Rascunho O Triunfo dos
janeiro de 1950.
Porcos, de George Orwell
 Ficha Técnica
Título: O Triunfo dos Porcos
Título original: Animal Farm
Autor: George Orwell
Editora: Publicações Europa-América
Nº de páginas: 125
Edição: 3ª edição (novembro de 2001)
Data de publicação: 1945, de modo a ganhar
uma adaptação para filme animado em 1955
Tipo de obra: fábula (porque a obra tem como
personagens animais com características
humanas, para além de ter uma intenção
moral)
 Biografia do autor (George Orwell)
- Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo seu
pseudónimo de George Orwell, foi um escritor
e jornalista inglês;
- Sendo também um ensaísta tão genial
quanto produtivo;
- Nasceu na cidade de Motihari, na então
Índia Britânica, a 25 de junho de 1903;
- George Orwell é uma das mais influentes
figuras da literatura do século XX, graças à
atualidade social e política presente nas suas
obras;
- Convencendo-se de que o imperialismo era
uma ilusão, foi para Inglaterra em 1907, após
ter feito parte da polícia imperial na Birmânia;
- Aproximando-se mais tarde do socialismo,
acabou por abordar os problemas sociais com
franqueza e precisão;
- Morreu de tuberculose, em Londres, a 21 de
Principais obras:
- Dias Birmaneses (1934);
- Homenagem à Catalunha (1938);
- Quinta dos Animais / O Triunfo dos Porcos
(1945);
- Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (1949);
 Motivos de escolha da obra:
- Pertence ao Plano Nacional de Leitura
(PNL);
- Tem poucas páginas, de modo a facilitar a
leitura;
- O título desperta o interesse, porque retrata
e critica sociedade política daquela época
através de animais;
- Separação da história por capítulos,
colaborando para a melhor organização
(permite separar melhor os acontecimentos
da ação) e motivação do leitor, porque ao
terminar um capítulo, surge a motivação de
ler o próximo para saber o desenrolar da
ação.
 Tempo
-A história decorre entre finais do século XIX
e o século XX, aproximadamente entre a
década de 1880 e a década de 1980;
- Devido ao facto de na obra estarem
indicadas assinaturas de jornais do século XX
(“Também não causou admiração o facto de
os porcos terem comprado um aparelho de
rádio, estarem a instalar um telefone e terem
feito assinaturas dos jornais John Bull, Tit-Bits
e Daily Mirror”), como John Bull (de 1820 a
1960), Tit-Bits (de 1881 a 1984) e Daily Mirror
(de 1903 a 1963);
- O tempo de duração da história é de alguns
anos (“Passaram-se anos”).
 Espaço
Quinta Manor (que depois passou a chamar-
se de Quinta dos Animais), era constituída:
- Pela casa, que era luxuosa e muito
decorada (“com receio de levantar a voz e
olhando com respeito o inacreditável luxo, as
camas com colchões de penas, os espelhos,
o sofá de crina, o tapete de Bruxelas, a
litografia da rainha Vitória sobre o fogão da
sala”);
- Pelo grande celeiro (“Num dos extremos do
grande celeiro”);
- Pela casa dos arreios (“As portas da casa
dos arreios”);
- Pelos estábulos (“ao fundo dos estábulos”);
- Pelo pomar e pela pastagem (“O seu corpo
foi enterrado ao fundo do pomar”; “foram
todos juntos para a pastagem”);
No geral, a quinta era antiquada e apenas
possuía máquinas primitivas, com lavradores
(antigos trabalhadores do Sr.Jones) que
costumavam vadiar no campo.
 Narrador
O narrador desta obra é não participante,
porque:
- A obra é narrada na 3ª pessoa (“Durante
todo esse ano, os animais trabalharam como
escravos.”).
 Resumo da obra (em outro ficheiro)
 Personagens (caracterização)
Ao longo da obra surgem personagens
humanas e animais, sendo elas:
Personagens humanas:
- Sr. Jones, era o dono da Quinta Manor,
onde vivia e trabalhava com a sua mulher, a
Sr.ª Jones (parece conviver com a
embriaguez do marido, indo para a cama
enquanto ele bebia até tarde). Era alcoólico
(“serviu-se de um último copo de cerveja do
barril da copa e subiu para o quarto”), infeliz e
sentia-se injustiçado, especialmente após a
sua expulsão da Quinta dos Animais e
quando passou a viver num asilo para
alcoólicos (“queixando-se a quem o quisesse
ouvir da enorme injustiça que sofrera ao ter
sido expulso da sua propriedade”) e ingénuo,
porque deixava que os proprietários de outras
quintas tirassem vantagem para si próprios da
infelicidade de Jones.
- Sr. Pilkington, era agricultor e proprietário
da quinta Foxwood, onde passava a maior
parte do tempo a pescar ou a caçar, conforme
a estação do ano. É um proprietário tranquilo,
astuto (no início da revolta, espalhou que os
animais da quinta estavam constantemente a
lutar e rapidamente morreriam à fome, onde
com o passar do tempo tornou-se evidente
que não estavam a passar fome, de forma a
começarem a falar da crueldade da Quinta
dos Animais) e próspero da sua quinta, porém
sempre preocupado com a Revolta pois teme
que isso também lhe possa acontecer, para
além de manter rivalidade com o dono da
quinta vizinha, o Sr. Frederick.
- Sr. Frederick, era dono da quinta Pinchfield
e um homem astuto e inflexível e encontrava-
se permanentemente envolvido em questões
judiciais, sempre com a fama de se envolver
em problemas. O Sr. Frederick antipatizava
sempre com o Sr. Pilkington, o que era difícil
chegar a um acordo, mesmo para defesa de
interesses comuns. O negócio e a invasão da
quinta Pinchfield à Quinta dos Animais é uma
referência do Pacto Molotov-Ribbentrop e à
Operação Barbarossa.
- Sr. Whymper, era um advogado que vivia
em Willingdon e um homem pequeno, com
aspeto de fuinha mas suficientemente esperto
para perceber que a Quinta dos Animais
precisava de um agente e que valeria a pena
aproveitar tal oportunidade, foi contratado por
Napoleão para atuar como elo de ligação
entre a quinta e a sociedade humana.
Inicialmente, ele forneceu necessidades que
não podem ser produzidas na quinta (pregos,
petróleo, cordas, biscoitos e feno), porém,
com o passar do tempo, começa a adquirir
luxos como álcool, que estão apenas
reservado para os porcos.
Personagens suínas (porcos):
- Velho Major, é o premiado porco Middle
White, cujo nome originalmente exibido fosse
Beleza de Willingdon, de forma a ser a figura
que fornece a inspiração que alimenta a
rebelião. Era muito respeitado por todos na
quinta, tinha 12 anos e engordara muito
ultimamente, mas continuava com o seu porte
majestoso, uma aparência sensata e
benévola. Ele é uma combinação alegórica
de Karl Marx , um dos criadores do
comunismo, e Vladimir Lenin , o líder
comunista da revolução russa e da primeira
nação soviética, na medida em que elabora
os princípios da revolução.
- Napoleão, é o líder da Quinta dos Animais.
“Napoleão era um grande porco Berkshire, de
ar feroz, o único desta raça que havia na
quinta; falava pouco, mas tinha fama de
conseguir os seus fins.” A personagem é uma
alegoria de Joseph Stalin.
- Snowball, era o principal rival de Napoleão e
o chefe principal da quinta após a expulsão
de Jones. “Snowball era mais vivo que
Napoleão, falava com mais desembaraço e
tinha mais iniciativa, mas não o consideravam
dotado de tanta personalidade”.
- Squealer, é um porco pequeno, branco e
gordo que serve como segundo comando de
Napoleão e é também ministro de
propaganda, sempre capaz de justificar cada
procedimento de Napoleão. Squealer é um
retrato colectivo da nomenklatura e dos
jornalistas soviéticos.
Personagens equinas (cavalos):
- Boxer, é um cavalo de carroça que faz
grande parte do trabalho braçal na quinta. 
“Boxer era uma animal de grande porte, com
perto de um metro e oitenta de altura e tão
forte como dois cavalos comuns. Uma listra
branca no focinho dava-lhe uma aparência
um tanto imbecil e, de facto, não possuía uma
inteligência de primeira (demonstra acreditar
que "Napoleão está sempre certo"), mas era
respeitado por todos devido à sua firmeza de
carácter e enorme capacidade de trabalho”.
Ele acredita que qualquer problema pode ser
resolvido se trabalhar mais e, quando é
ferido, Napoleão vende-o a um matadouro
local para comprar uísque.
- Mollie, é uma jovem égua branca
egocêntrica e vaidosa (“enfeitara-se com ela
e estava a admirar-se ao espelho com ar
tolo”), maçadora (“Mollie tornava-se cada vez
mais maçadora”) e preguiçosa (“Todas as
manhãs vinha atrasada para o trabalho, com
a desculpa de ter acordado tarde”). Parte
rapidamente para outra fazenda após a
revolta, de maneira semelhante àquelas que
deixaram a Rússia após a queda do czar.
- Clover é uma égua gentil e carinhosa, que
demonstra preocupação, principalmente com
Boxer, que muitas vezes se esforça
demais. Clover consegue ler todas as letras
do alfabeto, mas não consegue "juntar as
palavras". “Clover era uma corpulenta égua
próxima da meia-idade, que nunca
conseguira recuperar as suas formas depois
do nascimento do seu quarto potro”.
- Benjamin, é um burro. “Benjamin era o
animal mais velho da quinta e o mais mal-
humorado. Raramente falava e, quando o
fazia, era geralmente para proferir alguma
observação cínica. (…) Era o único dos
animais da quinta que nunca se ria. (…) No
entanto, sem o admitir abertamente, era muito
dedicado a Boxer; geralmente passavam os
domingos juntos, no pequeno cercado do
outro lado do pomar”. Benjamin consegue
escapar dos expurgos e sobreviver apesar da
ameaça que ele potencialmente representa
devido ao seu conhecimento, à sua idade e
às suas posições equívocas, embora
apolíticas.
- Muriel, é uma cabra, um dos animais mais
velhos e sábios da quinta e amiga de todos
os animais. Semelhante a Benjamin, Muriel é
um dos poucos animais da quinta que não é
porco, mas sabe ler. Ela sobrevive, assim
como Benjamin, evitando a política.
 Apreciação Global
Este livro é uma alegoria representativa dos
acontecimentos que levaram à implantação
do regime estalinista na ex-URSS, na
primeira metade do século XX.
Criando também uma combinação perfeita
entre a simplicidade de uma fábula, onde os
animais ganham não só uma voz, mas
também uma visão crítica acerca de sistemas
políticos.
Napoleão é o vilão deste livro e personifica o
principal alvo desta sátira, Stalin. Os
restantes animais da quinta, como os cavalos,
ovelhas, galinhas, etc., representam o papel
do proletariado.
É uma crítica agressiva e certeira, que
consegue plenamente atingir os seus
objectivos, porque demonstra que a sede de
poder é uma condição essencial ao ser
humano, independentemente das suas
ideologias políticas.
O enredo vai conquistando o leitor com uma
narrativa rápida e simples, onde as
personagens assumem também um papel
predominante no desenrolar desta história.
Apesar de possuírem personalidades
bastantes lineares, carregam com elas a
importante função de representarem os
diferentes defeitos da humanidade.
Apesar de curta, a história funciona como
uma metamorfose perfeita para os abusos de
poder que ocorrem na sociedade.
George Orwell desenvolve uma autêntica
sátira acerca de diferentes aspetos que
assombram, não só o mundo político, mas
também o mundo empresarial, pois é através
dos diferentes desafios a que os animais são
sujeitos que o leitor tem também a
oportunidade de refletir melhor acerca da
corrupção e da diversidade de características
que compõem a espécie humana e que tanto
contribuem para a formação dos sistemas
políticos ao redor do mundo.
Concluindo, é possível afirmar que O Triunfo
dos Porcos é uma história intemporal que
serve o propósito de fazer o leitor refletir
acerca das estruturas que o rodeiam e sobre
como as mesmas podem ser melhoradas.
Sem dúvida que é um livro para ser lido por
todos aqueles que querem, de uma forma
leve, pensar e deixarem-se levar pelas tão
distintas personalidades e peripécias destes
animais.