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0 NOVO "CULTO UNDERGROUND" - UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO-

SOCIAL DA "CULTURA" RAVEEM PORTUGAL


EWICE AZEVEDO
IXTE

O fenómeno Rave (ou Aad-House, como iní- Hiüegonda Rietveld (cf. 1993: 42), tem como efeito
c i a l m t e foi chamado) teve a sua origem em In- principal a experiência de uma forte sensaçáo de
glaterra, nos h a i s da década de 80 e começou por empaüa generalizada: as inibiçaes sociais e a ne-
ser um tipo de manifestação marginal e proibida, cessidade de espaço privado são drasticamente
que se traduzia em encontros clandestinos de p- reduzidas. Para além disso, provoca um estado de
pos de jovens que, em caves e annazéns abando bem-estar e de prazer que eleva o humor, a auto-
nados da capital britânica, dançavam até de ma- esiima e a sensualidade. Apesar do seu consumo
drugada (ou até quando a polícia chegasse) ao ter sido associado a algumas mortes, especial-
som repetitivo da batida do género de música mente no Reino Unido, o Ecstasy é definido pela
Temo. maioria dos seus consumidores recreativos, como
uma droga inofensiva e com efeitos benéficos.
Inicialmente, a data e o local previstos para o Nesta atmosfera de simultânea descontracção e
encontro acontecer estavam sempre envoltos de euforia, desenvolveu-se um novo código de a t i b
um grande seuetismo, próprio do recém-nascido des voltadas para o hedonismo e o consumo tec-
"movimento underground, o que o tomava nológico.
ainda mais motivador. De uma festa para um
p p o restrito de amigos, as Rave P h s ("Festas No decorrer dos Úitúnos dez anos, o movi-
do Delirio") passaram a constituir a principal di- rnenic Raver suscitou a reflexão de várias indivi-
versão de um grande número de adolescentes e dualidades de diferentes áreas da vida s&al e
jovens, não só em Inglaterra como noutros países política inglesa, dado as suas caracteristicas especi-
da Europa, nomeadamente na Alemanha, na H o ficas e a dimensão grandiosa que atingiu nesse
landa e na Itália, reunirido num mesmo espaço, pais.
por vezes, mais de vinte mil adeptos da chamada
dance music, que durante várias horas ininter- Em Portugal, o fenómeno ainda é relativa-
ruptas dançam sem cessar. mente recente e tomou, quase desde o seu início
pouco visível em 1992, uma orientação menos pa-
Segundo a concepção mais geralmente defen- tentemente ilegal Actualmente, são organizadas
dida entre os participantes de Raves, o consumo inúmeras festas, em várias regiões do pais, não só
de álcool é evitado. No entanto, consomem prefe- em clubes de dança, como também em recintos
rencialmente a substância psicoactiva MIMA ou históricos (Castelos, Palácios, Conventos), com o
Ecstasy (ou algo que é comprado supostamente apoio das autoridades locais, onde miùtos dos
com esta designação) como estúndante tóxico re- seus participantes consomem Ecstasy.
creativo.
O movimento Raver emergiu das vivências
O Ecstasy é wri tipo de detamina de con- complexas e inovadoras do modo de vida urbano,
sumo ilegal em todos os países do mundo, com a à semelhança de outro estilos "alternativos" do
excepção da Holanda, que na opiniáo de passado, ligados a culturas de juventude e assu-

ANTROPOG+a, E d i ~ á oEspecial, 1998


mindo aspectos, frequentemente, caracterizados "disc-iokeis" residentes na ilha espanhola de Ibiza,
como próprios de uma "subcultura". como José Padiila que, no famosob~afé de1Mar, foi
pioneiro na tentativa de misturar diferentes ritmos
Desde 1988, que a imprensa inglesa, quer os e tipos de música
jornais mais sensacionalistas quer aqueles que de-
senvolvem análkes mais rigorosas sobre o Em 1988, esta iniciativa traduziu-se no que pa-
panorama "subculturai" britânico, se têm interes- recia ser uma reweticáo
L a
do "Summer of Love" de
sado por revelar o "culto" da música Acid-House 1967, caracterizado pelos festivais livres e pelo
e a sua concreüzação no evento Rave, expresso consumo de LSD, agora substiGdo pelo Ecstasy,
através de perfonnances extáticas. A popuiaçáo primeiro em Londres e mais tarde noutras cidades
mais jovem, com as suas roupas excessivamente do Remo Unido. No final desse Verão, as Rave
coloridas e atitudes consideradas demasiado ex- Parties, cujo logotipo que Ihes ficou de imediato
cêntricas, passa assim a ser anaiisada de acordo associado é o conhecido "sorriso de orelha a ore-
com certos estereótipos comportamentais perfei- lha" - o s&y (em parte devido ao efeito de sa-
tamente identihcáveis. tisfação e de contentamento que o Ecstasy provoca
nos seus consumidores),começaram a ocorrer fora
A Rave pode ser definida, ainda que de uma do ambiente redamentado dos clubes, nomea-
forma simplista, como uma festa de dama . cuia
.
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I , , , .\.:&I 1, LI-C: .ic, LI!, , $-L .J T..I,~> 1%.l J L u Lc ~ t 42,4545) . Tratou-se de uma forma de reagir aos pre-
no Garage de Nova York, géneros musicais que ços exageradamente caros que as discotecas im-
evoluíram de diferentes estilos de música de punham aos clientes. Qualquer pessoa que pos-
dança divulgados em clubes Gay, na sua maioria suisse u m sistema de som, que encontrasse um
frequentados por afreamericanos. Para além da armazém abandonado e que distribuísse a l w
música, os aspectos formais destas festas de dança panfletos promotores do encontro, podia tomar-se
- o recurso wermamte ao irnahário usicadélico num organizador de festas Rave de ent-ada livre
da década de 60 em todas as dimensões que este ou a um prTo módico.

u
o LSD era a substância psicoactiva de consumo
, . A medida que as Xaves começaram a proliferar
a um passo galopante, os eventos foram-se tor-
mais generalizado no momento. Essas festas teráo nando, por um lado, num negócio proveitoso para
sido posteriormente revividas durante o Inverno os seus organizadores e para os fabricantes e ven-
de 1987, em clubes londrinos como o Shoom e o dedores de Ecstasy, e por outro lado, como uma
Future, nas quais os participantes vestiam roupas forma de contrariar a política conservadora de
tipicas dos veraneant& de Ibiza, com detalhes que Margaret Thatcher, Primeira-Ministra do governo
faziam lembrar a moda Hiwuv dos anos 60. e dari- inglês de então. A imprensa começou a dar cada
çwam ao som de uma mistura de estilos de mú- vez mais importância ao fenómeno Acid-House,
sica que recebeu a designação de Balearic Music pela sua ilegalidade, pela falta de condiç0es de
(6RiETVELD,
. 1993: 41-42,45). Este termo teve na segurança dos espaços em que as festas eram rea-
sua origem uma atitude relacionada com a quebra lizadas e, principalmente, pelo consumo massivo
de barreiras musicais levada a cabo por alguns de drogas. Os clubes de dança eram também cada
vez em maior número, o que deu origem à denc- vida". Sáo chamadas as novas "hibos" da Ingla-
minada Uub "Culture"britânica. terra, definidas como grupos de apoio que se
distinguem pelas suas roupas idiomáticas, eshlos
Tendo em conta a reacçáo de pânico da de música e comportamentos rituais, e que pos-
"sociedade estabelecida" à medida em que este suem um "líder" ou porta-voz que protagoniza e
"culto" dominava a juventude inglesa, definitiva- dirige as iniciativas do grupo (6.
SEAR?G!Y, 1993:
mente, uma longa batalha social, cultural e poiítica 40).
começava a ser travada. A posição legislativa em
relação ao evento Rave, quer se tratasse de uma Para Steve Redhead (cf.1993: 24) a emergência
festa legal
" ou ilegal,
" tomou-se demasiado com- do movimento Raver é o resuliado de um ciclo
plexa, de modo que se passou a ahibibuir à própria revivaiista que transformou o passado num pre-
lei, uma iduência considerável na forma como sente permanentemente dançável. Ou seja, a rela-
todo o processo cultural e musical do movimento ção que se estabelece entre os anos 60, o consumo
Raver se desenvolveu. O Governo, a polícia e os de LSD e a geração Hippy, é semelhante àquela
diferentes meios de comunicação do Estado, em que se atribui ao fenómeno dos Ravers, adeptos da
conjumto, tentaram criar uma imagem negativa do substância psicoactiva Ecstasy, nos finais da dé-
fenómeno oerante a consciência ~úblicaaue. 1 ,
de cada de 80 e 90. É como se em épocas distintas a
início, não foi bem sucedida, uma vez que este droga funcionasse como um catalisador de todo
conseguia ultrapassar todas as barreiras impostas um conjunto de vivênaas e experiências altemati-
(cf.REDHEAD, 1993: 20). vas. Nos anos 60 o LSD "funcionava como um
espécie de elo connùador de diversas necessida-
O movimento Raver difundiu-se por toda a des: a oposição à sociedade e aos valores tradicio
Europa Continental, embora as suas características nais, a coesão e o vínculo entre todos os adeptos
difkam de país para pais. Por oposiçáo, na H o deste movimento de ruptura, e a par disto, a re-
landa as Raves sucedem-se num c h a de Liber- cusa da violência pela supressão da a~ressividade
dade "suhcultural", enquanto que em França, a
polícia é muitas vezes chamada a interromper os
eventos, acabando por fechar os locais onde as total e absoluto" (REY, 1985: 27). Também o
festas se realizaa Ecstasy desempenha em parte essa hnição, de
modo que o seu surgimento foi acompanhado por
Apesar de os géneros fundamentais da música muitas expectativas. Esperava-se que inaugurasse
de dança terem tido uma origem norte-americana, uma geraçáo Nec-Hippy, pacííica e construtiva (cf.
as festas Rave só começaram a ocorrer nos EUA CARONA, 1996: 17).Por isso, não é por acaso que,
no Invemo de 1990, após uma viagem realizada certos "líderes" da "cultura tribai" ou autores que
pelo famoso Ej Frankie Bones à Europa. têm esaito sobre o consumo do Ecstasy e a sua
relação com a música da dança, como Nicholas
Mas a evolução deste fenómeno tem, inevita- Saunden e Timothy Leary, tenham no passado
velmente, particular relevância no seu pais de ori- pertencido ao movimento Hippy e publicado, na
gem, onde grupos organizados de Ravers se reú- época, obras sobre o imaginário psicadélico dos
nem para partilhar ideias e experiências comuns e anos 60. Por isso se acredita que "o Ecstasy mudou
deste modo, reforçar a sua atitude e "modo de o p á s como o ácido (LSD) o fez na década de 60.
Quando o consomes d e muda toda a tua vida..." Rave realizada num recinto którico, ocorreu no
(REDHEAD, 199323). Verão de 1994 no Castelo de Montemor-oVelho -
a Medieval Rave - e foi organizada pela KAOS.
Em Portugal, o fenómeno da "cultura de No ano seguinte, no mesmo local, a organizaçáo
dança" adquiriu características muito particulares. voltou a promover outra Rave ainda mais gran-
Apesar de na sua origem, em 1992, as primeiras diosa, com uma enorme adesão de participantes,
Raves se terem realizado em antigos bamac0es de integrada num roteiro de festas que trouxe ao
Lisboa, na zona do Poço do Bispo, com um carác- nosso pais Ravers vindos de vários países euro
ter clandestino, à semeihança do que aconteceu peus e que recebeu o nome de "A week of dance
em Inglatara, o processo não seguiU exactamente music in a paradise called Portugal". Depois, ou-
a mesma evolução. Nesse mesmo ano, surge a tras festas se seguiram em vários Castelos e Con-
KAOS, a primeira produtora nacional deste tipo ventos do país, organizadas por diferentes pro-
de eventos que, desde o seu começo tentou dar motoras. Os nossos govemantes apostam nas re-
um cunho mais profissional e Iegal às Raves, à ceitas que os "hinstas" geram para a re@o em
qual se segwram ouiras orgamizadoras de festas causa, principalmente em termos de alojamento, e
de dança. A designaçáo Rave, no contexto portu- não se mosiram preocupados com a perseguição
guês, surge desajustada ao seu espírito inicial, no que este tipo de eventos está a ser alvo noutros
entanto continua a ser utilizada para rotular este paises da Europa.
tipo de festas. De facto, os portugueses não orga-
nizam Raves no sentido underground do temo. O Quanto ao problema do consumo de drogas
que as nossas festas têm de "underground" é a nas festas de dança, as org&aç"s têm plena
música, a moda, a atihide e, obviamente, o con- consciâria da sua existência, mas pensam que a
sumo ilegai de drogas. Manteve-se a aventura mas responsabilidade é de quem as consome e não da
não a total clandestinidade. As teaiologias e a promotora da festa. No entanto, as equipas de se-
produçáo sofisticada dos eventos são agora um gurança e de assistência médica presentes, priG-
grande investimento. paimente, nos grandes eventos, estão atentas. Para
além disso, consideram que sempre haverá uma
As autoridades locais sempre deram o seu relação entre os diferentes tipos de música e os
auoio a estas iniciativas e. até ao momento. o clima vários tipos de drogas. Assim, se num concerto
é bastante favorável. Face a uma certa desatenção Rock se sabe que os seus participantes consomem
em relação ao tráfico e consumo de drogas, n o substâncias psicoactivas e estes ocorrem dentro
meadamente de Ecstasy, por parte dos políticos e das normas legais, é nahual que o mesmo acon-
da políga, é possível em terras lusitanas organizar teça com as Raves.
uma Rave num recinto histórico, com a devida
licença camarária. Para além de constituu uma O "culto " das festas de dança é assmiado pela
proposta tentadora para os Ravers nacionais, são maior parte dos seus adeptos às ideias de liberta-
os Ravers estrangeiros, e e m particular os ingleses, ção e de divertimento em que a dance music e o
que vêem em Portugal "o pãraíso da cena &ver'. poder quase hipnótico da sua batida é aliado ao
-
Em inelaterra seria imensável tal acontecer. uma
vez que as autoridades nunca permitiriam que um
consumo de Ecstasy e a uma envolvência temolu
gica sofisticada. A Rave dos anos 90, constitui uma
monumento servisse esse propósito. A primeira demonstração sem precedentes, de como a utiliza-
çáo instnimental de remsos materiais e rnaqujna- este, por momentos, passa a desempenhar uma
ria ulhamodema, envolve sempre certos factores funçáo transcendente na qual convergem todos os
que váo influenciar a intcoduç6 de elementos do aspectos que caiacterizam o fenómeno Xave,
domínio cultural numa dada sociedade. Esta ideia completam o vasto conjunto de factores que exce-
encontra-se descrita por Marshail Mduhan que, a dem os limites ordinários da realidade quotidiana.
este propósito esaeveu: "Quando a teaiologia
estende ou prolonga um dos nossos sentidos, a Esta nova geração nasceu no tempo em que
cultura sofre uma transposiçáo tão rápida quanto John Lemon cantava "AU you need is love" e
rápido for o processo de interiorizasão da nova cresceu embalada pela utopia yuppie. Tem facili-
teaiologia"(MCLUHAN cit. in LIMA e LIMA, dade em aceder a bens culturais e a informaçáo;
1984: 43). Na Rave, todos os nossos sentidos sán tem liberdade afectiva e pais, aparentemente,
prolongados e exaltados pelo excesso de luzes, de compreensivos. Mas nem tudo está bem. A crise
sons e de imagens. È clàro que, esta exaltação co- económica apareceu e originou inquietação. A
le&va deriva também do uso de drogas que, se política náo merece confiança e a religião é uma
traduz num acto de simultânea libertação e parti- incógnita. Faltam as perspectivas de carreira e os
iha. Independentemente das opiniões (contra- símbolos em que acreditar. Há hoje um conjunto
ditórias) dos investigadores e especialistas sobre o de vivências e sentimentos comuns aos indivíduos
Ecstasy, quer nas suas consequências nefastas, entre os 20 e 30 anos, que resulta da divulgação
quer &a utiudade terapêuhca, os Ravers já massiva dos padrões de uma cultura juvenil ur-
escolheram a sua droea. " , definida como elemenio
bana, através do audiovisual e da comunicação
essencial na atitude de transgredir. Aliás, na Rave social em geral Como o futuro se apresenta pouco
a negaçáo das normas que regem as práticas daro e a trajectória para a vida adulta é cada vez
quotidianas está explícita a vários níveis. As mais longa, os jovens apostam mais no "agora".
relaçóes pessoais não assentam na expectativa de Este investimento expressa-se, essencialmente, na
um determinado desempenho oiientado por um valorização do consumo e da &versão como for-
conjunto de regras sociais. Um entendimento ab- mas de inserçáo srxial. Muitas ritualidades juvenis
soluto entre os Ravers, reflectido nos sorrisos que estão orientadas para a ética da diversão e, como
na sua maioria, os jovens estão afastados do mer-
se cruzam, supera qualquer código de conduta cado de kabalho, recorrem aos pais para terem
culturalmente definido; os pariicipantes vestem acesso aos bens que se pensa serem fundamentais
roupas excêntricas, diferentes daquelas que nor- para uma plena integração na s e d a d e capita-
malmente usam no dia-a-dia ou noutro tipo de lista.
situaçáo v i v e n a , destacando-se a subversão das
noçóes tradicionais de mascuiinidade. A possível A "cultura de dança" da década de 90, faz
definisão genérica das pessoas que animam o convergir um variado número de sinais, impulsos,
evento transforma-se numa ambiguidade de pa- sons e imagens da nossa época: a vertente comer-
peU sexuais deliberadamente pretendida e, prin- cial e a ideaiística, o apelo à clandestinidade e o
cipalmente, assumida e valorizada. Por lim, a in- valor da lei, a pertença ao mainstream e a atitude
versáo radical do tempo, em que a noite substitui o radical, tudo num constante e permanente fluxo.
dia, e a mudança exiravagante do espaso, seja um Mas, ao se anaiiçar a "dance nùture" com maior
grande armazém ou um recinto histórico, em que profundidade, o que emerge deste "caos" é a
nossa própria reflexão, um espelho de quem nós E o dia seguinte é o que menos importa.
somos, do que somos feitos e do mundo que nos
molda. ~ o d ã as
s contradi@es e incertezas, &das as
esuerancas
L
e sonhos. O fenómeno Rave. desenvol-
veu-se de acordo com a imagem do homem do
final de século: ánico mas apaixonado; apolítico
CARONA, Manuela. 1996. "Quúnica Aplicada'', in O
mas comprometido; materialista mas espinhal; Indepmdmte, rev. Vida, 2 de Fevereiro, pp. 12-17.
pessimista mas esperançado; com vontade de sair
mas desesperado por se envolver; pensando no LIMA, Licinio C. e LIMA, Nelson M 1984. Ciência e
seu próprio ganho mas sonhando com objectivos a Sociednde, Viseu: Escola Superior de Educqão.
partilhar. É o espírito do nosso tempo medido a
REDHEAD, Steve. 1993. "The politics of Ecstasy", in Steve
batidas por minuto. É um reflexo da nossa própria Redhead (ed.), Rme off PoEtics and Deuiance in
condiqáo. Somos nós. C o n t o n p o r q Youth Cuitzre, Aidershot: Avebury,
pp. 7-27.
M s o que motiva realmente o Raver, é saber
que vai estar entze milhares de pessoas que desco- REY, Pierre. 1985. Como deirar a droga, Lisboa: Publicasõeç
nhece, com as quais parüiha gostos comuns e com Dom Quinate.
quem durante longas horas vai experimentar o
RiETVELD, Hiüegonda. 1993. "Living the drearn", in Steve
"hturo", numa comunháo absoluta de emqões Redhead (ed.), Rave of. Politics and Deuiance in
que só ali é conseguida. É a ideia de fazer parte de Contemporary Yauth Ciilture, Aldershoi: Avebury,
algo, de pertencer, de ser um entre iguais, que pp. 41-78.
conçtiG o fundamento deste "culto". A música, o
Ecstasy, os efeitos "mágicos" das tecnologias são SHARKEY, Alix. 1993. "The New tribes of England, in Tlie
apenas sugestões exteriores que despertam o inte- Guardi~nWeekmd, 11 de Dezembro, pp.39-46.
rior dos participantes para semaçõffi de uma feli-
cidade química extrema. È a satisfação de se ser
possuidor de um segredo que todos conhecem e
compr:endem, mas que nùlguém é capaz de re-
velar. E o delírio de saber que se esteve al, na-
quele mome?to, naquela noite, e se sentiu real-
mente vivo. E a busca de uma certa espinhali-
dade por parte de uma geração criada sem refe-
-
SnUas reliMosas. A primeira, &ás, que historica-
mente, nunca teve de ir à missa, de fazer a comu-
nhão ou de casar pela igreja para salvar as aparên-

Quando no grande evento Rave isto acontece,


estamos perante o encontro com o "Nirvana":
"porque o Genesis está errado e o homem nunca
foi expulso do paraíso..."

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