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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADE SUPLEMENTAR OBRIGATÓRIA II
DISCIPLINA: POLÍTICAS PÚBLICAS (2022.2)

NOMES: JACKSON JEFFERSON SANTOS DA SILVA - MATRÍCULA: 2113010019


OMAR GAMA AMUD - MATRÍCULA: 2113010027
TURNO: NOTURNO

RESENHA CRÍTICA ACERCA DO DOCUMENTÁRIO “RAÇA HUMANA”

O documentário produzido pela TV Câmara tem como principal tema o discorrimento


da questão de cotas raciais em universidades, tratando acerca da Universidade de Brasília -
UnB, e a comoção a partir do momento em que a medida é adotada na instituição de ensino
superior no ano de 2004, medida essa que o ponto principal foi bastante desvirtuado por
quem era oposto à ela, alegando “favorecimento racial” e contra a meritocracia.
Primeiramente, há o relato do acadêmico cotista do curso de pedagogia João
Nogueira, que diz já conhecer os programas de ampliação de acesso ao ensino superior
Prouni e FIES, e a motivação que o levou a se inscrever no processo seletivo da UnB por
meio das cotas raciais. Tal política tratada pelo acadêmico, segundo ele, tem como finalidade
a equidade entre as pessoas brancas e as pessoas pretas. Segundo Lowi (1994) apud Secchi
(2020), as políticas de cotas raciais se encaixam na classificação de política redistributiva, em
que nesta tipologia são incluídas políticas públicas que concedem benefícios concentrados e
implicam custos concentrados sobre outras categorias de atores. Uma influência que também
contribui para a adoção de cotas foi a Conferência de Durban, em 2001, que promovia mais
direitos e acessos a negros as instituições de Ensino Superior.
No documentário, o contraponto tratado pela professora Roberta Fragoso Kaufmann,
alguns estudantes anti-cotistas, o professor Marcelo Hermes e outros entrevistados é que as
políticas de cotas raciais, na verdade, incitam a racialização e disseminam o racismo, alguns
entrevistados defendem a ideia de cotas sociais como maneira de reduzir as desigualdades
apresentadas dentro da UnB.
Durante o vídeo, é apresentado que a ideia de cotas tornou-se pauta após um episódio
ocorrido no ano de 1999 também na Universidade de Brasília, chamado “Caso Ari”,
relatando sobre um aluno negro que reprovara numa determinada matéria obrigatória da
universidade sem antecedentes de reprovações até então, e mesmo que ele tentasse recorrer à
uma nova avaliação, o professor não o daria esse direito. O docente não conseguiu apresentar
justificativa plausível.
Na entrevista, é evidenciado o conflito na definição do termo “raça”, em que os
entrevistados consideram que há apenas uma raça, a intitulada “raça humana”, o que causa
confusão no objetivo central da cota racial, esse conflito de definição é elemento crucial para
o embate entre os que aprovam e desaprovam as cotas raciais, visto que, os que desaprovam a
entendem como forma de desigualdade racial, já os que aprovam entendem-a como elemento
para equidade de uma sociedade que possui estruturas históricas escravocratas e racistas. A
professora Roberta Fragoso Kaufmann, que é contra as cotas, chega a comparar a entrevista
imposta para alunos cotistas com o “Tribunal de Nuremberg”, do período da Alemanha
nazista. Já o reitor da UnB, José Geraldo Sousa Júnior considera que negros e pardos são
excluídos do seu melhor desempenho, concluindo o entendimento da desigualdade imposta
estruturalmente.
No ano de 2009, surgiu na Câmara dos Deputados a votação para aprovação do
Estatuto de Igualdade Racial, possuindo no seu texto original a obrigatoriedade de criação de
cotas raciais em todas as universidades brasileiras, causando bastante repercussão, o que logo
depois fez com que a obrigação fosse retirada do estatuto, no entanto, esse estatuto recebeu
maioria dos votos do agentes políticos e foi encaminhado para o Senado Federal,
evidenciando o papel do Poder Legislativo como o principal ator político porta-voz das
demandas dos cidadãos.
O apelo social para implementação da Política Pública de Cotas Raciais também vai
de encontro à terceira categoria da ação coletiva: o grupo organizado, que segundo Torres
(2007), esse grupo possui mecanismos de decisão e capacidade de ação coletiva, atestando
possuir habilidades para demandar políticas públicas.
Conclui-se que, as cotas raciais surgiram como maneira de equiparar as oportunidades
que são naturalmente deturpadas por conta da assimetria histórica existente e evidenciada
pelo professor José Jorge, co-autor do projeto de cotas da UnB. Segundo Ferreira (1999) o
conceito de equidade é a “Característica de algo ou alguém que releva senso de justiça”, neste
contexto, as cotas raciais servem como um mecanismo que evidenciam esse conceito na
sociedade.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: dicionário da
língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

SECCHI, Leonardo. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos


práticos. 3ª Ed. São Paulo: Cengage, 2020.

TORRES, Marcelo Douglas de Figueiredo. Estado, democracia e administração


pública no Brasil. FGV, 2004

TV CÂMARA. Raça humana. TV Câmara, 2010. 1 vídeo (40min 42s). Disponível


em: https://youtu.be/ovZVqvkyBbo. Acesso em 02 jan. 2023.

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