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PORTUGUÊS

TEXTO 01
Durante o verão europeu, a Alemanha conduziu um experimento: nos meses de junho, julho e
agosto de 2022, o transporte público ficou virtualmente gratuito em todo o país. Com um ticket mensal
de 9 (R$45), foi possível usar metrôs, trens, ônibus e bonde de maneira ilimitada, pelo equivalente a R$
1,50 por dia. Ficaram de fora apenas os trens rápidos e de longa distância.
Quem estivesse no país, não importava se fosse morador ou turista, comprava uma única
passagem para viajar o quanto quisesse no mês. Só em Berlim? Beleza. De Berlim a Hamburgo?
Tranquilo. Chegando lá, 255 quilômetros depois, o mesmo ticket valia para usar o transporte público na
cidade. De Hamburgo a Framkfurt, 500 quilômetros ao sul: só subir no trem. Dava para cruzar o país á
vontade.
Em condições normais, os mesmos 9 pagam apenas um ticket válido por 24h na região mais
central de Berlim – para incluir a área do aeroporto, em Brandemburgo, a passagem já sobe para 10. Ou
seja: mesmo para quem não viaja para outras cidades a economia foi brutal.
Nos três meses do subsídio, foram vendidos 52 milhões de tickets de 9. É como se 60% da
população alemã tivesse comprado um bilhete pelo menos uma vez no período.
O ticket foi anunciado com um pacote de mais de 30 bilhões em medidas de alívio aos bolos dos
alemães, que apenas começavam a sentir os efeitos da guerra da Ucrânia. Vladimir Putim foi fechado a
torneira dos gasodutos que ligavam a Rússia á Alemanha como retaliação aos embargos econômicos
impostos pela União Europeia. A consequência foi uma disparada da inflamação a patamares não vistos
em mais de quatro décadas no país.
Em abril, quando o ticket foi anunciado, a inflação anual estava em 7,4% na Alemanha. Em
setembro, havia escalado para 10 % ao ano- mais que os 7% do Brasil.
Inflação alta é uma bomba para qualqyer governo. No caso alemão, havia um agravante: o Chanceler
Olaf Scholz havia acabado de assumir o comando do país, em dezembro de 2021, depois de 16 anos sob
a acalmaria de Ângela Merkel. E seu governo já estava mergulhado numa crise econômica.
O bilhete de 9 não foi acordo fácil de costurar. Scholz é do partido Social-Democrata (SPD) .
Para formar governo, ele se coligou com o Verdes e o Partido Democrático Liberal (FDP), que não
poderiam ser mais antagônicos: OS Verdes queriam aproveitar a crise para “forçar” a troca do carro pelo
transporte público: os liberais pediram corte de impostos nos combustíveis, e diziam que o dinheiro do
subsidio deveria ir para investimentos em infraestrutura.
De acordo com uma pesquisa feita pela Associação Alemã de Empresas de Transporte, um em
casa tickets vendidos foi para quem não usava transporte público antes da redução das passagens. Os
Congestionamentos e as emissões de CO2 diminuíram. Passados os três meses, Scholz afirmou que o
ticket de 9 foi uma das “melhores ideias” que seu governo teve. E os alemães queriam a prorrogação. Só
que o novo projeto ainda não saiu do papel: a queda de braço é justamente o tamanho do subsidio.
Os três meses de ticket de 9 custaram 2,5 bilhões aos cofres públicos do país. Em um ano, a conta
subiria para 14 bilhões. A associação das empresas de transporte estimou que um ticket nacional de 69
seria viável, mas ainda custaria 2 bilhões por não aos cofres públicos, enquanto o governo trabalha em
uma proposta de passagem nacional a 49 por mês.
Uma das críticas ao bilhete de 9 era a possível sobrecarga do sistema de transportes causado pelo
aumento da demanda de maneira “artificial”.
Em junho, a revista Der Spiegel dedicou uma longa reportagem para apontar os problemas que
já existiam nos trens alemães – como os atrasos e cancelamentos recorrentes, reflexo do baixo
investimento no sistema de trilhos. A revista aponta que o país investiu o equivalente a 88 por habitante,
atrás dos 249 da Áustria e dos 440 da Suíça.
A chega de mais passageiros pioraria o serviço, causando um efeito contrário d0o esperado pelo
governo. No médio prazo, afastaria ate os atuais passageiros que têm carro – eles abandonariam o
transporte público traumatizados com as eventuais superlotações.
O mesmo fenômeno se repete no Brasil Vinicius Torres Freire, colunista da Folha de S. Paulo,
levantou dados com as autoridades públicas e demonstrou recentemente: o número de passageiros no
metrô de São Paulo caiu 34% entre 2019 e 2022. Nos ônibus, 26%. A economia voltou a funcionar, mas
os passageiros habituais ainda não retornaram ao transporte público – de um lado, por conta do home
office; de outro, por causa da queda na renda e do aumento de empregos precários, que não pagam vale-
transporte.
E isso leva a uma questão fundamental: o quando o transporte público pesa no bolso dos
brasileiros. Em São Paulo, comprar o Bilhete único mensal com acesso a trens e metrôs custa R$ 338.
O salário médio do paulistano (que é o maior do país) está em R$ 1.926 – de acordo com agencia de
empregos Catho. Dá R$ 10,95 a hora. Logo, são 31 horas de trabalho de quem ganhas a média paulistana
apenas para pagar o metrô e o ônibus.
A passagem no Bilhete Único simples custa R$ 9,24 para casa integração ônibus-metrô (ou
R$18,48 ida e volta). De um salário médio ganho com oito horas de trabalho diário, quase duas vão só
para pagar o transporte público nessa modalidade, a mais usada.
Isso torna necessário algum subsidio extra a favor de passagens mais baratas, como se discute na
Alemanha. E uma parte da grana poderia vir justamente do público mais endinheirado, aquele que não
usa transporte público poque não quer. Vejamos como.
Em Curitiba, a idade brasileira que é referencia no transporte público, as viagens entre as 9h e as
11h e entre 14h e 16h saem R$ 1 mais barato que nos horários de pico- R$ 4,50. em vez de R$5,50.
Faz todo o sentido. Mesmo nas capitais mais abarrotadas, boa parte do transporte público fica
subutilizada esses horários. Enquanto isso, o trânsito praticamente não dá sossego. Um eventual Bilhete
único que cobrasse menos nesses momentos do dia poderia atrair para os metrôs e ônibus gente que só
usa carro. Como o transporte público segue girando com ou sem gente, não havia gasto extra para o
sistema. Só a eventual renda extra, que, num ambiente de boa gestão, poderia ser usada para baratear a
“tarifa cheia”, de quem precisa usar nos horários pesados.
Para tanto, porém, seria preciso uma mudança cultural. No Brasil, deixar de usar transporte
público é visto como um rito de ascensão social. Comprou o primeiro carrinho popular usado, tchau
metrô. Nas ações desenvolvidas, não. Como disse enrique penalosa, ex-prefeito de Bogotá (uma espécie
de Curitiba da América do Sul no quesito transporte): “Uma cidade avançada não é aquela em que os
pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público.”
QUESTÃO 01 OURICURI – PE 2023
Assinale a alternativa CORRETA cujos vocábulos pertencem ao mesmo campo semântico:
a) Ticket, embargo, emprego
b) Passageiro, governo, associação
c) Turista, gasto, ascensão
d) Ônibus, trem, carro.

QUESTÃO 02 OURICURI – PE 2023


No trecho “(...) Só que não foi nada disso (...)” o emprego da expressão destacada, nesse contexto
se justifica por indicar.
a) Explicação do que foi dito anteriormente
b) Disjunção inclusiva
c) Disjunção exclusiva
d) Oposição ao que se disse anteriormente

QUESTÃO 03 OURICURI – PE 2023


Em “a queda de braço é justamente o tamanho do subsidio”, o vocábulo destacado pode ser
substituído sem prejuízo semântico por:
a) Excídio
b) Auxilio
c) Compromisso
d) Subterfúgio

QUESTÃO 04 OURICURI – PE 2023


Em “Vinicius Torres Freire, colunista da Folha de S. Paulo, levantou dados com as autoridades
públicas”, o termo grifado exerce a função de:
a) Aposto especificativo
b) Aposto enumerativo
c) Aposto resistivo
d) Aposto explicativo

QUESTÃO 05 OURICURI – PE 2023


No trecho “Em condições normais, os mesmos 9 pagam apenas um ticket válido por 24h a região
mais central de Berlim,” o termo descartado exerce a função sintática de:
a) Adjunto adverbial
b) Adjunto adnominal
c) Objeto indireto
d) Objeto direto preposicionado

QUESTÃO 06 OURICURI – PE 2023


Em “A associação das empresas de transporte estimou que um ticket nacional de 69 seria viável”
o vocábulo destacado classifica-se como:
a) Pronome relativo
b) Pronome indefinido
c) Conjunção subordinativa integrante
d) Conjunção subordinativa causal
QUESTÃO 07 OURICURI – PE 2023
Assinale a alternativa CORRETA cujo vocábulo segue a mesma regra de hifenização de “pré-
pandemia”.
a) Integração ônibus-metrô
b) Ex-prefeito
c) Vale-transporte
d) Partido Social-Democrata

QUESTÃO 08 OURICURI – PE 2023


Assinale a alternativa CORRETA em que todos os vocábulos possuem dígrafos:
a) Quesito, eventual, critica
b) Ambiente, bilhete, público
c) Julho, guerra, ascensão
d) Escalado, longo, também.

QUESTÃO 09 OURICURI – PE 2023


Assinale a alternativa em que o vocábulo apresenta um encontro consonantal imperfeito:
a) Ritmo
b) Gratuito
c) Cofres
d) Livre

QUESTÃO 10 OURICURI – PE 2023


Assinale a alternativa em que todos os vocábulos estão separados CORRETAMENTE.
a) Ex-ce-len-te, in-te-lecç-ão, vi-ú-va
b) G-no-mo, pis-ci-na, bi-as-vô
c) U-bi-qu-o; am-bi-gu-o; quei-jo
d) Cru-eis; oc-ci-pi-tal; sub-li-nhar

GABARITO :
01- D 02-D 03- B 04- D 05- A 06- C 07- B 08-C 09 -A 10-D

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