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Mia Couto

Mia? Couto. "Mia" é o seu pseudônimo. Seu nome é Antônio Emílio Leite
Couto. Ele adotou esse pseudônimo porque tem uma paixão por gatos, por isso
o "mia".
Nasceu em 5 de julho de 1955, na cidade de Beira, em Moçambique.
Atualmente tem 67 anos.
Mia nada mais é que um escritor, poeta, prosador, biólogo e jornalista.
Atualmente professor universitário.
O seu lirismo na narrativa trata-se de uma prosa bastante poética.
Os seus primeiros poemas foram publicados aos seus 14 anos, pelo seu pai.
Ele é um dos mais importantes escritores africanos da língua portuguesa. É
tanto que em 2013, ele recebeu o Prêmio Camões, o prêmio mais importante
da literatura.
Suas obras, são bastante voltadas às críticas sociais e políticas, além de uma
valorização das tradições moçambicanas. Uma de suas grandes obras é a
Terra Sonâmbula. 

Terra Sonâmbula

Romance; publicado em 1992; contém 11 capítulos e conta com 208 páginas.


Recebeu um prêmio nacional 1995, de escritores moçambicanos. Uma das
melhores obras africanas do século XX. 
O título, Terra Sonâmbula, faz referência a uma terra que não tem descanso,
uma terra que mesmo durante seu sono tem que ficar apreensiva. E isso tudo
se faz referência a difícil e triste história de Moçambique.
O prefácio do livro traz o seguinte trecho:

"Se dizia daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens
dormiam, a terra se movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os
habitantes olhavam o novo rosto da paisagem e sabiam que, naquela noite,
eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho. (Crença dos habitantes de
Matimati)"

Em que tempo se passa a história?

A história se passa numa data não definida entre 1922 e 1977, durante a
guerra civil de Moçambique.

Em qual espaço se passa a história?

O principal cenário onde a história se passa, é em um ônibus queimado, onde


Muidinga e Tuahir resolvem se abrigar.

Enredo da história?

Terra Sonambula, é uma história narrada durante a guerra de Moçambique. Os


primeiros personagens que nos é apresentado são: Um senhor muito sábio
chamado Tuahir e um jovem sem memória batizado de Muidinga.
Com o intuito de fugir da guerra que se alastrava por Moçambique, o velho
acha um machimbombo e resolve abrigar-se nele. Entretanto à um problema, o
mesmo está cheio de corpos carbonizados e isso causa um certo incômodo em
Muidinga.
Eles enterram os corpos carbonizados, e ao termina se deparam com um corpo
que não estava carbonizado e se avia sido morto por um tiro. Ao seu lado,
havia uma e dentro dela tinha 11 cadernos ou diários que relatavam a sua vida.
Estou referindo-me ao personagem Kindzu.

Ok! Mas como Tuahir conheceu o jovem Muidinga?

Tuahir foi ordenado ajudar a enterrar 6 crianças, porém a última estava viva e
isso pegou Tuahir de surpresa, mas, o mesmo acreditava que o menino não
viveria por muito tempo, por conta de seu estado de saúde que não era nada
bom. Segue a o trecho a seguir.

“E foi assim. Nos princípios, o miúdo só pronunciava estranhas gemências.


Passaram-se dias, sem outro alimento que não fosse água. O menino permanecia
dobrado em si, vomitando, dolorido da cabeça aos pés. Sem se mexer, ele já
trincava seu fim. Tuahir lhe pedia que se levantasse e se mantivesse de pé, nem
que fosse por breves tempos. Com ajuda, o moribundo se sustinha.”

Tá, mas como Muidinga perdeu sua memória?

Antes de morrer, Tuahir nos conta como o jovem Muidinga perdeu sua
memória.
Vejamos o seguinte trecho do livro:
“Tuahir lhe diz a verdade. O miúdo tinha sido levado ao feiticeiro. O velho
lhe pedira para que tudo fosse retirado da cabeça dele.
— Pedi isso por causa que é melhor não ter lembrança deste tempo que
passou. Ainda tiveste sorte com a doença. Pudeste esquecer tudo. Enquanto
eu não, carrego esse peso…” 

Agora voltando para os relatos de Kindzu.


Nos relatos de Kindzu, a uma personagem que recebe um destaque. A mesma
se chama Farida. Kindzu relata a trajetória da mesma, que era uma órfã deste
a infância e foi criada por um casal português. Farida ao se torna jovem foge de
casa com a ajuda de sua “mãe” adotiva pois a mesma estava sendo deseja e
assediada por seu “pai” adotivo. Após um tempo Farida, volta para casa onde é
pega e estrupada por seu “pai” adotivo. Ela engravida e doa seu filho para a
igreja. Com os passar dos anos ela conhece Kindzu e se relaciona com ele e
faz um pedido ao mesmo. O pedido era de encontra seu filho perdido, chamado
Gaspar.
Kindzu diz que ira ajuda-la, e sai da vila em um machimbombo. E é aí que em
um sonho de Kindzu, que temos um dos momentos mais impactantes da
história.
Segue o seguinte trecho.

“Eu sentia que a noite chegava ao fim. Qualquer coisa me dizia que me devia
apressar antes que aquele sonho se extinguisse. Porque me surgiam agora
alucinadas visões de uma estrada por onde eu seguia. […]. Me surgiu um
machimbombo queimado. Estava derreado numa berma, a dianteira espalmada de
encontro a uma árvore. De repente, a cabeça me estala em surdo baque. Parecia
que o mundo inteiro rebentava, fios de sangue se desalinhavam num fundo de luz
muitíssimo branca. Vacilo, vencido por súbito desfalecimento. Me apetece deitar,
me anichar na terra morna. Deixo cair ali a mala onde trago os cadernos. […].
Mais adiante segue um miúdo com passo lento. Nas suas mãos estão papéis que
me parecem familiares. Me aproximo e, com sobressalto, confirmo: são os meus
cadernos. Então, com o peito sufocado, chamo: Gaspar! E o menino estremece
como se nascesse por uma segunda vez.”

E essas foi uma das reviravoltas do livro. O menino Muidinga é na verdade o


jovem Gaspar, filho perdido de Farida.

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