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Programa 2050

Mudança do Clima
Nos Planos Plurianuais Federais, o tema Mudança do Clima foi abordado diretamente pela primeira vez no
PPA 2000-2003 como o programa 0475 – Mudanças Climáticas – cujo objetivo era “desenvolver
informações científicas relativas à emissão de gases de efeito estufa para subsidiar a definição da política
de atuação em mudanças climáticas”.
Para o PPA 2016-2019 o Programa 2050 – Mudança do Clima traz um conjunto de objetivos que, de forma
integrada com as metas e as iniciativas propostas, procura evidenciar a evolução do estágio de
implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
A PNMC foi instituída pela Lei nº 12.187, de 2009, posteriormente regulamentada pelo Decreto nº 7.390,
de 2010, posteriormente substituído pelo Decreto nº 9.578, de 2018. A política estabelece os princípios,
objetivos, diretrizes e instrumentos a serem adotados em relação à mudança do clima. Embora o Brasil não
esteja vinculado a metas obrigatórias de redução pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (em inglês United Nations Framework Convention on Climate Change ou UNFCCC,
doravante denominada Convenção do Clima), em linha com o princípio das “responsabilidades comuns,
porém diferenciadas”, a PNMC declara um compromisso nacional voluntário de redução de emissões de
gases de efeito estufa (GEE) entre 36,1% a 38,9% das emissões projetadas para 2020.
O Decreto nº 9.578/2018, entre outras ações, detalha os instrumentos da PNMC para cumprimento do
compromisso voluntário brasileiro. Para efeito da regulamentação são considerados o Plano de Ação para
a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), o Plano de Ação para a
Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), o Plano Decenal de
Expansão de Energia (PDE), o Plano para Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono
na Agricultura (Plano ABC) e o Plano de Emissões da Siderurgia. A PNMC ainda prevê planos para os
setores de transporte (urbano e interestadual de passageiros e carga), saúde, indústria (transformação, bens
duráveis, química fina e de base, papel e celulose, construção civil) e mineração.
Além do que foi previsto na PNMC, devem ser considerados os novos compromissos assumidos pelo país
junto à Convenção do Clima, com a apresentação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC da
sigla em inglês) do Acordo de Paris, ratificado pelo Brasil em 12 de setembro de 2016. Conforme
apresentado na NDC, para atender ao desafio de reduzir em 37% a emissão de GEE para o conjunto da
economia brasileira até 2025, comparado ao nível de emissão em 2005 com base no Segundo Inventário
Nacional, o Governo Federal buscará articular junto aos atores relevantes a efetiva mitigação e adaptação
à mudança do clima por meio da implementação, aprimoramento e revisão dos instrumentos existentes.
Desde a entrada em vigor do Acordo de Paris, para fins de planejar a implantação e o financiamento de
ações e medidas para o cumprimento da NDC, o Ministério do Meio Ambiente coordenou a elaboração de
uma Estratégia Nacional para a Implementação e o Financiamento da NDC do Brasil ao Acordo de Paris.
A título de insumo inicial a esse processo, produziu-se, no contexto de um projeto de consultoria do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), um documento-base, com a finalidade de subsidiar a elaboração
de estratégia de implementação. O documento serviu de base para o processo de discussão com os setores
de governo e partes interessadas. Esse processo recebeu em 2018 contribuições dos estados e municípios,
além de diversas empresas e instituições que agregaram informações relevantes para os setores prioritários
definidos na NDC.
Além disso, o MMA coordenou e articulou processos de colaboração com os principais stakeholders para
elaboração da Estratégia. Foram realizadas reuniões com colaboradores dos setores de biocombustíveis,
setor elétrico e agropecuário para construção da estratégia em articulação com os setores envolvidos.
Foram realizados os diálogos Talanoa entre os setores do governo federal, da comunidade científica, da
indústria, dos povos indígenas, nos quais houve a colaboração para produção de conteúdo acerca da
implementação da NDC.
Como coordenador do extinto Grupo Executivo sobre Mudança do Clima, o MMA realizou reuniões em
2018 através das quais houve o envolvimento dos membros do Grupo no processo de definição das
atividades e formato de suas contribuições para a estratégia.
Um desafio a ser vencido consiste no desenho da estratégia de transparência e mensuração, relato e
verificação (MRV), que deverá ser repensada com base nos novos contextos nacional e internacional de
enfrentamento da mudança do clima trazidos pela NDC e pelo Acordo de Paris, de maneira que se
implemente uma ferramenta de transparência e divulgação de informações que permita o acompanhamento
da implementação das principais ações de mitigação e adaptação à mudança do clima no país, bem como
facilite o acesso público à informação disponível.
Em matéria de adaptação aos efeitos da mudança do clima, em 2016 foi iniciada a implementação do Plano
Nacional de Adaptação (PNA), que busca promover o desenvolvimento nacional resiliente à mudança do
clima, evitar e minimizar perdas, e aproveitar possíveis oportunidades.
O financiamento de atividades promotoras de redução das emissões e de remoção por sumidouros de gases
de efeito estufa e a adaptação à mudança do clima tiveram instrumentos relevantes durante o período do
PPA, destacando-se que investimentos e potenciais fontes de mobilização de recursos estão sendo
prospectados, em apoio à implementação dos compromissos assumidos pelo país.
Assim, o programa 2050 visa à continuidade e ao aprofundamento da implementação da PNMC e ao
cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil junto à Convenção sobre Mudança do Clima.
Pretende-se que o efetivo cumprimento dos objetivos propostos possa levar o país a progredir em sua
trajetória de mitigação e de adaptação à mudança do clima de forma compatível com o desenvolvimento
econômico e social.
Ressalta-se que no final de 2019, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), estabelecida pela
Lei n° 12.187/2009 e regulamentada pelo Decreto n° 9.578/2018, teve sua estrutura de governança revisada
e publicada pelo Decreto n° 10.145 (28 de novembro de 2019). Nela se estabelece o Comitê Interministerial
sobre Mudança do Clima (CIM), de caráter permanente, cuja finalidade é estabelecer diretrizes, articular e
coordenar a implementação das ações e políticas públicas do país relativas à mudança do clima.
Cabe a este novo Comitê, dentre outras, definir as diretrizes para a ação do Governo brasileiro nas políticas
relacionadas à mudança do clima e promover a coerência entre a PNMC e as ações, medidas e políticas que
tenham impacto, direta ou indiretamente, nas emissões e absorções nacionais de gases de efeito estufa, e na
capacidade do País de se adaptar aos efeitos da mudança do clima.
Diferentemente da estrutura de governança anterior, a atual conta com a participação do referido Comitê
em nível de Ministros de Estado, presidido pelo Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o que
demonstra a importância atribuída ao tema ao reposicionar sua governança na centralidade do governo.
Ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) cabe a função de Secretaria Executiva do CIM, devendo
prestar apoio administrativo e técnico ao Conselho de Ministros.

Principais Resultados
A seguir são descritos os principais resultados obtidos nas metas e iniciativas dos Objetivos do Programa.
Informação e Tecnologias para Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas
Na direção do cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no âmbito da
Convenção do Clima, no ano de 2016 foi encerrado o projeto de cooperação técnica internacional que
permitiu a elaboração, submissão, publicação e distribuição da Terceira Comunicação Nacional do Brasil à
Convenção do Clima (TCN – disponível em http://sirene.mctic.gov.br/).
Também em 2016, juntamente com a apresentação da TCN à Convenção do Clima, foi lançado o Sistema
de Registro Nacional de Emissões (Sirene), que é um sistema computacional cujo objetivo principal é
disponibilizar os resultados de emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Encontram-se disponíveis no
sistema resultados de emissões de 1990 a 2016, pertinentes ao Quarto Inventário Nacional de Emissões
Antrópicas e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de
Montreal. Esses resultados de emissões estão acessíveis no Sirene por tipo de gás, por setor, por subsetor,
por ano e por Unidade Federativa para os setores Agropecuária e Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra
e Florestas. Também estão disponíveis os resultados de emissões de GEE das Estimativas Anuais para série
histórica de 1990 a 2016, conforme previsto no Decreto nº 7.390/2010, para acompanhamento dos
compromissos nacionais voluntários. O Decreto no. 9.172/2017 estabeleceu que confere ao MCTIC a
responsabilidade de divulgar anualmente os resultados consolidados dos dados coletados pelo Sirene,
relativos à mensuração, ao relato e à verificação de emissões de gases de efeito estufa
No período do PPA foram produzidos e submetidos à Convenção do Clima o Segundo e Terceiro Relatório
de Atualização Bienal do Brasil (BUR, em inglês), sendo que a Terceira edição encontra-se em Consulta
Internacional (ICA). Além disso, foram elaboradas a 4ª e a 5ª edição das Estimativas Anuais de Emissões
de Gases de Efeito Estufa, o qual apresenta estimativas das emissões de GEE para até o ano de 2015 e 2016,
respectivamente. A 4ª edição das estimativas encontra-se disponibilizada no Portal do Sirene, enquanto a
5ª edição encontra-se em fase de ajustes finais e será lançada em meados do ano de 2020.
O Projeto Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-Chave do Brasil,
finalizado em 2017, proporcionou muitos treinamentos, estudos técnicos e articulações entre atores
governamentais com o objetivo de reforçar a capacidade técnica do Governo para a implementação de ações
de mitigação de emissões de gases de efeito estufa nos principais setores econômicos (indústria, energia,
transportes, residencial e serviços, gestão de resíduos, uso da terra e florestas), contribuindo para a
implementação, o acompanhamento e a avaliação dos planos setoriais e nacional, bem como para sua
revisão. Todas as publicações foram disponibilizadas no site do projeto
(http://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/opcoes_mitigacao/Opcoes_de_Mitigacao
_de_Emissoes_de_Gases_de_Efeito_Estufa_GEE_em_SetoresChave_do_Brasil.html).
Na área de modelagem, foram realizados esforços para o avanço do conhecimento técnico-científico em
diferentes componentes do Sistema Terrestre. Dentre os avanços, destacam-se: (a) melhoria na modelagem
regional climática para geração de projeções da mudança do clima para a América do Sul; (b) evolução do
modelo INLAND, que trata das interações superfície terrestre-atmosfera; (c) evolução da plataforma de
modelagem ambiental espacialmente explícita (TERRA-ME); (d) o aprimoramento e calibração dos
modelos de mudanças de uso da terra (LUCC-ME: Land Use and Cover Change Modeling Environment) e
de emissões de gases do efeito estufa (INPE-EM); (e) o desenvolvimento do Modelo Hidrológico
Distribuído (MHD-INPE) e do Modelo Regional do Sistema Terrestre Eta/NOAH-MP-INPE. Além disso,
tiveram início os trabalhos para a realização de simulações (clima atual) e projeções de cenários futuros de
mudanças climáticas com maior detalhamento sobre o Brasil, considerando os novos cenários de emissões
chamados de RCPs (Representative Concentration Pathways), RCP 4.5 (cenário otimista) e 8.5 (pessimista)
do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, da silga em inglês) no período de 1961 a
2100. Outra importante contribuição da área de modelagem foi a publicação da segunda edição ampliada e
revisada do Atlas Brasileiro de Energia Solar, em colaboração com diversas universidades e centros de
pesquisa. Resultados de modelagem do projeto HELIX foram incorporados nas análises realizadas pelo
CCST/INPE. Esse projeto tem como objetivo avaliar os impactos da mudança climática a partir de
diferentes níveis específicos de aquecimento global, a saber: 1,5°C, 2°C, 4°C e 6°C acima dos níveis pré-
revolução industrial, o que representa uma abordagem inovadora que vai ao encontro de estudos realizados
no âmbito do Acordo de Paris e dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.
Vale a pena destacar, ainda, a aprovação do projeto “Avaliação das Necessidades Tecnológicas para
Implementação de Planos de Ação Climática no Brasil” pelo Fundo Verde para o Clima (GCF, da sigla em
inglês). Esse projeto visa desenvolver uma avaliação abrangente das necessidades tecnológicas para a
implementação de planos de ação climática no Brasil tem previsão de finalização das atividades até o final
de 2020. O projeto, entre outros resultados, produzirá roadmaps e planos de ação tecnológica para a
implementação de tecnologias prioritárias para a transição do país para uma economia de baixo carbono,
incluindo diretrizes para acesso a financiamento para a implementação dessas atividades.
Mitigação da Mudança do Clima e Adaptação aos seus Efeitos
Atualmente, o desafio dos Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento concentra-se no alcance das
metas definidas pela Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) até 2020 e na implementação da
NDC, principalmente no que diz respeito ao fim do desmatamento ilegal no país.
Cabe ressaltar a publicação da Estratégia Nacional para REDD+ (ENREDD+) no ano de 2016. Entre 2016
e 2018, uma série de iniciativas foram concretizadas, a partir da atuação da Comissão Nacional para REDD+
- CONAREDD+ para a implementação da estratégia, com destaque para a conceitualização das
Salvaguardas de REDD+ (de acordo com o contexto nacional de implementação) medidas para promover
o alinhamento da implementação de REDD+ entre os níveis estadual e federal e a viabilização da captação
de pagamentos por resultados de REDD+ por parte dos Estados da Amazônia Legal (com acordos já
firmados por Acre e Mato Grosso). As atividades da CONAREDD+, incluindo uma revisão da ENREDD+,
deverão ser retomadas no ano de 2020 após as mudanças, referentes a sua composição e funcionamento,
determinadas pelo Decreto nº 10.144, de 28 de novembro 2019.
Ainda no âmbito da ENREDD+ destacam-se a mensuração e o relato referente à redução de emissões por
desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado no período 2016-17 e a captação de recursos de pagamentos
por resultados de REDD+ provenientes do Fundo Verde para o Clima. Segundo dados dos Anexos Técnicos
de REDD+ do Terceiro Relatório de Atualização Bienal do Brasil, ainda pendente de avaliação sob a
Convenção do Clima, o Brasil obteve redução de 769.000.872,94 tCO2 na Amazônia, superando a meta de
737.465.122 tCO2 estabelecida pelo PPA 2016-2019, e de 461.807.051 tCO2 tCO2 eq no Cerrado. O
projeto de pagamentos por resultados de REDD+ do Brasil financiado pelo Fundo Verde para o Clima foi
aprovado em 2019 e irá destinar US$ 96,5 mi para a implantação de instrumentos econômicos, para a
redução do desmatamento e para a recuperação florestal na Amazônia, e para medidas de aperfeiçoamento
da implementação da ENREDD+.
Do ponto de vista de ações de mitigação e adaptação do setor agrícola às mudanças do clima, o Plano
Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de
Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC) vem sendo implementado em todo o território
nacional, em conjunto com os Grupos Gestores Estaduais (Planos ABC Estaduais) e por meio de parcerias
promovidas para este fim para todas as tecnologias listadas no plano: Recuperação de Pastagens Degradadas
(RPD), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistema Plantio Direto (SPD), Florestas Plantadas
(FP), Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) e Tratamento de Dejetos Animais (TDA). Um dos
instrumentos do Plano ABC é o Programa ABC, que é uma linha de crédito destinada a financiar a adoção
de sistemas sustentáveis de produção na agropecuária e, adicionalmente, tenham a capacidade de mitigar
GEE e elevar a renda do produtor rural. Este programa, de 2010 a 2019, financiou cerca de 37.000 projetos,
envolvendo um total de 2.943 municípios, os quais representam 53% dos municípios brasileiros. Os projetos
totalizaram um aporte de recursos financeiros de aproximadamente R$ 19,3 bilhões de reais. Cálculos
conservadores realizados com base em dados da Plataforma ABC e em dados mais recentes de instituições
de pesquisa do total de GEE mitigado, obtidos de forma indireta, indicam que a implementação das
atividades do Plano ABC representou uma redução de 133,36 milhões de tCO2eq (191% da meta de redução
de 70 milhões de tCO2e no período de 2016-2019) no período do presente PPA.
Com relação à adaptação à mudança do clima, vale destacar o avanço ocorrido nos últimos anos na
elaboração de diagnósticos de impactos e vulnerabilidades da mudança do clima para todo o território
nacional – imprescindíveis para ajudar a reduzir riscos na implementação de políticas públicas – e no
fortalecimento da articulação federativa – por meio do estabelecimento de bases para o apoio a estados e
municípios na identificação de riscos, impactos e medidas de adaptação à mudança do clima, visando uma
maior proteção de toda a sociedade.
Nessa linha, os principais resultados alcançados foram:
• Estruturação da governança do PNA, com o estabelecimento do Grupo Interministerial Técnico de
Adaptação (GTA) e do grupo de articulação federativa para atuação na agenda de adaptação à
mudança do clima, com elaboração da primeira minuta de estratégia 1;
• Elaboração e publicação do 1º Relatório de Monitoramento & Avaliação da implementação do PNA
- em português e inglês;
• Lançamento da Plataforma de gestão do conhecimento em Adaptação - Adaptaclima
(http://adaptaclima.mma.gov.br/);
• Lançamento da plataforma PROJETA, para disponibilização de dados de projeção de mudança do
clima (https://projeta.cptec.inpe.br);
• Desenvolvimento de metodologia e índice de vulnerabilidade da população à mudança do clima
juntamente com um software (SisVuClima);
• Elaboração do mapeamento de impactos relacionados a secas, enchentes e deslizamentos,
considerando cenários de mudança do clima, para todos os municípios brasileiros;
• Lançamento da Estratégia Brasil para acesso ao GCF;
• Implementação da Garantia da Lei e da Ordem, por meio do Decreto nº 9.985, de 23 de agosto de
2019, alterado pelo Decreto nº 10.022, de 20 de setembro de 2019, que assegurou a atuação das
Forças Armadas em ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais e no levantamento e
combate a focos de incêndio. A adoção da GLO Ambiental trouxe como resultados a redução em
16% do número de focos de calor entre agosto de setembro de 2019;
• Proibição do uso do fogo, por sessenta dias, em todo o território nacional (Decreto nº 9.992, de 28
de agosto de 2019, alterado pelo Decreto nº 9.997, de 30 de agosto de 2019);
• Decisão do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da ADPF 568 e Reclamação 33667, que destinou
R$ 1,06 bilhão de recursos do Fundo da Lava Jato para as ações de prevenção, fiscalização e
combate do desmatamento, incêndios florestais e ilícitos ambientais na Amazônia Legal;
• Implementação do projeto “Paisagens Sustentáveis da Amazônia”, desenvolvido pelo MMA, em
parceria com o GEF e os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Pará. O projeto apoia atividades
de recuperação ambiental, inventários florestais, identificação de áreas potenciais para concessão
florestal, fortalecimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade, análise de CAR,
regularização ambiental de propriedades e elaboração de planos de gestão de unidades de
conservação;
• elaboração do Macrozoneamento Ecológico-Econômico (MacroZEE) da Bacia Hidrográfica do Rio
São Francisco (BHSF);
• implantação do projeto “Concretizando o Potencial de Conservação da Biodiversidade em Áreas
Privadas”, parceria do MMA com o GEF e os estados para o desenvolvimento de uma base de
dados espaciais sobre o valor de conservação de áreas privadas no Bioma Cerrado, por meio de
modelagem que considere a provisão de diferentes serviços ecossistêmicos;
• Realização do evento Wild Fire, Conferência Internacional sobre incêndios florestais juntamente
com o IBAM;

1
Considerando a entrada em vigor do Decreto n° 9.759, de 11 de abril de 2019 que extinguiu e estabeleceu diretrizes, regras e
limitações para colegiados da administração pública federal, em 2019 buscou-se formas alternativas de retomar as atividades
de acompanhamento e monitoramento da implementação do PNA assim como sua revisão.
• Aprovação do projeto Floresta+ junto ao Fundo Verde do Clima em 2019 com a captação de 96
milhões de dólares como pagamento de resultados de redução do desmatamento nos anos de
2014/2015.
Como exemplo relevante de ações mais recentes de promoção da agenda de adaptação à mudança
do clima, destaca-se em 2019 a continuidade da implementação do Plano Nacional de Adaptação
(PNA). Além disso, considerando que a Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil ao
Acordo de Paris (NDC, na sigla em inglês) também apresenta um componente de Adaptação, as
ações do governo, coordenadas pelo MMA, devem considerar as orientações deste documento.

A abordagem para o monitoramento das ações em mudança do clima encontra-se em processo de


reestruturação visando a nova circunstância trazida pelo Acordo de Paris, promulgado no Brasil pelo
Decreto 9.073/2017. A perspectiva de monitoramento das ações em mudança do clima segue agora a
reorientação para as necessidades de Transparência e Mensuração, Relato e Verificação (MRV) e este novo
cenário desenvolve-se considerando o contexto nacional e internacional sobre mudança do clima abordado
na NDC do Brasil ao Acordo de Paris.
A metodologia inicial para o Sistema Modular de Monitoramento e Acompanhamento das Reduções de
Emissões de gases de efeito estufa (SMMARE), esboçada em 2014, inicialmente prevendo uma abordagem
setorial para o acompanhamento dos Planos Setoriais, foi remodelada para atender a NDC do Brasil. Nesse
sentido, vislumbra-se a necessidade de um redirecionamento da estratégia inicial, frente as ações indicativas
para a implementação da NDC e da necessidade de acompanhamento da implementação das NAMAS.
Considerando as lições aprendidas e as lacunas identificadas no processo anterior, a abordagem para o
SMMARE foi reformulada, e tem em funcionamento um piloto que inicialmente agrega os dados do setor
florestal e da agropecuária, tendo como horizonte futuro agrupar diversos módulos de MRV em diferentes
setores, a depender da aquisição de informações principalmente por meio dos Ministérios responsáveis pela
implementação das respectivas ações. O piloto do SMMARE está hospedado no portal Educaclima, o qual
foi reformulado em 2019 para atender a crescente necessidade de transparência e divulgação destas e outras
informações relacionadas à mudança do clima (www.educaclima.mma.gov.br).

Sensoriamento Remoto do Desmatamento e Incêndios Florestais


Foram realizados avanços no desenvolvimento de tecnologias para o monitoramento por sensoriamento
remoto do desmatamento, uso da terra e ocorrência de queimadas e incêndios florestais por meio da
ampliação do escopo do monitoramento de desmatamento para o bioma Cerrado, da implementação de um
sistema integrado e multiescala de monitoramento da Amazônia e do desenvolvimento de metodologia e
de sistema operacional de mapeamento de área queimada com qualificação da severidade do incêndio
florestal em adição ao monitoramento de focos de calor.
Para o Cerrado, por meio do projeto FIP Cerrado, iniciou-se, em 2017, a produção de mapas de
desmatamento anual (PRODES) e do sistema de alerta de desmatamento (DETER). Desde o início desses
trabalhos foram produzidos os valores de desmatamento consolidados para os anos de 2016, 2017 e 2018.
A partir de maio de 2018 passou a ser divulgado os alertas diários de desmatamento para o Bioma Cerrado,
alertas estes que passaram a ser consumidos diretamente pelas equipes de fiscalização do IBAMA e das
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. O monitoramento dos demais biomas (Caatinga, Mata Atlântica,
Pantanal e Pampa) iniciou-se no final de 2018, com recursos do Fundo Amazônia (BNDES), aprovado em
dezembro de 2017. Em 2019 foram divulgados os resultados do mapeamento do desmatamento para estes
4 biomas referentes ao ano de 2016, completando assim o mapa do desmatamento de todos os biomas
brasileiros para o ano de 2016. Em 2020 serão concluídos os mapeamentos do desmatamento de todos os
biomas até 2019.
O monitoramento do desmatamento da Amazônia Legal por sensor radar também evoluiu com a aquisição
de novos computadores e o início da etapa de testes de detecção de desmatamento com imagens de radar
orbital. No ciclo outubro de 2016 a abril de 2017, foram monitorados 250 mil km² por cinco vezes neste
período, o que resultou na detecção de 7.775 polígonos de desmatamento (corte raso) com área maior que
3 ha, o que equivale a um total de 198.020 ha desmatados detectados. O ciclo outubro/2017 a abril/2018
iniciou-se com o monitoramento de 350 mil km² no mês de outubro e também novembro, devendo continuar
com este quantitativo por mais cinco vezes, o que corresponde aos meses de dezembro a abril. Para o ciclo
outubro/2018 a maio/2019 uma nova metodologia de detecção do desmatamento foi desenvolvida com a
geração automática de alertas de desmatamento com uma fase final de homologação. Com isso foi
incorporada a classe degradação. A geração de alertas não quantifica a área com corte raso/degradação, mas
de modo automático cria um vetor circundando a área desmatada que, uma vez homologada, é entregue por
intermédio de geoserviço 24 horas após sua homologação. A utilização deste tipo de serviço resulta em
velocidade de disponibilização dos alertas aos órgãos interessados.
Em 2019 foi realizada a 7ª Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais, também conhecida como
Wildfire, que é um evento que acontece a cada quatro anos e que tem por objetivo fomentar discussões e
divulgar avanços realizados no período, tanto para prevenção e controle aos incêndios florestais, como para
a redução dos impactos do fogo para pessoas, comunidades e ecossistemas do mundo inteiro. Os
participantes, provenientes de 37 países, discutiram ainda outros temas, como a criação de interface global
entre profissionais envolvidos na temática, os avanços tecnológicos e metodológicos relacionados à gestão
dos incêndios e ao manejo do fogo e as perspectivas e oportunidades para a implementação do manejo
integrado do fogo, no Brasil e no mundo. Sobre esse último ponto, destaca-se a elaboração da Política
Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que tem sido implementada pelas instituições federais que atuam
na prevenção e no combate aos incêndios florestais (Ibama e ICMBio).

Considerações e Perspectivas

A agenda de mitigação da mudança do clima apresenta como desafio o alcance das metas definidas pela
Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) até 2020 e a implementação da Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC).
Assim, deve-se considerar o novo Plano de Combate ao Desmatamento Ilegal que está em construção e que
busca orientar as ações governamentais e não governamentais para as áreas de combate ao desmatamento
ilegal em todos os biomas do território nacional (Pampa, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e
Amazônia). Tal plano contempla os seguintes eixos: regularização fundiária, ordenamento territorial (ZEE),
pagamento por serviços ambientais, bioeconomia, tolerância zero ao desmatamento ilegal e recuperação da
vegetação nativa. Além disso, permanece a implementação da ENREDD+ de modo que sejam atendidas as
metas estabelecidas na PNMC no ano de 2020 e, posteriormente, atender a NDC brasileira.
Importantes resultados foram alcançados ao longo do presente PPA que resultarão em instrumentos
fundamentais para o avanço da implantação de medidas que contribuirão para o alcance das metas do país
quanto às emissões de GEE. O Sirene consolidou-se nesse período como um instrumento relevante para a
transparência dos dados de emissões de GEE. Houve a publicação da Terceira Comunicação do Brasil à
Convenção do Clima, e a execução de grande parte do projeto de confecção da 4ª Comunicação Nacional,
com previsão de lançamento no ano de 2020. A 4ª e 5ª edição das Estimativas Anuais de Emissões de GEE
foram produzidas e dois Relatórios de Atualização Bienal foram submetidos à Convenção do Clima. Para
a produção desses relatórios foi necessário a mobilização e parceria de dezenas de instituições de pesquisa,
centenas de pesquisadores e diversos órgãos do governo federal e da sociedade civil, num processo
colaborativo para a construção de informações robustas e confiáveis sobre as emissões de GEE no país.
Os sistemas de sensoriamento remoto do desmatamento e incêndios florestais tiveram grandes avanços,
tanto na ampliação de dados de satélites utilizados como insumo, quanto a expansão das regiões
monitoradas. Em 2019 passou-se a monitorar o desmatamento de todos os biomas brasileiros, antes o
monitoramento contínuo era realizado apenas para a Amazônia e Cerrado.
Em termos de adaptação à mudança do clima, o Plano Nacional de Adaptação (PNA) estabelece as diretrizes
para realização de medidas adaptativas visando ao incremento da resiliência climática de 11 setores e temas:
Agricultura; Biodiversidade e Ecossistemas; Cidades; Desastres Naturais; Indústria e Mineração;
Infraestrutura (energia, transportes e mobilidade urbana); Povos e Comunidades Vulneráveis; Recursos
Hídricos; Saúde; Segurança Alimentar e Nutricional; Zonas Costeiras. Diversos estudos sobre
vulnerabilidade foram sistematizados em uma abordagem nexus+, que envolve a segurança hídrica,
energética, alimentar e socioeconômica, que integrará o trabalho da 4a Comunicação Nacional à Convenção
do Clima. Um importante instrumento de apoio à tomada de decisão na linha da adaptação à mudança do
clima foi o lançamento do Sistema de Informações e Análises sobre os Impactos das Mudanças Climáticas
(ImpactaClima), uma plataforma que permite avaliar os impactos presentes e futuros das mudanças
climáticas. Esse sistema deverá ser expandido para cobrir todo o território nacional e setores como energia
e alimentos, atualmente ele aborda o setor água.
Em termos de arcabouço institucional, destaca-se um importante marco para a governança do tema
Mudança do Clima no âmbito do Governo Federal, dado pelo Decreto no 10.145, de 28 de novembro de
2019. Nele se estabelece o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), de caráter permanente,
cuja finalidade é estabelecer diretrizes, articular e coordenar a implementação das ações e políticas públicas
do país relativas à mudança do clima.
Tendo em vista as informações citadas nesse relatório considera-se que o programa foi bastante exitoso no
sentido de promover atividades que contribuem para o cumprimento das metas estabelecidas pela PNMC,
e de entregar produtos e tecnologias que continuarão a dar suporte para o aprimoramento de atividades que
contribuirão para atingimento de compromissos internacionais e, sobretudo, que ajudarão o país na
transição para o desenvolvimento sustentável e construção de uma economia resiliente às mudanças
climáticas e ambientalmente amigável.

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