelo transmite mais intimidade e controlo
do que agarrar no pulso, e agarrar no ombro transmite mais do que no braço.

Figura 18. Aperto de mão esmagador/esmaga ossos.

O típico aperto de mão agressivo em que um ou


ambos os participantes apertam firmemente a mão
oferecida. E atribuído ao processo de socialização que
incentiva os rapazes a demonstrar os seus atributos
assertivos, poderosos, e “masculinos”.

Figura 19.. Aperto de mão “morto”.

O típico aperto de mão passivo. Carece cono


conotações
negativas e é geralmente considerado demonstrante de
indivíduos fracos, apáticos, ou submissos. Tradicionalmente
um aperto de mão aceitável para as mulheres. Em algumas
culturas asiáticas e africanas este aperto de mão é a norma,
e um aperto de mão firme pode ser considerado ofensivo.

Figura 20. Aperto de dedos.

Ocorre quando uma das partes pára antes de agarrar


a palma da mão do outro participante e em vez disso aperta
os dedos. Às vezes acontece por perda
erda de timing, falta de
confiança, ou nervosismo. Outras vezes essa técnica é usada
quando as pessoas querem manter distância espacial e
menos intimidade.

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GUAGEM NÃO
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Figura 21.. Aperto de mão de braço estendido

Iniciador deste aperto de mã


mão oferece um braço
esticado e recto em saudação. O objectivo principal é
manter a distância e a formalidade. Por vezes pessoas
de áreas rurais que estão habituadas a manter a
distância utilizam esse aperto de mão.

Figura 22. Aperto de mão submisso

O oposto do aperto de mão dominante é oferecer a


mão (manga listrada) com a palma virada para cima,
simbolicamente dando à outra pessoa a vantagem, como um
cão expondo a barriga.

Pode ser eficaz quando se quer dar ao outro controlo


ou permitir que sinta que está no comando da situação; por
exemplo, para um pedido de desculpas.

Embora este aperto de mão possa comunicar uma atitude submissa, às vezes há outras
circunstâncias a considerar. Uma pessoa com artrite nas mãos será forçada da
dar um aperto de
mão suave para evitar a dor provocada por um forte.. Indivíduos que usam as mãos na sua
profissão, como cirurgiões, artistas, e músicos também podem dar um aperto de mão fraco
apenas para proteger as suas mãos.

Figura 23.. Aperto puxar e arrancar

Envolve agarrar com força a palma


estendida do receptor e aplicar um puxão
rápido, tentando arrastar o receptor para o
espaço pessoal do iniciador. Resulta na perda
de equilíbrio do receptor.

As mãos
Mãos
os entrelaçadas. Este gesto pode ter vários significados:

Figura 24. Mãos com dedos entrelaçados.

Quando as mãos entrelaçadas são mantidas ao nível do


peito e contra o corpo muitas vezes indica súplica.

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Figura 25. Mãos com dedos entrelaçados não junto ao corpo.

Quando as mãos entrelaçadas estão ao nível do


queixo ou do peito, mas não perto do corpo, é sinal de
frustração ou negatividade.

Figura 26. Cortar com a mão.

Gesto agressivo que os oradores por vezes usam quando


querem acentuar o que está a ser dito. Embora seja um gesto
vigoroso não tem conotação violenta, como tem o mesmo gesto
com o dedo estendido.

Figura 27. Dedos em pirâmide.

Usado
sado por indivíduos que se sentem confiantes.
Quando as mãos estão para cima, o indivíduo geralmente
fala (oferecer ideias, comentários). Quando as mãos estão
para baixo, o indivíduo geralmente está a ouvir. Mulheres
tendem a usar mais a posição para baixo
baixo.

Figura 28.. Segurar as mãos atrás das costas.

Quando o indivíduo segura ambas as mãos nas costas, o gesto


sinaliza confiança. Esta posição permite que o indivíduo exponha o tronco
do seu corpo e inconscientemente sinalize que é/está destemido/que não
tem medo.

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GUAGEM NÃO
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Figura 29.. Segurar o pulso ou o braço atrás das costas.

Esses gestos indica


indicam uma tentativa de
autocontrolo.

Em geral quão mais alto a mão aperta o


braço, mais irritado o indivíduo, e maior a tentativa
de autocontrolo.

Figura 30. Apresentação dos polegares.

A apresentação dos polegares é um gesto que sinaliza


superioridade ou dominância. Muitas vezes exibidos a partir de
bolsos e geralmente parte do conjunto de gestos que sinaliza uma
atitude autoritária.

Sorrisos

Figura 31. Sorriso de lábios apertados

Os lábios são esticados ao longo do rosto para formar uma linha re recta e os dentes
estão escondidos. Envia
nvia a mensagem de que quem sorri tem uma opinião ou atitude secreta
ou reprimida que não compartilharão
compartilharão. É uma das favoritas de mulheres que não querem
revelar que não gostam de alguém
alguém, e geralmente é claramente lida por outras mulheres como
um sinal de rejeição. A maioria dos homens n
não identifica esta mensagem.

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Figura 32. Sorriso retorcido

Este sorriso mostra emoções opostas em cada lado do rosto. Uma das sobrancelhas, os
lábios do mesmo lado, e a bochecha do mesmo lado são levantados/puxados para cima.cima Os
músculos do lado oposto do rosto puxam para baixo, como numa uma expressão de raiva. Cada
metade do rosto mostra uma emoção oposta - sorriso extravagante, expressão de raiva.

É um tipo de sorriso que só pode aparecer deliberadamente, normalmente


simbolizando sarcasmo,
casmo, ironia, ou sentimentos mistos.

Figura 33. Sorriso de mandíbula/Drop


mandíbula/Drop-jaw

É um sorriso praticado onde a mandíbula é simplesmente mais aberta para dar a


impressão de que a pessoa está a rir ou brincar. É usado para gerar reacções positivas nos
receptores.

Figura 34.. Sorriso lateral a olhar para cima

Com a cabeça virada para baixo e para longe enquanto se olha para cima com um
sorriso apertado, dá uma aparência juvenil, brincalhona, e reservada. Este sorriso tímido é
muito apreciado por homens, pois quando uma mulher faz isso gera sentimentos parentais
masculinos, fazendo com que os homens queiram proteger e cuidar dela.

Dedos e mão ao rosto, cabeça


cabeça, e pescoço

Figura 35. Dedos na boca.

Sinal de que está sob pressão ou se sentee inseguro.

Figura 36. Mão para o queixo e bochecha indiferença

Gesto de aborrecimento
aborrecimento/indiferença. Apoiar o queixo e a
bochecha na mão, como suportando o peso da cabeça. Quão maior
a ajuda da mão, maior o grau de tédio.

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Figura 37. Gesto de interesse.

Se a mão está fechada e a descansar na bochecha


com o dedo indicador estendido em direcção à têmpora (e
não usado como apoio da cabeça) indica interesse. Homens
tendem a manter a cabeça na posição vertical, enquanto as
mulheres tendem a inclinar a cabeça ao usar esse gesto.

Figura 38.. Gesto de formação de decisão.

Uma mão move-se para o queixo e começa a


acariciar.

Gestos de Enganar - Mão a Boca, Orelha


Orelha, ou Olho.

Figura 39. Gesto de cobrir a boca.

Quando a mão de um indivíduo cobre a boca (parcial


ou totalmente) é sinal de que está a exagerar ou mentir. No
entanto se alguém cobrir a boca enquanto estiver a ouvir
indica que o ouvinte não está a acreditar.

Figura 40. Gesto de tocar no nariz.

Versão modificada do gesto de cobrir a boca. Pode haver uma razão


fisiológica para este gesto: a mentira pode provocar formigueiro e comichão
terminações nervosas sensíveis na base do nariz.

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GUAGEM NÃO
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Figura 41. Esfregar o olho.

Um gesto subconsciente usado quando uma pessoa está


intencionalmente a tentar enganar os outros. Enquanto que um
adolescente obviamente olha para baixo quando tenta enganar,
um adulto pode esfregar o canto do olho, o que permite uma
pausa no contacto visual.

Figura 42. Mexer na orelha.

Gesto
esto subconsciente que indica que o indivíduo está
perplexo com o que está a ouvir
ouvir.

Figura 43. Mão para o pescoço – coçar a parte de trás do pescoço.

Por vezes as pessoas que estão a mentir esfregam o


pescoço enquanto olham para baixo e evitam o olhar. Outras
vezes este gesto é um sinal de frustração ou raiva (“pain in the
neck”).

Figura 44. Mãos por trás da cabeça.


beça.

As mãos entrelaçadas atrás da cabeça são uma


indicação de que o indivíduo está relaxado. Se o indivíduo
também estiver inclinado para trás e tiver o queixo
levantado, a posição indica sentimento de superioridade ou
presunção.

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GUAGEM NÃO
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Linguagem dos braços

Figura 45. Braços cruzados.

Postura comum em que um indivíduo dobra os braços


casualmente sobre o peito. Pode ser em resposta ao frio. Mais
frequentemente esta postura significa uma atitude defensiva
ou insegura. Se ambas as mãos estão debaixo das axilas,
geralmente significa uma resposta ao frio.

Figura 46.. Braços cruzados com punhos cerrados.

Punhos cerrados indicam sentimentos defensivos e


hostis. Esta postura também pode ser acompanhada de
mandíbula presa, rosto vermelho
vermelho, e lábios apertados, o que
pode resultar numa agressão física ou verbal
verbal.

Figura 47. Agarrar os braços.

Esta variação de cruzar os braços geralmente indica


insegurança e medo. Serve para o indivíduo se proteger e
evitar a exposição da parte frontal do corpo. Os braços
podem ser apertados com tanta força que os dedos e
articulações ficam brancos por corte da circulação sanguínea.
É uma forma do indivíduo se confortar com uma espécie de
auto-abraço.

Figura 48.. Braços cruzados com os polegares para cima

Este gesto tem os braços cruzados e ambos os polegares


para cima mostrando que o indivíduo se sente bem e em controlo.
Enquanto fala, gesticula com os polegares para enfatizar o que está
a afirmar. O gesto do polegar para cima é uma maneira de mostrar

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GUAGEM NÃO
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aos outros que temos uma atitude confiante e os braços cruzados dão ainda uma sensação de
protecção.

Alguém que se sente defensivo mas também submisso ao mesmo tempo sentasenta-se
numa posiçãoão simétrica. Exibem um tónus muscular tenso e parecem esperar um ataque,
enquanto que uma pessoa que se sente defensiva e dominante assumirá uma pose
assimétrica, ou seja, um lado do corpo não espelha o outro.

Se esta posição surgir no fim de uma apresent


apresentação,
ação, significa que o receptor gostou do
que ouviu, e encontra-se
se num estado receptivo, positivo, e confortável.

Figura 49. Cruzar um só braço.

Versão subtil de braços cruzados. Geralmente sinaliza


insegurança, sendo um acto d
de auto-conforto semelhante a um abraço.

Figura 50.. Mãos dadas comigo mesmo

Homens frequentementee usam uma barreira parcial de d braço quando


estão em frente a uma multidão para receber um prémio mio ou fazer um discurso.
Cria um sentimento de segurança, ao proteger a área genital e possivelmente
evitar um golpe frontal desagradável. Revela evela sentimentos de desânimo e
vulnerabilidade.. Recria a sensação de ter alguém a segurar a mão.

Figura 51. Barreiras dee braços cruzados sofisticadas.

Postura é frequentemente intermitente e ocorre


quando um braço alcança o peito para tocar num relógio,
camisa, punho, camisa, pulseira
pulseira, etc. O gesto cria uma

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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barreira temporária discreta sempre que alguém ajusta uma pulseir


pulseiraa de relógio ou endireita a
manga da camisa. Também se criam barreiras ao se segurar objectos pequenos com ambas as
mãos, como copos, flores, ou malas de senhora.

Esconder atrás de uma barreira é uma resposta normal que aprendemos desde cedo
para nos protegermos. Quando uma pessoa se sente nervosa, negativa, ou defensiva, é muito
provável que cruze os braços com firmeza sobre peito, mostrando que se sente ameaçado,
ameaçado ou
que crie qualquer outro tipo de barreira.

Figura 52. Barreira de chávena

A forma como um indivíduo apoia uma


chávena quando sentado numa mesa pode ser
indicativo da sua disposição. Alguém que se sente
hesitante, inseguro, ou negativo sobre o que está a
ouvir colocará a chávena no lado oposto do corpo
para formarr uma barreira de braço. Quando aceita o
que está a ouvir, coloca a chávena ao lado do corpo,
mostrando uma atitude aberta ou receptiva
receptiva.

Linguagem das pernas e pés

Figura 53. Cruzar as pernas no joelho.

Postura relaxada de cruzamento de perna social assumida


por homens e mulheres na Europa. Geralmente na América esta
postura é limitada a fêmeas e pensad
pensadaa para ser essencialmente
efeminada.

Figura 54.. Cruzar de perna aberta/Cruza


aberta/Cruzar de perna no tornozelo.

Algumas vezes referida como a pose de “cowboy” e é uma forma


predominantemente masculina de cruzar de pernas no mundo ocidental
(particularmente nos EUA). Esta postura não é aceitável no Médio Oriente, já que
qualquer exibição da sola do sapato é um insulto.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Figura 55.. Posição pernas trancadas.

Postura em que as pernas são cruzadas no joelho e o pé


livre é dobrado atrás do tornozelo da perna estacionária ou
trancado na perna da frente da cadeira.

Postura geralmente assumida por mulheres, muitas vezes


quando estão com frio. Algumas vezes quando estão nervosas ou
defensivas.

O pé age como uma âncora e fornece um sentimento de


segurança.

Figura 56.. Pernas cruzadas tornozelo com ttornozelo.

É considerada a forma mais educada e discreta de cruzar as pernas.


Usada por pessoas a posar para fotografias formais, transmite uma
mensagem de decoro.

Figura 57. Abanar ou bater com o pé.

Abanar ou bater o pé repetidamente


tidamente é uma indicação
de impaciência, tédio, ou nervosismo. Os movimentos
redundantes dos pés reflectem um desejo latente de fugir.

Linguagem do cabelo, cabeça


cabeça, e rosto

Figura 58. Mexer no cabelo e atirar a cabeça para trás.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Um movimento de dedos por entre os cabelos, ou prender o cabelo atrás dos ombros
com um movimento da cabeça é um gesto inconsciente que ocorre quando alguém encontra
alguém que considere atraente.

Figura 59. Enrolar cabelo.

É geralmente um sinal de distracção nervosa. Uma


variação é a torção de um colar ao pescoço.

Figura 60. Inclinar a cabeça para um lado.

Uma ligeira inclinação da cabeça para um lado indica


interesse por parte do indivíduo. Parece ser um gesto inerente,
e não se limita à espécie humana. As mulheres tendem a usar
mais o gesto de inclinação da cabeça do que os homens.
Muitas vezes, quando as mulheres usam essa postura na
presença de um homem, é uma indicação de que ela o acha
atraente.

Figura 61.. Inclinar a cabeça para trás.

Este gesto geralmente indica uma demonstração


superioridade e (às vezes) desprezo pelas pessoas com as
quais está a interagindo. Este gesto provavelmente deu
origem a ditados como "tem
tem o nariz empinado".

Figura 62. Sobrancelha levantada.

Quando uma sobrancelha é levantada enquanto a


outra permanece na posição natural sinaliza cepticismo.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
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Figura 63. Sobrancelhas levantadas.

O levantamento rápido de ambas as sobrancelhas e o abrir


dos olhos é, na maioria das vezes, uma demonstração inconsciente
do comportamento de saudação. Também pode representar
sedução
sedução;; diferente do comportamento de saudação, em que a
posição da sobrancelha levantada é sustentada por um pouco mais
de tempo (o gesto pode ser acompanhado por um olhar de lado).

Figura 64. Olhos arregalados.

Se este gesto for acompanhado por piscar dos olhos


indica inocência (se os olhos mantiverem contacto visual).
Olhos arregalados também são uma indicação de surpresa.

Figura 65. Abanar narinas.

Indicação
ndicação de agitação ou indignação (que se pode
aproximar de raiva).

Figura 66. Boca inclinada.

Versão
ersão distorcida do sorriso que indica sarcasmo.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Outras posições

Figura 67. Inclinado para trás com as mãos atrás da cabeça – A rejeitar
mensagens. Exprime sentimento de superioridade, relaxamento.

Figura 68. Sentar preparado. Exprime estar preparado, positividade,


capacidade, comum em indivíduos orientados para objectivos.

Figura 69. Mão ao peito. Honestidade, lealdade, devoção.

Figura 70. Mexer por trás/abaixo da orelha. Dúvida, hesitante.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Figura 71. Tocar no nariz. Curiosidade.

Figura 72. Segurar a cabeça com a mão. Cansado, aborrecido.

Figura 73. Dedos em pirâmide. Confiança. Orgulho.


Egoísmo.

Figura 74. Esfregar as mãos. Expectativa. Exigência não-verbal.

Figura 75. Esfregar o queixo. Avaliação, julgamento.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Figura 76. Olhar por cima dos óculos. Reacção emocional negativa. Escortinar.

Figura 77. Palmas viradas para cima. Sinceridade. Aberto a sugestões. Aceitação de
autoridade. Frustração. Desamparo.

Figura 78. Uma perna mais alta que a outra. Não-cooperativo. Hostil. Não-
preocupado.

Figura 79. Agarrar os braços. Defensivo. À procura de conforto.

Figura 80. Braços cruzados. Preferida por raparigas adolescentes.

NUNO ALMEIDA 37
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Figura 81. Braços cruzados defensivos. Defensiva. Geralmente entre colegas ou


pares. Em anciãos deve-se ao direito de serem ouvidos.

Mãos nos bolsos – posição muito usada por pessoas tímidas ou com pouca autoconfiança.
Possível tentativa de esconder o nervosismo.

Tornozelos cruzados em pé – indica tédio ou medo de se meter em sarilhos. É uma posição


que faz a pessoa parecer mais pequena e fechada, enfraquecendo a aparência. Posição de
pedido de desculpas – “não quero incomodar, é só para dizer isto e sair”.

Tornozelos cruzados enrolados na perna da cadeira – posição de alívio de stress. Indica


frustração, insegurança ou nervosismo. Permite canalizar e desencadear fúria ou
agressividade, permitindo o seu alívio.

Mentira

1. Uma declaração falsa deliberadamente apresentada como sendo verdadeira; uma falsidade.

2. Algo destinado a enganar ou dar uma impressão errada.

Notar a ênfase na intenção da pessoa.

Em média as pessoas admitem mentir duas a três vezes por dia. A maioria não é
sinistra - apenas mentiras brancas, destinadas a poupar sentimentos dos outros (uma parte
essencial da etiqueta social). Mentiras de alta pressão em relação a culpa em relação ao
assassinato ou ao terrorismo seguem regras diferentes.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Tipos de mentiras
 Mentiras "protectoras": dizer às crianças que a cegonha as trouxe porque não têm
idade suficiente para falar sobre sexo, ou para tranquilizar um parente que não está
realmente na fase terminal de uma doença.
 Mentiras brancas: Mentiras que não causam danos, e podem fazer o bem, como
elogiar a refeição do anfitrião, mesmo que a comida não seja muito boa (tacto social).
 Mentir por omissão: não revelar algo a alguém de modo a enganar.
 Bluff: Geralmente considerado mais uma táctica do que uma mentira, como ocorre no
contexto bem compreendido de um jogo.
 Gracejo: Quando se usa sarcasmo ou se contam histórias, assume-se que os outros
entendem que não se está a dizer a verdade.
 Falar com cuidado: Evitar contar uma mentira com palavras cuidadosamente
escolhidas; uma meia resposta precisa, mas que não responde totalmente a uma
pergunta.

Ordem decrescente de gravidade

 Mentira Descarada
 Exageros ou eufemismos
 Omitir Informações
 Encobrimento

Moralidade de mentir
Muitos filósofos (como Kant e Tomás de Aquino) proibiram totalmente mentir, mesmo que
isso significasse a morte.

 Mentir é um mau uso da faculdade humana da fala.


 Mentir mina a confiança, essencial para a comunidade.
 Mentir enfraquece os outros; mentir toma uma decisão pela outra pessoa, ao invés de
deixá-la decidir baseado em factos.

Outros defendem a mentira.

Porque mentimos?
 Ganho material
 Evite perda/punição
 Evitar constrangimento
 Causar boa impressão (e conseguir o emprego)
o Tudo isso envolve ganho pessoal.
 Mentiras altruístas

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Humanos não são os únicos que mentem, decepção é comum no reino animal. Todos
os animais (incluindo os humanos) enganam os outros para obter benefícios ou evitar custos.

Mentira em animais
Koko, a gorila fêmea que usava a linguagem gestual americana, gesticulou "gato fez
isso", quando confrontado com um lavatório que ela tinha danificado durante uma birra. Não
é claro se Koko estava a brincar ou a mentir.

Lobos muitas vezes fazem bluff durante a luta ritual que mantém a hierarquia dentro
da alcateia.

Desenvolvimento da mentira
A habilidade é universal. As crianças demonstram "Teoria da Mente" com cerca de 4
anos de idade. São capazes de mentir efectivamente por a mesma altura.

A capacidade de mentir precede um entendimento moral sobre a importância da


honestidade. Consequentemente as crianças mentem frequentemente até que aprendam que
isso resulta em consequências negativas.

Os adultos provavelmente mentem com tanta frequência quanto os filhos, mas sobre
coisas diferentes.

Atributos nos quais classificar mentirosos:

Sexo

Homens contam mais mentiras sobre eles próprios.

Mulheres contam mais mentiras sobre outros.

Tipos de personalidade

Em relações românticas, estilo de apego:

- Evitação (falta de confiança, manter as pessoas à distância) essas pessoas


mentem para manter os outros à distância.

- Apegos ansiosos: falta de auto-estima. Essas pessoas mentem para ficar bem
quando se sentem mal.

Psicopatia

Psicopatas não têm empatia nem simpatia pelos outros. Consideram os outros como
pedaços de si mesmos e objectos de manipulação - como os próprios membros. Estes são
grandes mentirosos para todos os que possam querer manipular. Superficialmente
encantadores, safam-se por um tempo.

Extrovertidos e introvertidos

Exteriorizado/sociável vs reservado.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Quem são os maiores mentirosos?

Pessoas inseguras

Estão muito preocupadas com a impressão que causam, então como se comportam
em relação ao engano?

Neste contexto fala-se também de ansiedade social: não têm autoconfiança, por isso
contam histórias.

Mentira em robots
Os robots de Laurent Keller reagem ao meio ambiente com um "genoma"
computadorizado.

Os robots que encontram comida “acasalam” com outros robots de sucesso e enviam
o seu “genoma” para a próxima geração. Os robots podem ligar e desligar luzes azuis.

Os robots "evoluíram" a capacidade de comunicar com as luzes. Alguns acenderam as


luzes perto da comida, enquanto outros acendem as luzes perto de veneno.

Os robots deram informações correctas aos "parentes", mas mostraram as luzes longe
da comida quando cercados por "estranhos".

História da Detecção de Mentiras


Os gregos faziam perguntas e sentiam o pulso do sujeito.

Tortura como meio de interrogatório:

 Romanos usaram a crucificação.


 Strappado era um meio de tortura da inquisição medieval que deslocava as
articulações. A mesa de tortura esticava as articulações da vítima até ao ponto de
ruptura. Torqueses incandescentes eram em seguida utilizados (actualmente deixa-se
a vítima sem sinais visíveis).
 Bruxas medievais que negavam bruxaria eram testadas afogando-as em água. Se
“flutuasse” (soubessem nadar) eram consideradas culpadas e executadas. Se
inocentes, afundavam e afogavam. Fazer waterboarding em suspeitos de terrorismo é
reminiscente desta técnica.

Em 1948, após os terríveis abusos da Segunda Guerra Mundial, a Assembleia Geral das
Nações Unidas inseriu a proibição contra a tortura na histórica Declaração Universal dos
Direitos Humanos. O Artigo 5 declara: "Ninguém será submetido a tortura ou a tratamento ou
castigo cruel, desumano, ou degradante". A proibição contra a tortura está bem estabelecida
sob o direito internacional jus cogens.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Hipnóticos e psicadélicos já foram testados como possíveis soros da verdade. Apenas


tornam as pessoas mais sugestíveis e cooperativas, e por isso dizem mais facilmente o que se
quer ouvir (hipnose e tortura). Acabam por não ser muito úteis, além de serem não-éticos e
ilegais – o supremo tribunal dos EUA determinou em 1963 que uma confissão extraída sob
"soro da verdade" - drogas como pentotal de sódio, amina de sódio, e escopolamina - violava o
direito constitucional do acusado contra a auto-incriminação.

Métodos actuais
Poligrafia moderna
Os detectores de mentiras mais bem conhecidos utilizam indicadores autonómicos
(subconscientes) de stress como a condutância da pele, ritmo cardíaco, respiração, pressão
sanguínea, e temperatura dos dedos.

A proficiência está em escolher as questões. É necessário escolher perguntas de


controlo (perguntas em que as respostas são sabidas) como base para comparação.

Conhecimento do sentimento de culpa. Os resultados são de pouca confiança e não


são admissíveis em tribunal.

Polígrafos utilizam mudanças fisiológicas do sistema nervoso periférico (SNP) para


detectar decepção: alterações na condutância da pele (sudorese), pressão sanguínea,
respiração, frequência cardíaca.

Figura 82. Exemplo de perguntas de controlo.

Figura 83. Imprecisões do teste de polígrafo.

Micro-expressões faciais
Expressões fugazes, muitas vezes apenas detectáveis em camara lenta, podem trair
emoções (surpresa, medo, nojo, raiva, felicidade, tristeza) que o indivíduo está a tentar
esconder. Ausência de emoções apropriadas (como luto) é igualmente reveladora.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Técnica desenvolvida por Paul Ekman, tem a vantagem de não exigir nenhuma
intervenção óbvia com o sujeito. Pode ser usada secretamente através de filmagem. É
largamente aplicada, embora seja criticado por falta de validação empírica (ocorrem falsos
positivos).

Detecção Neurotecnológica da Mentira (NTLD)


Medidas de fluxo sanguíneo ou impulsos eléctricos no cérebro para identificar
indicadores distintos de comunicação enganosa.

Mede mentir mais directamente medindo a actividade cerebral em vez de indicadores


de segunda ordem, como pulso ou respiração.

Vantagens sobre o teste de polígrafo:

 O medo ou outras emoções fortes podem afectar as respostas fisiológicas, e portanto


podem confundir os dados na poligrafia.
 A poligrafia requer que especialistas treinados leiam os gráficos, enquanto os NTLDs só
precisariam de computadores, apesar de estes terem custos muito elevados.

Categorias de NTLD:

Padrões de Fluxo Sanguíneo


Ao estudar os padrões de fluxo sanguíneo durante a decepção e compará-los aos
padrões de fluxo sanguíneo durante não-decepção em situações semelhantes, investigadores
podem aprender que regiões do cérebro são activadas quando as pessoas estão a mentir.

Ressonância Magnética Funcional (fMRI) é actualmente o método mais


frequentemente usado para medir o fluxo sanguíneo no cérebro. As imagens são construídas
com base no contraste dependente do nível de oxigenação do sangue. Quando uma região do
cérebro é mais metabolicamente activa há um aumento local no sinal de RM ou contraste.
Quando as pessoas mentem o córtex cingulado anterior é activado. A Lie MRI começou a
oferecer os seus serviços de detecção de mentiras baseados em fMRI em 2006.

A actividade cerebral durante o processamento de memórias reais e eventos


imaginários é idêntica. fMRI requer cooperação (sem movimento). Não é possível detectar
mentiras por omissão. Pode detectar se uma pessoa está a pensar num lugar ou num rosto.
Pode detectar actividade cerebral extra exigida por mentir.

O pequeno número de participantes, normalmente cidadãos típicos, cumpridores da


lei, sem psicopatologia, dificulta o aperfeiçoamento da técnica.

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INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Mentira Verdade

Figura 84. Exemplos de imagens de fMRI durante a mentira e a verdade.

A espectroscopia de infravermelho próximo (NIRS) concentra-se na actividade do


córtex pré-frontal e fornece uma maneira de medir as mudanças no fluxo sanguíneo sem o
aparato complexo de uma máquina de ressonância magnética. A base da tecnologia é a
medida de como a luz infravermelha próxima é espalhada ou absorvida por vários materiais.
Pequenos dispositivos são presos ao crânio do sujeito, que disparam luz infravermelha através
do crânio e para o cérebro. Esta luz laser dispersa é captada por sensores no crânio do sujeito.
O padrão de dispersão revela o padrão do fluxo sanguíneo através das regiões externas do
cérebro.

Imagiologia térmica - câmaras de infravermelhos estão a ser testadas como


ferramenta de detecção de mentiras em aeroportos (já utilizados para detecção de febre).
Quando foi pedido a viajantes para mentirem sobre os seus planos de viagem a temperatura
da pele à volta dos olhos subiu significativamente (sem alterações para quem dizia a verdade).
A classificação foi correcta em 64% de quem disse a verdade e 69% dos mentirosos. Contudo, o
julgamento dos entrevistadores foi mais preciso (72% e 77%). Imagiologia térmica não
adicionou nada significativo a isto.

Padrões de Reconhecimento
Utiliza-se potenciais relacionados a eventos (ERPs) através de electroencefalograma
(EEG) para identificar padrões de reconhecimento para o padrão de onda da onda P300. Com o
EEG os investigadores usam eléctrodos colocados no couro cabeludo do sujeito para detectar e
medir padrões de actividade eléctrica que emanam do cérebro.

“Impressão digital do cérebro” tenta discernir se uma pessoa tem conhecimento de


um evento particular ou uma imagem armazenada no seu cérebro. A onda P300 ocorre
quando um sujeito reconhece informações ou um estímulo familiar.

NUNO ALMEIDA 44
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Será ético?
Tendo em conta que estes métodos dependem de correlações para determinar
mentiras, serão confiáveis?

Deve a privacidade pessoal ser sacrificada para o bem da sociedade, porque os NTLDs
podem servir para fins forenses, de segurança, e militares? Está a privacidade pessoal a ser
invadida? A tecnologia geralmente move-se muito mais rapidamente do que as discussões
sobre a ética correspondente. E se pudermos "ler" o cérebro? Como deve isso ser utilizado?
Que protecções devemos ter para os participantes?

E quanto à cláusula de auto-incriminação da Quinta Emenda da Constituição dos EUA


que afirma que nenhuma pessoa será obrigada em qualquer caso criminal a ser testemunha
contra si mesmo?

Receber evidência vs entrar na mente do suspeito é violação?

Imagens e impressões cerebrais podem ser equiparadas a impressões digitais e


caligrafia?

Anteriormente, para que o conteúdo da mente de uma pessoa fosse exposto, esta
tinha que comunicar esse conteúdo activamente, seja falando, escrevendo, gesticulando, ou
através de algum outro meio deliberado. “Ler a mente” ainda é considerado comunicação?

Qual é a validade dos detectores de mentiras?


Estados Unidos da América vs Scheffer (1998):

O teste do polígrafo tem 85% a 90% de precisão (críticos afirmam 70%).

Maior probabilidade de mostrar pessoas inocentes culpadas do que vice-versa.

1. Falso Positivo

Leva a uma acusação incorrecta contra o comunicador. Estes podem ser mais sérios do
que falsos negativos.

2. Falso Negativo

O "mentiroso" não é apanhado. Este tem sido o foco tradicional para avaliação da
precisão de uma comunicação.

"Testes de polígrafo podem discriminar a mentira da verdade a taxas bem acima do


acaso, mas bem abaixo da perfeição."

Portanto, para que a teoria da questão de controlo seja válida, duas suposições têm de
ser mantidas. A primeira exige que indivíduos inocentes sejam mais receptivos ao controlo do
que questões relevantes. A segunda exige que as pessoas culpadas respondam mais
intensamente às questões relevantes do que às de controlo. A plausibilidade de ambas as
suposições pode ser facilmente contestada.

A ideia de que suspeitos culpados necessariamente responderão mais intensamente a


perguntas relevantes do que a questões de controlo é improvável por várias razões.

NUNO ALMEIDA 45
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Como pode a detecção da mentira ser verificada como registo preciso da verdade?

Impressão digital do cérebro: este é um método preciso quando as pessoas têm


"problemas de memória"? E se alguém está a dizer a verdade, mas está factualmente errado?

Análise de stress na voz

Várias aplicações de computador e telemóvel afirmam detectar mentiras através de


microtremores na voz e tom mais elevado. Estas aplicações são pouco melhores que o acaso.
Na melhor das hipóteses detectam stress, não mentiras em específico, mas como o polígrafo
pode ser útil para incitar confissões.

Não existe um método de detecção de mentiras 100% preciso.

Como enganar um detector de mentiras


Existem três tipos básicos de perguntas que terão de ser respondidas: relevante,
irrelevante e controlo.

 Não admitir nada relevante.


 Responder apenas o que é necessário. Respostas "Sim" ou "Não".
 Manter uma frequência respiratória normal de 15 a 30 respirações por minuto, mas
alterá-la durante as questões de controlo.
 Morder a língua. Morder o lado da língua com força suficiente para causar dor.
 Inserir um pequeno prego ou tacha na ponta dos dedos do sapato e pressionar
durante as questões de controlo para obter uma resposta de dor.
 Contrair o músculo esfíncter anal quando uma pergunta de controlo for feita (assentos
sensíveis à pressão).
 O primeiro impulso será tentar esconder todas as emoções, mas isso é exactamente o
que não fazer. O esforço físico necessário para esconder a emoção aparece e muitas
vezes pode ser detectado sem uma máquina. Então, para enganar o detector de
mentiras, intensificar as emoções o máximo possível.
 Para confundir o teste desde o início, contrair os músculos quando a borracha for
colocada no braço.
 A maneira de vencer o teste de associação é simplesmente deixar escapar a primeira
palavra que surgir em associação. Se um corpo foi encontrado num parque, quando
uma das palavras-chave fornecidas é "parque", naturalmente a primeira palavra que
surge é "assassinato", seja culpado ou inocente.
 O operador poderá ser ingénuo o suficiente para assumir inocente, se o sujeito
parecer não ter medo da máquina.

NUNO ALMEIDA 46
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Como saber quando alguém está a mentir

Observadores não treinados são 53% precisos a detectar mentirosos através de


linguagem corporal. A maioria dos especialistas são pouco melhores (com algumas excepções).
Treino pode diminuir a precisão induzindo excesso de confiança. Mentirosos eficazes são
melhores a detectar mentiras (“it takes one to know one”).

Não gostamos de admitir que as pessoas nos conseguem enganar, e somos


especialmente relutantes em admitir que nós próprios podemos ser deceptivos.

Responder a mentiras com indignação pessoal é uma resposta humana típica.

Respostas Verbais Gerais:

 Pode levar mais tempo para começar a responder;


 Pode responder rapidamente ou antes da pergunta ser concluída;
 Muitas vezes, pede ao questionador que repita a pergunta ou repete-a;
 Diálogo excessivamente educado ou apologético;
 Reclamações persistentes;
 Silêncio não natural.

Vazamento Emocional

O rosto por vezes revela emoções verdadeiras quando sentimentos impróprios


rompem uma fachada social. Solicitados a restringir os movimentos sorridentes e de
sobrancelhas durante a prestação de declarações verdadeiras e falsas, os mentirosos são
menos capazes de o fazer.

Grupos Comportamentais da Decepção


Pessoas enganosas seguem certos padrões comportamentais.

Padrões Macro
Comportamentos Gerais

Aumento do desconforto e ansiedade, hostilidade, raiva não merecida em direcção ao


questionador, evasão persistente, resistência.

Postura

Primeiros sinais de rigidez extrema seguidos de rigidez e relaxamento alternados.


Mãos, pernas, objectos colocados em frente ao corpo para formar uma barreira (braços
cruzados, pernas cruzadas, etc.). Fingir falta de interesse. Alterações posturais causadas por
alterações de tópicos. Não estar de frente. Distanciar-se ou afastar-se.

Gestos e Movimentos

NUNO ALMEIDA 47
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Esfregar a testa perto da região da têmpora. Apertar o rosto, esfregar o pescoço ou


acariciar a parte de trás da cabeça com a mão. Usar menos movimentos da mão para ilustrar
acções do que o habitual. Movimento para longe. Lamber o lábio e engolir em seco. Torcer as
mãos. Esconder os olhos.

Categorias de contar palavras

Existe software para análise de textos que sugere mentira por frequência de categorias
de palavras. Mentirosos usam:

(1) menos auto-referência (eu) - evitando propriedade e responsabilidade pelo seu


comportamento.

(2) mais emoção negativa, (ódio, triste) - implicando auto-aversão.

(3) menos exclusões (excepto, mas, nem) - palavras que distinguem o que fizeram e o que não
fizeram.

Tem 67% de precisão contra 52% para juízes humanos. Achados semelhantes para
análise linguística de perfis de namoro online enganosos.

Análise de Conteúdo Baseada em Critérios

Avalia a realidade de uma narrativa. Quanto mais critérios forem satisfeitos, maior a
probabilidade de que a história seja verdadeira. Incluir: quantidade de detalhes, detalhes não-
comuns e supérfluos, incorporando no contexto de tempo e lugar, conversações citadas,
sentimentos subjectivos, autodepreciação, admissão de lapsos de memória, e correcções
espontâneas.

Validação separada é necessária para os critérios da Análise de Conteúdo Baseada em


Critérios e uma fórmula de ponderação quantitativa. Sistema susceptível a coaching?

Micro padrões - expressos no rosto


Expressões Gerais:

Evitar contacto visual. Focar nos olhos - alguns tentam olhar intensamente para
mostrar controlo. (Uma pessoa honesta olha em média apenas metade do tempo). Lividez,
corar.

Avaliação do olhar e globo ocular

Pela direcção para onde os olhos da pessoa estão a olhar, pode determinar-se se estão
a usar a visão, som, ou cinestesia (tacto) para accionar o seu pensamento.

Ter em mente que isso é invertido para pessoas canhotas. Estar ciente de qual dos
lados é o dominante.

NUNO ALMEIDA 48
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM
GUAGEM NÃO
NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Visual Creation Visual Recall

Auditory Creation Auditory Recall

Kinesthetic Digital Auditory Digital

Figura 85.. O tipo de pensamento que as pessoas estão a ter pode ser discernido pela direcção em que olham
enquanto o têm.

Visual Constructed:: olhos para cima e para a direita indica que estão a criar ou adicionar
informações a algo que estão a tentar visualizar.

Hail Mary:: olhos directamente para cima indicam busca de ajuda divina. Este
posicionamento dos olhos não é consistente com memória.

Auditory Constructed:: olhos para a direito indica que estão em modo auditivo; no
entanto estão a criar ou adicionar informações a algo que não ouviram.

Kinesthetic: os olhos para baixo e para a direita indicam sensações corporais. Não é
indicativo de recordar, mas de experienciar emoções. Durante um interrogatório
pode indicar que a pessoa está próxima de confessar.

Os olhos virados para baixo são indicativos de q


que
ue a pessoa não se lembra de
informações.

Visual Remembered:: olhos para cima e para a esquerda do locutor indica que
estão à procura de uma imagem já vista.

Auditory Remembered
Remembered:: olhos para a esquerda indica que estão em modo
auditivo a tentar ouvir ssons ouvidos anteriormente.

NUNO ALMEIDA 49
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Auditory Digital: olhos para baixo e para a esquerda indica que estão a falar
sozinhos.

Defocused: se os olhos da pessoa estão a olhar para frente, aparentemente sem


focar em nada, indica que estão a ver um monte de informações visuais ao
mesmo tempo.

Não há evidências de que olhar para cima/esquerda indique uma genuína lembrança
de memória, ou que para cima/direita indique acesso ao cérebro criativo ("a inventar"), não é
suportado por evidências.

O tipo de rastreamento ocular computadorizado mais promissor compara padrões a


questões críticas de pesquisa contra a linha de base neutra do próprio indivíduo. Tem 82% de
precisão.

O sorriso na mentira

A maioria das pessoas não consegue diferenciar conscientemente entre um sorriso


falso e um genuíno, e a maioria fica contente só por alguém estar simplesmente a sorrir para
nós - independentemente de ser genuíno ou falso. Porque sorrir é um gesto tão desarmante a
maioria das pessoas erroneamente assume que é um favorito dos mentirosos. Quando as
pessoas mentem deliberadamente a maioria, especialmente homens, sorri menos do que o
seu normal. Isso acontece porque os mentirosos acham que a maioria das pessoas associa o
sorriso com mentira, e por isso diminuem intencionalmente os seus sorrisos. O sorriso de um
mentiroso vem mais rapidamente do que um sorriso genuíno e é mantido por muito mais
tempo, quase como se o mentiroso estivesse a usar uma máscara.

Um sorriso falso muitas vezes parece mais forte de um lado da cara do que do outro,
pois ambos os lados do cérebro tentam fazer com que pareça genuíno. A metade do córtex
cerebral, especializada em expressões faciais, está no hemisfério direito e envia sinais
principalmente para o lado esquerdo do corpo. Como resultado, as emoções faciais falsas são
mais pronunciadas no lado esquerdo do rosto do que no direito. Num sorriso real os dois
hemisférios cerebrais instruem cada lado do rosto a agir simetricamente.

Apesar da crença de que os mentirosos aumentam a frequência de sorrisos quando


mentem ou quando estão sob pressão, quando os mentirosos mentem sorriem menos ou
nada, independentemente da sua cultura. Indivíduos inocentes e a dizer a verdade aumentam
a frequência de sorrisos quando são honestos. Como o sorriso está enraizado na submissão, as
pessoas inocentes tentam aplacar os acusadores, enquanto os mentirosos profissionais
reduzem os sorrisos e outros sinais corporais. É o mesmo que quando um carro da polícia pára
ao nosso lado nos semáforos - mesmo que não se tenha infringido a lei, a presença da polícia é
suficiente para gerar sentimento de culpa e começar a sorrir. Isto destaca como o sorriso falso
é controlado e deve sempre ser considerado no contexto de onde ocorre.

NUNO ALMEIDA 50
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Como mentir
A primeira coisa a fazer quando se mente é dizer a verdade - não toda a verdade, mas
apenas o suficiente para fazer a mentira parecer verdadeira. Se alguém suspeitar da mentira,
admitir algo pequeno ou falso. Pensar em alguma coisa verdadeira específica (lugar, pessoa,
evento, história) em que a mentira se encaixe e usar esses detalhes se alguém tiver questões.
Isto serve de banco de detalhes específicos que permitem elaborar a história, para que não
seja necessário inventar tudo na hora.

O truque é convencer o subconsciente de que se está a dizer a verdade. Um exemplo


disso pode ser: "Eu destruí o carro? Bem, eu coloquei-o numa parede. Então, a parede destruiu
o carro. Eu apenas o movi!"

Olhar a pessoa a quem mentir nos olhos. Não olhar em redor. Tentar fazer os olhos
ficarem grandes e deixar a boca um pouco aberta para um olhar inocente/chocado.

Nunca se esqueça da sua mentira e trate-a como se tivesse mesmo acontecido.


Mencionar esses acontecimentos em conversas como se fosse verdade. Silêncio sobre um
determinado assunto pode despertar suspeitas, especialmente em retrospectiva.

Usar pessoas reconhecidas e com nome.

Bons mentirosos apresentam maior variação em capacidade de mentir do que em


capacidade de detectar mentiras.

Mentirosos eficazes são muito maquiavélicos, autocontrolados, e normalmente bons


actores. Pode ocorrer por não sentirem emoções como culpa e começarem a acreditar na
própria mentira.

Psicopatas são duas vezes mais prováveis de receber liberdade condicional que não-
psicopatas depois e uma entrevista, apesar de serem mais perigosos depois da libertação.

Caras com traços suaves, femininos, como pele suave e quente, boca grande e queixo
arredondado (cara de bebé) são consideradas de maior confiança. Caras com traços
masculinos como sobrancelhas grossas e vincadas, barba por fazer, nariz largo, boca pequena
(e olhar zangado) são vistos como de menor confiança.

Pode afectar injustamente decisões do júri e sentenças judiciais, mas os estereótipos


não são totalmente sem fundamento.

Mas o mais importante... dizer sempre a verdade!

Apanhar um mentiroso
Os mentirosos comportam-se de maneira diferente apenas quando as duas condições
a seguir forem totalmente atendidas:

 A pessoa está deliberadamente e conscientemente a dizer uma mentira.

NUNO ALMEIDA 51
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 A pessoa acha que mentir é errado.

Quando recuperamos informações da memória para as usar os dados corremos risco


de mudança. A pessoa que recupera informações alteradas e imprecisas acreditará que está a
dizer a verdade.

As pessoas que não acreditam que mentir é errado mostrarão poucos, se algum, sinais
detectáveis de excitação. Psicopatas, criminosos ou não, são incapazes de empatia ou culpa.
Portanto não percebem que prejudicar os outros é um problema, e são mentirosos eficazes.

Sinais de que a pessoa está a mentir


Detectar mentiras em pessoas que se conhece é muito mais fácil do que detectar
mentiras num estranho. Ao lidar com estranhos, usar perguntas básicas que ninguém iria
mentir para estabelecer um comportamento "normal".

Supondo que uma pessoa esteja a mentir deliberadamente e reconheça a mentira


como negativa, pode observar-se alguns/todos os itens a seguir:

 Articulação reduzida;
 Respostas faciais e corporais que não “combinam”;
 Respostas faciais e corporais que passam rapidamente são substituídas por respostas
mais “conscientes”;
 Redução do movimento da parte superior do corpo;
 Maior movimento da parte inferior do corpo;
 Tocar no nariz é um sinal clássico de desconforto e consciência de si mesmo – o nariz
contém tecido eréctil que aumenta de tamanho com stress;
 Sorrisos nervosos ou risos que são inapropriados, dado o tópico em discussão (sorrir é
um sinal de submissão - eu estou bem, não me magoei);
 Expressões inventadas diferem das espontâneas. Sorrisos sentidos incluem rugas em
redor dos olhos e bochechas. Sorrisos falsos, mais restritos à boca, mostram os dentes
inferiores, muitas vezes assimétricos, e contêm elementos de emoções negativas,
como raiva ou nojo.
 Os sorrisos sentimentais geram mais empatia e confiança nos outros. Actores
habilidosos podem sorrir de maneira convincente, conjurando sentimentos felizes.
 “Engolir os lábios” (sugar os lábios para dentro) geralmente acompanha o pensamento
e a incerteza sobre algo (especialmente quando o resultado pode ser mau). A
compressão dos lábios está associada à mentira. Pode representar o desejo de
controlar a vontade de deixar escapar algo que alguém preferiria que o mundo não
soubesse;
 Contacto visual (funciona na cultura americana geral, mas em poucas outras)
Frequentemente a frequência do piscar dos olhos diminui em mentirosos (outro
exemplo de excesso de compensação);
 Timing: As emoções são espontâneas, reacções instantâneas ao nosso ambiente.
Qualquer atraso na reacção deve ser suspeito.

Sinais de stress também podem ser indicativos da mentira

NUNO ALMEIDA 52
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Sinais de excitação emocional – piscar os olhos, corar, sudorese, boca seca (beber
água) podem indicar mentira. Mas existem muitas outras razões para se sentir
stressado durante discursos públicos ou durante interrogatório, não sendo indicativos
suficientes só por si.
 O mesmo se aplica para gestos de conforto pessoal, como cruzar os braços e tocar no
rosto.
 Frequentemente a frequência do piscar dos olhos diminui em mentirosos (outro
exemplo de excesso de compensação).
 Uma ausência de angústia apropriada (especialmente na face superior) pode ser
igualmente reveladora.

Durante o engano, três fenómenos ocorrem que podem provocar sinais de denúncia:

1. Reacções emocionais: culpa, medo, deleite.


a. Culpa - contacto visual baixo
b. Medo - gaguejar, piscar os olhos, gritar
c. Deleite (do mentiroso) - excitação, riso inadequado (Ekman)
2. Carga cognitiva. Mentirosos também tendem a desviar o olhar, para se concentrarem
em detalhes inventados. Excepto quando monitorizam a audiência para ver se a
mentira está a funcionar.
3. Tentativa de autocontrolo do comportamento para evitar a fala. Difícil. A voz quebra,
expressões faciais ocorrem - as microexpressões de Ekman.

Factores que influenciam esses fenómenos:

 Culpa - o grau de culpa depende da personalidade (ex.: psicopatia). Ter em


consideração o risco e o sentimento de justiça ou dever sentido por um agente das
forças de segurança.
 Medo - mentirosos experientes têm menos medo.
 Excitação - ajudado pelo tipo de audiência e por quão grande ou não é a conquista.
 Carga cognitiva - também depende da inteligência e experiência da habilidade verbal
(Vrij está errado sobre os psicopatas sentirem menos carga cognitiva). O grau de
ensaio da mentira também faz diferença (a prática ajuda).
 Autocontrolo - depende da psicopatia.

Ao recontar os factos, não haverá inconsistências se a história for verdadeira. Numa


mentira mais e mais detalhes serão necessários, aumentando a probabilidade de se esquecer
de alguns deles, e providenciar novos detalhes incompatíveis com os anteriores.

Entrevista
 Vítimas e testemunhas.
 O objectivo é descobrir o máximo de informação possível

NUNO ALMEIDA 53
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Colocar a vítima ou testemunha à vontade


 Amigável, vagamente estruturado, e não conflituoso
 O foco é fazer com que a pessoa conte o que aconteceu

O bom entrevistador é

 Inquisitivo
 Atento
 Energético
 Bom comunicador
 Solucionador de Problemas
 Paciente

Entrevistas

 O processo começa quando o entrevistador chega ao local.


 Identificar vítimas e testemunhas e separá-las.
 Entrevistar.
 O objectivo é obter informações sobre o crime.
 Corroborar a informação com evidências.
 Como se entrevista é importante.

Sequência das entrevistas


Entrevista

Preparação e Engage and Clarificar e questionar Closure Avaliação


Planeamento Explain testemunhos

Preparação e Planeamento
Planeamento - o processo mental de preparação para entrevistar alguém.

Preparação - considerar o que tem de ser preparado antes de realizar a entrevista


(local, ambiente, administração da entrevista).

 Conhecer a política e as directrizes da agência.


 Reunir todas as informações, detalhes, e acções até o momento.
 Pode ser necessário fornecer suporte para a vítima.
 Formato da entrevista.
 Ambiente de controlo.

NUNO ALMEIDA 54
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Engage and Explain


Objectivos

 Apresentar-se.
 Incentivar a vítima/testemunha a assumir um papel activo.
 Estabelecer o tom para a entrevista.
 Explicar o que vai acontecer e o que é necessário da vítima/testemunha.

Minimizar a ansiedade e estabeleça uma ligação

 Apresentar-se; aperto de mãos se apropriado.


 Falar com calma e devagar.
 Manter uma linguagem simples.
 Perguntar como a pessoa quer ser chamada (nome, título e nome, etc.).
 Usar o nome da pessoa durante a entrevista.
 Resolver quaisquer preocupações ou necessidades.
 Tranquilizar a pessoa.

Transmitir que as informações são importantes

 Dizer à vítima que o que ela tem a dizer é importante.


 Pessoas valorizadas vão falar mais.
 Incentivar a pessoa a contar tudo o que sabe, mesmo que pareça trivial.
 Dizer à pessoa para perguntar se não entender alguma coisa.
 Tomar o tempo que for necessário e ser paciente.

Dirigir-se à vítima/testemunha

 Idosos/pessoas com títulos profissionais.


 Usar o nome da pessoa, não dizer "vítima" ou "testemunha".
 Prestar atenção aos comportamentos não-verbais da pessoa.
 Citações do documento.
 Registrar as declarações electronicamente?

Explicar o Processo

 Explicar o processo da entrevista.


 Partilhar as expectativas.
 Lembrar a pessoa que serão tomadas notas.
 Depois disso, fazer perguntas de acompanhamento ou pedir que a pessoa repita todo
ou parte do esclarecimento.
 Resumir o que foi dito para verificar a interpretação.

NUNO ALMEIDA 55
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Clarificar e questionar testemunhos

 Objectivos:
o Obter o testemunho ininterrupto da pessoa.
o Expandir e esclarecer o testemunho.
 Deixar a pessoa descrever o que aconteceu (sem interrupções).
 Apenas ouvir durante a primeira vez que a pessoa descreve os eventos.
 Rever o testemunho quantas vezes for necessário.
 Não interromper.
 Permitir pausas.
 Usar habilidades de escuta activa.

Questões

 Usar perguntas abertas.


 Evitar perguntas importantes.
 Tentar estabelecer um cronograma do evento.
 Não perguntar se a vítima/testemunha está disposta a testemunhar em tribunal.
 Não esperar que a pessoa tenha as mesmas habilidades de observação que pessoal
treinado.
 Quem? O quê? Onde? Quando? Porquê? Como? Quantos?

Closure Goals

 Não apressar o término.


 Concordar com o que foi dito.
 Perguntar se “é tudo?”
 O que vai acontecer agora?
 Manter linhas de comunicação abertas.

Closure

 Rever as anotações.
 Verificar novamente a interpretação do testemunho.
 "Há mais alguma coisa que eu deveria saber?"
 Fechar a entrevista.
o Incentivar a vítima a entrar em contacto.
o Instruir a vítima a evitar discutir detalhes.
o Obrigar a vítima/testemunha a colaborar.

Avaliação

 Os objectivos foram alcançados?

NUNO ALMEIDA 56
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Rever a investigação à luz das informações da entrevista.


 Reflectir sobre a entrevista e considerar como melhorar no futuro.

Documentar as entrevistas

 Fazer boas anotações.


 Considerar gravar as entrevistas.
 O escritório local do ministério público pode aconselhá-lo.
 Seguir a política e o procedimento da agência.

Tipos de Vítimas e Testemunhas

 Amigáveis
 Neutros
 Interessados
 Hostis
 Crianças
 Vulneráveis
 Traumatizados

Avaliar a Credibilidade

 Maneirismos
 Credibilidade da história
 Adequação da conduta

Manter em contacto

 Pode ser necessário entrar em contacto com a vítima/testemunha novamente.


 Pode ser necessário gastar tempo a reestabelecer a ligação.
 Analisar as informações recebidas e pedir novas informações.
 Não fornecer informações de outras fontes.

Identificar testemunhas oculares

 Geralmente fornecem as melhores pistas.


 No entanto, são a causa primária de condenação injusta.
 A precisão das evidências das testemunhas oculares é baseada nos procedimentos
utilizados para colectá-las.
 Perceber a importância ou insignificância do evento para a testemunha (factores
psicológicos).

NUNO ALMEIDA 57
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Princípios gerais de memória

 Nós não capturamos imagens exactas na nossa memória.


 O cérebro reconstrói a memória de um evento testemunhado.
 Testemunhas oculares podem ser levadas a lembrar coisas que não viram.

Entrevistas iniciais

 Concentrar em manter a memória real separada de outras fontes de informação.


 Evitar perguntas que sugiram algo específico.
 Evitar dar feedback positivo à testemunha.
 Impedir testemunhas de discutir incidentes umas com as outras.

Factores que afectam a percepção

 Luz, distância, e duração da visão


 Fenómeno "foco na arma"
 Raça
 Stress

Linhas de suspeitos ou linhas de fotografia

 Seleccionar extras que não sejam suspeitos.


 Usar um procedimento duplo-cego.
 Mostrar às testemunhas conjuntos de fotos ou alinhamentos sequencialmente em vez
de todos de uma vez (simultaneamente).
 Dizer à testemunha que o suspeito real pode ou não estar na matriz de fotos ou na
lista.
 Avaliar a confiança de testemunhas oculares.
 Evitar vários procedimentos de identificação.

Acariação – Levar o suspeito em pessoa à vítima ou testemunha.

 Determinar se o procedimento é necessário.


 Pode ser feito perto do crime tento em tempo como espaço?
 Linhas de suspeitos ou linhas de fotografia são de maior confiança.
 Se houver causa provável para prender o suspeito – não se faz acariação
 Obter a melhor descrição verbal do suspeito.
 Minimizar a sugestão do procedimento.
 Instruir a testemunha ocular que o suspeito pode ou não ser o perpetrador.

Retracto falado

NUNO ALMEIDA 58
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Quando não há suspeito.


 Usar com cautela.
 Pode sugerir a memória da testemunha ocular.
 Usar um procedimento duplo-cego.

Técnica da entrevista cognitiva

Tem como objectivo avivar a memória da testemunha – encoraja olhar para o evento
de perspectivas diferentes.

Técnicas básicas para eliciar informação:

 Pedir à testemunha para pensar nas circunstâncias gerais;


 Reportar tudo, mesmo que pareça menor ou não importante;
 Lembrar dos eventos em ordem diferente;
 Alterar perspectivas olhando para o evento do ponto de vista de uma terceira
pessoa.

Tipos de documentação de entrevistas


Tipo Vantagens Desvantagens
Memória Rápido e fácil Absorção e recordação
limitada. Maior parte da
informação perde-se pouco
tempo depois.
Notas Suficiente na maioria dos Pode distrair ou ofender a
casos. Capta detalhes testemunha. Pode ocupar o
salientes. Previne entrevistador, criando a
necessidade de nova aparência de falta de
entrevista. atenção. Pode causar que o
entrevistador perca indícios
não-verbais.
Declaração escrita ou Útil se a testemunha não O pedido pode ser ofensivo
assinada pode testemunhar. Pode ser para a testemunha. Não
usada como prova de necessário em declarações
perjúrio se a testemunha de rotina.
mudar a história em tribunal.
Gravação áudio ou Relativamente barata. Algum Não necessária excepto nos
audiovisual do equipamento é portátil. casos mais importantes.
Toda a informação é gravada Geralmente não prática.
nas palavras da testemunha.
Não é dependente da falta de
confiança da memória ou nas
notas de outro. Não distrai.
Previne novas entrevistas
desnecessárias.

NUNO ALMEIDA 59
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Interrogatório
 Suspeitos
 O objectivo é estabelecer a culpa do suspeito
 Controlado e Dirigido
 Pode envolver o suspeito em desvantagem psicológica
 Você deve informar suspeito de direitos legais

Ambos interrogatório e entrevista são uma busca pela verdade.

Interrogação de suspeitos

 Mais formal e controlada.


 Interrogador controla e direcciona a interrogação.
 Está estruturada.
 Interrogador pode precisar de ser bom actor.
 O objectivo é estabelecer a verdade.

O interrogador controla a investigação

 O interrogador tem vantagem psicológica num interrogatório.


 Ambiente controlado.
 Suspeito Emocional ou Não-Emocional?

Estrutura e Actuação

 Compilar uma lista de perguntas antes do interrogatório.


 Estruturar as perguntas para obter informações.
 Ser flexível, sincero, paciente, persistente, e confiante.
 Nem todos os bons entrevistadores são bons interrogadores.

Objectivos da Interrogação

 Estabelecer a verdade.
 Culpado ou inocente?
 A preparação da interrogação leva tempo.
 Tem que mostrar culpa sem dúvida razoável.
 Obter uma confissão.

Sequência das Interrogações

Interrogação
NUNO ALMEIDA 60
Preparação e Engage and Clarificar e questionar Closure Avaliação
Planeamento Explain testemunhos
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Preparação e Planeamento
 Reunir o máximo de informação possível.
 Quantas mais informações se tiver, mais controlo se terá.
 O tempo investido irá melhorar a confiança e capacidade do interrogador, e
economizar tempo.

Ambiente de Interrogação

 A sala de interrogatório.
 Número de interrogadores.
 Comportamento não-verbal.
 Comportamento verbal.

Engage and Explain


 Apresentar-se.
 Incentivar o suspeito a fornecer informações.
 Estabelecer o tom para a interrogação.
 Explicar o que vai acontecer e o que se espera do suspeito.
 Tentar construir uma ligação.

Clarificar e questionar testemunhos

 A primeira pergunta é vital.


 Obter o testemunho ininterrupto dos suspeitos.
 Expandir e esclarecer o testemunho do suspeito.
 Questionar o testemunho do suspeito quando necessário.

Closure

 Rever as anotações e outros materiais.


 Perguntar ao suspeito se há algo que queira adicionar.
 Fechar o interrogatório.

Avaliação

 Os objectivos foram cumpridos?

NUNO ALMEIDA 61
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

 Rever a investigação à luz das informações obtidas.


 Reflectir sobre o quão bem se conduziu o interrogatório.

Gravações cumprindo a cadeia de prova

 Gravações electrónicas cumprindo a cadeia de prova

Excepções

 Dispositivos de gravação podem não funcionar/nenhum disponível.


 Falha na utilização do dispositivo.
 O dispositivo pode funcionar incorrectamente.
 A pessoa pode fazer declarações espontâneas.
 Suspeito pode recusar-se a falar.

Durante a gravação

 Falar clara e distintamente.


 Garantir que as respostas sejam audíveis e claras.
 Descrever acções não-verbais por suspeito.
 Declarações apenas admissíveis se feitas voluntariamente.
 Não é necessário dizer nada suspeito sobre o questionamento.
 Atenção – o suspeito é inocente até culpa ser comprovada em tribunal.

Tipos de suspeitos

 Interrogado Emocional
 Interrogado Não-Emocional

Interrogado Não-Emocional

 Criminosos mais endurecidos com experiência no sistema de justiça criminal.


 Não gosta de falar e vai tentar controlar a sua comunicação verbal e não-verbal.
 Métodos: Pergunta e resposta, narrativa, álibi, factual, policial bom/mau, relato.

Resistência por parte dos suspeitos

 Antecipar a resistência - ter um plano.


 Objectivo é ganhar informação ou confissão - não uma luta por poder.
 Usar o conhecimento do caso a favor do interrogador.
 Antecipar respostas suspeitas e ter um plano.
 Ler o suspeito e encontrar gatilhos que fazem com que o suspeito fale.

NUNO ALMEIDA 62
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Falsas confissões

 Factores de Disposição:
o Características de personalidade
o Juventude
o Deficiência intelectual
o Psicopatologia
 Factores situacionais:
o Custódia física
o Isolamento
o Confronto
o Minimização

Tipos de documentação de confissões


Tipo Vantagens Desvantagens
Gravação audiovisual Mostra tudo, incluindo Pode haver
justiça, procedimento, e constrangimentos legais.
tratamento. Fácil de fazer. Equipamento de qualidade
Barata pode ser caro.
Gravação áudio Pode ouvir-se conversas e Algumas palavras ou
inferir-se justiça. descrições podem não ter
significado sem suporte
visual. Necessita identificar
as pessoas e coisas
envolvidas.
Declaração escrita e assinada Pode ser identificada como Não se pode ver
pela mão do suspeito vindo directamente do comportamento ou ouvir
suspeito. tom de voz. O suspeito pode
não cooperar.
Declaração dactilografada Assinatura significa Menos convincente que
assinada pelo suspeito conhecimento e outros métodos.
concordância
Declaração dactilografada Conteúdos da confissão ou Credibilidade reduzida de
não assinada mas admissão de culpa estão cooperação e precisão dos
reconhecida pelo suspeito presentes. O reconhecimento conteúdos.
ajuda a mostrar cooperação.
Testemunho de alguém que Conteúdos são admissíveis. Não é muito impactante no
ouviu a confissão ou depoimento.
admissão de culpa

Decepção no Interrogatório
Num interrogatório, o interrogador será decepcionado – ou pelo menos haverá
tentativa para tal – mas também pode usar decepção para cumprir os seus objectivos (tendo
sempre em conta quão longe pode ir, de acordo com a sua jurisdição).

NUNO ALMEIDA 63
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Idealmente a decepção só deverá ser considerada pelo interrogador depois deste


explorar sem sucesso todas as abordagens persuasivas verdadeiras disponíveis.

O interrogador que se torna um persuasor eficaz é o que aprende as limitações da sua


própria subjectividade em relação à decepção, a natureza impessoal das tentativas do
interrogado de enganar, e a necessidade de suprimir respostas emocionais à decepção de
outros – a decepção do interrogado não é dirigida pessoalmente ao interrogador.

O silêncio do interrogado pode ser uma fonte de informações, e indicar quando e por
onde o interrogador deve persistir. Por vezes pode aprender-se tanto pelo o que o sujeito diz
como pelo o que não diz.

Dissimulação é um tipo de decepção negativa em que o sujeito tenta pintar uma


imagem de si mesmo diferente da realidade – muitas vezes esconder algo, como motivos,
acções, sentimentos.

Simulação é um tipo de decepção activa, uma mentira em que o sujeito


expressamente finge ser algo que não é, um tipo de decepção positiva.

Dissimulação e simulação normalmente geram, ao ser detectadas, uma resposta mais


emotiva do que quando informação nos é retida. Estes dois tipos de decepção, quando bem-
sucedidas, podem fazer com que o interrogador baixe a guarda, o que dá vantagem pelo
elemento surpresa ao interrogado. Permitem também (re)ganhar a iniciativa, e descobrir o
que está na mente do enganado.

Silêncio é um tipo de decepção passiva, enquanto que as outras duas são activas.
Quando o interrogador leva o interrogado do silêncio para a dissimulação ou simulação, este
levou-o de um estado de inactividade a um de actividade, e actividade pode ser observada e
avaliada.

Tentativas de decepção, especialmente por parte de um interrogado, normalmente


geram stress, stress esse que é fisicamente exprimido pelo corpo do sujeito. Quão maior a
ligação estabelecida entre interrogador e interrogado, maior será o stress gerado, e maiores os
indicadores de decepção.

Contudo, stress também pode ser gerado por contar a verdade e não ser acreditado.
Indivíduos tendem a ser mais honestos se acreditarem que o interrogador os acha honestos –
interrogadores com tendência a não acreditar em nada, e exigir prova de tudo pode dar ao
interrogado o “direito de mentir”, uma vez que nada mais é dele esperado.

Entrevista vs Interrogatório
Semelhanças

Planeamento importante Planeamento crucial


Controlar o ambiente é importante Controlar o ambiente é crucial
Privacidade desejável Privacidade absoluta é essencial
Estabelecer uma ligação é importante Estabelecer uma ligação é importante
Ouvir atentamente Ouvir atentamente
Documentação apropriada Documentação apropriada

NUNO ALMEIDA 64
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Diferenças

Objectivo é obter informação Objectivo é testar informação já obtida


Pré-requisitos legais mínimos Pré-requisitos legais extensivos
Relação cooperativa entre entrevistador e Relação adversária entre entrevistador e
entrevistado é provável entrevistado é provável
Sem culpa ou culpa incerta Culpa é sugerida ou provável
Planeamento e preparação moderados Planeamento e preparação extensivo
Ambiente privado ou semiprivado é desejável Privacidade é absolutamente essencial

Técnicas de Interrogação

O questionamento proficiente pode aumentar a carga cognitiva e apanhar os suspeitos


desprevenidos.

Exigir que os suspeitos recordem os eventos em ordem inversa aumenta as


discrepâncias verdade/mentira.

Perguntas inesperadas são úteis quando o suspeito tem uma história bem preparada.

Pedir ao suspeito esboços de locais e posições de pessoas fornece material que pode
ser verificado.

O uso estratégico de evidências aumenta a pressão (por exemplo, reter factos


conhecidos até mais tarde em entrevistas, quando estes já podem ter sido contraditos).

Métodos coercitivos são antiéticos, ilegais, e ineficazes.

Relação do Interrogador

O interrogador deve determinar se a abordagem à interrogação deve ser feita


estabelecendo uma relação de status ou através do estabelecimento de o estabelecimento de
uma ligação.

Assim que o interrogador toma uma posição hostil para com o suspeito torna-se
impossível vir a desenvolver uma ligação.

Propósito

 O principal propósito é obter a verdade.


 Um propósito secundário é documentar as mentiras quando a verdade não é revelada.
 Quer uma confissão como uma admissão são considerados afirmações culposas.

NUNO ALMEIDA 65
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Slam-Dunk

Abordagem à interrogação em que o interrogador afirma à força que o suspeito é


culpado e não permite que este o negue.

Ser duro desde o início pode fazer com que alguns ofensores fiquem com medo de
fazer declarações, outros poderão deixar de falar de todo.

Não usar se o suspeito é cooperativo, deficiente mental, ou excessivamente


emocional.

Interrogatórios a não detidos

Decorre quando o suspeito não está em custódia da polícia ou detido.

O suspeito tem de estar ciente que pode sair a qualquer altura – com base na
localização, atitude do interrogador, e não deve ser detido.

Não disponível se o suspeito tiver sido acusado por um tribunal dos crimes sob
investigação ou se pedir para falar com um advogado.

Interrogatórios a detidos

Decorre quando o suspeito está detido ou não pode sair pois está prestes a ser detido.

Fase I – Preparação
O interrogador estabelece controlo sobre a investigação.

1. Conhecer o caso.
2. Determinar cadastro.
3. Ver a cena de crime.
4. Estabelecer linha temporal.
5. Determinar quem vai conduzir a interrogação.

Fase II – Desenvolver tácticas com base no resultado final


Estas são argumentos persuasivos desenhados para ultrapassar a resistência à
confissão de um suspeito culpado.

Táctica 1 – Apelo ao interesse próprio do suspeito.

A táctica de interrogação mais frequente.

Encoraja o suspeito a “desabafar” ou a aproveitar para que a sua versão dos eventos
seja ouvida.

Pode requer ultrapassar o medo de ser detido devido às declarações.

NUNO ALMEIDA 66
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Deve simpatizar-se com o dilema e situação do suspeito.

A melhor opção para o suspeito é cooperar com a polícia.

Táctica 2 – Confrontar o suspeito com evidências ou culpa.

Pode envolver revelar ao suspeito evidências encontradas que demonstram a sua


culpa.

Pode requer ultrapassar o medo – paranóia.

Apontar para um polígrafo falhado como evidência de culpa.

Usar a relação que o suspeito tinha com a vítima.

Táctica 3 – Minar a confiança do suspeito nas suas negações.

Se o suspeito não acha que o interrogador tem evidências suficientes para a detenção,
pode ficar relutante em providenciar essa informação durante uma interrogação.

Pode requer ultrapassar o medo de ser encarcerado.

Pode ser tomada a decisão de adiar a detenção.

Afirmar que os fatos do caso falam por si, e que cooperação é a única opção nesta
altura.

Táctica 4 – Identificar contradições no alibi ou história do suspeito.

O termo “porque” pode ser usado como palavra persuasiva.

Dizer ao suspeito que ele cometeu o crime porque A, B, ou C.

Pode requer ultrapassar o medo de repercussões financeiras.

Tentar relacionar com o suspeito sobre a razão pela qual cometeu o crime.

Táctica 5 – Fazer perguntas de entrevista específicas de análise comportamental.

Procurar indicadores comportamentais de nervosismo, transpiração, lamber dos lábios


ou limpar sobrancelhas frequente.

Um ofensor cheio de culpa pode estar relutante em olhar o interrogador nos olhos.

O ofensor apático desafiará o interrogador olhando-o directamente nos olhos com


negação.

Táctica 6 – Apelar à importância da cooperação.

NUNO ALMEIDA 67
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Revelar as repercussões do acto criminoso ao ofensor e sugerir que comecem do início


de uma forma cooperativa.

Táctica 7 – Oferecer justificações morais e desculpas que permitam salvaguardar a reputação.

Minimizar o crime e nunca referi-lo pelo termo legal.

Encorajar o suspeito a exprimir culpa, remorsos, ou ódio para com a vítima.

Pode requer ultrapassar o medo de passar vergonha.

Usar empatia para ultrapassar o medo de passar vergonha.

Perguntar ao ofensor porque é que ele fez o que fez para permitir desculpas que
permitam salvaguardar a reputação.

Táctica 8 – Confrontar o suspeito com falsas evidências de culpa.

Esta abordagem faz sentido quando há mais que uma pessoa envolvida no crime.

Informação providenciada por um parceiro de crime pode ser embelezada e


apresentada como facto ao outro.

Pode requer ultrapassar o medo - culpa.

O suspeito que teve um papel menor terá medo de arcar com toda a culpa.

Sugerir que as evidências apontam para um só suspeito, esta é a altura de partilhar a


culpa com outros.

Táctica 9 – Elogiar ou lisonjear o suspeito.

Procurar evidências de que o suspeito é inseguro.

O suspeito aparenta ter tirado prazer da acção?

Elogiar e lisonjear podem ser ferramentas muito úteis na obtenção de uma confissão.

Pode requer ultrapassar o medo – insignificância.

Elogios e afirmações de apoio transmitem um julgamento positivo ao suspeito.

Táctica 10 – Apelar à capacidade e autoridade do detective.

Requer uma abordagem muito confiante por parte do interrogador.

Coloca enfase no estatuto do interrogador e minimiza a capacidade do suspeito se


safar com o crime.

NUNO ALMEIDA 68
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Esta táctica permite que o interrogador tome controlo da interrogação sugerindo que
este é muito mais inteligente que o suspeito.

Esta táctica é utilizada para quebrar a confiança do suspeito.

Fase III – Obter a confissão


 Deixar todas as armas fora da sala de interrogação.
 Não “encostar o suspeito à parede” verbalmente.
 Não convidar uma negação, pedir explicação.
 Não interrogar um suspeito algemado.
 Evitar antagonização inicial.
 Não tornar o interrogatório confrontacional.
 Não ser amigável ou mostrar preocupação.

Obter a confissão

1. Fazer a acusação.
a. Ser honesto;
b. Usar o primeiro nome do suspeito sem título;
c. Não gritar;
d. Não mostrar raiva;
e. Estar próximo do suspeito.
2. Finalizar.
a. Sem mais discussão sobre inocência;
b. Apresentar uma desculpa para as acções;
c. Mostrar boas intenções;
d. Minimizar a culpa do suspeito no crime.

NUNO ALMEIDA 69
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Aquele que não entende um olhar também não vai entender uma explicação longa.

Provérbio árabe

NUNO ALMEIDA 70
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Índice de Figuras
Figura 1. Emblemas de mão – polegar para cima simboliza aprovação; Polegar e dedo indicador
juntos com os restantes esticados simboliza concordância ou aceitação; Dedos em V simboliza
vitória. ........................................................................................................................................... 2
Figura 2. Quando as crianças são pequenas e dizem uma mentira as suas mãos voam sobre a
boca. ............................................................................................................................................ 17
Figura 3. Um adolescente pode "refinar" esse gesto inerente simplesmente trazendo pontas de
dedos para a boca. ...................................................................................................................... 17
Figura 4. Um adulto pode levar o dedo até o canto da boca. ..................................................... 18
Figura 5. Apelo ou solicitação a outros ....................................................................................... 18
Figura 6. Desejo de parar ou aguentar algo. ............................................................................... 18
Figura 7. Palma virada para cima exprime submissão. ............................................................... 19
Figura 8. Palma virada para baixo exprime autoridade. ............................................................. 19
Figura 9. Esfregar as palmas ........................................................................................................ 19
Figura 10. Palma fechada com o dedo indicador estendido. ...................................................... 19
Figura 11. O aperto do antebraço - procurar armas escondidas - o método romano original de
saudação. .................................................................................................................................... 20
Figura 12. Dominância é demonstrada girando a mão de modo que a palma fique voltada para
baixo durante o aperto de mão. ................................................................................................. 20
Figura 13. Submissão é demonstrada girando a mão de modo que a palma esteja voltada para
cima durante o aperto de mão. .................................................................................................. 20
Figura 14. Igualdade é demonstrada girando a palma de modo que ela não fique nem para
cima nem para baixo. .................................................................................................................. 20
Figura 15. Aperto de mão "luva"/com as duas mãos.................................................................. 21
Figura 16. Aperto de mão com toque de braço. ......................................................................... 21
Figura 17. Apertos de mão de duas mãos. Agarrar no pulso, cotovelo, braço, e ombro. .......... 22
Figura 18. Aperto de mão esmagador/esmaga ossos. ................................................................ 22
Figura 19. Aperto de mão “morto”. ............................................................................................ 22
Figura 20. Aperto de dedos. ........................................................................................................ 22
Figura 21. Aperto de mão de braço estendido ........................................................................... 23
Figura 22. Aperto de mão submisso............................................................................................ 23
Figura 23. Aperto puxar e arrancar ............................................................................................. 23
Figura 24. Mãos com dedos entrelaçados. ................................................................................. 23
Figura 25. Mãos com dedos entrelaçados não junto ao corpo. .................................................. 24
Figura 26. Cortar com a mão. ...................................................................................................... 24
Figura 27. Dedos em pirâmide. ................................................................................................... 24
Figura 28. Segurar as mãos atrás das costas. .............................................................................. 24
Figura 29. Segurar o pulso ou o braço atrás das costas. ............................................................. 25
Figura 30. Apresentação dos polegares. ..................................................................................... 25
Figura 31. Sorriso de lábios apertados ........................................................................................ 25
Figura 32. Sorriso retorcido......................................................................................................... 26
Figura 33. Sorriso de mandíbula/Drop-jaw ................................................................................. 26
Figura 34. Sorriso lateral a olhar para cima ................................................................................ 26
Figura 35. Dedos na boca. ........................................................................................................... 26
Figura 36. Mão para o queixo e bochecha indiferença ............................................................... 26
Figura 37. Gesto de interesse. ..................................................................................................... 27

NUNO ALMEIDA 71
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Figura 38. Gesto de formação de decisão. .................................................................................. 27


Figura 39. Gesto de cobrir a boca. .............................................................................................. 27
Figura 40. Gesto de tocar no nariz. ............................................................................................. 27
Figura 41. Esfregar o olho. .......................................................................................................... 28
Figura 42. Mexer na orelha. ........................................................................................................ 28
Figura 43. Mão para o pescoço – coçar a parte de trás do pescoço. .......................................... 28
Figura 44. Mãos por trás da cabeça. ........................................................................................... 28
Figura 45. Braços cruzados.......................................................................................................... 29
Figura 46. Braços cruzados com punhos cerrados. ..................................................................... 29
Figura 47. Agarrar os braços. ...................................................................................................... 29
Figura 48. Braços cruzados com os polegares para cima ............................................................ 29
Figura 49. Cruzar um só braço..................................................................................................... 30
Figura 50. Mãos dadas comigo mesmo ....................................................................................... 30
Figura 51. Barreiras de braços cruzados sofisticadas.................................................................. 30
Figura 52. Barreira de chávena ................................................................................................... 31
Figura 53. Cruzar as pernas no joelho. ........................................................................................ 31
Figura 54. Cruzar de perna aberta/Cruzar de perna no tornozelo. ............................................ 31
Figura 55. Posição pernas trancadas. .......................................................................................... 32
Figura 56. Pernas cruzadas tornozelo com tornozelo. ................................................................ 32
Figura 57. Abanar ou bater com o pé.......................................................................................... 32
Figura 58. Mexer no cabelo e atirar a cabeça para trás. ............................................................. 32
Figura 59. Enrolar cabelo. ........................................................................................................... 33
Figura 60. Inclinar a cabeça para um lado................................................................................... 33
Figura 61. Inclinar a cabeça para trás.......................................................................................... 33
Figura 62. Sobrancelha levantada. .............................................................................................. 33
Figura 63. Sobrancelhas levantadas. ........................................................................................... 34
Figura 64. Olhos arregalados....................................................................................................... 34
Figura 65. Abanar narinas. .......................................................................................................... 34
Figura 66. Boca inclinada............................................................................................................. 34
Figura 67. Inclinado para trás com as mãos atrás da cabeça – A rejeitar mensagens. Exprime
sentimento de superioridade, relaxamento. .............................................................................. 35
Figura 68. Sentar preparado. Exprime estar preparado, positividade, capacidade, comum em
indivíduos orientados para objectivos. ....................................................................................... 35
Figura 69. Mão ao peito. Honestidade, lealdade, devoção. ....................................................... 35
Figura 70. Mexer por trás/abaixo da orelha. Dúvida, hesitante. ................................................ 35
Figura 71. Tocar no nariz. Curiosidade. ....................................................................................... 36
Figura 72. Segurar a cabeça com a mão. Cansado, aborrecido. ................................................. 36
Figura 73. Dedos em pirâmide. Confiança. Orgulho. Egoísmo.................................................... 36
Figura 74. Esfregar as mãos. Expectativa. Exigência não-verbal. ................................................ 36
Figura 75. Esfregar o queixo. Avaliação, julgamento. ................................................................. 36
Figura 76. Olhar por cima dos óculos. Reacção emocional negativa. Escortinar. ....................... 37
Figura 77. Palmas viradas para cima. Sinceridade. Aberto a sugestões. Aceitação de autoridade.
Frustração. Desamparo. .............................................................................................................. 37
Figura 78. Uma perna mais alta que a outra. Não-cooperativo. Hostil. Não-preocupado. ........ 37
Figura 79. Agarrar os braços. Defensivo. À procura de conforto. ............................................... 37
Figura 80. Braços cruzados. Preferida por raparigas adolescentes. ........................................... 37

NUNO ALMEIDA 72
INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL LISBOA 2018

Figura 81. Braços cruzados defensivos. Defensiva. Geralmente entre colegas ou pares. Em
anciãos deve-se ao direito de serem ouvidos. ............................................................................ 38
Figura 82. Exemplo de perguntas de controlo. ........................................................................... 42
Figura 83. Imprecisões do teste de polígrafo. ............................................................................. 42
Figura 84. Exemplos de imagens de fMRI durante a mentira e a verdade. ................................ 44
Figura 85. O tipo de pensamento que as pessoas estão a ter pode ser discernido pela direcção
em que olham enquanto o têm. ................................................................................................. 49

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