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Precisa-se de
engenheiro:
Como construir sua carreira em bases sólidas
(e resistente a abalos sísmicos!)
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Reis, José Murilo Moura dos


Precisa-se de engenheiro : como construir sua
carreira em bases sólidas : (e resistente a abalos
sísmicos!) / José Murilo Moura dos Reis. -- 1. ed. --
São Paulo : All Print Editora, 2018.
ISBN 978-85-411-1409-7
1. Engenharia civil 2. Engenharia como profissão
3. Engenheiros - Formação profissional I. Título.

18-13211CDD-620.0023

Índices para catálogo sistemático:


1. Engenharia como profissão 620.0023
2. Profissão : Engenharia 620.0023
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José Murilo Moura dos Reis

Precisa-se de
engenheiro:
Como construir sua carreira em bases sólidas
(e resistente a abalos sísmicos!)
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PRECISA-SE DE ENGENHEIRO: COMO CONSTRUIR SUA CARREIRA


EM BASES SÓLIDAS (E RESISTENTE A ABALOS SÍSMICOS!)
Copyright © 2018 by José Murilo Moura dos Reis
O conteúdo desta obra é de responsabilidade
do autor, proprietário do Direito Autoral.
Proibida a venda e reprodução
parcial ou total sem autorização.

Projeto gráfico, editoração e impressão:

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R esolvi escrever este livro exatamente quando comple-


to sete anos lecionando nos cursos de Engenharia Ci-
vil de duas faculdades privadas de São Luís do Maranhão.
Ele tem como objetivo responder às questões que to-
dos nós temos no início de nossa carreira, cujas respostas
eu não tive a oportunidade de ouvir de ninguém. Você terá!
Como já presenciei algumas turmas se formando, co-
meço a perceber que sempre recebo as mesmas perguntas e
respondo as mesmas inquietações. Dessa forma, criei a pales-
tra que intitula este livro, já proferida em diversas “semanas
de Engenharia”, e que tive a honra de apresentar no Encon-
tro Nacional dos Estudantes de Engenharia Civil, ocorrido
em maio de 2017 em Belo Horizonte, minha cidade natal.
Em momentos de crise, o tema ganha força, quando
aqueles que entraram no curso devido ao boom da constru-
ção civil (2007-2014) pensam em desistir.
Pois lhe digo, caro leitor: você que realmente sonha
em ser engenheiro, persiga seu sonho! Não desista por con-
ta de crise. Escolha não participar dela! Porque sua carreira
e seu sucesso dependem exclusivamente de seus méritos,
como vou mostrar neste livro.
Só não imagine que a linha para o sucesso seja um
“voo de brigadeiro”, pois não é! Se estiver fácil, descon-
fie. As dificuldades fazem parte e são ótimos momentos
para nos reinventarmos. Tente se espelhar nos vencedores,
e não no que faz a maioria.

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Se você for “mais um engenheiro”, participará de se-


leções e brigará em um mercado extremamente competiti-
vo, ao qual, a cada ano, se juntam aproximadamente 80 mil
novos concorrentes.
Agora, se você for referência em sua área de atuação,
tudo será mais fácil: você terá acesso direto aos emprega-
dores e investidores, e será convidado sempre a participar
da alta esfera decisória da engenharia.
E acredite... Pode chegar um tempo em que você
perceba que ter um emprego já não é essencial, pois poderá
atuar de forma independente, sendo seu patrão, tendo sua
empresa!
Vou relatar nas próximas páginas um pouco da ex-
periência adquirida em 17 anos como professor, sendo sete
anos como professor de graduação nos cursos de Engenha-
ria Civil, e 14 anos como engenheiro civil (quatro deles na
iniciativa privada e dez como empregado concursado de
empresa pública), além de três anos como empreendedor.
Boa leitura!

6  José Murilo Moura dos Reis


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Sumário

Professor, estou pensando em largar a engenharia.............. 9

Mas, professor, nossa área não tem


oportunidades............................................................ 13

Mas, professor, a cada dia que passa se


formam mais engenheiros ......................................... 25

Onde estão as oportunidades para engenheiros?............... 29

O novo perfil do engenheiro............................................ 37

Pós-graduação na Engenharia.
Quando e qual devo fazer?......................................... 63

O que eu posso fazer se ainda estou na faculdade?............ 71

Como conseguir a minha vaga? Preparando


seu currículo. Entrevista de emprego.......................... 81

Como cobrar por serviços de engenharia?........................ 89

Um pouco da minha história............................................ 95

Epílogo........................................................................... 115
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Professor,
estou pensando
em largar a engenharia
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E ssa inquietação tenho ouvido com frequência. E te-


nho a dizer que uma das maiores alegrias que tive
nos últimos tempos foi ter escutado, de minha filha mais
velha, que ela pensa em ser engenheira como o pai!
Se você realmente ama essa profissão, e quer ser enge-
nheiro, vá em frente! As suas chances de sucesso são grandes.
Agora, se você entrou no curso apenas porque ser engenheiro
“dá dinheiro”, talvez seja melhor realmente repensar. Quem
quer ser engenheiro tem que gostar do que faz, ser curioso e
proativo. Temos que pensar, raciocinar, ser críticos, resolver
problemas e desenvolver soluções. Não é fácil.
Devo tudo o que tenho à engenharia e, quando falo
isso, não quero dizer que tenho muito dinheiro. Há uma
coisa melhor do que isso, que é a realização, a satisfação
e o reconhecimento – isso sim não tem preço. Quanto ao
dinheiro, ganho o suficiente para ter uma vida confortável,
o que é muito distante de ser rico. Então, se você mede
sucesso em milhares de reais, talvez a engenharia não seja
bem o que você está pensando.
Costumo responder bastante a essa pergunta:

“Professor, engenharia dá dinheiro?”.


– Não. Meu amigo, quem dá dinheiro é pai e mãe. Fora isso,
conquista-se dinheiro com base em muito trabalho.
Sua remuneração é uma consequência do seu trabalho e da
sua capacidade de gerar e demonstrar RESULTADOS!

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A engenharia, em si, não vai fazê-lo ficar rico, mas


vai dar ferramentas que, se bem utilizadas, podem lhe fa-
zer um empreendedor de sucesso e, quem sabe, até lhe fa-
zer conquistar muito dinheiro.

Ser engenheiro não irá fazê-lo rico, mas a engenharia + em-


preendedorismo podem ajudar!

Porém dinheiro não é tudo. A engenharia pode lhe


proporcionar coisas que valem muito mais do que dinhei-
ro: a oportunidade de mudar o mundo e melhorar a vida
das pessoas!

“Sucesso não é quanto dinheiro você ganha, mas a diferença


que você faz na vida das pessoas” (Michelle Obama)

12  José Murilo Moura dos Reis


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Mas, professor,
nossa área não tem
oportunidades
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T ambém aconteceu comigo essa inquietação. Você,


que está lendo este livro agora, provavelmente viu
o boom da construção civil em tempos recentes, o que fez
crescer o interesse e os holofotes por nossa profissão. Mas
nem sempre foi assim. Na época em que fiz meu vesti-
bular, em 1996, o país vinha de décadas de marasmo da
engenharia: não se construía nada! Meu pai relutou em
aceitar minha decisão, pois tinha muitos amigos enge-
nheiros em subempregos ou mesmo desempregados.
A situação era bem pior que a de hoje. Em termos
de comparação, o PIB brasileiro cresceu quatro vezes en-
tre 2003 e 2017, e a população aumentou menos de 20%
– ou seja, somos uma economia mais forte e rica nos dias
atuais.
Infelizmente, nosso país historicamente faz os cha-
mados “voos de galinha”. Ou seja, tem momentos de sig-
nificativo crescimento intercalados por crises. Isso muito
se deve à forma de se governar e planejar o país (em cujo
mérito não vamos entrar aqui).
Mas fica a reflexão. Em nosso último “voo de gali-
nha”, vimos que faltavam engenheiros no mercado, o que
gerou alta demanda e explosão nos salários. Então, se acre-
ditamos que nosso país vai seguir uma rota sustentável de
crescimento, não é difícil, por analogia, inferir que nova-
mente seremos valorizados e cobiçados.

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De acordo com reportagem do site da revista Exa-


me – “Os 10 profissionais mais em falta em 42 países do
mundo” – publicada em 22 de maio de 2015:

A procura por engenheiros é global. De 42 países pes-


quisados pelo ManPower Group, apenas na Bélgica
e na Holanda profissionais de engenharia não apare-
cem entre os 10 mais difíceis de encontrar, segundo as
empresas. Ao todo foram entrevistados mais 40 mil
empregadores, e as informações são relativas às difi-
culdades encontradas para preencher vagas em 2013.

No entanto, as oportunidades não caem do céu. Sua


carreira não se inicia quando você recebe o tão sonhado
canudo, e pode publicar orgulhoso em suas redes sociais:
#vemcrea; nem quando você obtém o seu Crea. Sua car-
reira se inicia bem antes, exatamente no momento em que
você decidiu tornar-se engenheiro.
A partir da sua entrada pela primeira vez na sala de
aula, no 1° período do curso de Engenharia, sua carreira
será construída tijolo por tijolo, devido ao seu esforço e
vontade. Sua carreira será o somatório de suas atividades
dentro de sala de aula, mas, principalmente, fora dela.
O piloto da aeronave – que contém sua carreira e a
sua vida – é você! Não terceirize seu fracasso. O sol nasce
pra todos. Construa suas oportunidades e não aceite ser
um passageiro desse avião.

Você é o gestor da sua carreira!

E fique tranquilo, pois ainda há muito a ser constru-


ído nesse país...

16  José Murilo Moura dos Reis


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A indústria da construção civil


O setor da construção civil é essencial para o país,
por gerar muitos empregos diretos para todos os níveis de
qualificação, inclusive os mais baixos. Além disso, é con-
siderado um setor de cadeia longa, que leva consigo um
grande pool de indústrias, comércio e serviços no seu de-
senvolvimento, gerando ainda muitos empregos indiretos,
haja vista a quantidade de insumos necessários em uma
construção: cimento, aço, madeira, plásticos, vidros, alu-
mínio, metais, tintas, gesso, pedras, entre outros.
Apesar de, no ano de 2015, ter havido uma redução
de 7,6% nos investimentos no setor, de acordo com da-
dos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), e a demissão de 461 mil postos de trabalho (redu-
ção de 3,6% em relação ao ano anterior), ainda assim o se-
tor fechou o ano com investimentos que equivalem a 10,5%
do PIB (queda de 0,3%, em relação ao ano anterior), empre-
gando 12,2 milhões de pessoas, o que equivale a 13,2% da
força de trabalho ocupada no país.
Em 2016, os números também não foram favoráveis.
De acordo com a CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da
Construção – houve queda de 11,9% da produção industrial
de insumos típicos da construção civil, como o cimento,
que teve queda em suas vendas de 11,7%. O saldo negativo
na geração de vagas com carteira assinada foi na ordem de
358 mil, com queda de 4,4% do PIB da construção.
Apesar de o mercado de construção acumular em
quatro anos um tombo de 14,3%, e perda de quase um

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milhão de vagas, a confiança no setor volta a subir e refor-


ça previsão de retomada do crescimento a partir de 2018.
Esses números, por si só, mostram a força do setor
para a economia do país e demonstram, de forma inequí-
voca, que é uma área estratégica para o desenvolvimento
da nação. Por esse motivo, a construção civil sempre será
vista com atenção por qualquer governo que assuma o país.
E isso é motivo para que você, estudante ou engenheiro
recém-formado, tenha certeza de que crises passam e que
investimentos sempre acontecerão no setor, pois, além de
necessitarmos construir ainda muitas coisas no Brasil, temos
que manter o que existe em condições de uso (manutenção).
De acordo com as projeções do ConstruBusiness
(Congresso Brasileiro da Construção) são necessários in-
vestimentos de 679 bilhões anuais no setor para que o país
possa crescer de forma sustentável com desenvolvimento
urbano e da infraestrutura econômica.
Só para se ter noção, no ano de 2015, em meio à cri-
se, foram investidos 617,4 bilhões de reais no setor. Muitas
oportunidades surgiram em decorrência desse montante
de dinheiro aplicado em obras.
Vejamos, agora, o quanto ainda há no nosso país a
ser construído. Veja o tamanho dos desafios e a quantidade
de oportunidades que serão geradas:

Habitação
Apesar da grande redução do déficit habitacional nos
últimos anos, por conta do programa Minha Casa, Minha
Vida, que produziu mais de 4 milhões de unidades, o déficit

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ultrapassa a marca de 7 milhões de domicílios, um dos maio-


res da história, de acordo com o Sindicado da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).
Portanto, independentemente da fonte dos recursos,
o investimento é certo! Isso gerará ainda muitos empregos
e estímulo ao setor.

Rodovias
Em nosso país, o modal rodoviário tem sido a prefe-
rência de movimentação. De acordo com a CNT – Confede-
ração Nacional dos Transportes, mais de 60% do transporte
de cargas e 95% do transporte de passageiros se dão pelas
estradas brasileiras. A nossa malha possui aproximada-
mente 1 milhão e 720 mil de quilômetros, dentre os quais
pouco mais de 12% são pavimentados. Só por esse número,
já vemos a quantidade de serviço que ainda será necessário
para melhorar a logística nesse modal.
Porém, mesmo as rodovias que são pavimentadas
possuem graves problemas. Estima-se que menos da meta-
de da extensão total de nossa malha rodoviária possua ade-
quadas condições de segurança e desempenho. Tal carência
nos leva a uma área da engenharia que tende a crescer cada
vez mais: o setor de manutenção e recuperação de obras.

Ferrovias
O modal ferroviário em nosso país é outro que deve
crescer nos próximos anos. De acordo com a ANTF – As-
sociação Nacional dos Transportadores Ferroviários, a ma-
lha ferroviária brasileira sofreu um decréscimo de 40 mil

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quilômetros, em 1960, para os 28 mil atuais. Destes, apenas


um terço tem condições de uso.
Para um país continental como o nosso, o uso de fer-
rovias é essencial, especialmente para viagens acima de
500 quilômetros, de acordo com as regras de eficiência lo-
gística. O não uso desse modal faz com que haja aumento
significativo do chamado “Custo Brasil”, ou seja, nossos
produtos ficam mais caros e perdem competitividade de-
vido ao alto custo de transporte interno.
O uso do transporte de carga ferroviária também
tem menor custo de manutenção, e é mais viável em caso
de cargas de alto volume e baixo valor agregado, como
as “commodities”. E essas são exatamente as cargas mais
transportadas nas estradas brasileiras.
De acordo com o MDIC – Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços, dos dez produtos mais ex-
portados pelo Brasil em 2017, nada menos que sete são do
agronegócio e um do extrativismo mineral. Segundo esti-
mativas do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-
da, serão necessárias mais de 140 obras de infraestrutura
para melhorar a eficiência desse modal, a um custo de qua-
se 80 bilhões de reais.
Ainda assim, é um setor que movimenta bilhões em
investimentos e gera muitos empregos.

Portos
No setor portuário não é diferente. Ainda há neces-
sidade de investimentos para melhorar e ampliar o escoa-
mento de produtos, que se encontra no limite.

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Em um estudo feito pelo Ipea, analisando a qualidade


do setor portuário de 134 países, ficamos na 123ª posição.
Estima-se uma necessidade de 43 bilhões, em 265 obras,
para reverter esse quadro.

Saneamento básico
Um dos setores mais importantes para qualidade de
vida da população, e que necessita de obras de engenharia,
é o de saneamento básico. Esse nicho, se bem executado,
pode gerar economia de bilhões de reais em saúde.
De acordo com a lei 11.445/2007, a definição de sa-
neamento básico é “o conjunto de serviços, infraestruturas e
instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas
atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abas-
tecimento público de água potável, desde a captação até as
ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas ativida-
des, infraestruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, tratamento e disposição final adequados dos
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lan-
çamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: con-
junto de atividades, infraestruturas e instalações operacio-
nais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino
final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e
limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza
e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas:

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conjunto de atividades, infraestruturas e instalações ope-


racionais de drenagem urbana de águas pluviais, de trans-
porte, detenção ou retenção para o amortecimento de
vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas
pluviais drenadas nas áreas urbanas”.
Dados do Instituto Trata Brasil mostram que a co-
bertura do abastecimento de água potável é de 82,5%. Isso
significa que mais de 35 milhões de brasileiros não têm
acesso a esse serviço básico. O índice de perdas desse siste-
ma é de 37%, ou seja, a cada 100 litros de água captados, 37
litros se perdem em vazamentos, ligações clandestinas ou
em ligações não micromedidas, resultando em um prejuí-
zo de 8 bilhões de reais anuais.
Em relação ao esgotamento sanitário, a situação é
ainda pior! Apenas 48,6% da população tem acesso à coleta
de esgoto, deixando mais de 100 milhões de brasileiros ca-
rentes desse serviço. Além disso, apenas 40% desse efluen-
te é tratado adequadamente. De maneira incrível, somente
dez das 100 maiores cidades brasileiras tratam acima de
80% do seu esgoto doméstico.
Em relação aos resíduos sólidos, de acordo com a
Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpe-
za Pública e Resíduos Especiais, a cobertura da coleta é
de aproximadamente 90%. Contudo, apenas 58,4% dos
resíduos coletados têm destino final adequado em aterros
sanitários.
Somente na área de resíduos sólidos são movimen-
tados mais de 25 bilhões de reais anuais, gerando mais de
350 mil empregos.

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O custo para universalização dos serviços de sanea-


mento básico no Brasil demanda investimentos estimados
em 508 bilhões de reais nos próximos 20 anos. Um mar de
oportunidades a ser explorado!

Geração e distribuição de energia


De acordo com o panorama energético brasileiro tra-
çado pela Fiesp, a energia brasileira é duas vezes mais cara
do que a média internacional. Apesar de estar havendo
crescimento da oferta de energia, caso o Brasil cresça de
acordo com seu potencial, podemos ter problemas, visto
que a taxa de crescimento é considerada baixa.
Outro problema que temos é a dependência da
energia hidrelétrica, que é sensível às questões climáticas.
Precisamos urgentemente diversificar nossa matriz ener-
gética, com utilização do potencial eólico e solar – os quais,
além de serem ambientalmente adequados, podem reduzir
a dependência em relação às termoelétricas, que poluem e
têm custo altíssimo.
Precisamos ainda modernizar nossa rede de distri-
buição, que é precária, universalizando o atendimento e
criando novas ligações para evitar apagões originados por
problemas pontuais.
Além de tudo que foi relatado, temos ainda que
investir nas cidades, mobilidade urbana, praças, equipa-
mentos esportivos, creches, hospitais, escolas e faculdades.
Enfim, muito ainda precisa ser construído no Brasil!

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Mas, professor,
a cada dia que passa
se formam mais
engenheiros
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Q ue bom! Todas as nações, para se desenvolverem,


precisam de engenheiros!
De acordo com estudos da CNI – Confederação Na-
cional da Indústria, o Brasil possui seis engenheiros para
cada grupo de 100 mil habitantes. O ideal, de acordo com
a Finep, seriam pelo menos 25 por 100 mil habitantes, pro-
porção verificada nos Estados Unidos e Japão.
Formam-se hoje, no país, mais de 80 mil engenhei-
ros por ano, de acordo com a Fapesp (Fundação de Am-
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo). Esse número
ainda é insuficiente, se comparado ao de outros países em
desenvolvimento.
Além de a quantidade de engenheiros formados anu-
almente ser insuficiente, estima-se que apenas um em cada
quatro deles possui a formação adequada.

Você é o melhor dos quatro?


Não adianta culpar a faculdade por não ter laborató-
rio, ou o mercado por não ter estágio. Faça sua parte.
O que você tem feito diferente dos seus colegas, que
faz com que você seja o melhor? Ou será que você está “na
média”?

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Onde estão as
oportunidades para
engenheiros?
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Engenheiro nos concursos públicos

N o momento, os concursos estão em baixa no país, mas


tenha uma certeza: assim que a economia começar
a retomada, precisaremos de novos concursos específicos
para nossa área.
As empresas públicas, prefeituras e governos dos
estados têm muita carência de quadros técnicos. Muito di-
nheiro público é devolvido aos cofres ou desperdiçado por
falta de projetos e profissionais de engenharia no serviço
público.
Além do retorno dos concursos para a área de enge-
nharia, tenha outra certeza: se você se preparar, terá maior
chance de ser aprovado em concursos de qualquer área.
Afinal, você, engenheiro ou estudante de Engenharia, de-
senvolveu um raciocínio e capacidade de análise e síntese
diferenciados. Ou você acha que sofreu por cinco anos com
tanto cálculo em vão?
Veja reportagem da revista Exame, de 28 de abril de
2015: “Engenheiros têm mais chance num dos concursos
mais cobiçados: Formação em engenharia é vantagem para
candidatos de olho no concurso da Receita Federal”.
Ainda de acordo com essa reportagem:

A engenharia é uma das áreas de formação universi-


tária mais frequentes entre os aprovados em um dos

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concursos de nível superior mais cobiçados do Brasil:


o da Receita Federal para auditor e analista. A afirma-
ção vem do professor da rede de ensino LFG, Rober-
to Caparroz. Segundo ele, concurseiros formados na
área de exatas têm maior índice de êxito no concurso,
notadamente os engenheiros. “Isso porque a prova,
no fundo, exige um rigor técnico e lógico que não é
muito difundido em outras áreas do conhecimento,
como nas ciências humanas, por exemplo”, diz Ca-
parroz, que além de professor, é auditor fiscal da Re-
ceita. “Na minha turma do curso de formação mais
de 90% eram engenheiros”, diz.

Como estudar para concursos de engenharia?


Técnica de estudo, cada um tem a sua. Na verdade,
discordo de autores que tentam impor um método de pre-
paração ideal. Cada um tem o seu ritmo e a sua metodolo-
gia. O importante é ter disciplina!

“Disciplina é a ponte entre metas e realizações” (Jim Rohn)

É importante ressaltar que, geralmente, os conteú-


dos dos concursos exigem uma gama imensa de conheci-
mentos, o que torna praticamente impossível o estudo de
tudo em tempo hábil para a prova. Assim, eu nunca estu-
dei especificamente para nenhum concurso de engenharia.
No entanto, fui aprovado em um dos melhores e mais de-
sejados concursos da nossa área no país, e, para isso, o que
fiz foi me manter sempre atualizado.

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Leia muito, assine revistas técnicas, compre livros,


faça cursos de extensão, participe de congressos, encontros
técnicos e “semanas de engenharia”.
Outra forma de me preparar foi fazer todos os con-
cursos que apareciam, mesmo aqueles que ofereciam salá-
rios ridículos. O intuito nem sempre era passar, mas treinar
e me testar!
Hoje em dia, para facilitar a preparação, já temos
algumas editoras que vendem apostilas com questões re-
solvidas de engenharia e sites que disponibilizam isso
gratuitamente.

A pirâmide de Wiliam Glasser


De acordo com a Teoria da Escolha, do psiquiatra
americano William Glasser, existe um grau diferente de
aprendizagem de acordo com a técnica de estudo utiliza-
da. De acordo com ele, aprendemos:

• 10% quando lemos;


• 20% quando ouvimos;
• 30% quando observamos;
• 50% quando vemos e ouvimos;
• 70% quando debatemos;
• 80% quando fazemos;
• 95% quando ensinamos.

Precisa-se de engenheiro  33
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Engenheiro Professor
Desse quesito sou suspeito pra falar, pois, como mui-
tos sabem, sou um apaixonado pela educação. Sou mais
professor do que engenheiro.
Minhas primeiras atividades em sala de aula acon-
teceram no ano 2000, e só me graduei em Engenharia em
2003. E olhe que, antes disso, dava aulas particulares. Por-
tanto, a docência está no meu sangue.
Claro que ter o dom ajuda, mas qualquer um que se
prepare terá capacidade de ministrar um conteúdo. Esco-
lha um assunto de que goste, estude, pesquise e organize
apresentações, fluxogramas e exercícios. É uma forma fa-
bulosa de aprender.
A docência obriga você a estar sempre pesquisan-
do e estudando, desenvolvendo a oratória e a autocon-
fiança.
Outra grande vantagem de ser professor é aumentar
a rede de relacionamentos profissionais (networking). Você
conhece muitas pessoas. Muitos alunos serão seus clientes,
colegas de trabalho, parceiros e amigos no futuro.
Ser professor abre portas e outras oportunidades,
além de ser um grande diferencial em seu currículo.
E sim, é possível sobreviver com salário de professor!

“Um professor afeta a eternidade; é impossível dizer até


onde vai sua influência” (Henry Brooks Adams).

Mas, de tudo, o mais gratificante é conseguir com-


partilhar ideias, conhecimentos, ética e servir de referência

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para futuros profissionais. São extremamente poderosos


para a autoestima o elogio e o reconhecimento de um alu-
no. Experimente!

Engenheiro em outras áreas


Devido a nossa capacidade de análise, raciocínio rá-
pido e objetividade, também temos muitas oportunidades
fora do mundo da engenharia.
De acordo com a CNI – Confederação Nacional da
Indústria, mais de 50% dos engenheiros não trabalham na
sua área de formação. E isso pode ser bom. Se, por um lado,
demonstra a falta de oportunidades na nossa área, por ou-
tro, mostra que podemos atuar em atividades diferentes.
Um dos setores em que somos mais procurados é no
financeiro, devido a nossa capacidade de trabalhar com
números, fazer análise de viabilidade e de tendências, de
forma rápida e precisa.
A revista Exame, em 19 de março de 2013, publicou
a seguinte reportagem: “O mercado financeiro tira os en-
genheiros das obras: Os melhores cérebros da engenharia
estão indo para o mercado financeiro, e não para os setores
mais críticos, como indústria, infraestrutura e energia”.

Precisa-se de engenheiro  35
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O novo perfil
do engenheiro
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É importante destacar que, para uma empresa contratar


um estagiário ou profissional de engenharia, o conhe-
cimento técnico é default; ou seja, o contratante já espera na-
turalmente que você tenha o conhecimento técnico. Assim,
isso dificilmente será um diferencial. Poucas empresas
fazem uma avaliação desses conhecimentos por meio de
prova, por exemplo, a não ser que haja necessidade de um
conhecimento muito específico.
A faculdade em que você estuda ou se formou tam-
bém tem importância menor, ainda que algumas insti-
tuições estejam caminhando para ficar estigmatizadas no
mercado devido ao nível de conhecimento extremamente
baixo dos alunos que estão se apresentando ao mercado de
trabalho. E você também é corresponsável por isso! Exija
seus direitos! Exija bons professores da área, com conhe-
cimento e experiência. Exija laboratórios e aulas práticas.
Não seja condescendente com a fraude (cola/pesca) em sala
de aula. Faça sua parte!
Se um estudante, que você sabe que não tem condi-
ções de ser engenheiro, cola grau devido a uma resposta
na prova que você lhe passou, depois não reclame se esse
aluno chegar ao mercado de trabalho, tomar sua vaga e,
despreparado para tal, for aos poucos “queimando” a ins-
tituição em que você se formou/formará e, por consequên-
cia, o seu currículo. Ou, ainda, que o mesmo se proponha

Precisa-se de engenheiro  39
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a executar serviços técnicos por um valor bem abaixo do


normal, tirando mercado dos bons profissionais.
Nunca teremos o país que desejamos se tolerarmos
os pequenos delitos, se acharmos que os fins justificam os
meios.

“Não existe país no mundo em que o governo seja corrupto e


a população honesta e vice-versa” (Leando Karnal)

Então, o que realmente as empresas procuram em


um estagiário ou engenheiro recém-formado?
Para responder a essa pergunta, recorro à minha vi-
vência nesses 14 anos de formado, embasado também por
algumas pesquisas e artigos científicos.
Um dos levantamentos mais completos já feitos
acerca dessa temática foi realizado através de pesquisa fi-
nanciada pela Fiesp, com mais de 17 mil empresas, e foram
mencionados 72 atributos ao total. Analisaremos os fatores
mais valorizados pelas empresas, com dicas sobre como agir
e desenvolver cada uma dessas habilidades e competências.

Liderança e trabalho em equipe


Em primeiro lugar, como um dos fatores mais men-
cionados como caraterística desejável no momento de con-
tratação de um engenheiro ou estagiário, está o trabalho
em equipe. Entre as dez primeiras características, também
foi citada a habilidade de conduzir homens (liderança).
Observe que essas competências não se aprendem na fa-
culdade de Engenharia, mas podem se desenvolver lá.

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Na faculdade
Aprenda e goste de trabalhar em equipe. Confes-
so que eu não gostava, nos tempos de faculdade, pois
achava que me atrapalhava. Tinha meu método e minha
velocidade para fazer as coisas, e preferia fazer indivi-
dualmente. Fiz errado!
Tente, durante a faculdade, trabalhar em grupos di-
ferentes. Nada de panelinha! Além de fortalecer seus rela-
cionamentos com mais pessoas, ainda fará com que você
desenvolva uma tolerância e habilidade em trabalhar com
pessoas diferentes. Isso acontecerá muito durante sua
vida profissional.

Aprenda a trabalhar em equipe. Respeite a diversidade e


aprenda a ser tolerante.
Nem sempre poderemos trabalhar com quem a gente gosta!

Ainda durante os trabalhos escolares, sempre eleja


um líder ou coordenador de equipe, e promova uma ro-
tatividade nesse posto sempre que puder. Além de aju-
dar o outro a desenvolver a liderança, também é bom
para que você saiba se portar em posição hierárquica
inferior.

No estágio
Enquanto estagiário, a sua função primordial é
aprender. Fique colado no engenheiro e nos encarrega-
dos, observando tudo o que acontece ao seu redor. Seja

Precisa-se de engenheiro  41
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humilde para aprender: você está em um ambiente novo,


em um local onde só tem “raposa velha”.
Não se esconda do trabalho. Seja proativo e tome a
iniciativa de ajudar, mesmo quando não for acionado.

Dica: Mensalmente, faça um relatório e passe para o seu


superior, com uma descrição geral do que você fez na obra,
apontando problemas observados e propondo soluções,
principalmente no tocante à melhoria dos processos, redu-
ção de despesas e aumento da lucratividade.
Fiz isso no meu primeiro estágio, e me abriu portas. A primei-
ra empresa em que estagiei foi também a que trabalhei de-
pois de graduado, o que deixa mais claro ainda a importância
do estágio.

Tenha visão crítica. Muitas vezes, as técnicas e os


conhecimentos utilizados na obra são empíricos, ou seja,
vão sendo transmitidos através das gerações – sendo mui-
tas dessas técnicas sem nenhuma eficácia ou comprovação
científica. Cabe a você correr atrás e pesquisar se aquilo
que está sendo feito realmente deve ser executado daquela
maneira. Se tiver certeza de que aquele procedimento deve
ser realizado de forma diferente, sugira a forma correta.
Na obra você aprenderá coisas certas e erradas. Faz
parte!
Quanto à falta de oportunidades, não desanime. Seja
paciente, determinado e persistente, que você conseguirá
sua colocação.
Enquanto não consegue um estágio ou primeira opor-
tunidade, participe de todas as visitas técnicas que puder.

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Peça para aquele seu amigo ou professor que o deixe fazer


uma visita no seu local de trabalho. Procure as obras na sua
vizinhança, e peça para dar uma olhadinha. Pare o carro ou
desça do ônibus quando tiver tempo e observe uma obra ou
serviço de engenharia acontecendo no meio da rua.
Alguns canais do YouTube e perfis nas redes sociais
promovem verdadeiras imersões nas obras. Fique atento!
Se conseguir uma oportunidade, não se preocupe
com a remuneração. O importante é aprender e começar
a ganhar experiência. Isso é um diferencial no mercado de
trabalho.
Se temos dois engenheiros ou estagiários para con-
correr a uma vaga, fatalmente o que tiver alguma experiên-
cia, mesmo que de estágio, terá mais possibilidades do que
aquele que nunca pisou em uma obra.
Isso acontece porque a maioria das empresas que
procuram um estagiário não buscam um profissional para
ensiná-lo a ser engenheiro. Buscam, na verdade, uma pes-
soa que assumirá responsabilidades e tenha custo menor.

No primeiro emprego como engenheiro


O engenheiro é o posto máximo de uma obra ou am-
biente fabril. Isso traz responsabilidades e, algumas vezes,
gera inveja, recalque e ciúmes, principalmente em relação
ao profissional recém-formado. Por isso, seja parceiro da
sua equipe de encarregados: empodere, cobre e aprenda.
Lembre-se de que a palavra final, a decisão e também a
responsabilidade são suas, e lembre-se mais ainda de que
existem formas de fazer sua autoridade prevalecer sem

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imposição. Explique o porquê da sua decisão, ouça e res-


peite o contraditório, e convença os demais a adotarem seu
método, caso sua forma seja a melhor. Se não for, tenha hu-
mildade em voltar atrás.
Com relação aos colaboradores, seja gentil e fale com
todo mundo. Algumas atitudes fazem toda a diferença.
Tome café ou almoce com eles em algumas ocasiões. Nes-
ses momentos, descontraia, não fale de trabalho. Faça com
que eles o admirem pela humildade. E lembre-se sempre:

“Elogie em público e corrija em particular. Um sábio orienta


sem ofender e ensina sem humilhar” (Mário Sérgio Cortella)

Segurança no trabalho, limpeza e organização


Na realidade atual, não se tolera uma fábrica ou can-
teiro de obras que provoque acidentes ou condições de bai-
xa dignidade aos seus trabalhadores.
A cada dia que passa, o nome e a reputação de uma
empresa são mais valorizadas pelos clientes na hora de
comprar um produto ou serviço. Nenhuma empresa quer
ter seu nome vinculado a condições degradantes ou a aci-
dentes que repercutam na imprensa ou nas redes sociais.
Principalmente nos dias atuais, quando todo mundo tem
um smartphone com câmera, e uma foto ou vídeo podem
“viralizar” em minutos, em casos desse tipo.
Nesse caso, mantenha o seu local de trabalho limpo e
organizado, e vá sempre conscientizando a equipe sobre a
importância dessas atitudes.

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Isso diminui acidentes e dá uma ótima impressão a


clientes, visitantes e órgãos fiscalizadores. Uma obra ou fá-
brica suja e desorganizada dá impressão de que não tem
comando.
Dê mais atenção à disciplina de higiene e seguran-
ça do trabalho. Estude mais sobre logística do canteiro de
obras e, se possível, ingresse em uma pós-graduação com
essa temática. Faz diferença!
E não se esqueça que, mesmo que sua obra tenha um
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho –, a responsabilidade
por um canteiro de obras ou pátio fabril é do engenheiro.
Havendo um acidente com vítima fatal, você poderá ser
indiciado até por homicídio culposo, se for constatado que
a causa do acidente foi negligência, imprudência ou impe-
rícia da administração da obra. Fique atento!

Dica: Sempre que estiver no comando e o canteiro/pátio fa-


bril estiver sujo ou desorganizado, não hesite! Pare a produ-
ção por algumas horas e deixe o local de trabalho limpo e
organizado.
É fundamental, esteticamente e psicologicamente! Melhora
a produção e diminuem os acidentes.

Economia de recursos
No gerenciamento de projetos, trabalhamos com
a chamada “tripla restrição”: prazo, custo e escopo. Um
engenheiro precisa realizar seu projeto de acordo com as

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especificações técnicas (escopo), dentro do prazo previsto


e de acordo com o orçamento estimado.
Você foi contratado exatamente para isso. Então pen-
se, analise os processos e tenha um olhar crítico e analítico.

Sempre existe uma maneira de melhorar um processo e


torná-lo mais produtivo e barato.

Você é pago para pensar, diminuir custos e executar os


projetos no prazo, com os recursos previstos em orçamento.
Então, ande no seu canteiro/pátio fabril sempre pen-
sando em pontos de melhoria. Sempre existe uma maneira!
Isso é o chamado PDCA (do inglês Plan, do, check and act, ou
seja, planejar, executar, checar e ajustar).
No início, você verá que é mais fácil. Quando tudo
está acontecendo de forma desordenada, pequenas melho-
rias fazem uma grande diferença. Entretanto, com o pas-
sar do tempo, vai se tornando mais difícil melhorar; será
necessário um maior esforço para uma melhoria pequena.
Mas sempre é possível.
É melhor a incerteza dos pequenos avanços do que a
certeza da estagnação! Não descanse e ache que já está bom.
Qualquer medida implementada, se não for fiscalizada, e se
a equipe não for instruída, em pouco tempo tenderá a per-
der efeito e tudo voltará ao estágio inicial ou status quo.

Toda mudança de paradigma é difícil e gera resistência. Até


que se torne um hábito.

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Para que a equipe entenda e compre a ideia, a melhor


forma é explicar o motivo da mudança, e mostrar os resulta-
dos obtidos com ela.

Dica: Quando atuei como gerente de obras, desenvolvi um


relatório mensal que comparava o orçamento e o cronogra-
ma realizado no mês com o que fora planejado.
Através de tabelas e gráficos, passava esses resultados para o
diretor da empresa de forma bem didática.
Ao conseguir visualizar a economia de recursos e a compati-
bilidade entre cronograma previsto e obra física, recebia dele
feedback muito positivo do meu trabalho.
Tal relatório fazia com que eu tivesse o gerenciamento do
meu projeto na palma da mão e na cabeça.
Quando alguém perguntava um índice de produtividade ou
o andamento da obra, previsão de inauguração, consumo
de material ou tamanho da equipe, a resposta saía no auto-
mático. Isso gera credibilidade!

Na faculdade não aprendemos isso. Mas, utilizando


os conhecimentos adquiridos, foi possível criar uma ferra-
menta de gerenciamento e de marketing pessoal!

O melhor marketing pessoal é a capacidade de demonstrar


resultados do seu trabalho.

Resultados são números, e, para se aferir o desempe-


nho, é preciso medir, calcular, controlar processos e ter ca-
pacidade de análise para identificar, de forma consistente,

Precisa-se de engenheiro  47
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os fenômenos observados. Isso se consegue com conheci-


mento e experiência.

Capacidade de planejar
No nosso país, perdemos há muito a capacidade de
planejar de forma eficiente. Vivemos na época do imedia-
tismo, em que se vai vivendo e tomando as ações sem um
horizonte ou foco definido.

Analise bem: Você tem um planejamento de carreira, um pla-


nejamento financeiro ou um planejamento familiar?
Como acha que estará daqui a cinco, dez ou 15 anos? O que
você está fazendo lhe permitirá alcançar esse planejamento?

No poder público, a situação se repete. Os governos


que se sucedem pensam apenas nos quatro (ou, no máxi-
mo, oito) anos de sua gestão. Não se sabe nem quais são
as reais prioridades do bairro ou da cidade, quanto mais
da nação!
Em uma obra não é diferente. O primeiro choque
que tive, durante e após a conclusão do curso de Engenha-
ria, é que os cronogramas são peças meramente formais,
para não dizer ficcionais. Faz-se cronograma porque é exi-
gido! Mas, depois que foi entregue a quem solicitou, nem
se olha mais.
Felizmente eu tive uma escola fantástica, que foi a
primeira empresa em que trabalhei. Nela, as obras tinham
data e hora para serem entregues. Dessa forma, tive que
aprender, forçado e na prática, a fazer um planejamento

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semanal e reuniões de ponto de controle, para verificar o


andamento do que fora planejado, e retroalimentar o pla-
nejamento em casos de atraso, tomando medidas para
compensar aqueles eventos quando necessário.
Tudo isso em uma época em que não havia as ferra-
mentas tecnológicas que se tem hoje.
Planejamento, controle, medição e replanejamento são
chaves para o sucesso de qualquer profissional. Aprenda!

Atenção: As ferramentas tecnológicas, sejam elas quais fo-


rem, são completamente inúteis nas mãos de quem não tem
conhecimento. Não corra para fazer um curso do software A
ou B se você não tem conhecimento sobre o assunto. Você se
tornará um mero apertador de botão.

Ainda em relação aos cursos de extensão, é sempre


bom verificar a formação e experiência do instrutor. Um
instrutor que conheça a ferramenta, mas não tenha ex-
periência como gestor de um projeto, não conseguirá de-
monstrar adequadamente as aplicações das ferramentas
tecnológicas e nem os famosos “pulos do gato”.

Ambição profissional
Apesar de a palavra “ambição” muitas vezes pare-
cer pejorativa, empregá-la no sentido profissional refere-
-se àquele que não se acomoda, que busca incessantemente
crescer, se aperfeiçoar, estudar e fazer sucesso.
Se você conseguiu uma boa colocação profissional, ou
mesmo se passou em um bom concurso público, não relaxe!

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Nunca ache que está bom, que é suficiente. A ambi-


ção se transforma em motivação.

Sonhe alto! Você é do tamanho dos seus sonhos!

Continue estudando, se reciclando e aprendendo coi-


sas novas, pois nunca se sabe o dia de amanhã. Faz bem
ao cérebro e a sua saúde. E, além disso, investir em você
mesmo é sempre o melhor investimento. Estudar nunca é
demais, e nunca é infrutífero. É o único investimento que
não é perecível!
Fatalmente você estudará mais após a formatura do
que estudou durante a graduação, e isso é ótimo. O investi-
mento no aprendizado, além de lhe dar novas ferramentas
de trabalho (conhecimento), ainda aumenta seu networking,
já que você conhecerá pessoas da sua área de atuação. E isso é
fundamental!
Tais atitudes serão notadas por todos a sua volta, e
qualquer empresa valoriza esse tipo de profissional e tem
receio em perdê-lo.

Ética profissional
Ética é um conjunto de valores morais que servem de
referência para a conduta humana em sociedade. Ou ainda,
recorrendo mais uma vez ao grande Mario Sergio Cortella:

Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos


para responder a três grandes questões da vida: (1)
quero?; (2) devo?; (3) posso? Nem tudo que eu que-
ro eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem
tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito

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quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o


que você pode e o que você deve.

Sem dúvida, a ética está no centro de todas as maze-


las que vivemos atualmente no nosso país. Não podemos
mais admitir que em nossa nação se perpetue ética tão frá-
gil e questionável. Nenhuma pátria consegue chegar a um
nível de desenvolvimento sem uma consolidada consciên-
cia ética, entranhada em sua população.
Ser ético é querer vencer, ainda que lentamente, mas
com mérito, fugindo de atalhos que facilitem de forma du-
vidosa ou questionável sua trajetória. Sem passar por cima
das pessoas. Cumprindo sempre o que foi combinado,
mesmo que apenas verbalmente.
A ética começa nas pequenas coisas do nosso cotidia-
no: não jogar lixo pela janela, não passar no sinal vermelho,
não estacionar em local proibido, não fazer fila dupla nem
furar a fila, prometer e cumprir.
Ética é respeitar as regras, tanto as impostas quanto
as que, mesmo não estando escritas, servem para um bom
convívio em sociedade.

O seu direito termina quando começa o do outro.

Quando pensar em ética profissional, lembre-se de


que sua carreira profissional se iniciou exatamente no seu
primeiro dia de aula. Então, ter ética em sala de aula é ter
ética profissional.
Você está sendo avaliado, todos os dias! Seja pelos
seus colegas ou pelo seu professor. Seu colega da carteira

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ao lado pode vir a ser seu chefe, indicar-lhe a uma vaga ou


ser seu concorrente.
Como você vai vestido para faculdade? Como se com-
porta em sala de aula? Como andam o seu linguajar e o seu
vocabulário?
Ética também é respeitar as regras da faculdade,
que estão em seu regimento. Você conhece esse regimen-
to? Já o leu?
Ética é respeitar o professor. Você só tem a ganhar, e
nada a perder. Acredite, nenhum professor tem prazer em
levar ninguém para exame final, e muito menos em re-
provar. É um trabalho a mais elaborar e corrigir mais uma
prova: ele não ganha nada a mais com isso, só perde um ou
mais dias de folga.
Reprovar um aluno também é constrangedor. O pro-
fessor se sente mal e, no fundo, por solidariedade, sofre
junto com o aluno. Mas, por vezes, ele terá que fazer isso,
porque faz parte de seu trabalho e está na regra. Entenda
definitivamente que a culpa da sua reprovação é única e ex-
clusivamente sua. Você devia ter estudado mais, para con-
quistar aquele 0,5 ponto que faltou. Repito: não terceirize
a responsabilidade por seus fracassos.
E saiba que o professor e seus colegas de trabalho
são as maiores possibilidades que você terá no mercado de
trabalho, pois a chance de conseguir um emprego apenas
disparando currículos e se cadastrando em sites de vagas
é menor. O tão mal falado “QI” é ainda o que mais abre
portas. E isso não é ruim!

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Em uma seleção entre o currículo nota 10 de um des-


conhecido e um currículo nota 8 com referência, há gran-
des chances de o escolhido ser o segundo.
E será que aquele seu colega de sala que só aparecia
no dia da prova, que se vestia de bermuda e chinelo, que
não participava da aula, que só colocava o nome no trabalho
e segurava o cartaz, que só obteve as aprovações por meio
ilegal (cola) será lembrado por você? Você indicaria essa
pessoa para uma vaga?
Lembre-se que, quando você indica uma pessoa
para uma vaga, também será “corresponsável” pelo resul-
tado dela.
Ter ética é também ser fiel à empresa, não usar in-
formações internas no ambiente externo em seu proveito,
e saber como se portar até mesmo na hora de pedir demis-
são. Defender a empresa junto aos seus stakeholders, lutar
pelo seu crescimento, em suma: “vestir a camisa”!
Quando você trabalha em uma empresa, tem que sa-
ber se portar fora dela. Qualquer deslize seu, mesmo na
vida pessoal, de certa forma respingará na credibilidade
da empresa.

Ferramentas básicas de informática


As ferramentas tecnológicas atualmente fazem parte
do trabalho do engenheiro. É inadmissível um profissional
que tenha ainda resistência a essas ferramentas.
Aprenda, perca o medo e se familiarize. Pacote Offi-
ce é básico, principalmente o Excel! AutoCAD também.
A partir daí, você vai entrando e se aprofundando mais

Precisa-se de engenheiro  53
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nas ferramentas da área em que trabalha ou que pretende


trabalhar.
Mas é importante reforçar que software é uma ferra-
menta apenas, nunca substituirá o engenheiro. Em muitos
casos, é uma calculadora que lhe garantirá velocidade, pro-
dutividade, eficiência e só.
Não adianta você fazer um curso para aprender a se-
guir um roteiro, como se fosse uma receita de bolo. Você
deve dominar o conhecimento sobre aquela área, para que
o software não vire “muleta”. E, por isso, é bom se infor-
mar antes de matricular-se em algum curso.
Lembre-se ainda que, ao fazer um projeto ou um or-
çamento utilizando uma ferramenta, você terá que prestar
assistência e ser responsável por aquele serviço, durante e
após a execução. Por isso, você tem que entender perfeita-
mente como o software fez aquele cálculo, para que não se
torne refém dele.

Proatividade
Costumo comparar muitas pessoas a ursos. Ursos só
correm atrás de alguma coisa quando estão precisando de
comida ou fugindo de uma ameaça. Só agem quando são
provocados por um predador ou por seu estômago.
Não faça apenas o que lhe pediram para fazer. Não
aguarde ordens. Você tem que saber o que fazer, como e
quando agir, e definir as prioridades.
Lembre-se de que, na maioria dos casos, você é con-
tratado para gerenciar um empreendimento ou para pen-
sar a solução de um problema. Então antecipe-se sempre!

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Analise tudo com olhar crítico, antecipando-se aos


problemas e buscando sempre fazer mais com menos.
Isso também se aplica a sua carreira. Não espere
surgir uma oportunidade de estágio, uma aula no la-
boratório, uma visita técnica da faculdade; não estude
apenas para passar na prova, não espere a divulgação
de vagas de emprego, ou que saia o edital do concurso.
Antecipe-se!
As oportunidades estão a todo momento a sua vol-
ta; se você estiver atento e proativo, as conseguirá ou as
construirá.

Adaptabilidade
Quando falamos em estar aberto a mudanças, não
se trata apenas de mudança de cidade. Claro que para nós
engenheiros e, principalmente, para os recém-formados, às
vezes é necessário ir aonde a oportunidade está, muitas ve-
zes longe de casa.
Estar aberto a mudança é muito mais que isso. É se
adaptar a uma nova forma de trabalhar, a um novo softwa-
re, ser flexível e resiliente.

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligen-


te, mas o que melhor se adapta às mudanças” (Leon C.
Megginson)

Toda mudança encontra resistência. Não gostamos


de mudar. Gostamos de estar na situação atual, que é mais
cômoda, gera menos estresse. Mas mudar é necessário.

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“Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exata-


mente igual” (Albert Einstein)

Capacidade de comunicação
Certamente essa é uma carência de grande parte dos
estudantes e profissionais de engenharia. Em alguns casos,
essa carência é proveniente de um ensino fundamental e
médio de baixo nível e pouca leitura. Ainda nos depara-
mos com muitos estudantes que têm dificuldade em inter-
pretação de texto ou em escrever textos simples.
Nossa escrita tem que ter um mínimo de organiza-
ção, de modo que o leitor consiga entender o que queremos
dizer. E claro que não se pode cometer erros graves de orto-
grafia, problema que mais chama atenção.
É sempre bom lembrar que, ao contrário do que mui-
tos pensam, temos que escrever muito em nossa profissão,
especialmente laudos e pareceres técnicos. E o mais difícil
é que temos que saber alternar o vocabulário a ser usado,
dependendo do interlocutor.
Em alguns momentos, temos que falar com operá-
rios com pouquíssimo estudo; em outros, escrevemos para
leigos em engenharia, como juízes, advogados e clientes.
poderá haver, ainda, a necessidade de nos dirigirmos mais
tecnicamente a outros engenheiros.
Saber o momento de usar cada linguajar é extre-
mamente importante. Você não pode falar com o operário
usando linguagem técnica, pois ele não vai entender; e,
muito menos, falar com outro engenheiro com a linguagem
que usa com o operário.

56  José Murilo Moura dos Reis


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Tanto a linguagem verbal quanto a escrita devem ser


exercitadas durante a faculdade, e temos várias oportunida-
des para isso. Vença a vergonha e o nervosismo. Falar em
público é inerente a nossa profissão. Portanto, aproveite a fa-
culdade para superar esse obstáculo. Apresente os trabalhos
sempre. Além de treinar oratória e gerar autoconfiança, essa
prática ainda causa boa impressão nos colegas e professores.
Redija seus trabalhos: nada de copiar e colar da inter-
net. Isso vai ajudá-lo a elaborar seu trabalho de conclusão de
curso e, futuramente, ajudará na confecção dos seus laudos
e pareceres.
Fuja da tentação de procurar “modelos de laudo”.
Faça com que suas produções técnicas sejam o modelo para
os outros engenheiros!
Leia muito, e de tudo. Jornais, livros técnicos, blogs,
revistas de engenharia e mesmo livros de outras temáticas,
como gestão, liderança e motivação.

Compromisso com a qualidade


Por muito tempo, a grande preocupação dos pro-
fissionais de engenharia foi executar: realizar o processo
com vistas a atender o objetivo final, e cumprir o escopo
do projeto.
O que se viu com essa forma de executar – o “pro-
duzir por produzir” – foram muitos produtos, sejam eles
obras ou outras manufaturas, apresentarem vícios com
pouco tempo de uso, levando algumas empresas a ter
uma enorme estrutura de manutenção pós-entrega.

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Dessa forma, não basta fazer. É necessário fazer se-


guindo os procedimentos que garantam a maior durabili-
dade possível com os recursos consumidos para a tarefa.
Não se admite mais desperdício de recursos, tanto
por motivos econômicos – visto que o aumento da com-
petitividade vem diminuindo a margem de lucro das em-
presas, que não podem se dar ao luxo de ficar refazendo
serviços –, como ainda devido à péssima imagem gerada
pelas patologias junto a seus clientes. O aspecto ambien-
tal também deve ser levado muito em consideração, como
tema prioritário para as indústrias de transformação.
Além disso, muitas empresas vêm buscando, a cada
ano, a implementação de sistemas de gestão da qualidade,
com objetivo de conquistar certificações como ISO 9001 e
PBQP-H, que garantem obtenção de vantagens como aces-
so a financiamentos. Nesse sentido, um conhecimento a ser
agregado como diferencial pelo profissional de engenharia
é exatamente a gestão de tal sistema.
Em relação às construções habitacionais, uma norma
de vanguarda foi criada em 2013, e ainda está em proces-
so de absorção por parte das empresas: a NBR 15.575, que
trata do desempenho das edificações. Tal norma estabelece
exigências de conforto e segurança em imóveis residenciais.
A Norma de Desempenho de Edificações é segmen-
tada em:

1. Requisitos gerais;
2. Estrutural;
3. Pisos;

58  José Murilo Moura dos Reis


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4. Cobertura;
5. Vedação;
6. Sistemas hidrossanitários.

A norma estabelece critérios objetivos de qualidade


e os procedimentos para aferir se os sistemas atendem aos
requisitos. Essa é outra área que merece um estudo mais
aprofundado por parte do engenheiro civil, e que cada vez
mais será incorporada aos demais setores industriais.

Conhecimento do papel do cliente consumidor e


das necessidades do mercado
O engenheiro é a parte pensante das organizações,
por conta, principalmente, da sua capacidade de raciocínio
privilegiada e visão ampla de todos os processos industriais.
E, como parte da esfera decisória de qualquer empresa, o
engenheiro tem que ter um olhar abrangente sobre o merca-
do. Deve analisar o que vem sendo requerido pelos compra-
dores daquele seu produto, e tentar, sempre que possível,
adequá-lo para atender às expectativas do seu cliente.
Às vezes, pequenos detalhes com baixo custo podem
encantar um cliente. Nesse sentido, uma área que vem
crescendo bastante, e que abrange grande parte das enge-
nharias, é a Engenharia de Avaliações e Perícias. Falaremos
disso um pouco mais no capítulo sobre pós-graduação.

Domínio de outro idioma


Outra característica das mais citadas como diferen-
cial, pelas empresas pesquisadas, é o domínio de outro

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idioma. Tal conhecimento aumenta suas chances de su-


cesso profissional, pois alguns setores – como mineração e
logística, por exemplo – dependem muito do contato com
estrangeiros.
De acordo com a reportagem da revista Você S/A, de
24 de abril de 2017, uma pesquisa realizada pela Catho,
com 13 mil profissionais de diferentes níveis hierárquicos
no nível de coordenação, apontou que a diferença salarial
pode chegar a 61% em função do domínio do segundo idio-
ma. No caso de profissional especialista/graduado, esse
aumento percentual para quem tem inglês fluente atinge
a marca de 32%.
Ainda segundo a mesma pesquisa, 60% dos profis-
sionais têm apenas o nível básico de inglês. Portanto, aí
já está uma maneira de você estar entre os 40% melhores.
Pense nisso!

Conclusão da pesquisa
Como bem observou a autora Maria Candida Mora-
es, em seu artigo “O engenheiro dos novos tempos e as
novas pautas educacionais”:

“A quase totalidade dessas características estavam


relacionadas com as qualidades do SER e muito
menos com o SABER técnico. É um ser que procu-
ra compreender a qualidade como uma obrigação
constante em busca da perfeição no exercício de sua
atividade profissional. É um ser que sabe viver e con-
viver, que valoriza a ética, a dignidade pessoal, um
indivíduo que tem honra pessoal, que sabe conviver

60  José Murilo Moura dos Reis


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com as mudanças e que possui uma inteligência pes-


soal bem desenvolvida, o que significa ser capaz de
autoconhecer-se e de reconhecer e valorizar o outro.
É um ser autônomo, com boa capacidade decisória e
crítica para poder avaliar e confiar em suas fontes de
informações e ser capaz de produzir conhecimentos.
É um indivíduo com o domínio das instrumentações
eletrônicas e do inglês, com visão sistêmica, compe-
tente para desenvolver planejamentos estratégicos e
que entenda das etapas de produção na empresa.”

O que achamos que é valorizado pela empresa,


mas nem é tanto assim
O “status” da faculdade – ou seja, o nome e o peso da
instituição – ficou apenas na 23ª posição entre as caracterís-
ticas mais desejadas pelas empresas, na pesquisa da Fiesp.
Como dito anteriormente, realmente esse aspecto tem im-
portância menor, pois, como foi enfatizado: a gestão de sua
carreira é formada por uma série de etapas intra e extraclas-
ses, que podem fazer com que um aluno de faculdade com
reputação regular se destaque no mercado de trabalho.
Já a pós-graduação apareceu somente na 40ª coloca-
ção. Sem dúvida, a pós-graduação é importante como for-
ma de especialização em determinada atividade; mas, com
exceção de quem queira ser professor no ensino superior,
quando a pós é pré-requisito mínimo, os demais podem
esperar um pouco para tomar uma decisão mais acertada.
A pesquisa científica apareceu apenas na 46ª colo-
cação. Essa atividade, se não é importante para as empre-
sas, é muito valorizada pelas instituições de ensino e para
aqueles que buscam uma carreira acadêmica.

Precisa-se de engenheiro  61
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Pós-graduação
na Engenharia.
Quando e qual devo fazer?
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U ma das perguntas que mais recebo de alunos forman-


dos e recém-formados é “qual pós escolher?”, ou se “a
pós A é melhor que a pós B”.
Nesse sentido, a palavra que recomendo é cautela.
Como vimos anteriormente, a pós-graduação não aparece
entre as características mais requisitadas, a princípio, pelas
empresas. E por se tratar de um investimento de alto va-
lor, tome muito cuidado para não se precipitar. Fiz quatro
pós-graduações, porém a primeira foi somente quatro anos
após a graduação. E, se pudesse voltar atrás, talvez não ti-
vesse feito algumas das que fiz.
O foco do formando ou recém-formado é adentrar
no mercado de trabalho. Procure ganhar experiência e ver
qual das inúmeras áreas da engenharia tem portas abertas
para você. A partir daí, invista preferencialmente em pós-
-graduações que agregarão conhecimento nessa área. Isso
é importante para consolidação da sua carreira.
Para facilitar, costumo dividir as pós-graduações
para engenheiros em seis tipos:

• Aperfeiçoamento: são aquelas que lhe proporcio-


narão um aprofundamento em determinada área. Se
você elabora projetos de estruturas de concreto ar-
mado, uma pós-graduação específica dará mais cre-
dibilidade aos seus projetos, e conhecimentos que
otimizarão o seu trabalho.

Precisa-se de engenheiro  65
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• Novas ferramentas: existem outros tipos de espe-


cialização que lhe darão novas ferramentas, ou seja,
novas possibilidades, novas áreas de atuação. Por
exemplo, o Georreferenciamento. É um segmento
que, na maioria dos casos, não vemos na faculdade, e
que tem forte demanda, principalmente na área rural.
• Novas competências: temos ainda alguns cursos
de pós que nos dão uma segunda profissão em ape-
nas dois anos. Um exemplo claro é a Engenharia de
Segurança do Trabalho. De acordo com a legislação
brasileira, essa disciplina é restrita a engenheiros e
arquitetos, e permite o trabalho nessa área em que
a contratação pelas empresas é obrigatória, de acor-
do com o grau de risco e o número de funcionários.
Possibilita ainda o trabalho em tempo parcial, o que
torna possível que o engenheiro de segurança do
trabalho seja empregado em mais de uma empresa.
Além disso, ainda é uma área que demanda muitos
laudos, pareceres, consultoria e treinamentos. Ao
concluir a pós, constará na sua carteira profissional:
Engenheiro civil/mecânico/elétrico e Engenheiro de
segurança do trabalho.
• MBA: O Master of Business Administration, como
o próprio nome já diz, é uma pós-graduação mais
voltada para a área de gestão. Já temos muitos cur-
sos dessa natureza na área de engenharia. Atendem
a uma demanda crescente da competência de lide-
rança e gerenciamento pelo profissional de enge-
nharia. Como exemplo, podemos citar o MBA em

66  José Murilo Moura dos Reis


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Gerenciamento de Projetos, que é bastante completo.


Caso o aluno deseje, pode se submeter a uma ava-
liação de certificação do PMI – Project Management
Institute, que é bastante valorizada no mundo corpo-
rativo e abre portas, em nível global (desde que você
domine outro idioma, é claro!).
• Mestrado/Doutorado: é mais recomendado a
quem deseja a área acadêmica, já que facilita a entra-
da nas faculdades públicas, além de também gerar
possibilidade de aumento de salário, devido a es-
sas titulações. Para a seleção, são requeridas prova
de língua estrangeira, carta de recomendação (em
alguns casos), apresentação de projeto e dedicação
exclusiva.
Existe ainda o mestrado profissional, voltado para
quem já está no mercado de trabalho e tem menos
tempo para se dedicar ao estudo.
Atualmente, temos ainda alguns institutos que pro-
movem cursos de mestrado e doutorado no exterior.
Nesse caso, é importante analisar bem a veracidade
e credibilidade dessas instituições, para não entrar
em uma furada. Importante ressaltar que, na maioria
dos casos, será necessário fazer uma ou mais viagens
para o país de origem do curso.
Lembramos, ainda, que apesar de um título obtido
no exterior gerar um impacto no currículo, existe
todo um procedimento para validá-lo no Brasil.

Precisa-se de engenheiro  67
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• Outras áreas: pode ainda o profissional de enge-


nharia se aperfeiçoar em outras áreas, como Gestão
Empresarial, Gestão Pública, docência ou Finanças,
caso esteja inserido nessas atividades.

Como vimos, há uma infinidade de possibilidades.


Então, nada de afobação. Espere o momento oportuno e
faça um melhor investimento, de acordo com o desenvol-
vimento de sua carreira.
Segue uma dica. Dentre as pós-graduações que eu
fiz, foi a que mais me abriu portas:

A engenharia de avaliações, de acordo com o Ibape/SP,


é o campo da engenharia que consiste no “conjunto de
conhecimentos técnico-científicos especializados aplica-
dos à avaliação de bens”. É a ciência que subsidia a to-
mada de decisão a respeito de valores, custos, frutos e
direitos, e é empregada em uma variedade de situações,
tanto no âmbito judicial como extrajudicial.
Por ser uma área relativamente nova dentro da en-
genharia, ainda conta com poucos profissionais que
saibam realmente executar tal atividade, o que gera
grande procura e boa remuneração. Além disso, busca
dotar o profissional de uma boa visão de mercado e do
que realmente valoriza determinado produto na ótica
do cliente, direcionando assim as empresas a inves-
tirem mais nesses aspectos, em detrimento de outras
características – que, muitas vezes, não são sequer per-
cebidas pelo cliente e, por isso, não levam a um maior
valor de mercado.

68  José Murilo Moura dos Reis


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Importante ressaltar que avaliar já faz parte das atribui-


ções do engenheiro, de acordo com a resolução 218 do
Confea – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
Dessa forma, não é necessário, a princípio, nenhum cur-
so ou pós-graduação para exercer tal atividade. Porém,
é uma área difícil de estudar apenas por livros e normas,
por exigir uma matemática (estatística) complexa. As-
sim, recomendam-se alguns cursos na área, além da pós
que também gera um bom impacto no currículo.
As avaliações são requisitadas por bancos, pela justiça e
por empresas de contabilidade e advocacia e, portanto,
abrem portas para o empreendedorismo e são aplicadas
a diversas finalidades, tais como:

• Comercialização (venda e locação);


• Avaliação para fins de seguros e garantias;
• Análise de investimentos;
• Desapropriações e servidões administrativas;
• Planta Genérica de Valores.

Precisa-se de engenheiro  69
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O que eu posso fazer


se ainda estou
na faculdade?
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Estude

U m dos maiores arrependimentos que tenho é de não


ter estudado e me dedicado mais durante a faculda-
de. Você tem mais tempo quando é estudante, e tem toda
uma estrutura de apoio da instituição, dos seus amigos, da
biblioteca e dos professores. Quando pegar o canudo, essas
oportunidades se reduzem.
Não falte às aulas, anote tudo! Nada de fotografia
de quadro ou de caderno. Enquanto escreve, você estuda,
presta mais atenção e organiza o pensamento.
Hoje sinto muita falta das minhas anotações da épo-
ca de faculdade. Achei que tudo está em livros, e não está.
Muitos dos professores trazem o conhecimento mais atua-
lizado, aplicado e mastigado. E isso faz diferença.
Explore seu professor, no bom sentido. Ele não sabe
tudo, mas tem muita experiência e conhecimento para trocar.
Lembre-se de que você é o construtor do seu conhecimento.
Isso não é responsabilidade somente do professor. Vá além
dos slides, monte sua biblioteca. Invista na sua formação.
A avaliação do professor não precisa ser igual ao con-
teúdo do slide, e muito menos igual ao exercício que ele fez
em sala. É sua responsabilidade estudar mais do que aquilo.
Lembre-se de que, em sala de aula, o tempo é curto e
só dá para o professor explicar a ponta do iceberg. Portanto,

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na avaliação, ele pode sim lhe fazer pensar em um exercício


diferente, e agradeça por isso!
Na vida real nunca os problemas que surgem, são
iguais aos do quadro ou do slide. Você, enquanto enge-
nheiro, precisa saber utilizar o conhecimento adquirido
para encontrar soluções.

Seja participativo!
Como já dissemos, você é constantemente avaliado
por colegas de classe e professores. Faça o seu melhor den-
tro de sala de aula, sempre! isso inclui desde o modo de se
vestir, comportamento e linguajar até a participação por
meio de perguntas, debates, exemplos e experiências para
dinamizar a aula.
Esteja por dentro do que está rolando na faculdade.
Muitos eventos acontecem: seja proativo e se ofereça para
ajudar sempre. Isso ajuda a conhecer pessoas, e conhecer
pessoas abre portas.
Esteja atento às oportunidades: participe de todas as
aulas práticas, “semanas de engenharia” e visitas técnicas.
Peça para ir ao estágio do seu colega de classe ou do seu pro-
fessor, só para ver a obra. Pare o carro ou desça do ônibus ao
ver alguma obra da cidade, e vá “bisbilhotar”. Seja curioso!
Seja persistente na busca de oportunidades. Não acei-
te o “não” fácil, tente construir o “sim”! Quem não é visto,
não é lembrado! Sempre visite obras e procure falar com o
engenheiro, para tentar uma oportunidade.
As pessoas tendem a dar oportunidades aos persis-
tentes e aos resilientes. Lembre-se disso!

74  José Murilo Moura dos Reis


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Mantenha-se atualizado
Ninguém sai engenheiro da faculdade, apesar do di-
ploma de graduação. A formação do engenheiro vai muito
além da sala de aula. Até porque, cinco anos para o curso
de Engenharia é muito pouco tempo.
Cada disciplina geralmente tem carga horário entre 40 e
80 horas. Tire daí as avaliações, e sobra menos tempo ainda.
Costumo comparar o curso de graduação com a se-
guinte situação: você, ao se matricular em Engenharia Civil,
cai em uma sala completamente escura, em que não conse-
gue ver um palmo à sua frente. Cada disciplina é uma porta
que o professor abre, e você consegue ver uma luz, sabe
que, para aquele lado, há um caminho. Entrar por essa por-
ta é uma atribuição sua! O quanto você vai trilhar daquele
caminho depende única e exclusivamente de você. Então,
vá além do que o professor ministra em sala de aula, vá
além dos slides. Compre livros, veja a opinião e a forma de
ensinar de autores diversos. Construa seu conhecimento!
Existem muitos eventos, como workshops e “sema-
nas de engenharia” de várias faculdades, que são com-
pletamente gratuitos ou com valores irrisórios. Sinta-se
obrigado a ir, mesmo que o tema aparentemente não lhe
desperte a atenção. É sempre bom ver outras facetas da en-
genharia e, principalmente, conhecer pessoas da área. Es-
ses eventos servem também para isso.
Se puder, faça ainda cursos de extensão da faculdade
ou de outras instituições. Esses cursos rápidos geralmente
trazem o conhecimento que você viu na faculdade, de for-
ma superficial, de modo mais aprofundado e aplicado.

Precisa-se de engenheiro  75
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Se tiver condições, vá ainda em todos os congressos


e encontros que conseguir ir, dentro ou fora de sua cidade,
pelos mesmos motivos apontados acima.

Networking
Em todo e qualquer lugar em que você estiver ou fre-
quentar, lembre-se de conhecer as pessoas. Isso é tão impor-
tante quanto estudar.
Use o “QI” a seu favor! Quem não é visto, não é lem-
brado, e existem pessoas que são vistas, mas não são lembra-
das porque chegam a determinados eventos, entram mudas
e saem caladas.
Você tem que ser um personagem ativo, sempre! Per-
gunte, debata, dê opiniões, contextualize. Isso é muito impor-
tante! Sabe aquele ditado que diz que a primeira impressão
é a que fica?
Um dos momentos mais importantes de todo e qual-
quer evento é a hora do cafezinho ou do coffee break: é nesses
momentos que a gente puxa assunto e começa a conversar
com pessoas, criar empatia e relacionamentos profissionais.

Inserção no mercado de trabalho


A partir do 4° período, a sua prioridade deve ser a
busca por inserção no mercado de trabalho. Você tem que
passar por obras/pátios fabris para ver aplicado o conheci-
mento aprendido em sala de aula. São de extrema importân-
cia esse aprendizado e essa experiência. Isso agrega muito
ao currículo e até mesmo no seu aprendizado nas discipli-
nas que virão, pois muito do que o professor falar você já
terá visto acontecer.

76  José Murilo Moura dos Reis


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Claro que muitos não podem parar suas atividades


profissionais para estagiar, já que precisam sobreviver. Mas
quem tem condições tem que aceitar estagiar, mesmo que
não tenha remuneração.
O mesmo vale para o recém-formado. Se puder, acei-
te qualquer trabalho, mesmo que o salário seja abaixo do
“piso” do engenheiro. Construa sua remuneração! Se você
apresentar resultados consistentes, será valorizado. Não te-
nha dúvida disso.

Criatividade, curiosidade
Todo engenheiro tem que ser curioso por natureza.
A curiosidade sempre leva a tentativas de descobrir como
fazer algum processo, e isso tem que andar de mãos dadas
com a criatividade.
Criatividade é a capacidade de fazer de forma diferen-
te o processo observado, em busca da melhoria do resultado.
Existem algumas ferramentas para exercitar a
criatividade e organizar o pensamento. Uma delas é o
brainstorming ou tempestade de ideias. Pense em todas as
soluções para um determinado problema. Até mesmo aque-
la ideia aparentemente mais absurda deve ser levada em
consideração.
Depois disso, é hora de montar os cenários e ver quais
das ideias levantadas são viáveis. Na sequência, faz-se um
plano de ação (5W+2H) de modo a descrever em detalhes o
processo a ser executado.
O 5W+2H geralmente se faz em formato de plani-
lha, respondendo, para medida a ser tomada, as seguintes

Precisa-se de engenheiro  77
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perguntas: O que (What)? Quem (Who)? Quando (When)?


Onde (When)? Por quê (Why)? Como (How)? Quais os re-
cursos necessários (How much)
Isso é fazer engenharia! Pensar soluções! Ideia e
execução.
Tão importante quanto ter ideias, para um engenhei-
ro, é colocá-las em prática. Sei que temos um perfeccionis-
mo e queremos que tudo funcione como planejado, mas,
algumas vezes, esse perfeccionismo atrapalha. Nem sem-
pre podemos esperar as condições perfeitas para colocar
uma ideia em ação.
Então, saiba que, algumas vezes, vamos ter que iniciar
uma ação ainda com as condições imperfeitas; mas é impor-
tante “botar pra rodar”, e aí, com a ação, vamos corrigindo
e aperfeiçoando a ideia no decorrer da implementação. É a
velha ideia de trocar as rodas do trilho com o trem andando.
Isso também acontecerá quando você chegar em uma
obra ou fábrica com os processos já em andamento. Por mais
imperfeito que esteja o processo, é difícil parar tudo para
consertar as engrenagens. Você vai ter que fazer um plane-
jamento, para ir corrigindo com o processo em andamento.

Dono da empresa
O engenheiro é contratado para administrar um pro-
cesso, ocorra ele em uma fábrica ou um canteiro de obras,
e gerenciar os recursos, que geralmente são bem vultosos.
Assim, o dono da empresa espera desse profissional
que ele aja com a mentalidade do dono, buscando econo-
mizar e evitar desperdícios.

78  José Murilo Moura dos Reis


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Economizar não é reduzir custo de qualquer manei-


ra. Uma economia com redução de qualidade pode gerar,
futuramente, muito mais prejuízo com manutenção. Eco-
nomizar é otimizar o processo, de modo a manter a qua-
lidade desejada usando a menor quantidade de recursos
possível. E isso passa pela redução de perdas ou desperdí-
cios com retrabalho, furto, etc.

Responsabilidade e comprometimento
Responsabilidade, ética e comprometimento são as
qualidades mais buscadas pela empresa, de maneira ge-
ral, de acordo com uma pesquisa da Curriculum. Ainda
nessa mesma pesquisa, verificou-se que 68% das empresas
não estão satisfeitas com os candidatos que participam dos
processos seletivos. Segundo Marcelo Abrileri, presidente
da Curriculum: “Boa formação, aliada a bons valores e ati-
tudes, formam o profissional desejado”.
Nem é preciso falar sobre a importância da confian-
ça. Você tem que se mostrar confiável sempre. Ser confiá-
vel é falar a verdade, mesmo que a verdade mostre uma
fraqueza ou erro seu. Assuma a responsabilidade! Não
busque culpados ou desculpas. Se você é o engenheiro, você
é o responsável.

Marketing pessoal
Muito já falamos sobre o marketing pessoal, e isso
envolve a forma de se vestir, comportamento, lingua-
jar, networking e engajamento, desde o primeiro dia de
aula na faculdade. Também é importante demonstrar

Precisa-se de engenheiro  79
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resultados e ter orgulho deles; isto é, apresentar os seus


resultados sempre. A eficiência de um processo ou de
uma pessoa só são obtidos por meio de indicadores.
Existe uma máxima que diz que “para conhecer, é preciso
avaliar, e, para avaliar, é necessário medir”.
Não adianta você trabalhar 12 horas por dia, com
comprometimento e entusiasmo, se não conseguir que toda
essa energia se transforme em resultados. Apesar de pare-
cer cruel, no mundo da engenharia se avaliam resultados e
não puramente o esforço.
Portanto, se sua empresa não possui indicadores
para te avaliar, crie-os você mesmo! Isso é muito importan-
te também para o currículo. Em vez de simplesmente citar
as empresas em que trabalhou, que tal, de forma sucinta,
mostrar os resultados obtidos?

80  José Murilo Moura dos Reis


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Como conseguir
a minha vaga?
Preparando seu currículo.
Entrevista de emprego.
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D e acordo com pesquisa recentemente divulgada, a


maioria das vagas são obtidas através da indicação.
Já falamos muito sobre isso, sobre onde e como construir
sua rede de relacionamentos profissionais.
Em seguida, vêm as plataformas de divulgação. Po-
rém aqui cabe uma reflexão. Quando aguardamos uma vaga
ser divulgada, a possibilidade de obter sucesso diminui bas-
tante, devido à enorme quantidade de candidatos que irão
se manifestar. Assim, por melhor que seja seu currículo, às
vezes ele sequer será lido com a atenção necessária.
É importante que você chegue na empresa antes da di-
vulgação, através de indicação, ou mesmo batendo na por-
ta. Obviamente não estou me referindo a bater na porta da
empresa para simplesmente entregar um currículo. O ideal
é ter uma conversa pessoal com alguém que tenha poder de
decisão. E, nesse caso, a indicação – mais uma vez ela – con-
ta muito! Lembra-se do filme À procura da felicidade? Nesse
filme, o protagonista elabora toda uma estratégia para ser
selecionado para a vaga. Uma lição de vida!
Em terceiro lugar na pesquisa aparece, em menor in-
cidência, a obtenção de trabalho através das redes sociais.

Uso das redes sociais


A dificuldade é a mesma das plataformas de divul-
gação. Mas aqui cabe uma reflexão...

Precisa-se de engenheiro  83
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Como anda seu perfil nas redes sociais? O que você


costuma postar? Que tipo de fotos você publica?
Por mais que aparentemente a rede social seja algo
pessoal, se eu anotar seu número em minha agenda, prova-
velmente algumas dessas redes sociais em seguida pergun-
tarão se eu não quero adicionar você. E hoje já há muitas
empresas que investigam suas redes sociais para fazer uma
análise do seu perfil. Portanto, tome cuidado com a imagem
que você está passando a terceiros em suas redes sociais.
Além do quê, as pessoas têm que saber o que você
faz profissionalmente. Dessa maneira, ao precisarem de
um engenheiro, se lembrarão de você. Pense nisso!

Preparando meu currículo!


O currículo é importante, pois, em uma seleção em
que o recrutador não conheça nenhum dos candidatos,
esse será o meio que ele usará para escolher os perfis que
serão chamados para uma entrevista “olho no olho”.
Primeiro ponto importante é saber, especificamente,
para qual cargo e empresa você estará enviando o currí-
culo. O seu currículo deverá ser personalizado para essa
oportunidade e, com isso, suas chances aumentam.
Você deve estudar a empresa em que pretende in-
gressar. Quais são as atividades que ela executa? Qual sua
missão e seus valores? Além disso, deve tentar fazer uma
relação entre essas informações e o seu currículo.
Um currículo não pode ser muito extenso. Deve cons-
tar de uma a duas páginas, no máximo. Só coloque foto
se for solicitado, e muito cuidado para que ela realmente

84  José Murilo Moura dos Reis


Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

traga boa impressão. Nem sempre uma 3x4 de documento


é a melhor pedida, nem tampouco uma foto posando com
camiseta ou óculos escuros, por exemplo.

Dados pessoais
O currículo deve sempre iniciar com os dados pes-
soais (nome, endereço, idade, telefone e e-mail). São des-
necessários número de documentos e referências pessoais,
a não ser quando solicitados. Cuidado com o seu e-mail:
nada de apelidos!
Outro cuidado que se deve ter hoje em dia é com as
redes sociais, como já falado. Com seus dados, é possível
ver muitas coisas sobre você. Como é a sua foto de perfil no
WhatsApp? Será que causa uma boa imagem ao recrutador?
Querendo ou não, isso pode ser levado em consideração.

Objetivo
Em seguida, vem o campo “objetivo”. Nesse item
está a oportunidade de você estabelecer a relação entre seus
objetivos e o da empresa. Esse campo deve ser personaliza-
do a cada vaga em aberto. Pode se citar a missão e valores
da empresa, para que fique claro que você estudou sobre
ela. Mas nada de clichês!

Formação acadêmica
Na sequência vem a “formação acadêmica”. É desne-
cessário dizer onde você estudou nos ensinos fundamental
e médio. Informe cursos técnicos, graduação e pós-gradu-
ações, com nome da instituição e ano de conclusão de cada

Precisa-se de engenheiro  85
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curso. Se obteve algum resultado acadêmico expressivo,


este pode ser adicionado nesse campo, como, por exemplo,
monitorias, premiações e projetos de iniciação científica.
Só tome cuidado com o exagero!

Experiência profissional
O próximo passo é a “experiência profissional”. Se
você está no início da carreira, os estágios devem constar
aqui. Se você já está no caminho há mais tempo, essa in-
formação é desnecessária. Coloque sempre por ordem do
trabalho mais recente ao mais antigo.
Especifique em cada experiência a atividade realiza-
da, os resultados obtidos e o período de trabalho. Atenção:
sempre uma das perguntas feitas em questionário será so-
bre o motivo da saída de empresa anterior, especialmen-
te se houver algum trabalho de curta duração constando
no histórico profissional. Prepare-se para responder a essa
questão sempre com sinceridade.
Mantenha-se atualizado. Cursos de mais de cinco
anos atrás já não são tão eficientes, principalmente se não
houver outros mais recentes. Demonstrar estar atualizado
é muito importante.

Informações adicionais
Conhecimento de software, língua estrangeira e cur-
sos de extensão. Atenção: só coloque o que realmente você
domina. Não adianta colocar nesse campo que fez curso
em AutoCAD se não sabe usar o software. O mesmo vale
para a língua estrangeira. Se você domina uma dessas

86  José Murilo Moura dos Reis


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ferramentas, mesmo não tendo certificado, pode ser inseri-


da a informação.
O que não se pode nunca é mentir ou omitir informa-
ções. Deve haver sinceridade, pois pior do que não ser se-
lecionado é ser pego na mentira na hora da entrevista, ou
mesmo já durante o estágio/trabalho.
Atividades extracurriculares podem ser a participa-
ção em congressos, “semanas de engenharia” etc. Assim
como atividades voluntárias, como Crea JR, centro acadê-
mico e comissão de formatura.

Entrevista de emprego
A aparência é fundamental. Vista-se de forma ade-
quada ao ambiente de trabalho no qual deseja adentrar.
Não adianta, por exemplo, ir para uma entrevista na obra
de terno ou salto alto; mas também não se pode ir de cami-
seta ou minissaia. Bom senso, e sem exagero.
Caso haja dinâmicas em grupo, será avaliada a capa-
cidade de trabalhar em grupo, de descobrir soluções, de
coordenar e de liderar. Querer se impor a todo custo ou
demasiadamente aparecer nem sempre é uma boa pedida.
Em entrevistas individuais, basicamente o entre-
vistador avaliará seu comportamento, seu linguajar, sua
proatividade e seu entusiasmo. Pode querer confirmar as
informações do currículo, ver se há algo falso ou algo a
mais, que não foi mencionado por você, e descobrir se você
está adequado para a vaga em aberto. Por isso, é importan-
te que você já tenha ideia do que se trata aquela oportuni-
dade e ter estudado a empresa em que deseja ser inserido.

Precisa-se de engenheiro  87
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É importante evitar gírias, mascar chicletes ou se sen-


tar de forma inadequada na cadeira.
Prepare-se para as perguntas de praxe:

• Por que você quer essa vaga?


• Por que você acha que deve ser escolhido?
• Por que saiu do último emprego?
• Tem disponibilidade para fazer horas extras?
• Tem disponibilidade para viajar?
• Tem disponibilidade para trabalhar nos fins de
semana?

Conheça seu currículo e o mantenha atualizado e


personalizado. Muito cuidado se pediu a um terceiro para
fazê-lo. Se fez isso, leia com atenção, para que nenhuma
informação esteja equivocada.

88  José Murilo Moura dos Reis


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Como cobrar
por serviços de
Engenharia?
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E ssa é outra pergunta bastante comum. Muitos enge-


nheiros, principalmente os recém-formados, buscam
números e tabelas que auxiliem nessa estimativa. No en-
tanto, não recomendo sua utilização, pois tabelas de refe-
rência são extremamente genéricas, e podem induzir ao
erro para mais ou para menos. Cada serviço tem suas es-
pecificidades, peculiaridades e complexidade, que podem
influir no valor.
De maneira geral, prefiro o cálculo por hora técnica.
Ou seja, estima-se a quantidade de horas que serão deman-
dadas para realizar aquele serviço. Para essa estimativa, pre-
cisa-se ter uma noção da complexidade do serviço e do local
onde ele será executado, dentre outros fatores.
Adota-se o valor de uma hora técnica, de acordo com o
mercado, mas aproximadamente 25% de um salário mínimo
é um valor razoável.
Importante lembrar que a lei 4590-A/1966 estabeleceu o
piso salarial mensal dos engenheiros em 8,5 salários mínimos
para atividades que requeiram oito horas diárias de trabalho.

Fatores que influenciam no preço


São coeficientes a serem aplicados em cima do
cálculo:

Valor da proposta = Número de horas x Valor da hora técnica


x Coeficiente

Precisa-se de engenheiro  91
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1. Fator “negociação”:
É natural que um cliente raramente aceite o primeiro va-
lor que lhe é apresentado. Na maioria das vezes haverá
uma barganha. Portanto, acrescente um percentual de
10 a 20% no valor estimado (margem de negociação).

2. Fator “prazo”:
Serviços com prazo pequeno diante da complexidade
do que deve ser feito necessitam ter maior valor, devi-
do à intensidade do serviço, jornadas extras e contra-
tação de ajudantes.

3. Fator “possibilidade de sucesso”:


Se o seu serviço pode gerar um resultado expressivo a
seu cliente, nada mais justo do que receber uma parte
desse resultado, embutido no preço. De forma alter-
nativa, pode-se ainda inserir na proposta um bônus
por resultado.

4. Fator “capacidade do cliente”:


Um cliente que tem condições pode pagar o valor in-
tegral do seu serviço. Às vezes, para um cliente com
menor condição, pode-se dar um desconto para fechar
o contrato.

5. Fator “cliente rotineiro”:


Pode-se dar um desconto quando for cliente que já é
habitual na contratação do seu serviço, como forma de
fortalecimento da parceria.

92  José Murilo Moura dos Reis


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6. Fator “cliente novo”:


Caso seja um novo cliente, pode-se também oferecer
um desconto para que o mesmo feche contrato com
você, conheça seu trabalho e, quem sabe, torne-se um
cliente habitual.

7. Fator “local e complexidade do serviço”:


A depender do local do serviço e da sua complexida-
de, deve-se aumentar o valor ou o número de horas a
serem estimadas para sua conclusão, devido ao tem-
po de deslocamento e, em alguns casos, à necessida-
de de contratação de um especialista.

8. Fator “risco e responsabilidade”:


Caso o serviço tenha risco ou gere responsabilidade
para a sua pessoa, o valor deve ter acréscimo devido
à possibilidade de dano futuro.

9. Fator “exclusividade”:
Caso você seja o único que pode realizar aquele ser-
viço, nada mais justo do que cobrar o valor propor-
cional às horas de estudo e investimentos feitos por
você para ter essa capacidade.

10. Fator “concorrência e situação econômica”:


Em momentos de crise econômica ou alta concorrên-
cia, é prudente apresentar um desconto, de modo a
aumentar as possibilidades de contratação.

Precisa-se de engenheiro  93
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Cuidado: tenha bom senso ao definir os valores de


acordo com o mercado. Valores extremamente altos levam
o profissional a não conseguir fechar os contratos, e muito
baixos desvalorizam seu trabalho e de toda a categoria.

94  José Murilo Moura dos Reis


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Um pouco
da minha história
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C onfesso que não pensava em acrescentar essa parte ao


meu livro, mas, quando as primeiras “cobaias” tive-
ram acesso a ele, me falaram que queriam saber mais. En-
tão vamos nessa...

O início do curso
Passei no vestibular em 1996, aos 17 anos. Era com-
pletamente imaturo. Não tinha certeza nem se esse era o
curso que queria fazer. Durante o ano de 96, pensei em
seguir nas mais variadas profissões: biólogo, dentista, ad-
vogado... Mas, curiosamente, talvez dois dos fatores mais
improváveis tenham feito com que eu tomasse a decisão
mais acertada, a de ser engenheiro:

1. Baixa concorrência: como vínhamos de anos de


estagnação do setor de construção e infraestrutura,
a concorrência no vestibular de Engenharia Civil era
de cinco candidatos por vaga; Direito, por exemplo,
tinha uma relação de 19 por vaga.

2. Menos etapas: na minha época, havia duas uni-


versidades públicas no meu estado, e apenas uma
privada. Por uma das coincidências do destino, no
ano em que prestei vestibular, as datas dos vestibu-
lares das faculdades públicas coincidiram. Isso fez
com que tivesse que optar entre fazer a Federal ou a

Precisa-se de engenheiro  97
Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

Estadual. Meu pai queria que eu fizesse Ciências da


Computação na Federal, a “profissão do futuro”, e eu
optei por Engenharia, por admirar a profissão e ter
certa facilidade com os números.
O primeiro dia de vestibular da Estadual ainda
não coincidia com o da Federal: fui fazer a prova e
me saí muito bem. Meu pai ainda tentou me fazer
desistir, e ir fazer a prova da Federal no outro dia,
de tanto que a Engenharia era estigmatizada. Mas,
pensando na excelente pontuação obtida no primei-
ro dia da Estadual, lembrando que a Federal tinha
uma segunda fase quase 30 dias depois da primei-
ra, e considerando que ia aguentar mais 30 dias do
meu pai no meu ouvido, me pressionando, tomei a
decisão acertada e continuei fazendo a prova da Es-
tadual. Resultado: aprovação em 7° lugar!
Mesmo após a aprovação, meu pai ainda ten-
tou me fazer desistir do curso, devido à falta de
oportunidades para engenheiros; empolgou-se com
o resultado obtido, e tentou me convencer a estudar
mais um pouco, para prestar vestibular no ITA.

O primeiro semestre
O primeiro semestre de uma faculdade pública,
para quem estudou a vida toda em escola particular, é
meio chocante. Você está acostumado com aquela “pe-
gada” de escola, de ter professor todo dia, ter material
didático, o professor seguir um planejamento, de passar e

98  José Murilo Moura dos Reis


Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

cobrar a resolução de atividades... E nada disso acontece


na faculdade.
Muito pelo contrário: alto absenteísmo dos docentes,
aulas improvisadas e sem nenhuma aplicação à realidade,
disciplinas extremamente teóricas, e etc.
Assim, sofri muito no início. Foram muitas notas
baixas até entender o ritmo. Logo no primeiro período,
cheguei a cogitar largar a faculdade, pois estava desinte-
ressado e me sentindo incapaz devido às notas obtidas.
Determinado dia, cheguei chorando em casa e minha mãe
deu a força para que eu persistisse. E assim o fiz! “Fazer o
certo, até dar certo!”.

O primeiro estágio
Meu primeiro estágio foi conseguido quando cursava
o 4° período. Em outra dessas coincidências do destino, o
diretor de uma grande empresa de construção do Mara-
nhão frequentava o restaurante dos meus pais, e, em uma
dessas ocasiões, na “cara dura”, pedi a oportunidade e fui
atendido. Ele chegou a dizer que poucos estudantes procu-
ravam estágio naquela empresa, e eles não tinham hábito
de divulgar as seleções.
Cheguei à obra ainda nas fundações, e logo percebi
que a realidade de uma obra era completamente diferente de
tudo aquilo que vemos na faculdade. O valor da bolsa de es-
tágio, nessa época, era de 120 reais mensais, o que corrigido
pela inflação hoje equivaleria a aproximadamente 850 reais.
Como pude perceber logo de cara, a presença de um
estagiário não era um pedido do engenheiro da obra. Ele

Precisa-se de engenheiro  99
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não sabia que eu ia chegar e, pelo visto, não gostou muito


da minha contratação. Só me solicitou uma única ativida-
de, no período de um ano, e raramente me cumprimentava.
Como eu estava lá para aprender, colei no mes-
tre de obras, embora aquela postura do engenheiro me
incomodasse.
Aprendi muita coisa certa, e também vi coisas que
julgava errado acontecerem. Mas não me sentia à vontade
para debater ou tirar dúvidas com o engenheiro da obra.
Então tive uma grande ideia: fazer um relatório com mi-
nhas observações, dúvidas e sugestões, e encaminhá-lo por
e-mail para o engenheiro da obra e para o diretor da empre-
sa, que me colocou lá dentro.
O engenheiro da obra nunca me falava nada acerca
dos relatórios, mas eu continuava fazendo. O diretor da
empresa pouco ia à obra, mas chegou a comentar rapida-
mente sobre o relatório. E o relatório estava surtindo mais
efeito do que o imaginado...
Com sete meses dentro da empresa, estagiando, no
dia da festa de confraternização de fim de ano fui abor-
dado por um dos engenheiros do escritório, que mencio-
nou os meus relatórios e me convidou para fazer parte de
sua equipe, não mais como estagiário, mas como contra-
tado! Me senti tentado a aceitar a proposta, mas recusei,
por dois motivos: seria necessário fazer a minha faculda-
de em apenas um turno, o que me atrasaria; e ainda me
achava “cru” para trabalhar em escritório. Queria ter
mais vivência de obra.

100  José Murilo Moura dos Reis


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Centro empresarial Mendes Frita. Primeiro estágio.

Fiquei mais seis meses nessa obra (um ano, no total).


Venceu o período do estágio, e não foi renovado. Parti em
busca de novas oportunidades.

O segundo estágio
Como comecei a estagiar cedo, e em uma empresa
de renome no meu estado, já tinha algo a mais para anexar
ao currículo. E como isso fez diferença! Era notório que, na
maioria dos casos, eu levava vantagem nas seleções devido
a essa “bagagem”.
Portanto, não tardou para que eu conseguisse outro
estágio.
O mais difícil e importante estágio a se obter é o
primeiro!

Precisa-se de engenheiro  101
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Ed. Ibiza Garden.

O terceiro estágio: professor


Já me aproximando do fim do curso, entrei em outra
área: a de professor. Já atuava ocasionalmente como pro-
fessor particular de matemática e física para os ensinos fun-
damental e médio. Mas resolvi ingressar em sala de aula,
e foi realmente gratificante: isso me ajudou a perder um
pouco da timidez e a me preparar para essa profissão linda.

O primeiro contrato de prestação de serviços


Nesse mesmo período, celebrei o meu primeiro
contrato de prestação de serviços com um ente público, e
prestei serviços diversos dentro da engenharia, como re-
formas de escolas e unidades de saúde. Entrei também,

102  José Murilo Moura dos Reis


Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

definitivamente, no mundo do orçamento de obras, que é


fascinante e abre muitas oportunidades.

#vemcrea

Meu curso, com conclusão prevista inicialmente


para cinco anos, levou seis anos. Reprovei em algumas
disciplinas, e isso não me fez um profissional pior. Re-
provar em uma disciplina nos mostra que não estamos
prontos para avançar. É melhor reprovar do que passar
sem ter conhecimento da matéria. Forçar uma aprovação
por meio de fraude (cola) total e irrestrita nunca foi a mi-
nha filosofia.
Mas também, em determinado momento dos cursos,
abdiquei de fazer algumas disciplinas, devido ao conflito
de horário com o estágio. E priorizei o estágio, em muitos
casos, pois sabia que lá era tão ou mais importante que a
faculdade.
Faltando 30 dias para a colação de grau, eu estava
desempregado e sem estágio. Dificilmente se contrata esta-
giário no 9° ou 10° período do curso, devido à proximidade
da formatura. Passei então a usar aquela velha e cômoda
estratégia, que não funciona: aguardar as vagas para envio
de currículos, ou entrega aleatória destes nas empresas de
construção civil.
A chance de se obter uma vaga dessa forma é mínima,
e certamente meu currículo virou papel de borrão em todas
essas empresas.

Precisa-se de engenheiro  103
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O último currículo que enviei foi para a primeira em-


presa em que estagiei, ou seja, lá ele não era mais um! Era
o currículo de um ex-estagiário. Para minha surpresa, após
pouco mais de 30 minutos do envio do currículo via e-mail,
me ligaram e me ofereceram uma vaga para trainee na obra
de um resort no interior do estado, mais precisamente a 280
quilômetros da capital, em um paraíso ecológico: a cidade
de Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses.
Primeiro salário como engenheiro trainee: 400 reais,
em 2003 – corrigindo pela inflação, equivaleria hoje a apro-
ximadamente 2 mil reais. Muitos dos meus amigos acha-
ram um absurdo, e disseram: “Por esse salário, eu não iria
morar no interior” ou “Cadê o salário mínimo profissio-
nal? Denuncia!”.
Mas topei, pois era mais uma oportunidade de apren-
der! Isso foi em meados de outubro de 2003, mas a empre-
sa solicitou que, até o recesso do fim do ano, eu ficasse nas
obras de São Luís, ajudando no processo de certificação da
empresa. Aprendi bastante sobre as normas ISO 9000 e o
sistema PBQP-H. E obtivemos a certificação almejada.
Ao chegar na terceira semana de dezembro, meu con-
trato de experiência de três meses estava prestes a ser con-
cluído, e, na véspera do recesso, recebi uma ligação para
comparecer ao escritório da empresa. Fiquei preocupado
em ser desligado ou coisa do tipo, mas era apenas para re-
afirmar que, a partir de 5 de janeiro de 2004, eu deveria
me apresentar na obra em Barreirinhas, para ser auxiliar do
engenheiro residente na obra.

104  José Murilo Moura dos Reis


Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

Então é Natal!
No dia 24 de dezembro, recebo uma ligação do dire-
tor da empresa:
– Murilo, venha a obra de Barreirinhas amanhã.
– Como assim? 25 de dezembro?
Na época, eu ainda não tinha carro próprio e fui de van,
peguei mototáxi, e cheguei na obra por volta das 10 horas.
Estavam acontecendo, na obra, serviços de terraplanagem.
O diretor da empresa perguntou se eu poderia já ficar
na obra a partir daquele dia, para acompanhar aquele servi-
ço. Eu não estava preparado, já que nem mala tinha levado,
assim como já tinha planos para os dias de festas.
– Tudo bem, então. Até dia 5, Murilo – disse ele.
Tempo de conversa: dez minutos. Tempo de espera
para pegar a van de volta para São Luís: sete horas. Tive que
almoçar e ficar o dia inteiro na obra.
Se aquilo foi um teste para ver minha disponibilida-
de e comprometimento, ganhei pontos!

2004
Cheguei no dia 5 de janeiro na obra e fui recebido
pelos mestres e técnicos. Todos, ao me cumprimentar, me
chamavam de Dr. Murilo, o novo engenheiro da obra! Es-
tranhei, pois estava indo lá para ser auxiliar do engenheiro
residente. Mas, para minha surpresa, esse engenheiro aca-
bara de ser demitido no recesso de fim de ano.
Às dez horas, recebo uma ligação:
– Tá sabendo que o engenheiro da obra foi demitido?
Tem coragem de assumir essa obra?

Precisa-se de engenheiro  105
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– Posso até não saber tudo, mas coragem não me fal-


ta – respondi.

Lençóis Flat Residence.

Estava diante da maior oportunidade da vida!


Logo foi indicado um engenheiro sênior da empresa
para me supervisionar semanalmente e, assim, assumi na
cara e na coragem o que até então seria a maior obra de
construção civil predial do Maranhão:
• 242 apartamentos, em três blocos com seis pavi-
mentos;
• Piscina sobre estacas de 800 m², com bar molhado;
• Estação de tratamento de esgoto;
• Central de gás e de aquecimento de água;
• Subestação e gerador próprios e etc.
– Agora você merece um aumento, Murilo. Acha que
merece ganhar quanto? – perguntou o diretor da empresa,
na mesma ligação.
– Dois mil e quinhentos reais – respondi de pronto,
pois seria o meu salário “dos sonhos”.

106  José Murilo Moura dos Reis


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– Machooooo, tu ainda é recém-formado – replicou o


diretor, com todo o seu sotaque cearense.
Assim, meu salário foi então mais do que dobrado,
de 400 para 960 reais, o que equivaleria hoje a aproximada-
mente 4 mil reais. Com uma condição: que eu comprasse um
veículo para participar das reuniões em São Luís.
A prestação do carro mais barato na época, com mo-
tor 1.0, sem ar-condicionado, direção hidráulica ou vidros
elétricos, era de 440 reais. Ou seja, o “aumento” não era
suficiente para pagar todas as despesas que um veículo
demanda.
Curiosidade: o engenheiro que, anos atrás, no meu
primeiro estágio, mal falava comigo quando eu era estagiá-
rio, já havia passado por essa mesma obra em que eu havia
assumido. Mas, quando cheguei, ele já havia sido afastado.
Ele ainda aparecerá novamente na minha história.

Quando o chefe é pai!


Uma das minhas grandes dificuldades nessa primei-
ra obra era o temperamento do diretor da empresa, explo-
sivo e sem piedade nas críticas. O dia em que ele ia à obra
era um suplício para mim – o que, de certa forma, era bom,
pois eu tinha que me esforçar muito durante a semana,
para evitar qualquer tipo de erro na obra. Porém, era tam-
bém o único dia em que eu almoçava realmente bem, nos
melhores restaurantes da cidade.
O engenheiro que me supervisionava se tornou
um escudo e um suporte em alguns momentos difíceis. E
aprendi muito com ele.

Precisa-se de engenheiro  107
Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

Hoje reconheço que, na verdade, o diretor da empre-


sa tinha uma relação meio que de pai para filho comigo.
Me “adotou” e, assim como meu pai, tinha aquele jeito for-
te e incisivo, muitas vezes com palavras duras que eram
para o meu bem. Me ajudaram a ser o que sou e a me for-
mar como homem e profissional que me tornei. Hoje tenho
muita gratidão e o considero um grande amigo.
Esse mesmo diretor ainda aparecerá na minha histó-
ria. Foi ele que me incentivou a fazer minha primeira pós-
-graduação e a comprar meu primeiro apartamento.

A conclusão da primeira obra!


A obra foi acontecendo e, a cada seis meses, aproxi-
madamente, eu recebia um aumento de salário por con-
ta do meu desempenho. De modo que, dois anos depois,
quando a obra foi concluída – dentro do prazo, diga-se de
passagem –, eu já recebia 3.600 reais, o que equivaleria hoje
a 6.800 reais, um salário já próximo ao dos demais enge-
nheiros, com mais tempo de casa.
Muito perto do fim da obra, uma mudança drástica
aconteceu. O então diretor da empresa saiu e entrou ou-
tro em seu lugar. Toda mudança gera insegurança, e essa
mais ainda.
O novo diretor começou a demitir todos os engenhei-
ros com décadas de serviços prestados à empresa e eu, por
ser o mais novo, fiquei com medo de ser a próxima vítima.
Comecei a me preparar para pedir demissão, antes
que eventualmente fosse demitido.

108  José Murilo Moura dos Reis


Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

Concursos e mudanças
Nessa fase da vida, após a conclusão de uma obra de
tamanha complexidade, meu nível de estresse era máximo.
Comecei a prestar vários concursos públicos, da área de en-
genharia ou não. E cheguei a passar em alguns.
Fui convocado, por exemplo, para ser escriturário do
Banco do Brasil, e estava prestes a entrar no banco, com
esperança de chegar ao setor de engenharia.
Mas, inicialmente, teria que ralar e ter uma violenta
queda profissional e salarial. Foi aí que o ex-diretor da em-
presa surgiu novamente na minha vida e me resgatou. Não
permitiu que eu fosse para o banco, e me convidou para ir
para a empresa em que ele estava trabalhando, oferecendo
o mesmo salário que já ganhava. De pronto, aceitei.
Apesar de seu temperamento difícil, sabia que ele
confiava em mim e eu nele, e, por isso, teria mais seguran-
ça lá. Fui então à empresa onde eu trabalhava para pedir

Precisa-se de engenheiro  109
Transaction: HP16915648443335 e-mail: joao_mhpi@hotmail.com

demissão ao novo diretor. Mas, para minha surpresa, ele


respondeu:
– Murilo, eu conto com você!
– Mas não dá, realmente já me acertei verbalmente
com outra empresa – repliquei.
– Consigo um aumento no seu salário, para cinco mil
e quinhentos reais – ofereceu-me.
Iria receber o maior salário dentre os engenheiros da
empresa, tendo pouco mais de dois anos de formado. Gra-
ças a meu resultado e desempenho.
Recusei a oferta, com dor no coração, por já ter dado
a minha palavra a outra empresa, mas, principalmente,
por saber que o receio em ser demitido era uma mera fan-
tasia na minha cabeça. E que, na verdade, eu era muito
valorizado.
Ao sair da empresa naquele dia, cerca de cinco mi-
nutos depois, recebo uma nova ligação do diretor, fazendo
mais uma proposta:
– Murilo, consegui um aumento para 7.200 reais,
para você ficar com a gente!
Iria ganhar o dobro se permanecesse! E, ainda assim,
preferi manter a minha palavra e sair da empresa.
Nesse momento já havia voltado para a capital, e es-
tava executando dois loteamentos. Foi contratado um novo
engenheiro para me substituir. Adivinham quem? Ele mes-
mo... O primeiro engenheiro com que trabalhei enquanto
estagiário, e que mal falava comigo. Ele estava ali, na mi-
nha frente, para receber a obra das minhas mãos.
O mundo dá voltas!

110  José Murilo Moura dos Reis


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Mudei de empresa e executei mais alguns empreen-


dimentos. Aprendi a trabalhar com protensão de estrutu-
ras de concreto.

Condomínio Enseada do Atlântico.

Edifício Munique.

Precisa-se de engenheiro  111
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Nessa época, fui fortemente incentivado a fazer mi-


nha primeira pós-graduação, em Engenharia de Segurança
do Trabalho, e comecei a dar aulas em alguns cursos de ní-
vel técnico de edificações e de segurança.
Continuei fazendo concursos para a área de engenha-
ria, e fiz mais três pós-graduações:
• Engenharia Ambiental;
• Engenharia de Avaliações e Perícias;
• Engenharia de Produção.
Até que, em 2007, após quatro anos de muito trabalho
e dedicação como gerente de obras, fui convocado para um
concurso que havia feito anos antes, o de engenheiro de um
banco público.
Mudei para a empresa pública e, enquanto escrevo
este livro, estou completando dez anos de casa. Aqui apren-
di mais uma penca de coisas nas áreas de avaliação de imó-
veis e orçamento de obras públicas. Trabalho num ritmo que
permite maior qualidade de vida e me abriu portas, chegan-
do a ser diretor eleito da associação dos engenheiros des-
se banco, entidade associativa que congrega mais de 1.700
profissionais.
Em 2010, comecei a dar aulas em duas faculdades
particulares da cidade, e também me encontrei nessa pro-
fissão. Sou professor há mais tempo do que sou engenheiro,
e sou um apaixonado pelo que faço. Hoje atuo unindo essas
duas paixões: a engenharia e a educação!
Fundei a minha empresa, a Upgrade Consultoria e
Treinamentos, que promove cursos para engenheiros e arqui-
tetos, além de prestar serviços técnicos diversos nessas áreas,
principalmente os relacionados a orçamentos, avaliações e

112  José Murilo Moura dos Reis


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perícias. A Upgrade me fez, ainda, iniciar uma carreira de


palestrante em diversos eventos de nível regional e nacional.
O espírito empreendedor me pegou de jeito, e me fez
promover a “Corrida do Dia do Engenheiro”, que já teve
duas edições em minha cidade, englobando outra paixão
minha, mais recente, que é a corrida de rua.
Tal corrida não tem fins lucrativos, mas tão somente
de congregar os profissionais. Porém, apesar de todo o tra-
balho e do risco assumido por mim, é muito gratificante ver
algo pensado por nós acontecendo, e ser o sucesso que foi.
A corrida me fez conhecer várias pessoas e fazer mui-
tos contatos, que abriram outras portas. Hoje posso dizer
que sou uma liderança e uma referência, quando se trata da
engenharia no meu estado.
E, por isso, fui convidado para também atuar no sis-
tema Confea/Crea, no qual hoje sou conselheiro suplente
e vice-presidente do Senge-MA, sindicato dos engenheiros
do Maranhão.

Precisa-se de engenheiro  113
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Epílogo
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E spero, de alguma forma, ter colaborado com este livro,


respondendo a algumas perguntas e acalentando al-
gumas inquietações.
A engenharia, sem dúvida, é a mais linda das pro-
fissões. É o meio de desenvolvimento das nações e da
humanidade. O processo de transformação do bruto em
funcional.
Não me arrependo em nenhum momento da escolha
pela profissão, e sou muito feliz, apesar de todas as dificul-
dades que são inerentes a ela.
Converse sempre com outros engenheiros e veja a in-
finidade de caminhos a que a engenharia pode te levar. É
um oceano de possibilidades.
Que você não desanime e seja resiliente. A estrada é
longa e penosa, mas gratificante. A felicidade não é um fim,
é um meio.
Conte sempre comigo e parabéns pela sua escolha! Se
você escolheu ser engenheiro, escolheu melhorar o mundo!

Murilo Reis

Precisa-se de engenheiro  117
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