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Mia? Couto. "Mia" é o seu pseudônimo. Seu nome é Antônio Emílio Leite
Couto. Ele adotou esse pseudônimo porque tem uma paixão por gatos, por isso
o "mia".
Nasceu em 5 de julho de 1955, na cidade de Beira, em Moçambique.
Atualmente tem 67 anos.
Mia nada mais é que um escritor, poeta, prosador, biólogo e jornalista.
Atualmente professor universitário.
O seu lirismo na narrativa trata-se de uma prosa bastante poética.
Os seus primeiros poemas foram publicados aos seus 14 anos, pelo seu pai.
Ele é um dos mais importantes escritores africanos da língua portuguesa. É
tanto que em 2013, ele recebeu o Prêmio Camões, o prêmio mais importante
da literatura.
Suas obras, são bastante voltadas às críticas sociais e políticas, além de uma
valorização das tradições moçambicanas. Uma de suas grandes obras é a
Terra Sonâmbula.
Terra Sonâmbula
"Se dizia daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens
dormiam, a terra se movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os
habitantes olhavam o novo rosto da paisagem e sabiam que, naquela noite,
eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho. (Crença dos habitantes de
Matimati)"
A história se passa numa data não definida entre 1922 e 1977, durante a
guerra civil de Moçambique.
Enredo da história?
Tuahir foi ordenado ajudar a enterrar 6 crianças, porém a última estava viva e
isso pegou Tuahir de surpresa, mas, o mesmo acreditava que o menino não
viveria por muito tempo, por conta de seu estado de saúde que não era nada
bom. Segue a o trecho a seguir.
Antes de morrer, Tuahir nos conta como o jovem Muidinga perdeu sua
memória.
Vejamos o seguinte trecho do livro:
“Tuahir lhe diz a verdade. O miúdo tinha sido levado ao feiticeiro. O velho
lhe pedira para que tudo fosse retirado da cabeça dele.
— Pedi isso por causa que é melhor não ter lembrança deste tempo que
passou. Ainda tiveste sorte com a doença. Pudeste esquecer tudo. Enquanto
eu não, carrego esse peso…”
“Eu sentia que a noite chegava ao fim. Qualquer coisa me dizia que me devia
apressar antes que aquele sonho se extinguisse. Porque me surgiam agora
alucinadas visões de uma estrada por onde eu seguia. […]. Me surgiu um
machimbombo queimado. Estava derreado numa berma, a dianteira espalmada de
encontro a uma árvore. De repente, a cabeça me estala em surdo baque. Parecia
que o mundo inteiro rebentava, fios de sangue se desalinhavam num fundo de luz
muitíssimo branca. Vacilo, vencido por súbito desfalecimento. Me apetece deitar,
me anichar na terra morna. Deixo cair ali a mala onde trago os cadernos. […].
Mais adiante segue um miúdo com passo lento. Nas suas mãos estão papéis que
me parecem familiares. Me aproximo e, com sobressalto, confirmo: são os meus
cadernos. Então, com o peito sufocado, chamo: Gaspar! E o menino estremece
como se nascesse por uma segunda vez.”