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Este foi o primeiro livro que Jane Austen publicou, em 1811, com o título de "Sensibilidade e

Bom Senso", cujo filme foi realizado por Ang Lee, e com algumas adaptações da parte de
Emma Thompson, e é de 1995. As protagonistas desta obra são Elinor e Marianne Dashwood,
duas irmãs da classe média inglesa.

Com personalidades distintas e uma visão do mundo e do amor completamente oposta, Elinor,
é a mais sensata, mais racional, boa ouvinte e conselheira, que pensa nos problemas com pés
e cabeça. Já Marianne é apaixonada, dramática, impaciente e sofre intensamente com as
consequências do amor. Cada uma com as suas qualidades e defeitos mostra-nos que Jane
Austen, no início do séc. XIX, sabia ler bem a alma feminina e os segredos do coração, ainda
que nunca se tenha casado, algo pouco comum para a época.

A história começa quando o pai morre e a propriedade onde vivem é herdada por John, irmão
mais velho e filho do primeiro casamento. Por isso, Elinor e Marianne, juntamente com a mãe
e Margaret, irmã mais nova, têm que sair do casarão onde sempre viveram. Acabam por
instalar-se noutra cidade, numa casa mais modesta, gentilmente cedida por Sir John
Middleton, um primo afastado da mãe, que acaba por integrá-las no seu grupo de amigos,
convidando-as para festas, convívios sociais e até viagens a Londres. É através destes
momentos que elas conhecem John Willoughby, um jovem atraente que não é o que parece,
Coronel Brandon, que esconde um mistério que faz o leitor ficar curioso, Mrs. Jennings, uma
viúva rica, responsável por alguns momentos cómicos e constrangedores, entre outros
personagens que vão acompanhar a vida das irmãs Dashwood.

É no meio desta confusão que Elinor e Marianne se vão apaixonar, cada uma pelo seu
cavalheiro. Pelo estilo de Jane Austen no livro, nenhuma das paixões é linear, há sempre
problemas, trocas, mal entendidos, enganos, enfim...tudo o que um bom romance deve ter, o
que também representa muitas partes do filme, como por exemplo o jovem de que tanto
Marianne gostava que sai do país por motivos de trabalho, e Marianne que, ao saber da notícia
ao desenrolar da história entra em desespero.

Mas obviamente que não podemos ler Jane Austen com um olhar contemporâneo. Temos que
ter noção da época em que o livro foi escrito e, consequentemente, da sua narrativa mais
lenta.

"Sensibilidade e Bom Senso" acaba por ser um retrato psicológico e social da pequena
burguesia inglesa do início do século XIX. E o que achei mais interessante na obra é que toda
ela está escrita seguindo uma ideia de oposição, a começar pelo título: sensibilidade vs bom
senso. Temos também a personalidade oposta das irmãs (Elinor mais sensata e racional,
Marianne mais emotiva e passional), e ainda o estilo dos seus pretendentes (Edward mais
introvertido e tímido e Willoughby mais extrovertido e abre-se muito na história), enquanto
temos a divisão de ideais entre as irmãs Dashwood e as irmãs Steele com o casamento por
conveniência em contraste com o casamento por amor. Esta dicotomia entre sensibilidade e
bom senso é muito comum, ainda hoje, quando falamos de natureza humana, mas também
era muito comum no contexto em que a obra foi publicada, numa época em que o
Romantismo se caracterizava pela expressão dos sentimentos ao contrário dos valores do
Iluminismo que defendia a razão. Ao longo da leitura, e mesmo no filme percebemos que a
própria Jane Austen tende a defender mais o lado do bom senso, mas no fim o que interessa é
haver um equilibrio e acho que essa é a maior lição que este livro nos passa. Principalmente
com o desfecho de Marianne.
Jane Austen aproveita para tecer algumas críticas à sociedade do seu tempo utilizando humor,
ironia e expondo alguns dos seus personagens ao ridículo. Mesmo a busca de um final feliz
pelas duas irmãs, é uma crítica ao tipo de vida e realidade que as mulheres enfrentavam
naquele tempo, em que não tinham muitas oportunidades de sucesso na vida a não ser um
casamento bem sucedido e uma boa posição a nível social.

O filme, de 1995, foi feito com Emma Thompson e Kate Winslet nos papéis de Elinor e
Marianne. Também entra o Hugh Grant, Alan Rickman, James Fleet e outras caras conhecidas.
O filme está fiel ao livro e tem aquele sotaque britânico maravilhoso até porque o livro tem
como assunto principal explicar como era a classe média inglesa, e no filme todos os atores são
britânicos.

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