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(*) Orientação Tributária DOLT/SUTRI Nº 002/2009

Do regime tributário aplicável ao Produtor Rural Pessoa Física

O Decreto nº 45.030, de 29 de janeiro de 2009, implementou no Regulamento do


ICMS dispositivos da Lei nº 6.763, de 26 de dezembro de 1975, com as alterações
promovidas pela Lei nº 17.957, de 30 de dezembro de 2008, para disciplinar o
tratamento tributário aplicável às operações promovidas por produtor rural, visando
sua simplificação.

A nova sistemática estabeleceu, entre outras medidas, a criação do Cadastro de


Produtor Rural Pessoa Física não inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis.

Com o objetivo de esclarecer aos contribuintes as principais alterações aplicáveis ao


estabelecimento de produtor rural, com as regras contidas no Decreto nº 45.030/09,
seguem orientações e esclarecimentos acerca dos seguintes tópicos:

1 – Conceito

Produtor Rural Pessoa Física é o produtor rural não inscrito no Registro Público de
Empresas Mercantis e no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, que dispõe
de um cadastro específico de contribuinte do ICMS e regras próprias, simplificadas e
diferenciadas, aplicáveis às operações por ele praticadas.

2 - Crédito:

Considerando que as saídas promovidas pelo produtor rural pessoa física encontram-
se ao abrigo da isenção ou, em determinados casos, alcançadas pela sistemática do
crédito presumido, não haverá apropriação de crédito relativamente às aquisições de
bens ou insumos em Certificado de Crédito do ICMS a partir de 1º de março de 2009.

4 – Tratamento tributário

A partir de 1º de março de 2009, o produtor rural pessoa física não inscrita no Registro
Público de Empresas Mercantis e inscrita no Cadastro de Produtor Rural nessa data,
bem como o produtor já inscrito no Cadastro de Produtor Rural Pessoa Física conta
com novo tratamento tributário diferenciado e simplificado, previsto no Capítulo LXII,
Parte 1, Anexo IX do RICMS/2002, fazendo-se necessária a compreensão das regras
aplicáveis às operações com leite e às demais saídas.
As principais mudanças são:

- isenção nas operações internas destinadas a contribuinte;

- simplificação da apuração do imposto nas demais operações e

- possibilidade de apropriação de crédito presumido pela cooperativa ou


estabelecimento industrial, desde que promova o ressarcimento ao produtor no
mesmo valor, nos percentuais aplicados sobre o valor da operação, conforme o
Regulamento do ICMS.

4.1 – Operações internas para cooperativa ou indústria

À cooperativa ou estabelecimento industrial que adquirirem mercadorias com a


isenção referida fica assegurado o crédito presumido previsto no art. 75, inciso XXXIII,
do RICMS/2002, aos seguintes percentuais:

- 3,6% (três inteiros e seis décimos por cento), quando se tratar de operação com café
cru, em grão ou em coco;

- 2,4% (dois inteiros e quatro décimos por cento), quando se tratar de operação com
as demais mercadorias.

O montante de crédito presumido deverá ser acrescido ao valor da operação, para fins
de ressarcimento ao produtor rural, sem que tal valor componha a base de cálculo do
imposto.

A sistemática de apropriação do crédito presumido facultada à cooperativa ou


estabelecimento industrial aplica-se, também, ao estabelecimento exportador.

O produtor rural pessoa física, ao solicitar a emissão da Nota Fiscal Avulsa de


Produtor, deverá informar à unidade fazendária de que será ou não ressarcido do valor
relativo ao crédito presumido de que tratam os incisos XXXIII ou XXXIV do art. 75 do
RICMS/02.

Somente na hipótese de aplicação do crédito presumido, previamente acordado com o


destinatário, no documento fiscal que acobertar a operação deverá constar no campo
“Informações Complementares” do quadro “Dados Adicionais”, a observação: “Crédito
presumido nos termos do art. 75, XXXIII, do RICMS” e o valor correspondente a 2,4%
ou 3,6% sobre o valor da operação, conforme o caso.

Na circulação de mercadoria, via de regra, a base de cálculo do ICMS é o valor da


operação, nos termos do inciso I do art. 13 daLei Complementar nº 87/96.
Desse modo, quando da emissão de Nota Fiscal Avulsa de Produtor, modelo 4, nas
operações internas e interestaduais, na hipótese de divergência entre o preço da
mercadoria declarado pelo produtor rural e o fixado em pauta fiscal, deverá ser
adotado para a operação o valor declarado, servindo esse como base de cálculo do
crédito presumido de que trata o art. 459, Parte 1, Anexo IX do RICMS/02.

Todavia, o valor declarado para a operação que se realiza poderá ser submetido,
posteriormente, à verificação do Fisco em face da pauta fiscal, de modo a determinar
responsabilidade do remetente da mercadoria, se for o caso.

Para as operações destinadas a armazém-geral, prevalece a não-incidência do


imposto prevista no inciso X, art. 5º do RICMS/2002, não se aplicando o disposto
no inciso XXXIII do art. 75 mencionado. Vide exemplo 02

4.2 – Operação com café cru para depósito em cooperativa e posterior


comercialização.

Nas remessas de mercadoria, realizadas por produtor rural pessoa física, para
depósito em cooperativa de produtores de que faça parte, com o intuito de posterior
venda por intermédio desta, será observado o seguinte:

- emissão de Nota Fiscal de Produtor ou de Nota Fiscal Avulsa de Produtor, modelo 4,


nos termos do inciso I, art. 37, Parte 1, Anexo V do RICMS/2002, com isenção do
ICMS, conforme determinação contida no art. 459 da Parte 1, Anexo IX do RICMS/02.

- por ocasião da comercialização, para apropriação do crédito presumido de que trata


a alínea “a”, inciso III, parágrafo 1º do art. 459 em referência, a cooperativa emitirá
nota fiscal, observado o disposto no inciso XXXIII e no inciso II do § 17 do art. 75 do
RICMS/2002, devendo o produtor rural ser ressarcido do percentual correspondente a
3,6% (três inteiros e seis décimos por cento) do valor correspondente ao acerto
financeiro referente à comercialização.

Ressalte-se que o Decreto nº 45.173, de 15/09/2009, acrescentou o art. 126-A à Parte


1 do Anexo IX do RICMS, com vigência a partir de 1º de setembro de 2009, observado
o disposto no seu parágrafo único, para autorizar ao adquirente de café cru a emissão
de nota fiscal de entrada a fim de acobertar as remessas da mercadoria promovidas
por produtor inscrito no Cadastro de Produtor Rural Pessoa Física, isso
independentemente de o destinatário assumir o ônus relativo ao seu transporte.

Assim, na hipótese de ressarcimento ao produtor rural de valor relativo ao crédito


presumido por ocasião da comercialização pela cooperativa de café cru recebido em
depósito, o DANFE ou a nota fiscal de que trata o inciso II do § 17 do art. 75 do
RICMS/2002, emitida para apropriação do respectivo crédito, deverá ser assinada pelo
remetente, nos termos do inciso I, parágrafo único do art. 126-A citado, ficando o
produtor rural dispensando de emissão de nota fiscal para esse fim.
"Ninguém é tão sábio que não possa aprender nem tão tolo que não possa ensinar."

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