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Introdução

O assunto grids é bem complicado para os No nível mais básico, os tamanhos


designers gráficos. Embora a maioria de O que é um grid? das partes componentes de um grid são
nós adore grids, temos medo de revelar determinados pela facilidade de leitura e
certo formalismo ou, pior ainda, alguma Um grid subdivide uma página vertical e manuseio. As decisões sobre tamanhos de
tendência despótica; assim, levamos horizontalmente em margens, colunas, fonte, mancha e tamanho do papel baseiam-
nossa vida menosprezando e venerando, espaços entre colunas, linhas de texto e se tanto na fisiologia e na psicologia da
ao mesmo tempo, o grid. Precisamos espaços entre blocos de texto e imagens. percepção quanto na estética. Em geral, o
parecer despreocupados com ele, mas de Essa subdivisão forma a base de uma corpo, ou tamanho da fonte, é determinado
uma maneira que os outros profissionais abordagem modular e sistemática ao layout, pela hierarquia – legendas menores que o
não pensem que nosso nível de trabalho sobretudo para documentos com várias corpo do texto etc. —, a largura das colunas
com grids é inferior. páginas, tornando o processo de design mais pelo número ideal de oito a dez palavras
O problema é, em parte, de rápido e garantindo a coerência visual entre por linha e o layout geral pela necessidade
associação. Um grid geralmente é uma páginas relacionadas. de agrupar itens relacionados. Tudo isso
rígida série de linhas retas horizontais e parece bastante formalista – e fácil. Mas os
verticais; logo, se você se interessa por
grids significa que é “rígido” sob outros
aspectos também? Este livro pretende
mostrar que não é a noção de grid que Esquerda
importa, mas sim a mão que cria, o Este é um fac-símile de um
manuscrito inglês do século
cérebro que calcula e o olho perspicaz
XIV. O layout geral é
que explora essas estruturas invisíveis. assimétrico e, por isso,
Um grid de design gráfico é quase surpreendentemente
moderno. A coluna
como uma mágica (algumas vezes você
principal está alinhada à
a percebe, outras não) composta de esquerda da página, com
conjuntos de linhas que se cruzam e que uma grande margem direita
ajudam o designer a decidir onde colocar utilizada para notas. Todo o
texto é caligráfico e
os elementos, mas geralmente ninguém
alinhado à esquerda.
mais vê. As vantagens do uso de grids são
muitas, variando de aspectos psicológicos
a funcionais e, naturalmente, estéticos.
O grid personifica todas as contradições
com que os designers se confrontam. Esse
é o enigma extremamente pessoal do
designer que pode elevar a abordagem
do design ao nível de uma ciência e
erradicar o bloco criativo preenchendo
“virtualmente” a página em branco.

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designers cujos grids produzem resultados alinhamento justificado. Os espaços
dinâmicos ou muito sutis utilizam essas entre as palavras no texto contínuo
regras apenas como um ponto de partida eram ajustados em cada linha para que
para desenvolver estruturas flexíveis que as colunas se alinhassem à direita e à
expressem sua sensibilidade. esquerda. Embora os manuscritos fossem
simétricos se vistos como páginas duplas
(spreads), o alinhamento à direita os
Os primeiros tornava essencialmente assimétricos. Com
cinco séculos o alinhamento justificado, seguiram-se
450 anos de simetria e somente no século
Filósofos e linguistas argumentam que algo XX essa convenção foi verdadeiramente
só existe nas nossas mentes se tiver um desafiada.
nome e se houver uma língua com a qual
discuti-lo. Antes de meados do século XX
não se falava sobre design gráfico e grids.
Uma vez nomeados, surgiram estruturas de
grid complexas compreendendo múltiplas
colunas, campos, grids de linhas de base Esquerda
Embora derivado de formas
etc. como nunca antes visto, mas isso
caligráficas, na verdade,
não significa que os designers ou seus esse texto foi tipografado.
predecessores – artistas comerciais, Extraída da Bíblia inglesa
tipógrafos e copistas – não tinham do final do século XVI, essa
página mostra como os
pensando sobre conteúdo, proporção, impressores rapidamente
espaço e forma. adotaram a simetria. O
Mesmo antes da fotocomposição e texto está justificado e as
duas colunas estão
da impressão havia textos disponíveis
simetricamente alinhadas
para leitura. Esses textos eram religiosos na página, com as notas
e criados por especialistas em caligrafia. laterais também alinhadas
As páginas eram surpreendentemente de acordo com um eixo
central.
modernas, frequentemente utilizando mais
de uma coluna, com o texto alinhado à
esquerda e cores e variações no tamanho
de letra para dar ênfase. Assim como os
primeiros carros eram semelhantes a
carroças, as primeiras páginas impressas
tinham uma aparência visual derivada dos
manuscritos. Porém, ao longo do tempo
uma diferença básica foi introduzida – o

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Há muitas construções geométricas que fornece um retângulo maior com as
Proporção e que podem produzir uma bela página, mas mesmas proporções. Isso também funciona
geometria a proporção áurea é normalmente citada
como a mais bem-sucedida. Por ser uma
inversamente para criar um retângulo
menor.
Da invenção da imprensa (meados do século forma derivada da geometria, ela pode Somar dois números para encontrar
XV) à Revolução Industrial (final do século ser desenhada com um esquadro e um o próximo em uma série também é a base
XVIII), o livro foi o principal produto da compasso – nenhuma medida é exigida. da progressão de números da sequência de
impressão. Exceto no caso de versos, o texto Para os que gostam de entender medidas, a Fibonacci, cujo nome vem do matemático
era geralmente composto em uma coluna relação entre o maior e o menor lado de um italiano do século XIII, que primeiro a
justificada por página individual, alinhado retângulo áureo é 1:1,618. Muitos designers identificou em muitas formas naturais, desde
simetricamente no conjunto de duas páginas contemporâneos acham esse coeficiente os arranjos de pétalas até espirais de conchas
duplas com as margens externas sendo aparentemente irregular um tanto caótico, marinhas. Uma combinação da proporção
maiores que as internas e uma margem maior mas outros pensam que, basicamente, a áurea com a sequência de Fibonacci (1, 1, 2,
no rodapé do que na parte superior. Porém, sequência de números tem propriedades 3, 5, 8, 13 etc.) era frequentemente utilizada
assim como cada decisão tomada em arte quase mágicas. Somando o comprimento para determinar a proporção geral da página
minimalista tem grande peso, também eram do maior e do menor lado, é possível e das margens do livro clássico.
de grande importância os relacionamentos chegar à próxima medida na sequência,
relativos desses poucos elementos na
página. As proporções dessas páginas e
margens eram determinadas pela geometria,
preocupada com a relação dos pontos,
linhas, superfícies e corpos sólidos entre si
em vez de em relação a suas medidas.

Esquerda
Este diagrama mostra como
desenhar um retângulo com
base na proporção áurea
utilizando apenas um
esquadro e um compasso.
As proporções resultantes
são consideradas as mais
agradáveis esteticamente.
Comece utilizando um
esquadro para desenhar um
ângulo reto. Posicione um
compasso em um canto e
Acima margem inferior, 8
desenhe um arco para
Este conjunto de páginas unidades). A medianiz é
chegar a um quadrado,
duplas das Meditações de tratada como o eixo central
então desenhe uma linha
Marco Aurélio Antonino, e há uma coluna de texto.
horizontal no centro. Utilize
publicadas em 1792, utiliza As margens externas e
o compasso para ligar os
a proporção áurea para inferiores são maiores do
dois pontos mostrados e
determinar a área de texto e que as margens internas e
completar o retângulo.
a sequência de Fibonacci superiores. Esses ajustes
para chegar às medidas ópticos fazem com que o
relativas de margem texto não ultrapasse a parte
(margem interna, 3 inferior da página.
unidades; margens superior
e externa, 5 unidades;

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calendários e todas as formas do design No final do século XIX, artistas e
Os cem anos baseadas na informação. De repente, pensadores identificaram isso como um
seguintes os designs começaram a competir pela
atenção. As imagens, primeiro na forma de
problema que precisava ser resolvido.
Embora o trabalho artístico produzido
A Revolução Industrial marcou o início gravuras e depois fotografias, precisavam por William Morris e o movimento Artes
da economia baseada no capital, tendo a ser incorporadas a uma crescente e Ofícios possa parecer bem diferente
produção em massa no seu núcleo. Nascia variedade de fontes de título. Tipógrafos daquele do modernismo, Artes e Ofícios foi
o design gráfico, embora ainda não tivesse altamente experientes e intelectualizados seu precursor em um aspecto importante.
esse nome. A função do design gráfico era permaneceram firmes no setor de livros, Morris acreditava que forma e função
transmitir diferentes mensagens a uma enquanto tipógrafos e compositores estavam inextricavelmente entrelaçadas.
quantidade cada vez maior de pessoas profissionais esforçavam-se para organizar Ocorrendo quase paralelamente a essas
alfabetizadas. O crescimento da produção esse vasto material para o qual o livro ideias estavam os experimentos cubistas
impressa foi fenomenal – pôsteres, clássico não era um precedente útil. revolucionários de Picasso e Braque,
folhetos, publicidade de todo tipo, jornais,

Esquerda
O design como o
conhecemos nasceu em
parte em resposta à
Revolução Industrial. Como
mostra este conjunto de
páginas duplas da English
Illustrated Magazine de
1884, os designs
começaram a competir pela
atenção. A confusão visual
resultante poderia ter certo
encanto, mas esses layouts
aleatórios eram confusos e
muitas vezes inacessíveis.
Os designers
contemporâneos
consideravam isso um
problema a resolver e
começaram a explorar
diferentes abordagens
teóricas nos seus trabalhos.

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que exploravam a representação de
formas tridimensionais sobre planos
bidimensionais, produzindo resultados
cada vez mais abstratos. Artistas, e depois
designers, foram influenciados por essas
obras e, como resultado, fizeram uma
reavaliação da composição.
Os primeiros movimentos artísticos
do século XX – futurismo, dadaísmo,
surrealismo, construtivismo, suprematismo
e expressionismo – também influenciaram
o desenvolvimento do grid. Os artistas
estavam unidos em torno da tentativa
de representar uma nova era industrial
exemplificada pela velocidade das
viagens e pela comunicação mais rápida.
Eles reconheceram a força da palavra e
romperam com toda a tradição gráfica
anterior utilizando textos em ângulos
conflitantes ou em curvas; introduzindo
variação extrema no corpo das fontes;
utilizando formas de letras desenhadas e
abstratas; e, de modo geral, ignorando a
natureza vertical e horizontal do texto. Pela
primeira vez, o espaço foi utilizado como um
componente dinâmico do layout tipográfico.
O etos que fundamenta esse trabalho era
a antítese da abordagem racional e lógica
implícita no grid. O rompimento tão resoluto
com o passado, porém, abriu as portas a De
Stijl, à Bauhaus e a tipógrafos como Herbert
Bayer e Jan Tschichold, que exigiam que
alguma ordem fosse imposta sobre aquilo
que parecia um caos.

Acima O trabalho artístico era,


Esta é página de um número muitas vezes,
da revista futurista Lacerba, intencionalmente caótico,
publicada em 1914. mas à medida que as regras
Rompendo com as antigas foram rompidas, um
abordagens anteriores de sistema novo e mais racional
layout e design, os primeiros teve espaço para se
movimentos artísticos do desenvolver.
século XX influenciaram o
desenvolvimento do grid.

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A Bauhaus foi fundada em Weimar, No final das décadas 20 e 30, o
De Stijl, Bauhaus Alemanha, em 1919, tendo o arquiteto tipógrafo Jan Tschichold estabeleceu seus
e Jan Tschichold Walter Gropius como seu diretor. Ele
acreditava que a arquitetura, as artes
princípios tipográficos em dois livros
seminais: The New Typography (1928) e
Em 1917, o arquiteto, designer e pintor gráficas, o desenho industrial, a pintura, a Asymmetric Typography (1935). O trabalho
holandês Theo van Doesburg fundou o escultura etc. estavam inter-relacionados de Tschichold era mais refinado do que a
movimento De Stijl. A importância desse e tinham um impacto profundo sobre maioria dos trabalhos que o precederam.
movimento para o grid é que ele explorou o desenvolvimento da tipografia e do Ele escreveu sobre a consistência
a forma como determinada pela função e design gráfico muito antes de os nazistas tipográfica como um precursor necessário
colocou essa ideia dentro de um contexto forçarem o fechamento dessa escola na ao entendimento, descreveu os designers
político. Argumentando que a simplicidade década de 30. Em um período de tempo como engenheiros e defendeu de maneira
da forma era acessível e democrática, os surpreendentemente curto, os artistas convincente a assimetria como um princípio
membros desse movimento defendiam o gráficos uniram habilidades analíticas a central do modernismo. Era a maneira
minimalismo, utilizando apenas formas formas abstratas para chegar a designs lógica de organizar o texto que é lido da
retilíneas e erradicando toda decoração produzidos em massa determinados tanto esquerda para a direita e produzia soluções
superficial que não fosse derivada de uma pelo idealismo político como por um mais “naturais” em vez de “formalistas”
paleta de cores limitada: as cores primárias desejo de autoexpressão. Em 1925, Herbert para os novos desafios de design do que o
mais preto e branco. Os tipógrafos afiliados Bayer foi indicado a dirigir a nova oficina classicismo, com seu eixo central forçado.
ao De Stijl quiseram aplicar essas ideias ao de impressão e publicidade. Ele prestou Em seu trabalho, Tschichold explorou sutis
mundo real, não apenas à sua causa artística. atenção aos detalhes tipográficos, testando alinhamentos horizontais e verticais e
Designers como Piet Zwart e Paul Schuitema uma paleta tipográfica limitada, a fim utilizou uma variedade limitada de família,
utilizaram esses princípios para produzir de alcançar uma melhor clareza visual e corpo e peso de fontes.
anúncios comerciais e materiais publicitários. páginas facilmente navegáveis.

Esquerda
Este conjunto de páginas
duplas com uma folha
desdobrável foi extraído do
trabalho seminal de
Tschichold, Asymmetric
Typography, originalmente
publicado em 1935. Nele,
Tschichold argumenta que a
consistência tipográfica é
um precursor necessário ao
entendimento e descreve os
designers como
engenheiros. Mesmo assim,
seu trabalho era
esteticamente refinado e
dinâmico. Aqui, ele explica
o paralelo entre arte
abstrata e layout
tipográfico.

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ritmo normal e evitou o racionamento de por ordem e exatidão, eles entendiam o
Grid e tipografia suprimentos como tinta e papel. Além disso, valor da intuição artística.
suíça as publicações precisavam ser especificadas
em três idiomas oficiais – francês, alemão e
“Nenhum sistema de coeficientes,
independentemente da engenhosidade,
Os primeiros modernistas exploraram o italiano –, o que demandava uma abordagem
pode substituir a decisão do tipógrafo de
layout, o espaço e a escala. Eles trataram modular, utilizando estruturas de várias
como um valor deve estar relacionado
dos benefícios da democratização da colunas.
a outro. O tipógrafo precisa fazer todos
produção em massa e, na medida do Vários artistas/designers suíços, mais
os esforços para ensinar seu sentido
possível, utilizavam o idioma da ciência notavelmente Max Bill e Richard Paul Lohse,
de proporção. Ele precisa conhecer
como uma arte. Defendiam a consistência e o exploraram formas sistemáticas nas suas
intuitivamente quando a tensão entre várias
minimalismo como uma marca de confiança pinturas paralelamente ao design gráfico,
coisas é tão grande que coloca a harmonia
do design e de maior acessibilidade. Durante enquanto os designers gráficos Emil Ruder
em risco. Mas ele também precisa saber
a Segunda Guerra Mundial, e nas décadas e Josef Müller-Brockmann escreviam textos
como evitar relacionamentos que não
seguintes, essas ideias se transformaram em educativos explicando o que eram os
têm uma tensão suficiente, uma vez que
um manifesto de design coerente com um grids e como utilizá-los. Eles abordaram o
resultam em monotonia.”
novo recurso de design no seu centro – o grid. assunto com grande rigor, argumentando
Emil Ruder, Typography
Grid e tipografia suíça são sinônimos. A apaixonadamente que o “design integral”
Suíça permaneceu neutra na Segunda Guerra exigia estruturas que unissem todos os O grid e a filosofia de design do
Mundial. Isso não apenas atraiu vários elementos tanto no design em 2D como no qual ele é parte foram criticados por
intelectuais refugiados, incluindo designers design em 3D: texto, imagens, diagramas e colocar o designer narcisista no centro
como Jan Tschichold, como manteve a o próprio espaço. Apesar de seu entusiasmo da solução e gerar soluções formalistas
maioria das atividades depois da guerra em mecanicistas, inacessíveis e rígidas. Mas
para Ruder, Müller-Brockmann e muitos
Direita A2 outros designers, desde então, o grid era a
A engenhosidade do resposta natural a um problema de design.
sistema de tamanhos de
papel “A” é útil para
Era também uma metáfora da condição
designers interessados em humana, sendo encontrada em todas as
abordagens modulares. áreas de atividade humana.
Para os modernistas,
trabalhar com tamanhos de “Assim como na natureza, sistemas de
papel padrão é mais
ordem regem o crescimento e estruturam a
econômico e contempla a
produção em massa. Mas matéria animada e inanimada; portanto, a
para designers que desejam própria atividade humana, desde os tempos
fraudar o sistema, há mais remotos, foi diferenciada pela busca
inúmeras maneiras de
A3 A5 A7
da ordem... O desejo de trazer ordem à
subdividir os tamanhos das
folhas para criar os mais confusão inquietante das aparências reflete
A8
variados formatos. uma necessidade humana profunda.”
A6 Josef Müller-Brockmann, Grid Systems in
Graphic Design

A4

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Esquerda
Vários designers suíços do
pós-guerra são os expoentes
mais conhecidos do grid.
Este conjunto de páginas
espelhadas é do Grid
Systems in Graphic Design,
de Josef Müller-Brockmann,
no qual ele explica, em
detalhes meticulosos, como
grids de múltiplas colunas e
baseados em campos podem
ser utilizados de modo
flexível para alcançar vários
diferentes layouts em
trabalhos 2D e 3D.

Abaixo
Este conjunto de páginas
duplas com uma folha
desdobrável extraído de
Typographic Norms, de
Anthony Froshaug, publicado
em 1964, explora os
sistemas de medidas
modulares que estavam no
centro da tipografia e do
design gráfico da época e
que formam a base de muitas
estruturas de grid de hoje.

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unidades de linha de base são ligados para
Grids e criar campos etc.
O grid tornou-se
matemática O grid de Karl Gerstner para o periódico
Capital, criado em 1962, muitas vezes ainda
visível
A diferença entre os grids da maneira como é citado como um tipo de grid próximo da Geralmente, os grids só se tornam visíveis
os conhecemos e os layouts de página do perfeição no que tange a sua engenhosidade por meio do uso, mas alguns designers
passado está na maior flexibilidade e destreza matemática. A menor unidade no grid de mostraram o funcionamento da máquina de
matemática. Isso começa com a consideração Gerstner, ou matriz, é 10pt – a medida design gráfico para demonstrar que o grid é
do formato e termina com grids de linha de entre uma linha de base e outra do texto. não apenas útil, mas também belo. Uma vez
base, para os quais as linhas muitas vezes A área principal para texto e imagens é um visível, a precisão do grid funciona como
são subdivididas em unidades tão pequenas quadrado, com uma área acima dos títulos uma evidência da credibilidade do design,
quanto 2 pt. O computador facilitou a maior e títulos correntes. Sua perspicácia reside e a pureza da sua forma tem um desenho
precisão dos grids, e os grids contemporâneos na subdivisão do quadrado em 58 unidades místico.
subdividem a página em pequenas partes que iguais em ambas as direções. Se todos os O designer holandês Wim Crouwel
podem ser combinadas de várias maneiras espaços entre as colunas tivessem duas explorou a aplicação do design sistemático
que continuam a assegurar a coesão no unidades, seria então possível uma estrutura nos Países Baixos durante as décadas de
design. As pequenas colunas são ligadas para de duas, três, quatro, cinco ou seis colunas 50 e 60. Sua identidade para a exposição
criar colunas mais largas, os números das sem resto na divisão. Vormgevers no Stedelijk Museum, em
Amsterdã, em 1968, utilizou um grid exposto
no layout dos pôsteres e catálogos que
também era a base do texto. Em 1990, o
número 7 do influente periódico Octavo, do
estúdio 8vo, utilizou grids com coordenadas,
como mapas, em cada conjunto de páginas

Acima texto. A área do texto tinha Direita 1968, ele tornou o grid
O grid de 1962 do designer um quadrado de 58 O designer holandês Wim visível. Esse recurso formou
suíço Karl Gerstner para o unidades. Permitindo Crouwel é conhecido por então a base não apenas do
periódico Capital é quase espaços entre as colunas, sua exploração e layout, mas também do
perfeito. Sua unidade, tanto isso dava aos grids de experimentação com grids. texto.
horizontal como Gerstner duas, três, quatro, Neste pôster para a
verticalmente, tinha 10 pt – cinco e seis colunas e exposição Vormgevers, em
a medida entre uma linha campos.
de base e outra do corpo do

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espelhadas. O Octavo chamava seu método
de trabalho de “engenharia visual”.

“Para criar coisas, você tem de ser capaz de


descrevê-las. O ato da especificação exige
uma definição bem precisa da estrutura de
um design. Ele coloca o design de alguém sob
intenso escrutínio em termos de estrutura
e processo lógico. Muito diferente do
ambiente de ‘arrastar e soltar’ da tela dos
computadores, onde suficientemente próximo
muitas vezes é suficientemente bom.”
Mark Holt e Hamish Muir, 8vo: On the
Outside

O designer Astrid Stavro levou essa


concepção um estágio à frente. Inspirados
em um conjunto diverso de grids, desde
a Bíblia de Gutenberg até o jornal The
Guardian, os GRID-IT notepads de Stavro
celebram o grid normalmente invisível do
design gráfico na sua forma mais purista
– embora visível, ela simplesmente não é
utilizada. Talvez possamos ver isso como um
sinal de que os designers não se preocupam
mais em ser um pouco formais ou despóticos.

Esquerda Acima
Depois de começar o projeto O designer italiano Astrid
do periódico Octavo, os Stavro trabalhou no projeto
designers do estúdio 8vo o Grid-it! Notepads enquanto
editaram entre meados da estudava no Royal College
década de 80 e início dos of Art de Londres. A
anos 90. O design intenção é celebrar a noção
frequentemente explorava de grid em sua forma pura.
abordagens sistemáticas e Cada bloco de notas mostra
modulares, mas, no número um grid diferente. Eles vão
7, os designers optaram por desde os clássicos de
revelar seus métodos Müller-Brockmann e
fornecendo as coordenadas Tschichold, à Bíblia de
do grid, como um mapa, e Gutenberg e ao The
imprimindo-a como um Guardian. [Fotógrafo:
fundo em cada página. Mauricio Salinas]

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