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Do Livro Dogma e Ritual

de Alta Magia de Eliphas Lévi:

Se o cego guiar o cego, disse o grande e divino Hierofante, ambos cairão no fosso.

Uma última palavra para resumir toda esta introdução.

Se fordes cegos como Sansão, quando sacudirdes as colunas do templo, as ruínas vos
esmagarão.

Para mandar na natureza, é preciso ter-se tornado superior à natureza pela


resistência às suas atrações.

Se vosso espírito está perfeitamente livre de todo preconceito, toda superstição e de


toda incredulidade, mandareis nos espíritos.

Se não obedecerdes às forças fatais, as forças fatais vos obedecerão.

Se fordes sábios como Salomão, fareis as obras de Salomão.

Se fordes santos como Cristo, fareis as obras do Cristo. Para dirigir as correntes da
luz móvel, é preciso estar fixo numa luz imóvel.

Para mandar nos elementos, é preciso ter dominado seus furacões, seus raios, seus
abismos e suas tempestades.

É preciso saber para ousar.

É preciso ousar para querer.

É preciso querer para ter o Império.

E para reinar, é preciso calar.


AVISO AOS IMPRUDENTES

Como já dissemos várias vezes, as operações da ciência não são isentas de perigo.

Podem levar à loucura os que não estão firmes na base da suprema, absoluta e
infalível razão.

Podem excitar o sistema nervoso e produzir terríveis e incuráveis doenças.

Podem, quando a imaginação fica impressionada e atemorizada, produzir o


esvaimento e até a morte por congestão cerebral.

Não podemos, pois, deixar de afastar delas as pessoas nervosas e naturalmente


exaltadas, as mulheres, os moços e todos os que não têm o hábito de se controlar
perfeitamente e de dominar o medo.

Nada é, igualmente, mais perigoso do que fazer da magia um passatempo, como certas
pessoas que fazem dela as diversões das suas tardes.

Até as experiências magnéticas, feitas em tais condições, só podem fatigar os


pacientes, desviar as opiniões e desencaminhar a ciência. Ninguém se diverte
impunemente com os mistérios da vida e da morte, e as coisas que tomamos a sério
devem ser tratadas seriamente e com a maior reserva.

Nunca cedais ao desejo de convencer por efeitos. Os efeitos mais surpreendentes não
seriam provas para as pessoas não convencidas de antemão. Sempre poderiam atribuí-
los a prestígios naturais e considerar o mago como um concorrente mais ou menos
correto de Roberto Houdin ou de Hamilton. Pedir prodígios para acreditar na ciência
é mostrar-se indigno ou incapaz da ciência, Sancta Sanctis.

Não vos vanglorieis das obras que operastes, embora tivésseis ressuscitado mortos.
Temei a perseguição. O grande Mestre sempre recomendava o silêncio aos doentes
que curava; e se este silêncio tivesse sido guardado fielmente, não teriam crucificado o
iniciador antes da conclusão da sua obra.

Meditai sobre a duodécima figura das chaves do Tarô; pensai no grande símbolo de
Prometeu, e calai-vos.

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