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Produção de energia a partir da biomassa de madeira

Apresentação corrobora com o documento a ser apresentado pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas
Plantadas – PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DA BIOMASSA DE MADEIRA – BENEFÍCIOS
DO USO, ASPECTOS RELEVANTES NA COMPOSIÇÃO DO CUSTO E LIMITAÇÕES DE FLEXIBILIDADE PARA
GARANTIR VIABILIDADE OPERACIONAL

Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas Plantadas

Brasília, 14 de junho de 2017


Agenda

Objetivo Pág. 3

Conclusões do documento Pág. 4

Benefícios da geração de energia a partir da biomassa de


Pág. 5
madeira
Desafios da implantação em regiões de fronteira e
Pág. 6
comprovação da disponibilidade do combustível
Implicações da flexibilidade Pág. 8

Valores Referência Pág. 12

Próximos passos Pág. 13

Anexos Pág. 14
Objetivo

O principal objetivo do documento a ser apresentado pelo GT de Biomassa é ratificar com


justificativas técnicas o pleito levado ao MME em 18 de abril de 2017, através do Aviso
n° 75/2017/MAPA com o assunto “Contratação de Energia oriunda de Biomassa de
Florestas Plantadas nos Leilões de Energia da Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL”, onde incluiu-se:

• Pedido de revisão dos critérios de qualificação em leilão de energia com participação de fonte
oriunda de biomassa de florestas plantadas, de forma a obter resultado satisfatório no que diz
respeito a preços e performance dos contratos futuros.

• Pedido de reconhecimento das diversas vantagens dessa fonte de energia tornando-a competitiva,
em condições adequadas, com as demais fontes energéticas, podendo, então, se tornar um
componente importante para a matriz energética nacional.

• Apresentação das qualidades da biomassa de madeira, que nenhuma das outras fontes proporciona
em sua totalidade.

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Conclusões do documento

Da Seção 11 – A biomassa de madeira como fonte de energia contribuirá com a


regularização de geração e distribuição de energia no país, com produção dedicada
e não sazonal, a custos competitivos.

• Análises criteriosas são essenciais para minimizar os riscos de contratação de projetos


economicamente inviáveis, ou ainda, a participação de eventuais participantes imponderados
objetivando apenas a obtenção de um PPA (Power Purchase Agreement) para posterior captação de
investimentos.

• Para estimular e atender os requisitos mínimos que garantam a sustentabilidade da produção


florestal, resultando em geração de energia despachável e a preços competitivos, faz-se necessário:
‒ Remuneração adequada do combustível, condizente com o investimento florestal;
‒ Critérios adequados de qualificação do participante no leilão;
‒ Tratamento diferenciado da biomassa de madeira ante as demais fontes renováveis de energia nos
leilões.

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Benefícios da geração de energia a partir da biomassa de madeira

Da Seção 2 – A biomassa de madeira destaca-se, principalmente, por seus aspectos


de sustentabilidade, respeito ambiental, geração de emprego, dispersão geográfica
e garantia de geração sem intermitências.

• Sustentabilidade: florestas renováveis reduzem a pressão sobre a mata nativa, promovem a


recuperação do solo e contribuem para regular o fluxo e a qualidade dos recursos hídricos.
• Sequestro de CO²: maciços florestais com plantios uniformemente distribuídos tem capacidade de
sequestrar e estocar, aproximadamente,130 t de CO² por hectare.
• Geração de postos de trabalho: gera emprego e renda em toda a cadeia produtiva da madeira,
promovendo o desenvolvimento de comunidades de áreas rurais e municípios do interior do país.
Serão empregados de forma direta, aproximadamente, 9 trabalhadores/MW de energia gerado.
• Dispersão geográfica: a existência de plantios florestais comerciais localizados em diversas
regiões do Brasil permite distribuição das plantas geradoras em regiões onde há maior demanda de
energia e próximas às linhas de transmissão já existentes.
• Inexistência de intermitências no fornecimento e garantia do combustível:
‒ Independência de oscilações climáticas locais;
‒ Produção não sazonal e dedicada;
‒ Geração no horário de ponta, diminuindo a utilização de térmicas movidas a combustíveis
fósseis.

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Desafios da implantação em regiões de fronteira e comprovação da disponibilidade
do combustível

Das Seções 3 a 6 – A prática da silvicultura em regiões de fronteira dessa atividade


requer cuidados como a seleção de material genético e adaptação das operações
florestais.
Principais componentes de um projeto
agroindustrial de bioenergia

Fonte:
Ruiz,
2013

• Análise de viabilidade: complexa, envolvendo capital intensivo e variáveis agroclimáticas,


socioambientais, industriais, logísticas e tecnológicas.

• O custo do combustível tem papel fundamental na avaliação do projeto, uma vez que está
diretamente relacionado ao dimensionamento e viabilidade da UTE.

• Erros no estabelecimento da cultura podem resultar em um Plano de Suprimento de Biomassa mal


dimensionado, onerando e inviabilizando o projeto de energia no futuro.

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Desafios da implantação em regiões de fronteira e comprovação da disponibilidade
do combustível (cont.)

• A fim de minimizar os riscos de desistências e consequentes revogações de outorgas de


UTEs, recomenda-se: i) a preferência por projetos florestais em andamento, que já tenham
demonstrado sua capacidade produtiva, além de ii) material comprobatório da existência de plantios
florestais em quantidade e qualidade suficientes para abastecimento de uma UTE.
‒ Leilões com prazo A-3: florestas com pelo menos 4 anos de idade (60% da área necessária já deve
estar implantada);
‒ Leilões com prazo A-5: florestas com pelo menos 2 anos de idade (30% da área necessária já deve
estar implantada);
‒ Comprovação da existência desses plantios e de sua qualidade;
‒ Comprovação da realização dos investimentos em produção florestal;
‒ Informações patrimoniais da(s) propriedade(s).

• A estruturação de uma operação florestal otimizada, estrategicamente localizada para


abastecimento da UTE e com garantia de consumo da produção permitiria a obtenção do custo
mínimo do combustível – biomassa – para viabilizar a geração de uma energia limpa, renovável e
não intermitente.

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Implicações da flexibilidade de despacho

Das Seções 7 a 10 – O custo variável unitário (“CVU”) da energia é diretamente


impactado por variações no custo do combustível, visto que sua composição é dada
pelo custo operacional da planta, salários e encargos e combustível.

Foram realizadas análises de sensibilidade do CVU em função da flexibilidade de despacho – o


resultado demonstra que, quanto maior esta flexibilidade, maior o custo de produção da biomassa. O
custo de produção é impactado, especialmente, pela flexibilização dada à colheita da madeira:

• Idade ótima de colheita: ponto de maximização da produção florestal e do retorno econômico.


• Produtividade florestal: variação da produtividade (m³/ha) é inversamente proporcional à
necessidade de área produtiva.
• Produtividade da colheita: custo unitário (por m³) diminui quanto maior o volume de madeira da
floresta – a partir do 7° ano a queda no custo é menos acentuada, acompanhando o incremento
volumétrico da floresta.
• Densidade da madeira: principal medida de qualidade da madeira - afeta diretamente a eficiência
de geração da UTE.
• Umidade: impacta diretamente a eficiência de geração da UTE via Poder Calorífico Útil (PCU).
‒ Função direta do tempo de secagem da madeira no campo – 90 a 120 dias para atingir ~35%
‒ Combustível entregue na usina deve ter PCU uniforme, para otimizar a operação da usina.

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Implicações da flexibilidade de despacho (cont.)

• Levando em conta as premissas listadas no documento apresentado pelo GT de Biomassa:

Premissas e fatores de conversão Fonte Unidade


Produtividade florestal Ibá, 2016 m³/ha.ano 36
Madeira para cavaco Benchmarking m³/m³ 2
Densidade básica da madeira Análises IPT kg/m³ 480

Densidade aparente do cavaco (35% Umidade) Análises IPT kg/m³ 308

Poder Calorífico Útil (35% Umidade) Análises IPT kcal/kg 2.613


Consumo Específico UTE Benchmarking m³cvc/MWh 3,6

• Preço da madeira em pé: entre R$ 50/m³ e R$ 60/m³, para manutenção do retorno ao investidor
florestal e garantia da continuidade da operação florestal dedicada.

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Implicações da flexibilidade de despacho (cont.)
1 - Preço STP vs. Idade de Colheita
R$/m³
67.50 • Preços mínimos de madeira em pé,
65.00
62.50
variando de acordo com a idade de
60.00 colheita, para manutenção do retorno
57.50
55.00
ao operador florestal.
52.50 • Mínimo preço se dá entre 6 e 7 anos,
50.00 corroborando com conceito de idade
47.50
45.00
ótima de colheita.
42.50
40.00
4 5 6 7 8 9 10

2 - Custo de Colheita e Cavaqueamento vs. Idade de Colheita


R$/m³ timber

30.00

25.00 • Custo de colheita unitário é


20.00
impactado pelo volume da floresta.
• A partir do 7° ano a queda no custo é
15.00
menos acentuada, acompanhando o
10.00
incremento volumétrico da floresta.
5.00

-
4 5 6 7 8 9 10

3 - Custo do Cavaco vs. Idade de Colheita


R$/t chips

190
185
180 • Levando em consideração os pontos
175 apresentados, o mínimo custo do
170
165
cavaco é dado entre o 6º e o 8º ano
160 da floresta, novamente corroborando
155
com conceito de idade ótima de
150
145
colheita.
140
4 5 6 7 8 9 10 1300 10
Implicações da flexibilidade de despacho (cont.)

Custo cavaco por Idade de Colheita vs. Inflexibilidade


250
240 237,18

230
O custo de produção do
cavaco aumenta à medida
Custo Cavaco (R$/ton)

220
em que a idade de colheita
210 se afasta do ótimo. A
200 flexibilização de despacho
190 da UTE irá implicar em
colheita com idades
180
diferenciadas, devido à
170 dificuldade de planejamento,
161,16
160 acarretando maiores custos
150 de combustível.
100% 90% 80% 70% 60% 50% 40%

Inflexibilidade
4 anos 5 anos 6 anos 7 anos
8 anos 9 anos 10 anos
Em uma análise do CVU
para colheita na idade ótima
Inflexibilidade UTE 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% – 7 anos – os custos
Custo Cavaco (R$/ton) 161.2 171.5 178.5 184.8 191.7 203.4 219.2 crescem a taxas mais
CVU (R$/MWh) 213.6 226.5 235.2 243.0 251.5 266.0 285.7 acentuadas a partir da
Δ CVU (100%) 0.0% 6.0% 10.1% 13.8% 17.7% 24.5% 33.7% flexibilização de até 60%.
6% 7.6%

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Valores referência

O caso base analisado no documento permitiu a determinação de valores de referência


para a produção do combustível, Custo Variável Unitário (CVU) e Receita Fixa, que podem
suportar uma análise mais criteriosa por parte do MME/EPE para o estabelecimento de
diretrizes de um potencial leilão específico para biomassa.

Valores para UTE movida a biomassa de madeira, com potência entre 35 e 50 MW e inflexibilidade de
despacho entre 70 e 100%:

• Custo do combustível: R$161/t a R$ 185/t de cavaco


• CVU: R$214/MWh a R$243/MWh
• Receita Fixa¹: R$75 MM a R$100 MM por ano

¹ Receita Fixa foi calculada por empresa parceira, com experiência no setor energético brasileiro, com base nos custos de combustível apresentados no Documento.

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Próximos passos

Considerando que já foram superadas as barreiras de entendimento quanto aos benefícios e custo do
combustível, bem como valor do CVU, faz-se necessário:

• Verificar junto à EPE a necessidade de apresentar um estudo de caso de uma Usina Termoelétrica
movida à biomassa de madeira, considerando os itens apresentados no documento.

• Caso o estudo de caso seja mandatório – buscar parcerias com empresas especializadas em
geração térmica para que os custos da geração, em função da dinâmica dos leilões, sejam incluídos
na análise.

• Discutir com a EPE o nível de inflexibilidade mínimo requerido para garantir o fornecimento
sustentado do combustível.
‒ Apesar da flexibilidade reduzir o custo da energia para o Sistema, implica, por outro lado, no aumento
do risco de disponibilidade do combustível quando a UTE for demandada a despachar.

• Aberto à discussões e adição de outros itens.

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Anexos

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Postos de trabalho por MW instalado

Produção Empregos Diretos Empregos Diretos


Fonte de Energia Instalação Operação Usina
Combustível Totais Sustentados

Eólica 7,7 0,6 - 8,3 0,6

Hidrelétrica 1,8 4,6 - 6,4 4,6

Solar 5,0 1,4 - 6,4 1,4

Biomassa
1,7 1,0 8,0 10,7 9,0
Madeira

Fonte: Dados próprios, Itaipu Binacional (2017), Norte Energia (2017), Simas (2012), Wanderley (2013)

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Mitigadores de riscos associados à produção florestal

Riscos Causas Mitigadores

- Condições do sítio - Conhecimento prévio da qualidade e


potencial do sítio

- Material Genético - Seleção de materiais comprovadamente


adaptados ao sítio em questão

Produtividade florestal
- Pragas e doenças - Monitoramento e controle

- Manejo florestal - Domínio das melhores práticas silviculturais e


capacidade de otimização

- Variações climáticas extremas - Planejamento criterioso das operações


- Material genético - Seleção de materiais com qualidade da
madeira comprovada para fins de energia

Qualidade da madeira (densidade, umidade, - Idade de colheita - Capacidade de planejamento de colheita


poder calorífico)
- Manejo florestal e pós colheita - Planejamento e controle adequado de
operações, propiciando secagem adequada da
madeira
- Incêndio - Monitoramento e controle – proteção contra
incêndio
Disponibilidade da madeira
- Roubo de madeira - Monitoramento e controle – proteção física de
terras
Demanda de madeira (cavaco) abaixo da - Venda no mercado spot (riscos de preço e
Flexibilização de despacho da UTE
capacidade produtiva capacidade de absorção do mercado)

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Referências

CAUFIELD, J. P. Timberland Return Drivers and Investing Styles for an Asset That Has Come of Age. Real Estate Finance, Euromoney PLC, London, v. 14, n. 4, Dec./Feb. 1998.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉRICA. Leilões. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/leiloes/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 29 mar. 2017.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. Relatório Ibá 2016. São Paulo: Indústria Brasileira de Árvores, 2016. 100 p. Disponível em: <http://www.iba.org/>.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2015. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2015/default.shtm>

INFORMA ECONOMICS – FNP. Arrendamento de Terras. Relatório semestral, N° 19, jul./ dez. 2016

ITAIPU BINACIONAL. Recursos Humanos. Disponível em:


< www.itaipu.gov.br/recursoshumanos>

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NORTE ENERGIA S.A. Usina Belo Monte. Disponível em:


< http://norteenergiasa.com.br/site/portugues/usina-belo-monte/>

OLIVEIRA, A. C. Secagem de Toras de Eucalipto. Tese (Doctor Scientiae) – Universidade Federal de Viçosa. 2015. 71 f. Disponível em: <http://locus.ufv.br/>

ROSA, R. Geotecnologias na Geografia aplicada. Revista do Departamento de Geografia, 16 (2005):81-90.

RUIZ, E. T. N. F. Análise de investimento em projetos agroindustriais tipo Greenfield de bioenergia no Brasil. Dissertação (MPAGRO) – Escola de Economia de São Paulo. 2013. 387 p.

SIMAS, M. S. Energia Eólica e Desenvolvimento Sustentável no Brasil: estimativa de geração de empregos por meio de uma matriz insumo-produto ampliada. Universidade de São Paulo. 2012.
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VITAL, M. H. F. Impacto Ambiental de Florestas de Eucalipto. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, V. 14, N. 28, P. 235-276, dez. 2007

WANDERLEY, A. C. F. Perspectivas de Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Geração de Energia Elétrica no Rio Grande do Norte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2013. 150 f.
Disponível em:
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