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Quais são os equívocos mais comuns sobre o nascimento

de Jesus Cristo?
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A típica história que nós repetidamente ouvimos é:


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"Na noite de 25 de Dezembro, cerca de 2000 anos atrás, Maria se
dirigia a Belém montada em um jumento, à beira de dar à luz o seu bebê. Embora fosse
uma emergência, todas as hospedarias lhes negaram abrigo. Então eles tiveram Jesus em
um estábulo. Em seguida, os anjos cantam aos pastores, e depois todos se juntam aos
três reis magos montados em camelos no louvor ao silencioso recém-nascido."
O problema é que essa história pode estar quase completamente errada. Os eventos que
rodearam o nascimento têm sido recontados tantas vezes de tantas formas - em peças,
poesias, livros e filmes - que a maioria das pessoas têm uma visão distorcida dos
verdadeiros eventos. O único registro preciso é o que se encontra na Bíblia Sagrada, a
Palavra de Deus.

 Maria montou num jumento para


chegar em Belém? Talvez, mas há
várias outras possibilidades. A Bíblia
não diz como ela chegou a Belém. Diz
apenas que ela foi acompanhada por
José.
 Maria chegou a Belém na noite em
que ela deu à luz? A Bíblia não sugere
isso. Eles podem ter chegado semanas antes. A Palavra de Deus simplesmente
diz: "E aconteceu que, estando eles ali [em Belém], se cumpriram os dias em
que ela havia de dar à luz" (Lucas 2:6). Chegar na cidade bem antes dessa data
faria mais sentido. A jornada de Nazaré a Belém normalmente durava três dias.
 José ou Maria falaram com algum hoteleiro? Talvez, mas não há razões
bíblicas fortes para acreditar que sim. Embora hoteleiros sejam importantes
personagens em muitas peças de Natal, nenhum hoteleiro é realmente
mencionado no registro bíblico do nascimento de Cristo. Além do mais, é bem
possível que Maria e José tenham na verdade se hospedado numa casa com
parentes, não em algum tipo de hotel dos tempos bíblicos. (Veja abaixo)
 Jesus nasceu em um estábulo?Ou em um celeiro? Ou em uma caverna? A
Bíblia não menciona nenhum desses três lugares em conexão com o nascimento
de Cristo, menciona apenas uma manjedoura. A Escritura diz apenas que eles
deitaram Jesus em uma manjedoura porque não havia nenhum lugar para ele no
quarto de hóspedes. A palavra grega usada na Escritura é kataluma, e pode
significar quarto de hóspedes, alojamento ou hospedaria. Na única outra vez que
aparece no Novo Testamento, essa palavra significava um quarto amplo e
mobiliado de um sobrado, dentro de uma casa particular. É traduzido como
quarto de hóspedes, não como hotel (Marcos 14:14-15). De acordo com nossos
peritos em arqueologia bíblica, Jesus provavelmente nasceu na casa de parentes,
mas for a da sala e do quarto de hóspedes. (Aprenda mais: Jesus nasceu num
estábulo? / O que é uma manjedoura? / O que é uma hospedaria?
 "Longe, numa manjedoura, o bebê acorda, mas o pequeno Senhor Jesus,
não grita nem chora." Embora essas palavras sejam a tradução de uma bela
canção, não podemos ter certeza de que Jesus não chorava. A Bíblia não registra
isso.
 Os anjos cantaram aos pastores fora de Belém? Talvez, mas a Bíblia não diz
especificamente que os anjos cantaram. Ela diz que primeiro um anjo apareceu e
falou, "e, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos
celestiais, louvando a Deus" (Lucas 2:13).

 Os anjos estavam presentes na hora


do nascimento? Parece lógico
presumir que sim, mas, a Escritura não
menciona isso, e não há provas de que
os anjos estivessem visíveis a Maria e
José nesse momento.
 Três reis magos montados em
camelos estavam presentes no
nascimento de Jesus? A Bíblia não
fala que nenhum rei ou camelo visitou
Jesus.

 Ela menciona que homens sábios (“magos”) cforam,


mas não diz quantos. Nenhum dos primeiros Pais da
Igreja sugeriu que os magos eram reis. Como a palavra
"magos" usada na Bíblia está no plural, havia
aparentemente ao menos dois deles, e pode ter havido
mais - até mesmo muitos mais deles. A Bíblia
menciona apenas que três presentes caros foram dados
por eles - ouro, incenso e mirra, mas isso não indica necessariamente o número
dos magos. Não há prova de qual era o
país de origem desses homens.

 E mais, os sábios homens claramente


não visitaram Jesus enquanto ele ainda
estava deitado na manjedoura, como é
comumente apresentado em cartões e
peças. Os magos não chegaram até
algum tempo depois da apresentação de
Cristo no Templo em Jerusalém (Lucas Antes que os magos chegassem a Belém, Jesus
2:22-39). viajou para Jerusalém, para ser apresentado no
Templo, e de lá voltou a Belém. (Lucas 2:21-22).

 Nesse
momento, a Escritura se refere a Jesus como uma
"criança", não como um "bebê". É possível que o
pequeno Jesus já estivesse andando e falando então.
Com base nos cálculos do Rei Herodes e dos magos
(Mateus 2:16),Jesus podia já ter dois anos ou menos.
[Aprenda mais: Sobre os sábios (magos)]

 Jesus nasceu em 25 de Dezembro, ou ao menos em Dezembro? Embora não


seja impossível, parece improvável. A Bíblia não especifica um dia ou mês. Um
problema com Dezembro é que seria fora do comum que pastores estivessem
“pastoreando nos campos” nesse frio período do ano, quando os campos ficavam
improdutivos. A prática normal era manter os rebanhos nos campos da
Primavera ao Outono. Além disso, o inverno seria um tempo especialmente
difícil para Maria viajar grávida pelo longo caminho de Nazaré a Belém (70
milhas).

"Um período mais provável seria em fins de Setembro, no tempo da Festa dos
Tabernáculos, quando uma viagem como essa era comumente admitida. Além
do mais, crê-se (embora não seja certo) que o nascimento de Jesus foi próximo
ao final de Setembro. A concepção de Cristo, contudo, pode ter ocorrido no final
de Dezembro do ano anterior. Nossa celebração de Natal pode ser vista como
uma honrada observação encarnação do 'Verbo que se fez carne' (João 1:14).

…É provável que esse maravilhoso anjo liderando as hostes celestiais em


louvor, fosse Miguel, o arcanjo; essa ocasião foi posteriormente comemorada
pela igreja primitiva como Miguelmas ('Miguel enviado'), em 29 de Setembro, a
mesma data da Festa dos Tabernáculos. Seria no mínimo apropriado para Cristo
ter nascido nessa data, porque foi em Seu nascimento que que 'o Verbo se fez
carne e habitou (literalmente tabernaculou) entre nós' (João 1:14).

Isto significaria, então, que Sua concepção, não Seu nascimento, ocorreu no
final de Dezembro. Além disso, pode perfeitamente ser que quando celebramos
o nascimento de Cristo no chamado 'Natal', nós estejamos na verdade celebrando
Sua concepção miraculosa, o tempo em que o Pai enviou o Filho ao mundo, no
ventre da virgem. Esse, o mais obscuro período do ano, o período da festa pagã
'Saturnália', e o período em que o sol (a 'luz do mundo' física) está mais distante
da Terra Santa - seria certamente um período apropriado para Deus enviar a 'luz
do mundo' espiritual ao mundo, como o 'Salvador, que é Cristo o Senhor' (Lucas
2:11)" [Dr. Henry M. Morris, The Defender's Study Bible (notas de Lucas
2:8,13)].

(O Natal é uma celebração especial da ceia do Senhor - chamada de missa pela Igreja
Católica Romana e de ceia pela maior parte das Igrejas Protestantes.)

 Por que muitos cristãos celebram o Natal em 25 de Dezembro, se não foi


nessa data que Cristo nasceu?

Essa data foi escolhida pela Igreja Católica Romana. Devido ao domínio de
Roma sobre o mundo "Cristão" por séculos, a data se tornou tradição por toda a
cristandade..

O significado original de 25 de Dezembro é que esse dia era um popular dia


festivo de celebração do retorno do sol. Em 21 de Dezembro ocorre o solstício
de inverno (o mais curto dia do ano e assim um dia chave no calendário), e 25 de
Dezembro era o primeiro dia no qual os antigos podiam notar claramente que os
dias estavam se tornando maiores e que a luz do sol estava retornando.

Assim, por que 25 de Dezembro foi escolhido para lembrar o nascimento de


Jesus Cristo com uma missa (ou ceia)? Como ninguém sabe o dia de Seu
nascimento, a Igreja Católica se sentiu livre para escolher essa data. A Igreja
queria substituir o festival pagão com um dia santo Cristão. O método se valia
do fato de que é mais fácil tirar um festival mundano, mas tradicional, da
população quando podemos substituí-lo com um bom festival. De outra forma, a
Igreja teria deixado um vácuo onde antes havia uma tradição de longas datas, e
se arriscado a produzir descontentamento na população e um rápido retorno à
prática pagã.

Os vários equívocos acerca do nascimento de Cristo ilustram a necessidade de sempre


testarmos tudo o que ouvimos contrário à Palavra de Deus, não importa qual seja a fonte
da informação. A Bíblia é a autoridade decisiva.

A despeito de todos os erros humanos, os fatos verdadeiros sobre Jesus são mais
maravilhosos do que palavras podem expressar. Ele verdadeiramente nasceu de uma
virgem na cidade de Belémexatamente como profetizado anos e anos antes. Jesus foi
concebido em Maria, não por homem, mas pelo Espírito Santo de Deus. Como o
apóstolo João revela, Jesus existia antes da Criação do mundo (João 1). Ele é parte da
Santa Trindade que conhecemos como Deus (Pai, Filho e Espírito Santo). O Filho de
Deus veio em forma de homem com um propósito - morrer como um sacrifício
voluntário em pagamento pelos pecados da humanidade. Ele o fez para conceder
salvação eterna como um dom gratuito a todo aquele que O aceitar e O seguir.

O verdadeiro espírito do Natal


publicado em: 06/12/2011 | 15:36

Dezembro parece ser o mês mais


esperado do ano. Afinal, é tempo de Natal, ocasião para ver a família reunida, trocar
presentes e participar de festas especiais. Mas também é tempo de saudade e
especialmente de reconsagração. Em meio a tantas comemorações, promoções e
diferentes interesses, precisamos repensar o verdadeiro espírito do Natal.
Isso não significa polemizar sobre a verdadeira data do nascimento de Cristo.
Possivelmente não tenha sido em 25 de dezembro, mas esse dia acabou sendo aceito
para recordar o maior presente já recebido por este mundo. Também não tem que ver
com as discussões sobre o surgimento dos diferentes símbolos, tão usados hoje.
Precisamos aproveitar a data para manter diante dos olhos e do coração o motivo central
das comemorações, o verdadeiro espírito do Natal.

Tenho observado igrejas, escritórios, centros comerciais e mesmo nossa casa. Muitas
delas estão bem ornamentadas: uma árvore bonita, pacotes com presentes, luzes
coloridas, etc. Normalmente, esses são os símbolos que expressam a visão popular do
Natal. Estamos fazendo uso desses símbolos movidos apenas pela tradição, ou, como
adventistas, mantemos o verdadeiro espírito dessa comemoração? Se perdermos a visão
correta, quem vai mantê-la?

Os símbolos enfeitam e embelezam o Natal, mas não podem tirar seu foco principal.
Ellen G. White recomendava o uso da árvore de Natal na igreja, não apenas como
enfeite, mas com uma razão mais nobre e apropriada: “Deus muito Se alegraria se, no
Natal, cada igreja tivesse uma árvore de Natal sobre a qual pendurar ofertas, grandes e
pequenas, para essas casas de culto. [...] Não há particular pecado em selecionar um
fragrante pinheiro e pô-lo em nossas igrejas, mas o pecado está no motivo que induz à
ação e no uso que é feito dos presentes postos na árvore” (O Lar Adventista, p. 482).

Se Natal é tempo de presentes, então, por que não aproveitar para oferecê-los aos
necessitados ou para os projetos da igreja? Vamos ornamentar a casa, o escritório ou
igreja, mas pensando em tornar o Natal uma oportunidade para dar presentes não apenas
às pessoas que amamos e estão perto de nós, mas também àqueles que tanto necessitam
de ajuda. Esse é o verdadeiro espírito do Natal. “Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigênito…” Deus amou e deu. É esse espírito de
abnegação que precisamos renovar no Natal.

Tenho me preocupado ao ver como os símbolos seculares, que deveriam ser um


complemento à beleza do Natal, acabaram tomando o lugar principal. Quantas árvores,
presentes, luzes ou imagens do papai Noel você tem visto nestes dias? Por outro lado, já
observou quantas representações do nascimento de Jesus estão por aí? Não podemos
perder de vista a verdadeira razão por trás do Natal. A visão secular e comercial não
pode tomar o lugar do foco principal. Natal é tempo de gratidão, reconsagração,
reflexão e também de cultos de adoração. O restante – como ceia, enfeites, presentes –
deve ser apenas complemento.

Mas, como o Natal é tempo de presentes, quero lhe fazer duas sugestões especiais: A
primeira é que você participe do Mutirão de Natal, oferecendo um pouco do que você
tem aos necessitados. Esse é um projeto precioso que resgata e reforça, de maneira
organizada, o espírito que deve estar no coração de cada cristão. Corremos o risco de
fazer do Natal um tempo de egoísmo em que gastamos o que temos, e muitas vezes o
que não temos, apenas para satisfazer as pessoas que amamos. Isso é olhar apenas para
nós mesmos no tempo em que celebramos o nascimento dAquele que abriu mão de tudo
o que possuía para vir a este mundo salvar pecadores. Vamos dar presentes aos nossos
queridos, mas sem esquecer as pessoas carentes.
A segunda sugestão é que você presenteie aqueles que precisam conhecer Jesus por
meio da leitura do livro missionário A Grande Esperança. Parentes, amigos, vizinhos,
funcionários ou colegas de trabalho. Melhor seria se pudéssemos dar o livro O Grande
Conflito (texto completo), na edição de luxo lançada recentemente pela Casa
Publicadora Brasileira. Esse é o tempo em que os corações estão abertos e não podemos
perder a oportunidade. “Aproximamo-nos rapidamente do fim. A impressão e circulação
dos livros e revistas que contêm a verdade para este tempo deve ser nossa obra” (Ellen
G. White, O Colportor-Evangelista, p. 5).

A mesma autora insiste na distribuição da mensagem do livro O Grande Conflito, pois


nele “a última mensagem de advertência ao mundo é dada mais distintamente que em
qualquer de meus outros livros” (Ibid., p. 127).

O Significado, Celebração e Data do


Natal – Por Samuele Bacchiocchi
Posted on 02/12/2011 by Blog Sétimo Dia

O Significado do Nascimento de
Cristo

No mundo cristão, a celebração do nascimento de Cristo tem um significado muito


maior do que a comemoração da Sua morte e ressurreição na Páscoa.

A história do nascimento de Jesus é contada apenas nos Evangelhos de Mateus e Lucas,


sendo a preocupação dos escritores do Evangelho salientar o significado teológico do
nascimento do Salvador do mundo, ao invés de fornecer os detalhes históricos do
evento. Em contrapartida, todos os quatro Evangelhos dedicam quase um terço de sua
narrativa aos acontecimentos da última semana da vida de Jesus.

No entanto, é o nascimento de Cristo que tem capturado a imaginação e o interesse do


mundo cristão. Uma possível razão é que os nascimentos são eventos mais alegres e
atraentes do que a morte. Nós celebramos o nascimento de um filho, mas lamentamos a
morte de uma pessoa.

Não há indicações de que durante os primeiros dois séculos a igreja primitiva celebrava
o nascimento de Cristo. O evento que era amplamente comemorado todos os anos era a
morte e ressurreição de Jesus na Páscoa.
No entanto, a vontade de Deus em assumir a carne humana e nascer como um bebê, me
diz muito sobre o caráter de Deus. Resumidamente, o nascimento de Cristo como um
bebê indefeso, me diz quatro coisas importantes a respeito de Deus.

Deus é Emanuel: Deus conosco

Em primeiro lugar, o nascimento da Segunda Pessoa da Trindade como um indefeso


bebê humano me diz que Deus estava disposto a entrar, não só nas limitações do tempo
humano na criação e comunhão com Adão e Eva, mas também nas limitações,
sofrimento e morte da carne humana na encarnação para se tornar Emanuel, Deus
conosco.

João exprime esta verdade eloquentemente dizendo: “E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós” (João 1:14). Para apreciar toda a força desse versículo, é importante notar que
a palavra – “habitou – Skené” em Grego, significa “barraca, tenda”. Isso não significa
que Cristo tomou habitação temporária entre nós. Na Bíblia a palavra não implica
residência temporária. Por exemplo, em Apocalipse 21:3 os novos céus e a nova terra
são descritos, dizendo: “Eis aqui o tabernáculo (tenda!) de Deus com os homens. Ele vai
morar (armar a sua tenda!) Com eles, e eles serão o seu povo.”

A noção de Deus, levantando uma tenda entre nós, implica que Ele quer estar perto de
nós e interagir conosco. É por isso que Cristo nasceu como um bebê. Ele queria estar
perto de nós e se identificar conosco. Levantou a sua tenda como se fosse no nosso
quintal.

Se Cristo tivesse vindo como um super-homem, ou uma espécie de King Kong, o


teríamos temido e não amado. Mas Ele veio como um bebê, porque podemos aceitar e
amar um bebê indefeso.

Nosso corpo humano é a boa criação de Deus

Em segundo lugar, o nascimento de Cristo como um bebê humano me diz que Deus vê
o nosso corpo humano como Sua boa criação. Esta verdade da Bíblia era inaceitável
para os pensadores dualistas do NT que viam o corpo material humano como mal e a ser
descartado no momento da morte. Essas pessoas formaram influentes seitas “cristãs”
conhecidas como gnósticas ou Docéticas. Elas ensinavam que Cristo tinha uma
aparência humana, mas não um corpo material humano, porque o corpo físico humano é
mau. Em seus pensamentos, Cristo não poderia ter assumido um corpo humano, sem se
contaminar. A divindade não poderia assumir a humanidade sem perder sua natureza
divina.

João condena essas pessoas como “falsos profetas”, possuídos pelo espírito do
anticristo. “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus, mas
todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Este é o espírito do
anticristo” (1 João 4:2-3).

O fato de que Cristo nasceu como um bebê humano e viveu como um ser humano, nos
diz que Deus vê a nossa natureza humana como Sua boa criação. A finalidade da
encarnação não foi mudar a natureza dos nossos corpos de físico para espiritual, mas
para redimir e restaurar-lhe a sua perfeição original. Isso nos dá razão para acreditar que
se a nossa natureza humana era “muito boa” na criação e na encarnação, também será
boa na restauração final. Em outras palavras, no fim, Deus não vai mudar o nosso corpo
humano em algo totalmente diferente, porque Ele descobriu uma falha na sua criação
original, mas restaurá-lo à sua perfeição original.

Nosso Deus estava disposto a se humilhar para Nossa


Salvação

Terceiro, a vontade de Cristo de deixar de lado Sua glória, posição e prerrogativas


divinas para nascer como um bebê indefeso na família humana, me diz que Ele estava
disposto a se humilhar para a nossa salvação.

Paulo expressa esta verdade com clareza, dizendo: “Tende em vós aquele sentimento
que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não
considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo,
tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de
homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo
nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai.” (Filipenses 2:5-11).

Antes de Sua encarnação Jesus Cristo era “em forma de Deus”(v. 6), isto é, Ele tinha a
natureza de Deus e esta Divindade essencial nunca poderia deixar de existir. Mas, para
nascer como um bebê: “Ele se humilhou”, deixando de lado temporariamente Sua
majestade, glória e posição como o Filho de Deus. Somente a eternidade revelará a
profundidade de significado nas palavras, “humilhou-se a si mesmo”.

O nascimento de Cristo como um bebê humano a fim de se identificar conosco, me diz


que nós adoramos um Deus que é transcendente e imanente, isto é, que habita além de
nós no céu glorioso, mas também com a gente nesta terra. Ele é tanto El Shaddai – o
Deus Todo-Poderoso, como Emmanuel – Deus conosco. Esta é a tensão entre o Cristo,
que se humilhou para se tornar um bebê e o Cristo que se ergue triunfante sobre a morte
e as regras do mundo.

Nosso Deus escolheu revelar-Se através de um bebê indefeso

Em quarto lugar, Deus escolheu revelar a Sua santidade, pureza e glória através do rosto
e da natureza de uma criança indefesa. Durante todo o Antigo Testamento, Deus quis
fazer-Se conhecido ao seu povo. Mas isso era impossível. Antes do pecado entrar no
mundo, Adão e Eva desfrutavam de uma relação perfeita com Deus. Eles moravam na
presença de Deus. Mas uma vez que o pecado entrou no mundo, ver Deus face a face se
tornou impossível. Os seres humanos perderam a capacidade de viver em segurança na
presença de Deus.

Quando Moisés disse a Deus que queria vê-lo, Deus respondeu: “Você não pode me ver
e viver.” Estar na presença plena de Deus era impossível para os seres humanos
pecaminosos. Então Deus disse a Moisés para se esconder numa rocha enquanto Ele
passava. Moisés capturou uma breve visão de Deus, e retornou ao seu povo com o rosto
brilhando, tão brilhante que o povo o fez colocar um véu para protegê-los da glória de
Deus refletida no rosto de Moisés.

Quando os israelitas vagaram rumo à Terra Prometida, Deus escolheu revelar-Se num
pilar de nuvem de dia, e numa coluna de fogo à noite. Essa foi uma maneira de Deus
estar com seu povo, sem destruí-los com a glória da Sua presença.

Mas Deus desejava revelar-Se mais plenamente para a família humana. Ele fez isso
através da encarnação de Seu Filho, nascido neste mundo como um bebê com carne e
sangue como um ser humano. É assim que Deus se revelou a nós.

Os Hebreus explicam que no passado Deus revelou-Se de “várias maneiras.” Visões,


colunas de fogo, e anjos. “Mas, nestes últimos dias, Ele nos falou por seu Filho. . . O
Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas
as coisas por sua palavra poderosa” (Hebreus 1:1-3). O bebê Jesus é a revelação mais
próxima da perfeita santidade de Deus que Ele poderia revelar a este mundo
pecaminoso. Por isso, somos eternamente gratos que Deus escolheu revelar-Se através
do menino Jesus.

João exprime a mesma verdade dizendo: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.”
(João 1:14). É através da encarnação do Filho de Deus que contemplamos a glória de
Deus.

A mesma observação é feita no versículo 18. “Ninguém jamais viu a Deus. O Deus
unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.” Aqui a questão é que embora
Deus seja invisível, Ele tem agora Se revelado de uma forma mais original através da
encarnação de Si mesmo em Seu Filho Jesus. Em Jesus vemos Deus. É por isso que
Jesus podia dizer: “Aquele que vê a mim vê o Pai” (João 14:9).

Em suma, o nascimento de Cristo como um bebê indefeso diz que Deus é Emanuel, no
sentido de que Ele quer estar perto de nós e se identificar conosco. Ele nos diz que Deus
vê a nossa natureza humana como Sua boa criação, porque ela foi assumida pelo seu
próprio Filho. Ele nos diz que Deus é um Deus humilde. Ele estava disposto a Se
humilhar para a nossa salvação. Ele nos diz que Deus escolheu revelar a Sua santidade,
pureza e glória através do rosto e da natureza de uma criança indefesa. O nascimento de
Cristo como um bebê indefeso, nos diz que nós adoramos um Deus maravilhoso,
profundamente interessado em nos devolver a uma relação harmoniosa com Ele.

A Celebração do Nascimento de Cristo

A celebração do nascimento de Cristo coloca dois problemas: a data e a forma da


celebração. Quanto à data do nascimento de Cristo, logo veremos que a adoção da data
de 25 de dezembro pela Igreja Ocidental, para comemorar o nascimento de Cristo foi
influenciada pela celebração pagã do retorno do sol após o solstício de inverno.

Diversos estudos acadêmicos sugerem que a Festa dos Tabernáculos em Setembro /


Outubro fornece uma data bíblica e tipológica muito mais precisa para comemorar o
nascimento de Cristo do que a data pagã de 25 de dezembro. A última data não apenas
retira do tempo real o nascimento de Cristo, como também é derivada da celebração
pagã do retorno do sol após o solstício de inverno.

A questão da data do nascimento de Cristo será discutida em breve. Neste momento eu


gostaria de comentar sobre a maneira de sua celebração. De uma perspectiva comercial,
o Natal tornou-se o evento comercial do ano. As pessoas gastam o dinheiro que não têm
para comprarem coisas que não precisam. Para promover maiores vendas, o dia do
nascimento de Cristo tornou-se um “Holiday Season” com a “Black Friday”, sexta-feira
que sucede o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos marcando um dos
momentos de maior volume de vendas no país por dar início ao período de compras
natalinas.

De acordo com a Time “para muitos varejistas, as vendas deste feriado são responsáveis
por até 40% de sua receita anual e até 80% de seus lucros – daí o nome Black friday –
ou o dia em que tradicionalmente as lojas saem “do vermelho” para “o preto”.
(Http://www.time.com/time/business/article/0, 8599,1855555,00. Html)

A comercialização do Natal obscurece o significado do nascimento de Cristo. Cristo


nasceu em uma manjedoura humilde para nos ensinar humildade e abnegação, não para
celebrar o Seu nascimento, comendo e bebendo, comprando e vendendo.

A boa notícia da data do nascimento de Cristo, não é um feriado, com os seus presentes,
festas, diversão, e árvores de Natal iluminadas – pois isso são apenas vestígios de uma
cultura pagã que nada sabe do verdadeiro Deus. A boa notícia do nascimento de Cristo
gira em torno de uma pessoa – um dom inefável de Deus, um Salvador que é Cristo o
Senhor.

A celebração do nascimento de Cristo em algumas igrejas


Adventistas

Vários crentes me pediram para comentar especificamente sobre a celebração do


nascimento de Cristo em algumas igrejas adventistas. Não é incomum nossas maiores
igrejas Adventistas terem um serviço religioso de véspera de Natal. Alguém me
perguntou: “Você poderia me explicar por que algumas igrejas adventistas têm serviços
especiais de véspera de natal, enquanto outras não?”

Francamente, eu não entendo por que algumas igrejas adventistas de hoje estão
adotando a prática popular de um culto na igreja à noite em 24 de dezembro. Talvez elas
não estejam cientes de que estão imitando a católica “Missa de Cristo”, comemorada à
meia-noite de 24 de dezembro. Elas podem também ignorar a origem pagã da data do
nascimento de Cristo, que será discutida posteriormente. Provavelmente, para estas
igrejas, pode ser apenas uma questão de conformidade cultural, ou seja, o desejo de
imitar os impressionantes serviços de véspera de Natal realizados em igrejas católicas e
protestantes.

A celebração religiosa do Natal nas igrejas adventistas é um desenvolvimento recente.


Eu cresci em Roma, na Itália, onde nunca tivemos uma árvore de Natal em nossa casa
ou na igreja. Meu pai trabalhava regularmente no dia de Natal. Nossa família
considerava o Natal como uma festa católica, similar ao Domingo de Páscoa, a Festa da
Imaculada Conceição em 25 de março, a Festa da Assunção de Maria, em 15 de agosto,
o Dia de Todos os Santos em 1 de novembro, etc

Quando cheguei aos EUA em 1960 como estudante de um seminário na Universidade


Andrews, o Natal era primordialmente uma pausa de inverno. Não me lembro muito de
decorações de Natal e celebrações nas igrejas que eu visitei durante os quatro anos que
passei no seminário 1960-1964.

Gradualmente as coisas mudaram durante os últimos 50 anos. Isso é evidente pelas


fachadas profusamente iluminadas e decoradas de muitas igrejas adventistas na época
do Natal. Algumas igrejas parecem competir com a rica decoração geralmente
encontrada em igrejas ortodoxas gregas.

Pessoalmente eu não fico inspirado pelas decorações elaboradas e a celebração do


Natal, porque como um historiador da igreja estou ciente de sua origem pagã. Jesus
nasceu numa manjedoura humilde. Não houve decorações fantasiosas para comemorar
seu nascimento. Estaria mais de acordo com a definição de seu nascimento, manter as
decorações simples, concebidas para ajudar as pessoas a capturarem o verdadeiro
espírito do humilde nascimento de Cristo.

Era a celebração do nascimento do deus-Sol na Roma antiga, que era acompanhada por
uma profusão de luzes e tochas e a decoração de árvores. Para facilitar a aceitação da fé
cristã pelas massas pagãs, a Igreja de Roma considerou oportuno fazer não só o Dia do
Sol a celebração semanal da ressurreição de Cristo, mas também o dia do nascimento do
Deus-Sol invencível em 25 de dezembro a celebração anual do nascimento de Cristo.
Este ponto será ampliado mais tarde.

Uma oportunidade de testemunho

O reconhecimento da origem pagã do Natal, com todas as suas luzes, decoração, festa e
celebração, não significa que é errado dar um tempo para lembrar o nascimento de Jesus
nesta época do ano. Afinal seria bom para nós nos lembrarmos a cada dia que Jesus
estava disposto a deixar sua posição gloriosa, a fim de nascer na família humana como
um bebê indefeso para se tornar nosso Salvador.

Nenhuma outra história aperta o coração humano como a história do amor divino
manifesto na vontade de Cristo de entrar na limitação, agonia, sofrimento e morte da
carne humana para se tornar “Emanuel”, Deus conosco. Refletir sobre o mistério da
encarnação é um digno exercício espiritual diário, que pode ser feito também em 25 de
dezembro, conhecido no mundo cristão como o “tempo do Advento”, isto é, a
temporada que se comemora o Primeiro Advento do Senhor.

De certa forma o tempo do Advento oferece uma oportunidade única para os adventistas
ajudarem os cristãos a compreender o sentido último do Natal, que se encontra no fato
de que Jesus que veio pela primeira vez como um bebê indefeso em Belém, voltará a
segunda vez como o Senhor dos senhores e o Rei dos Reis. O que isto significa é que o
humilde nascimento de Jesus na família humana, é o prelúdio de Seu retorno glorioso
para habitar com o Seu povo através dos séculos sem fim da eternidade. A celebração
final do tempo do Advento nos aguarda na gloriosa segunda vinda do Senhor.
No lar adventista, o nascimento de Cristo pode ser celebrado lembrando-se dos
necessitados em nossa igreja e comunidade. Assim como Deus nos amou, dando o seu
Filho unigênito para a nossa salvação, assim podemos celebrar a doação do amor de
Deus, compartilhando nossas bênçãos com os necessitados. Isto significa que em vez de
perguntar: “O que eu vou ganhar de presente no Natal?” , possamos considerar: “Quem
eu posso ajudar este ano?

A data do nascimento de Cristo

Surpreendentemente, não há nenhuma menção no Novo Testamento, de qualquer


celebração do aniversário do nascimento de Cristo. Os relatos nos Evangelhos sobre o
nascimento de Jesus são muito breves, consistindo apenas em poucos versículos
encontrados apenas em Mateus 1:16-24 e Lucas 2:1-20. Em contrapartida, os relatos do
que é conhecido como “A Semana da Paixão”, são mais longos, tendo vários capítulos.

De acordo com algumas estimativas, cerca de um terço de cada Evangelho é dedicado à


Semana Santa. É evidente que a partir da perspectiva dos escritores do Evangelho, a
morte de Cristo é mais importante para a nossa salvação do que o Seu nascimento. A
razão é que através da Sua morte expiatória Cristo garantiu a nossa salvação eterna. No
entanto, os cristãos de hoje tendem a celebrar mais o nascimento de Cristo do que Sua
morte. Talvez a razão é que o nascimento de uma criança Libertadora capture a
imaginação muito mais do que a morte de um Salvador. Nossa sociedade comemora
nascimentos, não mortes.

Os primeiros cristãos comemoravam anualmente a morte e ressurreição de Cristo na


Páscoa, mas não temos indícios claros de uma celebração anual do nascimento de
Cristo. Uma grande controvérsia eclodiu na última parte do segundo século sobre a data
da Páscoa, mas a data do nascimento de Cristo não se tornou um problema, até o século
IV. Naquela época a disputa centrava-se principalmente em duas datas do nascimento
de Cristo: 25 de dezembro promovido pela Igreja de Roma e 06 de janeiro, conhecido
como Epifania, observado pelas igrejas orientais. “Ambos os dias”, como Oscar
Cullmann destaca, “eram festas pagãs cujo significado forneceu um ponto de partida
para a concepção especificamente cristã do Natal.”[1]

Muito provavelmente Cristo nasceu no final de setembro ou


início de outubro

É um fato reconhecido que a adoção da data de 25 de dezembro pela Igreja Ocidental,


para comemorar o nascimento de Cristo foi influenciada pela celebração pagã do
retorno do sol após o solstício de inverno. Mais tarde falaremos mais sobre os fatores
que influenciaram a aprovação da presente data. Nesta conjuntura, é importante notar
que a data de 25 de dezembro é totalmente desprovida de sentido bíblico e é
grosseiramente errada em relação ao tempo real do nascimento de Cristo.

Se, como é geralmente aceito, o ministério de Cristo começou quando ele tinha cerca de
trinta anos de idade (Lucas 3:23) e durou três anos e meio, até sua morte na Páscoa
(março / abril), retrocedendo, chegamos aos meses de setembro / outubro, ao invés de
25 de dezembro.[2] Indireto suporte para a datação de Setembro / Outubro como
nascimento de Cristo é fornecido também pelo fato de que de novembro a fevereiro os
pastores não assistiam os seus rebanhos durante a noite nos campos. Eles o traziam para
uma área protegida chamada curral. Assim, 25 de dezembro é a data mais provável para
o nascimento de Cristo.[3]

A data mais provável do nascimento de Cristo é a parte final de setembro ou início de


outubro. Essa data corresponde ao período da Festa dos Tabernáculos. Esta festa era a
última e mais importante peregrinação do ano para os judeus. As condições de
superlotação no momento do nascimento de Cristo (“não havia lugar para eles na
estalagem”, Lucas 2:7) pode estar relacionada não só com o censo realizado pelos
romanos naquela época, mas também aos muitos peregrinos que ali se aglomeravam
especialmente durante a Festa dos Tabernáculos.

Belém ficava a apenas quatro quilômetros de Jerusalém. “Os romanos”, observa Barney
Kasdan, “eram conhecidos por fazerem seus censos de acordo com o costume dos
territórios ocupados. Assim, no caso de Israel, eles optaram por ter o povo afluindo para
as suas províncias em um momento que seria conveniente para eles. Não havia nenhuma
lógica aparente em chamar o recenseamento no meio do inverno. O tempo mais lógico
de tributação seria após a colheita, no outono” [4], quando as pessoas tinham em suas
mãos a receita da sua colheita.

O apoio à crença de que Cristo nasceu no tempo da Festa dos Tabernáculos, que ocorre
no final de setembro ou início de Outubro, é fornecido pelos temas Messiânicos da
Festa dos Tabernáculos, que discutirei neste boletim de notícias e também por detalhes
significativos sobre o tempo do serviço de Zacarias no Templo. Estes são analisados
pelo professor Noel Goh em um artigo perspicaz que você pode acessar clicando neste
link http://www.biblicalperspectives.com/anotherlook.htm

Uma Palavra Sobre o ensaio do Prof Noel Goh

Para incentivar a leitura de um “Outro olhar para a data do nascimento de Cristo,” do


Prof. Noel Goh, deixe-me apresenta-lo: Ele é pastor e professor no Seminário Metodista
em Singapura. A Igreja Metodista é a maior denominação cristã em Cingapura, com o
maior seminário cristão nesse país. Conheci o Prof Goh a cerca de cinco anos atrás,
durante minha primeira palestra em Cingapura. Ele participou das reuniões e se
interessou por nossa mensagem adventista, em especial a mensagem do sábado. Ele me
convidou para um almoço, a fim de ter uma conversa privada.

Durante o decorrer da conversa, ele expressou seu desejo de vir para a Andrews
University por alguns dias para conhecer melhor nossa história e as crenças adventistas.
Eventualmente, ele veio e passou quase um mês em nosso campus. Ele ansiosamente
assistiu a todas as aulas do seminário que podiam se encaixar em sua agenda e passou
longas horas na biblioteca lendo e assistindo os vídeos relacionados à nossa história
adventista.

Quando voltou para casa em Cingapura, ele ajudou a organizar uma reunião com o clero
local onde entregou duas palestras, uma sobre o ponto de vista holístico da natureza
humana e outra sobre a mudança do sábado para o domingo no cristianismo primitivo.

O prof Goh não é adventista ainda, no entanto, ele aprecia a maioria de nossas crenças
fundamentais e nosso estilo de vida. Neste ponto eu poderia descrevê-lo como um
metodista sabatista. Ele é um homem brilhante e gracioso, que partilha suas convicções
com seus alunos e os membros de uma forma amistosa, confessional e sem
confrontações.

Você vai gostar de ler seu ensaio “Um outro olhar para a data do Nascimento de
Cristo.” Ao examinar as poucas referências de tempo
encontradas no Evangelho de Lucas sobre Maria, Isabel, e o tempo do serviço de
Zacarias no Templo, ele chega à conclusão irrefutável de que Cristo provavelmente
nasceu em Setembro / Outubro, no tempo da Festa dos Tabernáculos. Você vai achar
seu ensaio simples, mas muito esclarecedor. Você pode acessar o ensaio clicando neste
link http://www.biblicalperspectives.com/anotherlook.htm

Surpreendentemente, cheguei à mesma conclusão sobre a data aproximada do


nascimento de Cristo, considerando especialmente os temas Messiânicos da Festa dos
Tabernáculos. Como você sabe, os principais acontecimentos da vida e ministério de
Cristo estão ligados no NT a essa antiga festa de Israel.

O nascimento de Cristo no tempo da Festa dos Tabernáculos

Sendo a festa que celebrava em um sentido o tabernáculo de Deus no passado ou a


habitação entre o Seu povo com a nuvem de dia e o fogo flamejante de noite durante a
sua viagem à Terra Prometida, ela servia para antever o dia em que o Filho de Deus se
tornaria carne e habitaria entre nós (João 1:14).

É importante lembrar que as sete festas anuais do antigo Israel foram concebidas para
ilustrar eventos importantes da história da salvação. Aqueles que estão interessados em
estudar com maior profundidade como as Festas de Israel revelam o desdobramento do
Plano da Salvação, são incentivados a ler os meus dois volumes “Festivais de Deus na
Escritura e na História”. O primeiro volume sobre as Festas da Primavera mostra como
a Páscoa, Pães Ázimos, e Pentecostes, apontavam para a realização redentora do
primeiro Advento, ou seja, a morte expiatória de Cristo, Sua ressurreição,
ascensão, inauguração de Seu ministério celestial, e envio do Espírito Santo.

O segundo volume sobre “As Festas de Outono” explicam como a festa das Trombetas,
Expiação e Tabernáculos apontam para a consumação da redenção, ou seja, o juízo, a
disposição final do pecado, e o Segundo Advento quando Cristo virá para reunir o seu
povo e habitará com eles em um mundo restaurado.

A primeira Vinda de Cristo habitando entre nós em carne humana, serve como um
prelúdio e uma garantia da Sua segunda vinda para habitar entre os remidos na glória
divina. Ambos os eventos, como veremos, são tipificados pela Festa dos Tabernáculos.
A escatologia Adventista é amplamente baseada na tipologia do Dia da Expiação. Os
Festivais de Outono ampliam a base tipológica da escatologia adventista mostrando a
contribuição de outras duas Festas, a das Trombetas e a dos Tabernáculos para o
desdobramento da consumação da redenção.

Aliás, a nossa doutrina adventista do juízo pré-advento é baseada unicamente sobre a


tipologia do Dia da Expiação. O problema é que tendemos a compactar em demasia o
Dia da Expiação: o início do julgamento, o processo de julgamento, a conclusão do
julgamento, e a volta de Jesus.
Um estudo cuidadoso dos Festivais de Outono mostra que o processo de julgamento
começava com a festa das trombetas, que anunciava o início do julgamento com o sopro
do shofar em toda a terra. O julgamento terminava 10 dias depois, com a purificação do
pecado do povo no Dia da Expiação. Cinco dias depois, começava a Festa dos
Tabernáculos, um tempo para se alegrar nas realizações redentoras da primeira e
segunda vinda. Você encontrará uma ampla discussão sobre este assunto nos Festivais
de Outono.

Vale ressaltar que os eventos importantes do plano de salvação são cumpridos de forma
consistente sobre os Dias Santos que os prefiguravam. Cristo morreu na cruz no
momento quando o cordeiro pascal era sacrificado (João 19:14). Cristo ressuscitou no
momento
da ondulação do feixe de cevada como os primeiros frutos da próxima colheita (1
Coríntios 15:23). A manifestação dos primeiros frutos do Espírito Santo de Deus teve
lugar “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes” (Atos 2:1). Da mesma forma, Cristo poderia
muito bem ter nascido na época da Festa dos Tabernáculos, uma vez que a festa tipifica
a Primeira Vinda de Deus para habitar entre nós através da encarnação de Seu Filho e
Sua Segunda Vinda para habitar com seu povo (Ap 21:3) por toda a eternidade.

Crescimento em Significado da Festa dos Tabernáculos

A Festa dos Tabernáculos no Antigo e Novo Testamento cresce em seu significado e


função durante o curso da história redentora. Ela começa no Antigo Testamento como a
Festa de Outono da Colheita para expressar gratidão a Deus pelas bençãos da colheita
dos frutos. Tornando-se a Festa dos tabernáculos, para comemorar a maneira como
Deus abrigou os israelitas com a “tenda” de Sua presença durante a peregrinação deles
no deserto.

A celebração das bênçãos materiais da colheita e das bênçãos espirituais do divino


abrigando-os durante a experiência do êxodo, serviu para antever as bênçãos da era
messiânica, quando ”não haverá calor, nem frio, nem geada. . . nem dia nem noite será;
correrão. . . águas vivas, e habitarão. . . em segurança (Zc 14:6, 7, 11). Um dos
destaques da era messiânica seria o encontro anual de todas as nações sobreviventes
“para celebrarem a festa dos tabernáculos” (Zc 14:16), a fim de comemorar o
estabelecimento do reino universal de Deus.

A rica tipologia da Festa dos Tabernáculos encontra no Novo Testamento tanto um


cumprimento cristológico como um cumprimento escatológico. Cristologicamente, a
festa serve para revelar a Encarnação e a missão de Cristo. Jesus é o tabernáculo final de
Deus pois nele Deus habitou entre os homens (João 1:14). Ele é a água viva (Jo 7:37-
38) tipificado pela cerimônia da água da Festa dos Tabernáculos. Ele também é a Luz
do mundo (João 8:12) tipificado pela iluminação noturna do templo durante a Festa.
Com efeito, através de Cristo as bênçãos tipificadas pela Festa dos Tabernáculos,
tornaram-se uma realidade para todo crente.

Escatologicamente, a Festa dos Tabernáculos serve para representar a proteção de Deus


do seu povo através das provações e tribulações da vida presente, até eles chegarem a
Terra Prometida Celestial. Lá Deus vai abrigar os remidos na tenda da Sua presença
protetora (Ap 7:15) e habitará com eles por toda a eternidade (Ap 21:3). Como os
antigos israelitas se alegravam diante do Senhor (Lv 23:40), na festa dos Tabernáculos,
agitando ramos de palmeira, cantando, tocando instrumentos, e festejando, assim a
multidão incontável dos redimidos se alegrará diante do trono de Deus, acenando com
ramos de palmeira (Ap 7:9), cantando hinos de louvor (Ap 7:10; 14:3; 15:2-4; 19:1-3),
tocando harpas (Ap 14:2), e participando da grande ceia de casamento do Cordeiro (Ap
19:9).

Tempo Ideal para o Nascimento de Jesus

A Festa dos Tabernáculos era o momento ideal para o nascimento de Jesus, porque ele
era chamada “A estação de nossa alegria.” A ênfase na alegria da festa é encontrada nas
instruções dadas em Deuteronômio 16:13-14: “A festa dos tabernáculos celebrarás sete
dias, quando tiveres colhido da tua eira e do teu lagar. E, na tua festa, alegrar-te-ás, tu, e
teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a
viúva, que estão dentro das tuas portas”.

Em contraste com as Festas das Trombetas e da Expiação, que eram momentos de


introspecção e arrependimento, a Festa dos Tabernáculos era um momento de regozijo.
A atmosfera festiva refletia a gratidão dos israelitas por ambas as bênçãos materiais e
espirituais. A razão explícita do regozijo é dada em Deuteronômio 16:15: “porque o
Senhor teu Deus te há de abençoar em toda a tua colheita, e em todo o trabalho das tuas
mãos; por isso certamente te alegrarás”. Não é de surpreender que os rabinos chamem a
festa “A Estação da nossa alegria” (Zeman Simhatenu).

Ellen White observa que o motivo de regozijo era mais do que apenas as bênçãos da
colheita. Ela escreve:

“A festa devia ser eminentemente uma ocasião para regozijo. Ocorria precisamente
depois do grande dia da expiação, quando haviam obtido a certeza de que sua
iniqüidade não mais seria lembrada. Em paz com Deus vinham agora diante dEle para
reconhecer Sua bondade e louvá-Lo pela Sua misericórdia. Estando terminados os
labores da ceifa, e ainda não iniciadas as labutas do novo ano, o povo estava livre de
cuidados, e podia entregar-se às influências sagradas e jubilosas do momento.” [5]

A razão para a alegria não era apenas por causa das bênçãos materiais da colheita,
reuniam-se também por causa da bênção espiritual da proteção de Deus e Sua
permanente presença. A folhagem das tendas na qual os israelitas viviam por sete dias
durante a Festa, lembrava-lhes que Deus irá proteger o remanescente fiel durante o
tempo de angústia, abrigando-os com a nuvem de dia e com o fogo flamejante de noite:
“E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e
esconderijo contra a tempestade e a chuva” (Isaías 4:6). Neste contexto, a nuvem e o
fogo da presença de Deus funcionam como uma tenda de proteção sobre o Seu povo.

Sendo a época de alegria pelas bênçãos da colheita e presença protetora de Deus, a Festa
dos Tabernáculos era o cenário ideal para o nascimento de Jesus – Aquele que veio para
o bem do povo em pessoa. Os temas de alegria relacionam-se perfeitamente com a
terminologia utilizada pelo anjo para anunciar o nascimento de Cristo: “Não temais,
porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo” (Lucas 2:10).
Como “a época da nossa alegria”, a Festa dos Tabernáculos provia as configurações
ideais para as “novas de grande alegria” para todo o povo, pois a festa também era uma
festa para todas as nações (Zacarias 14:16).
Uma final e interessante peculiaridade que apoia a possibilidade de que Cristo nasceu
no mesmo tempo da Festa dos Tabernáculos, é a referência aos sábios que vieram do
Oriente para visitar Cristo (Mateus 2:1). As terras do Oriente eram provavelmente a
Babilônia, onde muitos judeus ainda viviam na época do nascimento de Cristo. Somente
um remanescente dos judeus retornou do exílio babilônico para a Palestina durante o
período persa. Os sábios, muito provavelmente, eram rabinos conhecidos em hebraico
como chakamin, que significa homens sábios.

Somos informados de que os sábios fizeram a sua viagem do Oriente para Belém
porque tinham visto a “estrela do Oriente” (Mt 2:1). A observação das estrelas estava
associada especialmente com a Festa dos Tabernáculos. Na verdade, o teto das tendas
eram construídos com ramos frondosos cuidadosamente espaçados para que pudessem
filtrar a luz do sol sem obstruir a visibilidade das estrelas. As pessoas observavam as
estrelas à noite, durante a festa por causa da profecia “uma estrela procederá de Jacó”
(Nm 24:17). É possível que foi durante a Festa dos Tabernáculos, uma época especial de
observar as estrelas, que os magos avistaram a estrela messiânica e “regozijaram-se com
grande alegria.” (Mt 2:10).

À luz das considerações precedentes, o nascimento de Cristo provavelmente coincidiu


com a Festa dos Tabernáculos. Sendo a festa de agradecimento pela boa vontade de
Deus em proteger o Seu povo com a tenda da Sua presença durante a peregrinação no
deserto, ela poderia servir dignamente para celebrar a vontade de Cristo de se tornar um
ser humano e lançar a sua tenda entre nós para se tornar nosso Salvador.

As implicações desta conclusão são auto-evidentes. A Festa dos Tabernáculos no final


de Setembro / Outubro fornece aos cristãos de hoje uma datação bíblica mais exata e
tipológica para comemorar o nascimento de Cristo, do que a datação pagã de 25 de
dezembro. A última data não só remove o tempo real do nascimento de Cristo, como
também é derivada da celebração pagã do retorno do sol após o solstício de inverno. Por
que celebrar o nascimento de Jesus, numa data errada 25 de dezembro – uma data pagã
derivada da adoração do sol, quando a Bíblia nos proporciona um período mais
adequado e tipológico para comemorar um evento tão importante?

Ellen White incentiva a celebração da Festa dos Tabernáculos. Ela escreve: “Bom seria
para o povo de Deus no tempo presente ter uma Festa dos Tabernáculos, uma jubilosa
comemoração das bênçãos de Deus para eles. Como os filhos de Israel celebravam a
libertação que Deus operara para seus pais, e Sua miraculosa preservação dos mesmos
durante a sua jornada do Egito, assim deveríamos gratamente chamar a atenção para os
vários meios que Ele planejou para nos trazer para fora do mundo e das trevas do erro,
para a luz preciosa da Sua graça e verdade” [6].

Alguns suportes históricos para o nascimento de Cristo na


Festa dos Tabernáculos

A ligação entre o nascimento de Cristo e a Festa dos Tabernáculos proposta acima, pode
parecer à primeira vista surpreendente, mas tem sido proposta, não só por autores
modernos [7], mas também pelos primeiros pais da Igreja. Em seu clássico estudo “a
Bíblia e Liturgia”, Jean Daniélou discute a ligação entre a Festa dos Tabernáculos e a
Natividade nos escritos de alguns pais da Igreja [8].Ele observa, por exemplo, que em
seu sermão sobre a Natividade, Gregório de Nazianzo (329-389 dC) conecta a Festa da
Natividade de 25 de dezembro com a Festa do Tabernáculo: “O tema da festa de hoje
(25 de dezembro) é a verdadeira festa dos Tabernáculos. Com efeito, nesta festa, o
tabernáculo humano foi construído por Ele que se colocou sobre a natureza humana por
causa de nós. Nossos tabernáculos, que foram abatidos pela morte, são levantados
novamente por Ele, que construiu a nossa habitação desde o início. Portanto,
harmonizando as nossas vozes com a de Davi, vamos também cantar o Salmo: ‘Bendito
o que vem em nome do Senhor‘ [Sl 118:26. Este verso foi cantado durante o cortejo da
Festa dos Tabernáculos]” [9].

Para Gregório a Festa dos Tabernáculos encontra a sua plenitude na Encarnação.


Comentando este texto, Daniélou escreve: “A vinda de Cristo, Seu nascimento, é assim
vista, como a inauguração da verdadeira festa dos Tabernáculos. Aqui surge uma nova
harmonia:
o scenai [grego para "tenda"], a habitação humana, no início, têm sido atingida pelo
pecado…Cristo vem para levantá-la, para restaurar a natureza humana, para inaugurar a
verdadeira festa dos Tabernáculos prefigurada na liturgia judaica. E o início desta
Scenopegia [Festa dos Tabernáculos] é a própria Encarnação, na qual, segundo São
João, Cristo edificou as tendas do seu próprio corpo (João 1:14). Isto faz realmente
parecer como se fosse esse termo de São João que faz a ligação entre a festa do scenai
[Tabernáculos] e a festa do nascimento de Cristo”[10]. Daniélou considera que os
vestígios da conexão patrística entre a Festa dos Tabernáculos e a Natividade ainda
sobrevivem no uso corrente dos versículos messiânicos 23, 28, 29 do Salmo 118,
durante “o gradual da segunda missa de Natal” comemorada nas Igrejas Católicas. Ele
conclui: “É de fato no nascimento de Cristo que o tabernáculo escatológico foi
construído pela primeira vez, quando o Verbo “estabeleceu sua morada entre nós” e a
unidade dos homens e dos anjos foi restaurada quando os anjos visitaram os
pastores”[11].

Infelizmente, a ligação entre o nascimento de Cristo e a Festa dos Tabernáculos foi


gradualmente perdida já que a simbologia pagã do sol deslocou a tipologia bíblica da
Festa dos Tabernáculos. A tentativa dos pais para se conectar a Festa dos Tabernáculos
com o Natal não foi bem sucedida porque as duas festas eram diferentes em origem,
significado e autoridade. Ao adotar a data de 25 de dezembro, que era a festa pagã do
nascimento do Sol Invencível (dies natalis Solis Invicti), [12] o sentido cristológico da
Festa dos Tabernáculos foi gradualmente perdido – como indicado pelo fato de que hoje
ninguém pensa no Natal como sendo o cumprimento antitípico da Festa dos
Tabernáculos, quando Cristo se fez carne e habitou entre nós, a fim de realizar o Seu
plano redentor, para habitar conosco por toda a eternidade no mundo vindouro.

A origem pagã da data do Natal

A adoção do 25 de dezembro para a celebração do Natal é talvez o exemplo mais


explícito da influência do culto do Sol sobre o calendário litúrgico cristão. É um fato
conhecido que a festa pagã do dies natalis Solis Invictus, o nascimento do Sol
Invencível, era realizada nessa data.[13] Fontes cristãs admitem abertamente o
empréstimo da data de tal festa pagã? Geralmente não. Admitir um empréstimo de um
festival pagão, mesmo após a devida reinterpretação do seu sentido, equivaleria a uma
traição aberta à fé. Isto os Pais estavam ansiosos por evitar.
Uma exceção é o comentário de um desconhecido escritor sírio que escreveu na
margem do Expositio in Evangelia de Barsalibaeus como segue: “Era um rito solene
entre os pagãos celebrar a festa do nascimento do sol neste dia, 25 de dezembro. Além
disso, para aumentar a solenidade do dia, eles estavam acostumados a acender fogos,
para que os ritos que estavam acostumados convidassem e admitissem mesmo pessoas
cristãs. Quando portanto, Os professores observaram que os cristãos estavam inclinados
a esse costume, eles inventaram um conselho e criaram neste dia, a “festa do nascimento
verdadeiro”[14]

A comemoração do nascimento do deus Sol, não foi facilmente esquecida pelos


cristãos. Agostinho e Leão Magno fortemente repreenderam aqueles cristãos que no
Natal adoravam o Sol e não o nascimento de Cristo.[15] Portanto, é bom ter em
mente que na investigação da influência do culto do Sol na liturgia cristã, o máximo que
podemos esperar encontrar não são indicações diretas, mas indiretas. Esta advertência
não se aplica apenas para a data do Natal, mas para o domingo também.

Em sua dissertação O culto do Sol Invictus, Gaston H. Halsberghe similarmente


conclui: “Os autores que consultamos sobre este ponto são unânimes em admitir a
influência da celebração pagã, realizada em honra do Deus Sol Invictus no dia 25 de
dezembro, o Natalis Invicti, na celebração cristã do Natal. Essa influência é considerada
responsável para o deslocamento do nascimento de Cristo para 25 de dezembro, o qual
tinha até então sido realizado no dia da Epifania, a 6 de janeiro. A celebração do
nascimento do deus Sol, que era acompanhada por uma profusão de luzes e tochas e
decoração de ramos e árvores pequenas, tinha cativado os seguidores do culto a tal
ponto que mesmo depois de terem sido convertidos ao cristianismo, continuaram a
celebrar a festa do nascimento do deus Sol”[16].

Roma e a Origem do Domingo, Domingo de Páscoa e Natal

Notemos que a Igreja de Roma foi pioneira não só na observância do domingo e,


domingo de Páscoa, mas também da nova data de 25 de dezembro para a celebração do
nascimento de Cristo. Na verdade, a primeira indicação explícita de que no dia 25 de
dezembro os cristãos comemoraram o aniversário de Cristo, é encontrada em um
documento romano conhecido como Cronógrafo de 354 (um calendário atribuído a
Dionísio Fuzious Philocalus), onde ele diz: “No oitavo das calendas de janeiro [isto é,
25 de dezembro] Jesus nasceu em Belém da Judéia” [17].

Que a Igreja de Roma introduziu e defendeu esta nova data, é aceito pela maioria dos
estudiosos. Por exemplo, Mario Righetti, um renomado liturgista católico que é o autor
de um conjunto de quatro volumes chamados Storia Liturgica – A História da Liturgia,
escreve: “Depois da paz a Igreja de Roma, para facilitar a aceitação da fé pelas massas
pagãs, achou conveniente instituir o 25 de dezembro como a festa do nascimento
temporal de Cristo, para desviá-los da festa pagã, celebrada no mesmo dia em honra do
“Sol Invencível” Mitras, o conquistador das trevas”[18].

No Oriente, no entanto, o nascimento e batismo de Jesus eram comemorados,


respectivamente, em 05 e 06 de janeiro. Botte, um estudioso belga beneditino, em um
importante estudo concluiu que essa data também evoluiu de uma festa originalmente
pagã, conhecida como Epifania, que comemorava o nascimento e crescimento da
luz.[19]. Não foi uma tarefa fácil para a Igreja de Roma fazer as igrejas orientais
aceitarem a nova data de 25 de dezembro, já que muitas delas “Firmemente aderiram à
prática de observar a festa do nascimento de Cristo em sua forma antiga como uma festa
da Epifania em 05, 06 de Janeiro” [20].

Estaria além do nosso alcance imediato rastrear o processo de adoção por várias
comunidades cristãs da data romana do Natal de 25 de dezembro. Será suficiente notar
que a adoção da data de 25 de dezembro para a celebração do nascimento de Cristo não
só mostra a influência do culto do Sol, como também o primado exercido pela Igreja de
Roma, em promover a adoção dos feriados pagãos do Dies Solis ( Dia do Sol) e Natalis
Solis Invicti (aniversário do Sol Invencível), realizado em 25 de dezembro. O fato de
que tanto o Natal (Christ + Mass = Missa de Cristo) como o domingo (Dies Solis) os
quais eram dias santos pagãos adotados e promovidos pela igreja católica, deveria
motivar a reflexão dos adventistas sobre a legitimidade da sua observância.

Conclusão

O nascimento de Jesus é de importância inigualável para a fé cristã. Sem o nascimento


de Cristo não haveria batismo, morte, ressurreição, ascensão, efusão do Espírito Santo, a
intercessão de Cristo no santuário celestial, e o Segundo Advento.

A data de nascimento mais provável de Cristo coincidiu com a Festa dos Tabernáculos,
que cai no final de setembro ou início de outubro. Sendo a festa de agradecimento pela
boa vontade de Deus em proteger o Seu povo com a tenda da Sua presença durante a
peregrinação no deserto, ela poderia servir dignamente para celebrar a vontade de Cristo
de se tornar um ser humano e lançar a sua tenda entre nós para se tornar nosso Salvador.

A Festa dos Tabernáculos fornece aos cristãos um calendário bíblico mais exato e
tipológico para comemorar o nascimento de Cristo, do que a data pagã de 25 de
dezembro. A última data não só remove o tempo real do nascimento de Cristo, como
também é derivada da celebração pagã do retorno do sol após o solstício de inverno. Por
que comemorar o nascimento de Cristo na época errada do ano por causa de uma
tradição pagã, quando podemos observá-lo na época certa, com base em sólidas razões
bíblicas?

De uma perspectiva bíblica o nascimento de Jesus está relacionado com três temas
principais: (1) adoração e culto (Lucas 2:8-12), (2); a doação de presentes a Deus
(Mateus 2:1-11), e a proclamação da paz e boa vontade (Lc 2:13-14). Que a nossa
celebração do nascimento de Cristo, em qualquer época do ano, incorpore estes
elementos essenciais: adoração, doação, e louvor.

Referências

1. Oscar Cullmann, The Early Church (1956), p. 35.


2. See A. T. Robertson, A Harmony of the Gospels (New York, 1992), p. 267.
3. See, Adam Clark, Commentary on the Gospel of Luke (New York, 1956), vol. 5, p.
370.
4. Barney Kasdan, God’s Appointed Times (Baltimore, MD, 1993), p. 97.
5. Ellen White, Patriarchs and Prophets, p. 540.
6. See, for example, Edward Chumney, The Seven Festivals of the Messiah
(Shippensburg, PA, 1994), pp. 178-184; Barney Kasdan, God’s Appointed Times
(Baltimore, MD, 1993), pp. 95-99.
7. Ellen White, Patriarchs and Prophets, pp. 540-541.
8. Jean Daniélou, The Bible and Liturgy (South Bend, IN, 1956), pp. 343-347.
9. Gregory of Nazianzus, Sermon on the Nativity, Patrologia Graeca 46, 1129 B-C,
translated by Jean Daniélou (note 7), p. 345.
10 Jean Daniélou (note 8), p. 345.
11. Jean Daniélou (note 8), p. 347.
12. For a study of the influence of sun-worship on the Christian adoption of December
25 for the celebration of Christ’s birth, see my dissertation, From Sabbath to Sunday. A
Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity (Rome,
Italy, 1977), pp. 256-261.
13. In the Philocalian calendar (A.D. 354) the 25th of December is designated as
“N[atalis] Invicti—The birthday of the invincible one” (CIL I, part 2, p. 236); Julian the
Apostate, a nephew of Constantine and a devotee of Mithra, says regarding this pagan
festival: “Before the beginning of the year, at the end of the month which is called after
Saturn [December], we celebrate in honor of Helios [the Sun] the most splendid games,
and we dedicate the festival to the Invincible Sun. That festival may the ruling gods
grant me to praise and to celebrate with sacrifice! And above all the others may Helios
[the Sun] himself, the king of all, grant me this” (Julian, The Orations of Julian, Hymn
to King Helios 155, LCL p. 429); Franz Cumont, Astrology and Religion Among
Greeks and Romans, 1960, p. 89: “A very general observance required that on the 25th
of December the birth of the ‘new Sun’ should be celebrated, when after the winter
solstice the days began to lengthen and the ‘invincible’ star triumphed again over
darkness”; for texts on the Mithraic celebration of Dec. 25th see CIL I, p. 140; Gordon
J. Laing, Survivals of Roman Religion, 1931, pp. 58-65, argues persuasively that many
of the customs of the ancient Roman Saturnalia (Dec. 17-23) were transferred to the
Christmas season.
14. J. S. Assemanus, Bibliotheca orientalis 2, 164, trans. by P. Cotton, From Sabbath to
Sunday, 1933, pp. 144-145.
15. Augustine, Sermo in Nativitate Domini 7, PL 38, 1007 and 1032, enjoins Christians
to worship at Christmas not the sun but its Creator; Leo the Great rebukes those
Christians who at Christmas celebrated the birth of the sun rather than that of Christ
(Sermon 27, In Nativitate Domini, PL 54, 218).
16. Gaston H. Halsberghe, The Cult of Sol Invictus, 1972, p. 174.
17. T. Mommsen, Chronography of Philocalus of the Year 354, 1850, p. 631; L.
Duchesne, Bulletin critique, 1890, p. 41, has established that the calendar goes back to
336, because the Depositio martyrum is preceded in the Philocalian by the Depositium
episcoporum of Rome, which lists Sylvester (d. A.D. 335) as the last pope.
18. Mario Righetti, Manuale di Storia Liturgica, 1955, II, p. 67.
19. B. Botte, “Les Denominations du dimanche dans la tradition chrétienne,” Le
Dimanche, Lex Orandi 39, 1965, pp. 14ff.
20. Oscar Cullmann, The Early Church, 1956, p.32.

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O verdadeiro espírito do Natal
publicado em: 06/12/2011 | 15:36

Dezembro parece ser o mês mais


esperado do ano. Afinal, é tempo de Natal, ocasião para ver a família reunida, trocar
presentes e participar de festas especiais. Mas também é tempo de saudade e
especialmente de reconsagração. Em meio a tantas comemorações, promoções e
diferentes interesses, precisamos repensar o verdadeiro espírito do Natal.

Isso não significa polemizar sobre a verdadeira data do nascimento de Cristo.


Possivelmente não tenha sido em 25 de dezembro, mas esse dia acabou sendo aceito
para recordar o maior presente já recebido por este mundo. Também não tem que ver
com as discussões sobre o surgimento dos diferentes símbolos, tão usados hoje.
Precisamos aproveitar a data para manter diante dos olhos e do coração o motivo central
das comemorações, o verdadeiro espírito do Natal.

Tenho observado igrejas, escritórios, centros comerciais e mesmo nossa casa. Muitas
delas estão bem ornamentadas: uma árvore bonita, pacotes com presentes, luzes
coloridas, etc. Normalmente, esses são os símbolos que expressam a visão popular do
Natal. Estamos fazendo uso desses símbolos movidos apenas pela tradição, ou, como
adventistas, mantemos o verdadeiro espírito dessa comemoração? Se perdermos a visão
correta, quem vai mantê-la?

Os símbolos enfeitam e embelezam o Natal, mas não podem tirar seu foco principal.
Ellen G. White recomendava o uso da árvore de Natal na igreja, não apenas como
enfeite, mas com uma razão mais nobre e apropriada: “Deus muito Se alegraria se, no
Natal, cada igreja tivesse uma árvore de Natal sobre a qual pendurar ofertas, grandes e
pequenas, para essas casas de culto. [...] Não há particular pecado em selecionar um
fragrante pinheiro e pô-lo em nossas igrejas, mas o pecado está no motivo que induz à
ação e no uso que é feito dos presentes postos na árvore” (O Lar Adventista, p. 482).

Se Natal é tempo de presentes, então, por que não aproveitar para oferecê-los aos
necessitados ou para os projetos da igreja? Vamos ornamentar a casa, o escritório ou
igreja, mas pensando em tornar o Natal uma oportunidade para dar presentes não apenas
às pessoas que amamos e estão perto de nós, mas também àqueles que tanto necessitam
de ajuda. Esse é o verdadeiro espírito do Natal. “Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigênito…” Deus amou e deu. É esse espírito de
abnegação que precisamos renovar no Natal.
Tenho me preocupado ao ver como os símbolos seculares, que deveriam ser um
complemento à beleza do Natal, acabaram tomando o lugar principal. Quantas árvores,
presentes, luzes ou imagens do papai Noel você tem visto nestes dias? Por outro lado, já
observou quantas representações do nascimento de Jesus estão por aí? Não podemos
perder de vista a verdadeira razão por trás do Natal. A visão secular e comercial não
pode tomar o lugar do foco principal. Natal é tempo de gratidão, reconsagração,
reflexão e também de cultos de adoração. O restante – como ceia, enfeites, presentes –
deve ser apenas complemento.

Mas, como o Natal é tempo de presentes, quero lhe fazer duas sugestões especiais: A
primeira é que você participe do Mutirão de Natal, oferecendo um pouco do que você
tem aos necessitados. Esse é um projeto precioso que resgata e reforça, de maneira
organizada, o espírito que deve estar no coração de cada cristão. Corremos o risco de
fazer do Natal um tempo de egoísmo em que gastamos o que temos, e muitas vezes o
que não temos, apenas para satisfazer as pessoas que amamos. Isso é olhar apenas para
nós mesmos no tempo em que celebramos o nascimento dAquele que abriu mão de tudo
o que possuía para vir a este mundo salvar pecadores. Vamos dar presentes aos nossos
queridos, mas sem esquecer as pessoas carentes.

A segunda sugestão é que você presenteie aqueles que precisam conhecer Jesus por
meio da leitura do livro missionário A Grande Esperança. Parentes, amigos, vizinhos,
funcionários ou colegas de trabalho. Melhor seria se pudéssemos dar o livro O Grande
Conflito (texto completo), na edição de luxo lançada recentemente pela Casa
Publicadora Brasileira. Esse é o tempo em que os corações estão abertos e não podemos
perder a oportunidade. “Aproximamo-nos rapidamente do fim. A impressão e circulação
dos livros e revistas que contêm a verdade para este tempo deve ser nossa obra” (Ellen
G. White, O Colportor-Evangelista, p. 5).

A mesma autora insiste na distribuição da mensagem do livro O Grande Conflito, pois


nele “a última mensagem de advertência ao mundo é dada mais distintamente que em
qualquer de meus outros livros” (Ibid., p. 127).

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