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APRENDIZAGEM
Daniela Ferreira
P104 | AMÂNCIO DA COSTA PINTO | FPCE-UP
1 CONTEÚDO
1Conteúdo................................................................................................................................ 2
1Introdução à Psicologia .......................................................................................................... 7
1.1Conceções Gerais da Mente Humana ............................................................................. 7
1.1.1Conceções Comuns da Mente Humana ................................................................... 7
1.1.2Conceções Históricas da Mente Humana ................................................................ 8
1.1.3Conceções Atuais da Mente Humana ...................................................................... 8
1.2Âmbito da Aprendizagem ............................................................................................... 9
1.2.1A aprendizagem não tem apenas a ver com o conhecimento factual..................... 9
1.2.2A aprendizagem não é sempre correta.................................................................... 9
1.2.3A aprendizagem nem sempre é progressiva............................................................ 9
1.2.4A aprendizagem não é necessariamente intencional e voluntária. ......................... 9
1.2.5A aprendizagem é um construto teórico. ................................................................ 9
1.3Definições de Aprendizagem ........................................................................................ 10
1.3.1Perspetiva Behaviorista – Kimble [1961] ............................................................... 10
1.3.2Perspetiva Semi-Behaviorista – Mayer [1982]....................................................... 10
1.3.3Perspetiva Cognitivista........................................................................................... 10
1.4Tipos de Aprendizagem................................................................................................. 11
1.4.1Aprendizagem por Habituação .............................................................................. 11
1.4.2Aprendizagem Comportamental............................................................................ 11
1.4.3Aprendizagem Verbal............................................................................................. 11
1.4.4Aprendizagem de Conceitos .................................................................................. 11
1.4.5Aprendizagem por Observação.............................................................................. 11
2A Habituação ........................................................................................................................ 12
2.1Definição ....................................................................................................................... 12
2.2Conceitos Básicos .......................................................................................................... 12
2.2.1Habituação ............................................................................................................. 12
2.2.2Desabituação.......................................................................................................... 12
2.2.3Sensibilização ......................................................................................................... 12
2.3Estudos .......................................................................................................................... 13
2.3.1Aplysia .................................................................................................................... 13
2.3.2The Orienting Reflex .............................................................................................. 13
2.3.3Thought for Food ................................................................................................... 13
2.3.4Habituação numa Prova de Reconhecimento de Objetos ..................................... 14
2.4Forma de Aprendizagem ............................................................................................... 14
2
3Condicionamento Clássico ................................................................................................... 15
3.1Definição ....................................................................................................................... 15
3.2Pavlov ............................................................................................................................ 15
3.2.1Procedimento Experimental de Pavlov .................................................................. 15
3.3Aquisição, Extinção e Recuperação Espontânea........................................................... 16
3.3.1Aquisição ................................................................................................................ 16
3.3.2Extinção .................................................................................................................. 17
3.3.3Recuperação Espontânea....................................................................................... 17
3.4Generalização e Discriminação de Respostas ............................................................... 17
3.4.1Generalização da Respostas Condicionada............................................................ 17
3.4.2Discriminação da Resposta Condicionada ............................................................. 17
3.4.3Neurose Experimental ........................................................................................... 18
3.5Condicionamento de Ordem Superior .......................................................................... 18
3.5.1Finch e Culler (1934) – Experiência com Cães ....................................................... 18
3.5.2Publicidade ............................................................................................................. 18
3.6Relações temporais entre EC e EI ................................................................................. 19
3.7Condicionamento de Respostas Emocionais ................................................................ 19
3.7.1Aquisição de uma RC de Medo - Little Albert ........................................................ 19
3.7.2Extinção de uma RC de Medo – Peter ................................................................... 20
3.8Estudos Recentes do Condicionamento Clássico .......................................................... 20
3.8.1Fator de Previsão ................................................................................................... 20
3.8.2Efeito Bloqueador do Estímulo Condicionado ....................................................... 21
3.8.3Efeito de Exposição Prévia ..................................................................................... 21
3.8.4Efeito do Obscurecimento ..................................................................................... 21
3.8.5Modelo Associativo de Rescorla-Wagner .............................................................. 21
3.9Explicações do Condicionamento Clássico.................................................................... 22
3.9.1Associacionista ....................................................................................................... 22
3.9.2Behaviorista ........................................................................................................... 22
3.9.3Atencional – Teoria da Informação ........................................................................ 22
3.9.4Cognitiva ................................................................................................................ 22
3.9.5Evolucionista .......................................................................................................... 22
4Condicionamento Operante ................................................................................................ 22
4.1Definição ....................................................................................................................... 22
4.2Procedimento Experimental de Thorndike ................................................................... 23
4.2.1Leis de Aprendizagem de Thorndike ...................................................................... 23
4.3Procedimento Experimental de Skinner ....................................................................... 24
4.4Tipos e Programas de Reforço ...................................................................................... 24
3
4.4.1Reforço: essencial ou não para a aprendizagem? ................................................. 25
4.4.2Teorias Gerais do reforço ....................................................................................... 25
4.5Comportamento supersticioso ..................................................................................... 26
4.6Condicionamento Clássico VS Condicionamento Operante ......................................... 26
4.7Condicionamento de Evitação ...................................................................................... 27
4.8Desamparo aprendido .................................................................................................. 27
4.9Condicionamento e cognição ........................................................................................ 28
5CONDICIONAMENTO E APLICAÇÕES .................................................................................... 28
5.1Introdução ..................................................................................................................... 28
5.2Reforço e Punição ......................................................................................................... 29
5.2.1Que punição? ......................................................................................................... 29
5.3Moldagem e aquisição de novos comportamentos...................................................... 30
5.4Limitações biológicas do condicionamento .................................................................. 30
5.5Efeito de Garcia ............................................................................................................. 30
5.6Terapia e mudança comportamental............................................................................ 31
5.7Condicionamento operante e ensino programado....................................................... 31
5.7.1Ensino programado e e-learning............................................................................ 31
6APRENDIZAGEM VERBAL...................................................................................................... 32
6.1Definição ....................................................................................................................... 32
6.2Materiais verbais........................................................................................................... 32
6.3Parâmetros de avaliação ............................................................................................... 32
6.4Tarefas de aprendizagem verbal ................................................................................... 32
6.5Ebbinghaus .................................................................................................................... 33
6.5.1Resultados importantes – Ebbinghaus .................................................................. 33
6.5.2Bartlett avalia Ebbinghaus ..................................................................................... 33
6.6Tipos de aprendizagem verbal ...................................................................................... 33
6.6.1Aprendizagem Intencional vs. Acidental................................................................ 33
6.6.2Aprendizagem Distribuída vs. Compactada ........................................................... 34
6.6.3Aprendizagem Global vs. Parcial ............................................................................ 34
6.6.4Evocação vs. Leitura ............................................................................................... 34
7CATEGORIZAÇÃO .................................................................................................................. 34
7.1Definição ....................................................................................................................... 34
7.2Modelos de categorização ............................................................................................ 35
7.2.1Modelo Clássico ..................................................................................................... 35
7.2.2Modelo de Atributos Definidores e Característicos ............................................... 35
7.2.3Modelo Protótipo................................................................................................... 35
7.3Medidas de categorização ............................................................................................ 35
4
7.4Estudos e Experiências .................................................................................................. 36
7.4.1Estudo de Frequência – Battig e Montague [1969] ............................................... 36
7.4.2Estudo de Tipicidade – Rosch [1973] ..................................................................... 36
8APRENDIZAGEM: OUTRAS TEORIAS ..................................................................................... 36
8.1Teoria da Gestalt ........................................................................................................... 36
8.1.1Thorndike vs. Kohler .............................................................................................. 37
8.1.2Aprendizagem e Insight ......................................................................................... 37
8.1.3O Efeito Von Restorff ............................................................................................. 37
8.1.4O efeito Zeigarnik ................................................................................................... 37
8.2Aprendizagem Observacional ....................................................................................... 38
8.2.1Processos de aprendizagem observacional ........................................................... 38
8.3Aprendizagem em Ambiente Artificial .......................................................................... 38
8.3.1Modelo ACT-R de John Anderson – Sistema Simbólico ......................................... 38
8.3.2Modelo neo-conexionista ...................................................................................... 39
9APRENDIZAGEM ESCOLAR ................................................................................................... 39
9.1Definição ....................................................................................................................... 39
9.214 Princípios APA .......................................................................................................... 39
9.3A organização dos materiais ......................................................................................... 40
9.4Profundidade de processamento.................................................................................. 40
9.4.1Abordagem Superficial vs. Abordagem Profunda .................................................. 40
9.4.2Estilos de Aprendizagem ........................................................................................ 40
9.5Conhecimento prévio: efeito negativo e positivo ......................................................... 41
9.6Metacognição................................................................................................................ 41
9.6.1Aprender a aprender ............................................................................................. 41
9.6.2Transferência de Aprendizagem ............................................................................ 41
9.7Estudos e Experiências .................................................................................................. 41
9.7.1Organização Externa – Danner [1976] ................................................................... 41
9.7.2Hierarquização da Informação – Bower et al. [1969] ............................................ 42
9.7.3Reconhecimento Prévio das Categorias – Hudson [1969] ..................................... 42
9.7.4Conhecimento Prévio – Bransford e Johnson [1972] ............................................ 42
9.7.5Efeitos da Organização Subjetiva – Bousfield [1953]............................................. 42
9.7.6Profundidade e Elaboração – Craik e Tulving [1975] ............................................. 42
9.7.7Efeito do conhecimento prévio na memória – Moris et al. [1975]....................... 43
9.7.8Efeito do conhecimento prévio na memória – Recht e Leslie [1988] .................... 43
5
Prefácio
“A aprendizagem e a memória têm sido temas centrais de estudo da psicologia, desde o co-
meço da investigação cientifica nos finais do séc. XIX. No séc. XX o interesse estendeu-se a outras
áreas como a educação, a biologia, etologia, inteligência artificial, tornando-se mais tarde um
centro importante de questões a pesquisar no domínio das neurociências. No entanto, com o
decorrer do tempo, os temas de aprendizagem e memória tornaram-se uma espécie de guarda-
chuva que abriga atualmente os mais improváveis pensadores, escritores, políticos, artistas e
cientistas, todos tentando abordar estas questões com a legitimidade que a sua formação lhes
faculta. Face a este panorama, torna-se importante saber o longo passado da psicologia no do-
mínio das questões investigadas nestas áreas e o seu grau de fundamentação e análise, assim
como o contributo que pode oferecer no âmbito da interdisciplinaridade destes temas.
A investigação psicológica nas áreas da aprendizagem e da memória manteve-se em grande
parte separadas até meados do século XX. Devido a uma cultura de rigor e controlo definida
pelo behaviorismo inicial, os sujeitos da investigação experimental em aprendizagem restringi-
ram-se inicialmente ao estudo do gato, cão, rato e pombo de laboratório, enquanto que na área
da memória o foco manteve-se de forma continuada no ser humano ao longo de mais um século.
Se a investigação de um rato pode fornecer leis importantes de aprendizagem sobre o estabe-
lecimento de associações - e continua a fornecer atualmente no âmbito das neurociências – este
tipo de aprendizagem associativa tornou-se manifestamente limitado quando aplicado à com-
plexidade da aprendizagem humana em ambientes escolares e profissionais, onde o papel da
memória é crucial. Com o ressurgimento da perspetiva cognitiva na década de 1960 e a conce-
ção do ser humano como um processador de informação, a aprendizagem e a memória passa-
ram a ser percebidas como fases importantes da aquisição, registo e acesso no continuum da
representação, tratamento e recordação de conhecimentos. Aprendem-se informações e co-
nhecimentos no sentido da aquisição com o objetivo de serem recordados posteriormente no
sentido do acesso e recuperação. Na perspetiva cognitiva, a aprendizagem e a memória só fazem
sentido se estiverem ligadas entre si em termos de processamento mental.
Aprendizagem e memória são também dois mecanismos mais importantes usados pelos or-
ganismos para se adaptarem ao meio ambiente e esta adaptação verifica-se desde os mais sim-
ples como a mosca-da-fruta até aos mais complexos como os seres humanos. Mas os diferentes
sujeitos de aprendizagem e memória fazem-no a níveis de complexidade diferente. A aprendi-
zagem e a memória não se escrevem no singular. É possível distinguir vários tipos de complexi-
dade crescente em cada um dos processos.
TEORIA
1 INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
PSIQUE = alma, espírito, mente
A psicologia é o estudo da organização mental, dos vários processos que aí ocorrem e do
modo como condicionam o comportamento humano. Os processos mentais constituem a orga-
nização da mente, interagindo entre si.
O objetivo da psicologia da aprendizagem é compreender e explicar uma parte do funciona-
mento da mente humana, visto que este processo de aprendizagem corresponde apenas a um
dos processos importantes da mente.
São constituídas pelos termos utilizados no dia-a-dia, tais como: perceção, atenção, aprendi-
zagem, memória e inteligência.
A psicologia científica usa termos comuns e de conhecimento de todos. Até porque o con-
ceito de linguagem corrente não está isolado de outros processos visto que interage com estes.
7
1.1.2 Conceções Históricas da Mente Humana
Existe uma tendência para associar a mente com o produto tecnológico mais em vaga na
época, tais como: tábua de cera, gaiola de pássaros, biblioteca, computador, canivete suíço e a
gestão organizacional.
Baseia-se na atitude analítica do cientista [neurociências] e cria uma relação entre a mente,
o cérebro e o corpo, em três níveis:
8
1.1.3.2 Nível 2 – Anatómico
Constituído pelas zonas cerebrais, tipo os processos mentais, e/ou o canivete suíço.
Na medida em que vai além da aquisição de factos. Desta forma, a aprendizagem envolve
habilidades motoras, emocionais, de relacionamento social e de valores. Assim, todos os com-
portamentos dependem virtualmente da aprendizagem, pelo que esta está envolvida em tudo
o que remete ao conhecimento e comportamento. Por exemplo, a aprendizagem emocional é
também relevante, na medida em que aprendemos a emitir respostas emocionais apropriadas
a situações específicas.
Podendo ser imediata. A aprendizagem melhora com o número de ensaios e o contacto com
a informação pelo que as aprendizagens podem ser apreendidas em apenas um ensaio e gene-
ralizar-se a situações similares.
Desta forma, e tendo em conta que o sistema escolar é recente e sempre houve aprendiza-
gem, podemos constatar que não existe apenas a aprendizagem intencional, uma vez que os
sujeitos adquirem aprendizagem sem intenção de tal, em grande parte devido ao processo de
socialização. Assim, pode-se aprender simplesmente observando os outros, ou até mesmo sem
o envolvimento de outras pessoas, através da associação de fenómenos, por exemplo.
Pelo que não pode ser observada, mas apenas inferida a partir do comportamento observá-
vel. Deste modo, não se observa ou mede aprendizagem, mas sim o desempenho; isto é, a
9
aprendizagem que um sujeito exibe em dado momento; enquanto que a aprendizagem corres-
ponde ao processo mental subjacente à realização da tarefa.1
1
Aprendizagem vs. Desempenho – a aprendizagem corresponde aos conhecimentos que um
sujeito adquiriu, enquanto que desempenho corresponde à performance em dada tarefa.
10
principalmente as mudanças no conteúdo e estrutura do conhecimento da memória,
isto é, as mudanças naquilo que o sujeito sabe.
O sujeito adquire uma nova resposta, que pode apresentar características mais reflexas ou
mais voluntárias:
O sujeito adquire uma nova regra com base na sua experiência com casos e exemplares e
depois é capaz de a aplicar corretamente perante novos exemplares que surgem. Uma questão
importante é saber se um novo exemplar pertence a um conceito prévio devido às característi-
cas que tem em comum, ou devido à proximidade com o exemplar mais típico.
O sujeito presta atenção ao modo como reagem os outros indivíduos em situações especifi-
cas podendo mais tarde reproduzir ou não as respostas observadas.
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2 A HABITUAÇÃO
É um processo que acontece frequentemente nas mais diversas espécies de animais desde
os moluscos até aos seres humanos.
2.1 DEFINIÇÃO
Os organismos produzem uma resposta de orientação face a estímulos novos, mas cedo
aprendem a ignorá-los, quando repetido. Desta forma, a habituação consiste na diminuição da
frequência de resposta face a um estímulo que se tornou familiar. Assim sendo, os organismos
têm a tendência crescente para ignorar um estímulo que se tornou familiar e cujo aparecimento
não acarreta consequências, o que é extremamente vantajoso em termos evolutivos.
2.2.2 Desabituação
Restauro parcial (ou total) de uma resposta habitual com a apresentação de um estímulo
novo.
2.2.3 Sensibilização
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2.3 ESTUDOS
2.3.1 Aplysia
13
Morewedge, C.W, et al. (2010). Thought for food: Imagined consumption reduces actual con-
sumption. Sciente, 330, 530-533
Sujeito: Indivíduos não especificados
As pessoas que imaginaram repetidamente comer barras de chocolate (30), comeram menos
do que as pessoas que imaginaram vezes (3) ou que nunca tinham imaginado (0), ou que imagi-
nar outro alimento (queijo). Na experiência 3 deste estudo, imaginar comer produz habituação,
enquanto que imaginar mover produz sensitização.
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tipos de aprendizagem, nomeadamente a habituação, isto é, a diminuição de resposta de um
organismo em função da experiência com um estímulo especifico; a desabituação, ou seja, o
restauro total ou parcial de uma resposta habitual com a apresentação de um novo estímulo;
e a sensibilização que é o aumento da frequência de resposta face a um novo estímulo forte.
Assim, em conformidade com o supre referido, a habituação nem sempre foi considerada um
tipo de aprendizagem, na medida em que não implica uma mudança permanente. Por outro
lado, a aprendizagem é a familiarização face a um único estímulo pelo que não é compatível
com a associação entre estímulos. No entanto, a habituação remete para a aprendizagem por-
que envolve a formação de uma representação na memória de modo a ser usada mais tarde,
ou seja, implica a associação entre um estímulo e o contexto do seu aparecimento habitual,
forma-se progressivamente na memória e depende do contexto experimental em que ocorre.
Pode ser assim, considerada um tipo de aprendizagem primordial.
3 CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
3.1 DEFINIÇÃO
A familiaridade com um estímulo produz a habituação. Já quando dois estímulos ocorrem
juntos, forma-se progressivamente uma associação, onde a presença de um estímulo evoca a
representação do outro – condicionamento clássico.
3.2 PAVLOV
O estabelecimento de uma associação entre dois estímulos, a sua generalização e extinção,
foram investigados pelo fisiologista Pavlov. Este, foi um notável experimentalista, tendo reali-
zado importantes experiências sobre as secreções digestivas em cães. Desta forma, Pavlov deu
um importante contributo para o estudo da aprendizagem, dado ter-se verificado que os cães
salivavam aquando de estímulos relacionados com o alimento, pelo que não existia nenhuma
razão fisiológica para tal. Por conseguinte, Pavlov efetuou um estudou muito rigoroso em cães,
o que lhe permitiu estabelecer e definir os principais conceitos da área do condicionamento,
atualmente conhecidos como a extinção, a generalização e a discriminação.
15
Uma vez o cão familiarizado com a situação ou dispositivo experimental, foi introduzida a
seguinte sequência de acontecimentos: (1) emite-se um som produzido pelo clic de um metró-
nomo e com o som ainda presente (2) fornece-se carne em pó ao cão.
Após vários ensaios de emparelhamento entre o som e a carne, o cão começa a salivar
logo que ouve o som, dando origem àquilo que Pavlov chama de reflexo condicionado.
Pavlov definiu que EI é um estímulo que evoca uma resposta específica, ou seja, RI,
uma resposta reflexa ou involuntariamente produzida por um estímulo. Usou, assim, vários
estímulos para associar a comida, sendo estes designados estímulos neutros, visto que não
produzem respostas especificas antes da experiência ou logo no seu inicio.
3.3.1 Aquisição
16
A aquisição é uma mudança de comportamento, adquirindo uma nova resposta,
em função da experiência a que o sujeito foi submetido.
3.3.2 Extinção
17
3.4.3 Neurose Experimental
3.5.2 Publicidade
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3.6 RELAÇÕES TEMPORAIS ENTRE EC E EI
Nas experiências de condicionamento clássico, o estímulo condicionado (som) precede nor-
malmente o estímulo incondicionado (alimento). Esta relação temporal entre o estímulo condi-
cionado e o incondicionado é denominada de (1) condicionamento prévio. Porém, apesar de
este ser o procedimento padrão, existem outras relações temporais:
(2) Condicionamento de vestígio - o estímulo incondicionado começa logo a seguir ou algum
tempo depois de ter terminado o estímulo condicionado;
(3) Condicionamento em simultâneo - o inicio do estímulo incondicionado coincide com o
inicio do estímulo condicionado.
A RC é mais intensa no condicionamento prévio > condicionamento de vestígio > condiciona-
mento em simultâneo; visto que o EC é um sinal importante e a RC é adaptativa.
Watson e Rayner realizaram um estudo numa criança saudável de 9 meses chamada Albert
[Willian Albert Barger, 1920-2007]. No inicio do estudo, Albert não demonstrava qualquer medo
perante animais vivos – ratos, coelhos, cães e macacos – nem perante objetos inanimados –
algodão, máscaras humanas ou papel a arder. Por outro lado, sentia-se assustado e revelava
medo quando um martelo batia inesperadamente numa barra de ferro. Perante esta situação e
dois meses mais tarde, os investigadores tentaram condicionar a criança a ter medo de um rato
branco.
Deste modo, aproximaram a criança do rato e no momento em que esta lhe tocava, davam
uma forte pancada com um martelo numa barra de ferro por detrás da cabeça da criança. Depois
de sete ensaios, isto é, sete associações entre o rato e o som, a criança revelava medo sempre
que o rato era apresentado, mesmo quando não era acompanhado pelo som. Pouco depois, o
rato foi apresentado a Albert acompanhado com outros animais e objetos familiares, ou seja,
um coelho, um cão, blocos de madeira, algodão, um casaco de pele de foca, máscaras do pai
natal e as cabeças de Watson e duas assistentes viradas para o chão de modo a que a criança
pudesse tocar-lhes no cabelo. Neste sentido, a criança sentiu medo em relação ao rato, ao coe-
lho, ao cão e ao casaco, uma ligeira resposta de medo ao algodão e uma resposta negativa [au-
sência de medo] ao cabelo de Watson e das assistentes, aos blocos de madeira e à mascara.
Deste modo, Albert demonstrou a capacidade de fazer generalizações e discriminações. Ao
fim de um mês a resposta manteve-se. No entanto, Watson e Rayner não procederam à extinção
ou remoção da resposta de medo do Albert, criando um artigo com quatro procedimentos viá-
veis para a remoção das respostas emocionais condicionadas.
19
3.7.2 Extinção de uma RC de Medo – Peter
O primeiro relato da extinção de uma resposta de uma resposta de medo foi realizado por
Mary Cover Jones, numa criança com 34 meses cujo nome era Peter e vivia numa instituição de
caridade. Peter revelava um medo intenso quando via ratos, coelhos, casacos de pele, penas e
algodão; por outro lado, Peter parecia uma criança bem ajustada perante os restantes objetos,
sendo desconhecido o modo como a criança tinha adquirido este medo.
Desta forma, com o intuito de remover este comportamento de medo, foi colocado um coe-
lho dentro de uma caixa de arame em frente a Peter enquanto este comia o seu doce preferido.
Durante as primeiras 17 sessões o coelho foi colocado a alguma distância e nas sessões seguintes
foi colocado um pouco mais próximo de Peter, durante a refeição preferida da criança.
Nas sessões seguintes, o coelho era solto e deixado livre pela sala. Ao fim de cerca de 45
sessões, a criança demonstrou tolerância perante o animal, pelo que se verificou um grau de
tolerância progressivo ao longo das sessões apesar da irregularidade devido a contratempos.
Por outro lado, verificou-se uma generalização desta extinção, dado Peter ter revelado tole-
rância a outros animais e objetos. O processo de extinção de medo utilizado por Jones repre-
senta uma forma inicial do método de dessensibilização sistemática usado mais tarde em terapia
comportamental.
Este processo tem aplicação prática, nomeadamente em crianças com cancro que mostram
aversão a um alimento devido à quimioterapia, pelo que deve ser planeado com subtileza de
modo a evitar a generalização indevida a outros alimentos.
20
Desta forma, os cães foram divididos em dois grupos, no
grupo A o som precede sempre o choque, enquanto que no
grupo B o som nem sempre precede o som.
Assim, quando a experiência é realizada no grupo A, os
animais têm mais probabilidade de detetar o choque que
precede o som, enquanto que no grupo B, os animais só têm a possibilidade de detetar o choque
¼ das vezes.
Se o EC [som] é capaz de prever com eficácia o aparecimento do EI [choque], e mais tarde for
acrescentado um segundo EC [luz, o que forma um novo estímulo composto por luz mais som],
verificados que a associação entre o novo EC e o incondicionado fica bloqueada pelo que não é
aprendida. Desta forma, a força associativa da luz com o estímulo incondicionado é bloqueada
pela prévia associação entre o som e o estímulo incondicionado.
Onde ‘v’ significa a medida de aprendizagem ou o grau de robustez associativa que é zero no
inicio da experiência; “▲V” representa a medida de aprendizagem no final de um ensaio; “α”
representa o grau de saliência do EC; e “β” representa a intensidade do EI, sendo que α e β são
valores constantes ao longo da experiência e assumem valores entre 0 [não atrai atenção] e 1
[atenção/saliência máxima].
Assim, no inicio de uma experiência, o organismo é surpre-
endido ao encontrar um estímulo incondicionado saliente ou re-
levantes [alimento ou choque] num meio com um ou mais estí-
mulos condicionados. No decorrer da experiência, o grau de sur-
presa com o aparecimento do estímulo incondicionado em as-
sociação com o estímulo condicionado vai diminuindo, o que se
comprova com a curva de aprendizagem.
21
3.9 EXPLICAÇÕES DO CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
3.9.1 Associacionista
3.9.2 Behaviorista
3.9.4 Cognitiva
3.9.5 Evolucionista
4 CONDICIONAMENTO OPERANTE
4.1 DEFINIÇÃO
O condicionamento operante é uma expressão introduzida por Skinner para caracterizar um
tipo de procedimento experimental que considerava diferente do seguido por Pavlov. O con-
dicionamento operante envolve a associação entre uma resposta e as suas consequências, ao
contrário de Pavlov, em que a aprendizagem envolvia a associação entre dois estímulos.
22
4.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL DE THORNDIKE
No procedimento experimental de Thorndike, com um
gato fechava-se um gato faminto numa caixa-enigma fe-
chada, sendo que no lado de fora se encontrava o alimento.
O gato consegue sair da caixa se puxar um fio, suspenso ao
lado da caixa, ligado ao fecho da caixa. Nesta situação, o
gato tem reações diversas do tipo exploratório, nomeada-
mente correr pela caixa, arranhar as paredes, tentar infil-
trar-se pelas tábuas… até que descobre, por acaso, como
manobrar o trinco e sair da caixa. Quando se repete o ensaio, o tempo que o gato demora a sair
da caixa é cada vez menor. Ao fim de alguns ensaios, o gato maneja logo o trinco mal entra na
caixa, pelo que o tempo de realização da tarefa é o mínimo possível, sendo que a aprendizagem
da caixa- enigma está concluída.
Neste procedimento experimental, a aprendizagem realiza-se tendo em conta três aspetos
fundamentais, nomeadamente a aprendizagem por ensaios e erro, a aprendizagem progressiva
e a aprendizagem por motivação. Na aprendizagem por ensaios e erro o gato age por ensaio e
erro, ensaio e exilo, ou tentativas, antes de encontrar a solução para o enigma, sendo que não
tem um plano de fuga.
A aprendizagem progressiva desenvolve-se no decorrer dos ensaios, verificando-se uma di-
minuição progressiva do tempo necessário para soltar o fecho da porta. E, na aprendizagem por
motivação, o gato está faminto e preso na caixa e fora desta existe um alimento no campo de
visão do animal pelo que há uma forte necessidade e impulso para fugir da caixa.
23
experiencia típica com ratos, um rato faminto é colocado dentro de uma gaiola e neste sentido
o rato tem comportamentos exploratórios até que pressiona a barra, e quando o faz um meca-
nismo liberta alimento e regista a pressão da barra num gráfico acumulador. Após o rato ter
pressionado a barra uma vez por acaso, o número de respostas de pressão na barra vai aumen-
tando progressivamente por unidade de tempo. Na experiência com um pombo, se ele bicar
um pequeno disco situado na parede da gaiola ao nível da cabeça, obtém alimento.
Skinner distinguiu este tipo de condicionamento do
condicionamento de Pavlov, que denominou de respon-
dente ou reflexo. No procedimento de Skinner é o ani-
mal que pela resposta de pressão da barra, obtém o ali-
mento, enquanto que no procedimento de Pavlov, o
animal responde por uma atividade reflexa ao estímulo que lhe é apresentado, ou seja, reage
ao estímulo.
24
4.4.1 Reforço: essencial ou não para a aprendizagem?
Os investigadores sugeriram vários mecanismos que explicam o reforço, que estão agrupa-
dos nas teorias de reforço: redução de uma necessidade, obtenção de um nível ótimo de exci-
tação, a qualidade do estímulo e a qualidade da resposta.
Assim, a teoria da redução de uma necessidade defende que um organismo adquire uma
resposta condicionada se o estímulo incondicionado reduzir uma carência ou necessidade bio-
lógica. A teoria do grau de ativação ou excitação ótima sustenta que a resposta condicionada
aumenta até o organismo encontrar um nível ótimo de tensão ou excitação. Por outro lado, a
teoria da qualidade do estímulo defende que a resposta condicionada pode aumentar se daí
resultar variações na intensidade de estimulação que tornem o estímulo mais atrativo, o que se
verifica no efeito de Osborne pois os ratos preferiam pressionar a barra de modo a obter ali-
mento mesmo quando tinham acesso direto ao mesmo. Por fim, a teoria da qualidade da res-
posta diz que a resposta condicionada aumenta com o aumento do prazer associado ao estímulo
incondicionado, o que se verifica pelo princípio de Premack que defende que numa situação de
escolha livre entre duas ações, as ações mais prováveis seriam usadas para reforçar as ações
menos prováveis, ou seja, as ações menos prováveis seriam realizadas primeiro.
As teorias descritas contribuem cada qual a seu modo para explicar o papel do reforço
no aumento das frequências de respostas, mas não é fácil determinar qual a variável
mais importante ou a teoria mais válida.
25
4.5 COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO
Skinner demonstrou no laboratório o aparecimento de um comportamento supersticioso em
seis pombos, num total de oito. Nesta experiência, os pombos recebiam alimento de 15 em 15
segundos, independentemente da resposta dada. No decorrer dos ensaios, 6 pombos fixaram-
se no comportamento que precedeu a entrega do alimento.
Wagner e Morris efetuaram uma experiência onde um palhaço de nome Bobo dividia berlin-
des pelas crianças presentes. A intervalos regulares Bobo dividia os berlindes e às vezes dava
uma parte às crianças de modo a estas colocarem numa caixa, se as crianças atingissem um
certo número de berlindes ganhavam um brinquedo. Ao longo da experiência, sete das doze
crianças desenvolveram atos de tipo supersticioso que ocorreram antes do reforço começar e
aumentaram de frequência nos intervalos de reforço.
Matute realizou uma experiência com universitários, onde estes eram expostos a um som
desagradável que poderia ser desligado caso fosse descoberta a sequência correta de teclas do
teclado. Na realidade não tinham qualquer controlo sobre desligar o som, mas muitos jovens
desenvolveram comportamentos supersticiosos na medida em que pressionavam sempre a
mesma sequência de teclas quando o som era apresentado.
26
mente a dois sons similares ou duas figuras geométricas parecidas, assim como no condiciona-
mento operante um pombo é capaz de aprender a discriminar entre dois discos coloridos in-
dependentemente da posição, se o disco colorido A for reforçado com alimento e o disco B não
for seguido de alimento.
Por outro lado, o condicionamento clássico difere do operante na medida em que no con-
dicionamento clássico a aprendizagem envolve emoções pelo que está mais ligado ao sistema
nervoso autónomo, enquanto que o condicionamento operante está ligado a respostas volun-
tárias pelo que sofre a influência do sistema nervoso central.
A associação principal é diferente nos dois tipos de condicionamento na medida em que no
clássico a associação é feita entre dois estímulos enquanto que no operante a associação é
entre uma resposta e um estímulo. Por fim, a relação entre a resposta condicionada e o estí-
mulo incondicionado é diferente entre o condicionamento clássico e o operante, pois no clás-
sico a resposta condicionada depende diretamente do reforço, enquanto que no operante a
resposta condicionada é independente do reforço.
Por fim, o condicionamento operante e o instrumental, apesar de sinónimos, detêm diferen-
ças, uma vez que no condicionamento instrumental se realizam ensaios singulares, o registo
da variável dependente é dependente do experimentador e a medida da variável dependente é
o tempo, enquanto que no condicionamento operante se verifica o fluxo contínuo do compor-
tamento, os registos são independentes do experimentador e a medida da variável dependente
é a frequência de respostas.
O tempo necessário para a extinção de uma resposta varia de acordo com a fre-
quência e programa de reforço usado na fase de aquisição.
27
A exposição a estímulos aversivos incontroláveis tem repercussões orgânicas,
como o aparecimento de úlceras no estômago tanto em animais como em pessoas.
5 CONDICIONAMENTO E APLICAÇÕES
5.1 INTRODUÇÃO
Os estudos laboratoriais realizados no âmbito do condicionamento clássico e operante estão
na origem da intervenção de técnicas de modificação de comportamentos relacionados com
áreas da Psicologia aplicada que tem tido maior sucesso e influência.
28
5.2 REFORÇO E PUNIÇÃO
O comportamento seguido de um reforço é fortalecido e a frequência de resposta aumenta,
em contraste, o comportamento seguido de punição é enfraquecido e a frequência de resposta
diminui.
O reforço pode ser positivo ou negativo e a punição pode ser física (tipo I) ou psicológica (tipo
II). O reforço positivo refere-se à situação em que se atribui um estímulo agradável e satisfató-
rio após ser dada uma resposta. O reforço negativo refere-se à situação
em que um estímulo desagradável é suspenso, após ser emitida uma
resposta. Por outro lado, a punição tipo I acontece quando se
atribui um estímulo negativo após ser emitida
uma resposta, produzindo uma diminuição da sua
frequência. Por fim, a punição tipo II ocorre na situ-
ação em que se suspende um estímulo agradável
após ser emitida uma resposta, o que provoca uma
diminuição da sua frequência.
De um modo geral, o reforço positivo é considerado o procedimento mais eficaz em termos
de mudança de comportamento, ao estabelecer regras e atribuir recompensa pelos comporta-
mentos emitidos. Neste sentido, o reforço indica um rumo a seguir e potencial a imitar. No
entanto, é ineficaz reforçar quando já se obtém prazer no que se faz e o reforço diminui a
criatividade e o pensamento divergente, baixa a qualidade do trabalho e diminui o interesse
pelas tarefas a desempenhar. Por outro lado, a punição é eficaz quando se deseja alterar um
comportamento, apesar de não o ser em termos de extinção. Porém, a punição pode ser levada
como um modelo e ensina à criança que o uso da violência é legitimo, o que pode levar ao
aumento do uso da agressividade pelo que se deve optar pelo uso da punição indireta.
É possível que a eficácia do reforço positivo seja mais restrita, exija mestria e subti-
leza na sua aplicação e varie com a cultura e os objetivos/valores das pessoas.
29
5.3 MOLDAGEM E AQUISIÇÃO DE NOVOS COMPORTAMENTOS
Quando se coloca um rato pela primeira vez na caixa de Skinner é pouco provável que este
pressione espontaneamente a barra nos primeiros 10 minutos. A resposta de pressão da barra
pode ser apressada se se reforçarem os comportamentos que se aproximarem do desejado.
Desta forma, aplica-se a moldagem, isto é, uma técnica de recompensa de respostas ocasionais
que se aproximam do comportamento desejado, utilizando uma mudança gradual nas con-
dições de reforço. Por meio deste processo, Skinner treinou dumas pombas a jogar uma forma
modificada de Peng ponga. Em suma, todo o comportamento humano ou animal complexo, é
resultado do treino e moldagem de respostas, obtido por meio de esquemas de reforço espe-
cíficos.
30
5.6 TERAPIA E MUDANÇA COMPORTAMENTAL
Segundo a terapia comportamental, todas as desordens com-
portamentais resultam do acaso ou contingências que levam a
adquirir um comportamento socialmente desadequado. Desta
forma, o objetivo da teoria comportamental é modificar e extin-
guir um comportamento inadaptado por meio de reforço do
comportamento desejado e inibição do comportamento inadap-
tado.
Desta forma, existem duas técnicas de modo a mudar
um comportamento: a saciação e a imersão. A saciação é uma
técnica em que o sujeito é inundado com um determinado tipo
de estímulo num grau tão intenso que cria aversão, o que se verifica no caso estudado por
Arlon, onde um doente tinha o comportamento de juntar toalhas no seu quarto. Durante o pe-
ríodo de tratamento, deixaram que o doente se armazena quantas toalhas queria no seu quarto
e ainda lhe levaram mais toalhas, chegando a armazenar 60 toalhas por dia. O período de saci-
ação durou cinco semanas e o paciente acumulou 625 toalhas. Nessa altura, começou a devol-
ver as toalhas e na 22º semana apenas tinha uma média de 2 toalhas no quarto.
A imersão é uma técnica destinada a promover a diminuição do medo e ansiedade, apre-
sentando primeiramente estímulos e situações de alta ansiedade durante longos períodos e sem
relaxamento prévio.
31
6 APRENDIZAGEM VERBAL
6.1 DEFINIÇÃO
A aprendizagem verbal corresponde à aquisição e codificação de itens verbais seguidos ou
não de uma prova de memória.
32
6.5 EBBINGHAUS
Hermann Ebbinghaus deu o grande contributo para que se estudasse a aprendizagem e a
memória de forma experimental e quantitativa. Porém, debateu-se com vários problemas res-
peitantes à investigação sobre a memória humana: (1) o método de investigação – se usasse
o método introspetivo numa análise amnésia dos estados de consciência, verificava que estes
se sucediam e modificavam com tanta frequência que se tornava improvável o estabelecimento
de condições de investigação constantes - a solução foi começar a estudar a memória através
dos resultados em provas de aprendizagem e recordação de materiais verbais; (2) tipo de ma-
terial a ser escolhido – os que tinha ao seu dispor diferiam em termos de significado e comple-
xidade – criou assim a sílaba-sem-significado.
Para Bartlett, Ebbinghaus adotou uma situação bastante artificial nas experiências labora-
toriais; salientou ainda que o significado do material verbal a ser aprendido era um aspeto
centro numa situação de aprendizagem [por isso, quando mais abstrato e sem significado fosse
o material, maior serio o esforço despendido pelo sujeito e mais complexa poderia vir a tornar-
se a situação de aprendizagem].
A aprendizagem é um ato pessoal, um esforço em busca do significado da informação, por
isso, Bartlett rejeitou o uso de material sem significado nas suas experiências.
33
6.6.2 Aprendizagem Distribuída vs. Compactada
7 CATEGORIZAÇÃO
7.1 DEFINIÇÃO
A categorização é uma atividade cognitiva fundamental por meio da qual o ser humano
organiza e representa o conhecimento da realidade; ocorre sempre que dois ou mais objetos,
seres ou acontecimentos diferentes são agrupados devido a uma certa semelhança entre si.
Desta forma, a categorização é o agrupamento de seres em classes, permitindo que o ser hu-
mano responda em termos de pertença à respetiva classe em vez da sua singularidade. Este é
um processo poderoso de identificação e classificação de novos seres e objetos a partir da sua
inclusão em categorias já existentes. Para além disso, a categorização permite ordenar e relaci-
onar classes, seres e objetos.
No entanto, existe uma grande diferença entre o mundo que percebemos e o mundo que
constitui os nossos conhecimentos, o que é superado pela capacidade de categorizar – paradoxo
cognitivo.
A categorização detém inúmeras vantagens na medida em que simplifica o ato de pensar
pois torna desnecessário recorrer a um nome diferente sempre que se observa um exemplar de
uma categoria. Desta forma, a categorização reduz a necessidade de aprendizagens constantes
ao permitir a inclusão de novos exemplares nas categorias já existentes.
34
7.2 MODELOS DE CATEGORIZAÇÃO
Os exemplares de determinada categoria são incluídos nessa categoria, baseando-se em
atributos comuns e em parecenças o que é evidente no modelo clássico e no modelo protótipo.
O modelo clássico diz que todos os exemplares de um conceito ou categoria partilham entre
si propriedades comuns, que são consideradas condições necessárias para a definição da cate-
gorização. Desta forma, ao possuírem os mesmos atributos, os elementos são igualmente repre-
sentativos; as categorias têm fronteiras claramente definidas, e existe uma hierarquia entre as
categorias, onde as categorias mais específicas têm atributos das categorias gerais.
Apesar do modelo clássico ser bastante apelativo, há objeções pertinentes que este modelo
tem dificuldade em responder, destacando-se a seguir algumas das mais importantes: (1) difi-
culdade em determinar, à partida, as características definidoras de um grande número de con-
ceitos; (2) as categorias estabelecidas apresentam fronteiras frequentemente imprecisas; (3)
os exemplares de uma categoria não têm todos o mesmo estatuto; (4) os conceitos sobreorde-
nados distantes podem ser verificados mais rapidamente do que os conceitos menos distan-
tes.
Defende que um conceito é representado por dois conjuntos de atributos: (1) atributos de-
finidores – partilhados por todos os membros – e (2) atributos característicos – determinam o
grau de tipicidade ou representatividade do membro na categoria.
Esta versão mais atualizada do modelo clássico consegue explicar adequadamente a maior
parte das objeções anteriores, no entanto, é considerada metodologicamente limitada, porque
não é capaz de distinguir entre os dois tipos de atributos de forma objetiva.
As explicações propostas pelos modelos clássico e protótipo não são totalmente sa-
tisfatórias.
35
b) Tipicidade: medida que define a ordenação de diferentes exemplares numa escala
numérica conforme o grau de proximidade ou afastamento com o melhor exemplar da catego-
ria;
c) Promoção da economia cognitiva: consiste no facto de um sujeito categorizar o conheci-
mento ao longo da vida, de forma a diminuir a quantidade de informação que tem de aprender
e recordar.
Este estudo foi realizado com 442 estudantes universitários; a tarefa consistiu na produção
do maior número de exemplares de uma categoria durante 30 segundos, tendo sido apresenta-
das uma sequência de 56 categorias. As respostas dos sujeitos foram analisadas de forma a pro-
duzir tabelas de frequência de produção dos exemplares das diversas categorias.
Contrastava o modo como estariam organizadas as categorias naturais face às categorias ló-
gicas. Rosch apresentou 50 a 60 exemplares de dez categorias comuns a um grupo de estudan-
tes, com instruções para ordenar hierarquicamente os diferentes exemplares de acordo com o
grau de tipicidade. Os resultados indicaram uma concordância elevada entre os sujeitos nos
itens considerados mais típicos relativamente aos itens de tipicidade intermédia ou inferior.
36
8.1.1 Thorndike vs. Kohler
Zeigarnik planeou uma série de experiências. Sujeitos adultos e crianças foram solicitados a
realizar cerca de 20 tarefas relacionadas com trabalhos manuais de cartão e barro, problemas
aritméticos e puzzles mentais durante 3 e 5 minutos. Metade destas tarefas foram interrompi-
das a meio e no final da série, todos os participantes foram solicitados a recordar inesperada-
mente as tarefas efetuadas. O efeito Zeigarnik defende que as tarefas interrompidas antes do
seu acabamento foram 90% melhor recordadas pelos adultos do que as tarefas concluídas,
sendo que o grupo de crianças obteve uma melhoria bastante superior atingindo um valor mé-
dio de 150%, o que se deve ao facto da tarefa inacabada gerar tensão pelo que necessita de ser
acabada.
Estes resultados são explicados por Zeigarnik devido ao “estado de tensão resultante da
tarefa não completada, que deixava os sujeitos insatisfeitos e a necessidade de completar numa
próxima oportunidade de modo a ‘encerrar a questão’.”
37
8.2 APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL
A aprendizagem observacional é um tipo de aprendizagem distinto do condicionamento
operante, e parte da observação dos comportamentos que as pessoas exteriorizam individual
ou nas interações sociais. Deste modo, a aprendizagem é influenciada por aquilo que observa-
mos.
Esta funciona a partir da observação de modelos e entre os seus principais postulados, é-nos
dito que o modelo seria a pessoa cujo comportamento é observado e a moldagem represen-
taria o processo da aprendizagem observacional; a aprendizagem ocorreria espontaneamente
sem qualquer esforço deliberado do observador ou intenção de ensinar da parte do modelo;
para que a aprendizagem observacional tenha lugar é suficiente a exposição ao modelo, sendo
que a aprendizagem acontece sem o reforço.
Desta forma, o reforço passa a ser uma variável de desempenho em vez de uma variável de
aprendizagem. Porém, é necessário ter em atenção que a simples exposição ao modelo não é
suficiente se não se tiver em conta os elementos distintivos, afetivos e funcionais representados
pelo modelo.
Para que a aprendizagem por observação ocorra, seria preciso o funcionamento de cinco
processos segundo Bandura: a atenção (concentração no objeto), a retenção (memorizar o que
se prestou atenção), reprodução motora (capacidade de repetir), motivação (querer imitar) e
autoeficácia (sentir-se capaz de imitar). Satisfeitas estas cinco condições, e estando o observa-
dor na presença do modelo que emite o comportamento desejado, a aprendizagem ocorre por
observação.
38
Este modelo não é uma teoria da aprendizagem, mas sim um modelo computacional que
ilustra uma forma particular como um certo tipo de aprendizagem pode ocorrer – reafirma
que os processos de aprendizagem podem ser simulados em ambientes artificiais e funcionar
de forma válida e convincente.
9 APRENDIZAGEM ESCOLAR
9.1 DEFINIÇÃO
A aprendizagem escolar consiste numa aprendizagem cognitiva realizada em contexto es-
colar e implica a aquisição, a codificação e integração de uma grande variedade de novas in-
formações a fim de serem usadas posteriormente, sendo que o contexto e as competências
cognitivas individuais fazem a diferença em termos de desempenho e de aprendizagem. Este
tipo de aprendizagem é ainda intencional, motivado e interpessoal por natureza.
A aprendizagem escolar detém fatores a ter em conta, de modo a ser bem-sucedida, nome-
adamente a atenção, a prática, a repetição, a prática intensiva, a organização, a formação de
imagens, a profundidade de processamento, o conhecimento prévio e as crenças metacognitivas.
2
APA – Associação Americana de Psicologia
39
Princípio 5 – “os aprendizes bem-sucedidos analisam o modo com pensam e aprendem, estabe-
lecem objetivos razoáveis, selecionam estratégias de aprendizagem potencialmente apropria-
das e acompanham de perto o progresso alcançado em cada fase”.
Princípio 6 – salienta a importância da diversidade dos contextos para que as associações a for-
mar possam ser mais extensas e profundas.
Princípio 12 – reconhece a existência de diferenças individuais em termos de capacidade de
aprendizagem e de preferências sobre o modo de aprender.
40
O estilo ou a estratégia de estudo de um estudante não é, porém, fixo nem uniforme.
Todavia, se a análise profunda for evitada, as consequências são quase sempre uma
memória a longo prazo bastante fragmentada e diminuída e uma aplicação em situações
quotidianas futuras bastante reduzida e imperfeita do conhecimento escolar aprendido.
9.6 METACOGNIÇÃO
A metacognição é a área que estuda as crenças de uma pessoa sobre o âmbito e os limites
do funcionamento da mente humana e respetivos processos cognitivos. É relevante considerar
o conceito de metacognição na aprendizagem, porque um melhor conhecimento sobre as com-
petências mentais de cada um permite selecionar melhor o tempo, o esforço e as estratégias
mais adequadas para a organização, integração e processamento profundo da informação.
A experiência contava com três grupos de crianças dos 8 aos 12 anos a fim de estudar os
efeitos da organização das frases em dois textos: (A) e (B), sendo que ambos os textos incluíam
as mesmas 12 frases, mas o último estaria melhor organizado em 3 temas. Quando esta experi-
ência foi realizada com 72 crianças do segundo, quarto e sexto ano (8, 10 e 12 anos em média,
respetivamente) o desempenho, expresso pela evocação do maior número das 12 frases apre-
sentada, foi maior nos três grupos para o texto organizado (B) do que para o texto desordenado
(A).
41
9.7.2 Hierarquização da Informação – Bower et al. [1969]
Expuseram 112 palavras durante 224 segundos; o grupo de jovens que estudou as palavras
de forma hierárquica em termos de inclusão de classes evocou mais do triplo das palavras no 1º
ensaio e no 3º ensaio foi capaz de recordar todas as 112. Em contraste, o grupo que viu as pala-
vras dispostas em grupos, sem organização hierárquica e inclusiva, nem ao fim do 4º ensaio
obteve o grau de evocação atingido no 1º ensaio pelo primeiro grupo.
Apresentou listas de palavras para evocar que poderiam ser organizadas em categorias me-
nos óbvias, como ‘bola, queijo, balão’ na categoria ‘redondo’ e ‘linho, neve, ovo’ na categoria
‘ovo’. Os resultados da evocação foram superiores quando as categorias foram apresentadas
antes da apresentação e aquisição da lista do que no final da lista e antes da evocação ter lugar.
Apresentaram um texto gravado a 5 grupos de sujeitos, constituído por frases de fácil com-
preensão, mas difícil de entender devido ao facto de o contexto ser bastante inacessível. O
contexto da ação foi ilustrado com uma gravura apropriada exposta durante 30 segundos antes
ou depois da apresentação do texto, ou com uma gravura ilustrando parcialmente o contexto a
um outro grupo; existiam ainda dois grupos de controlo que nunca virama gravura, tendo um
deles ouvido a gravação do texto por duas vezes. Os sujeitos deviam avaliar o grau de compre-
ensão numa escala de 1 a 7 e depois evocar o maior número de frases ou ideias do texto ouvido.
Um dos objetivos da experiência foi investigar qual o efeito do contexto apropriado e inte-
grador proporcionado pela observação da gravura antes ou depois da gravação ser ouvida. O
grupo que observou a figura num formato de contexto apropriado antes de ouvir o texto, julgou
esta narrativa mais compreensiva e evocou o dobro das frases do que os restantes grupos.
Craik e Tulving [1975] provaram que a recordação de palavras era superior quando estas
eram analisadas e processadas de forma mais profunda; o grau de profundidade foi avaliado
tendo em conta três tipos de questão: (1) uma pergunta relacionada com o aspeto físico da
palavra [por exemplo: escrita em minúsculas], (2) uma pergunta relacionada com o aspeto fo-
némico da palavra [por exemplo, se rimava com outra] e (3) uma pergunta relacionada com o
significado da palavra ou a categoria a que pertencia. Os resultados obtidos demonstraram que
em termos de significado produz um desempenho de memória muito superior ao obtido com
um processamento em termos físicos e fonémicos.
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9.7.7 Efeito do conhecimento prévio na memória – Moris et al. [1975]
Formaram-se quatros grupos: (1) bons leitores – alto conhecimento de baseball; (2) bons leito-
res – baixo conhecimento; (3) leitores deficientes – alto conhecimento; (4) leitores deficientes –
baixo conhecimento. Os sujeitos dos 4 grupos leram uma passagem sobre baseball e em seguida
foram examinados em várias provas a fim de se verificar se eram capazes de compreender e
recordar o que tinham lido. Os resultados obtidos na prova de evocação por cada um dos 4
grupos foi respetivamente de 79, 47, 69 e 35%.
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