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1
SCHMITZ, J. R. Linguística aplicada e o ensino de línguas estrangeiras no Brasil. ALFA, São Paulo, v.
36: 213-236, 1992. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/3921. Acesso em: 8
dez. 2022.
2
ROJO, R. H. R. Fazer Linguística Aplicada em perspectiva sócio-histórica: privação sofrida e leveza de
pensamento. In: MOITA-LOPES, Luiz Paulo da. (Org.) Por uma linguística interdisciplinar. São Paulo:
Parábola Editorial, 2006. p. 224-274
3
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Da aplicação de Linguística à Linguística Aplicada Indisciplinar. In:
PEREIRA, R. C. M. e ROCA, M. del P. (Org.). Linguística Aplicada: um caminho com muitos acessos.
São Paulo: Editora Contexto, 2009. p. 11-24.
sociedade contemporânea e contribuir para uma agenda anti-hegemônica em um mundo
globalizado.
É, portanto, na frequente tentativa de encontrar “um modo de criar inteligibilidade
sobre problemas sociais em que a linguagem tem um papel central” (MOITA LOPES,
2006, p. 14)4 que eu tenho elaborado grande parte das minhas atividades avaliativas e
proposto para as minhas turmas de Português Língua Estrangeira/Português Língua
Segunda do Núcleo Permanente de Extensão em Letras (Nupel). Enquanto exemplo
prático, apresento uma das atividades avaliativas que foi proposta para as turmas do
Intermediário 1, em três semestres distintos.
O enunciado da questão intitulada “O que você faria?” apresentava, inicialmente,
alguns dos resultados de um projeto que contou com a participação de um famoso artista
plástico e grafiteiro, juntamente com crianças, entre 7 e 13 anos, moradoras do Rio de
Janeiro, em 2018. Cada criança tinha resumido em uma frase o que faria se estivesse na
Presidência e a expôs no painel. Eu selecionei cinco das propostas dadas e pedi que os(as)
estudantes escolhessem uma delas e, na condição de presidente do Brasil, escrevessem o
que eles(as) fariam ou tentariam fazer para resolver o problema apresentado, levando em
conta que as suas ações ou soluções deveriam ser razoavelmente realistas.
A resposta abaixo é de uma estudante estadunidense da turma de 2021.2. É
satisfatório identificar que a solução apresentada por ela é sensível a um importante
problema social, é possível de ser concretizada e tem reverberações a longo prazo, dado
que, como a estudante pertinentemente pontua, superando-se formas de opressão mais
acentuadas, como é o caso do racismo, as demais poderão ser administradas mais
facilmente, sobretudo quando elas são tão interseccionadas como acontece em nosso país.
4
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo
como linguista aplicado. p. 13-44. In: FABRÍCIO, B. F. et al. Organizador: Luiz Paulo da Moita Lopes.
Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
A próxima resposta é de um estudante alemão da turma de 2022.1. São dois os
pontos que mais me chamam a atenção nesse texto: o primeiro, é que, felizmente, ele é
nitidamente orientado pela perspectiva de Direitos Humanos, “morar em uma casa
adequada e segura é um direito humano”, e o segundo ponto é que as ações descritas,
ainda que dificilmente realizáveis, considerando a conjuntura do país, são bem planejadas
e direcionadas. O estudante inclusive tem o cuidado de antecipar uma consequência mais
expressiva de uma das suas ações, a de taxar “pessoas altamente ricas”.
“‘Faria casas para as famílias que vivem na rua’ – Beni Lerner, 8 anos. Se eu
fosse o presidente do Brasil, eu empenharia muito esforço para resolver o
problema residencial. Infelizmente, a situação nesse pais é assim, que muitas
pessoas não têm uma casa ou casa em estados ruins para viver. Porém, morar
em uma casa adequada e segura é um direito humano e por isso todo o mundo
tem o direito de ter acesso a tal casa. Eu, enquanto presidente, consideraria o
estado com a obrigação de disponibilizar uma casa adequada para todo o
mundo. Para realizar isso, eu avançaria programas da construção prédios
residenciais em uma quantidade medida na necessidade dos cidadãos. A curto
prazo eu lançaria um decreto às municipais para oferecer a todas as pessoas
que moram em situações residenciais críticas ou estão sem-teto um alojamento
emergencial seguro. Para que as municipais pudessem financiar esses esforços,
eu disponibilizaria recursos financiais da República Federal às municipais.
Como o intuito de financiar os projeito de construir prédios residenciais
amplamente, eu instituiria impostos para pessoas altamente ricas, de modo que
elas são obrigadas a disponibilizar grande partes da riqueza delas para o
público. Com certeza, uma tal iniciativa desencadearia protestos dos ricos.
Contudo, eu esclareceria que essa carga de poucos serviria para o bem-estar e
a garantia dos direitos humanos de todo o mundo.” (J., 2022.1)
“Se eu fosse presidente do Brasil eu criaria mais escolas para quarquer pessoas
podem acessar a educação. Agora no Brasil tem círculo vicioso. As pessoas
pobres não podem acessar a educação e ficar ricos. Para que as pessoas pobres
se tornem livre do círculo, a educação de qualidade é necessária. Entretanto,
algumas pessoas têm que trabalhar para sobreviver e não têm tempo para
frequentar a escola. Por isso fornecimentos das escolas são muito importante,
como lanches, transfer, espaço de estudar e ambiente de aprender. Eu criaria
as escolas com estas coisas suficientes. Eu acho que é necessário introduzir da
sistema de tributação progressiva para realizar isso. Esta introdução contribuirá
a garantia de recursos financeiros. Além disso, essa política representa não só
a garantia da educação, mas também a redistribuição da riqueza e diminuição
da desigualdade do Brasil. Qreio que minha política ajuda a melhorar o
problema social do Brasil.” (S., 2022.2)