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Por que 2021 é um ano decisivo para o cumprimento do Acordo

de Paris1
Neste ano, o Brasil (e o mundo) deverá se comprometer com medidas e metas ambiciosas
para, de fato, combater as mudanças climáticas. Ou então será tarde demais

Em novembro de 2021, representantes dos países-membros da Organização das


Nações Unidas (ONU) se reunirão por 12 dias para estabelecer novas metas e
estratégias capazes de frear o avanço de um inimigo comum: a emergência climática.
Sediada em Glasgow, na Escócia, a 26ª Conferência das Partes sobre a Mudança
Climática (COP26) será marcada pelo terceiro (e tão aguardado) encontro entre os 195
países signatários do Acordo de Paris. O evento, que seria realizado em novembro do
ano passado, foi adiado por conta da pandemia de Covid-19 e tem gerado ansiedade e
preocupação entre a comunidade científica, ativistas do clima e governantes de todo o
mundo.
Isso porque já se passaram cinco anos desde a assinatura do acordo climático e,
como determina o documento, está na hora de fazer um balanço do que foi feito nesses
primeiros anos em prol da redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE), além
de elaborar novas estratégias para mitigar o aquecimento global. Até o fim de 2020,
75 signatários (que representam 30% das emissões do planeta) submeteram à ONU
suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês),
documentos em que os governos especificam quais metas e medidas serão
implementadas a curto, médio e longo prazo para diminuir as emissões. Não bastasse o
baixo número de submissões, as expectativas em relação a boa parte do que foi
proposto são desanimadoras.
Na avaliação do órgão, a percepção geral é de que as iniciativas apresentadas
pelos países são insuficientes para frear o aumento da temperatura do planeta. “Os
governos estão longe do nível de ambição necessário para limitar as mudanças
climáticas a 1,5 °C e cumprir os objetivos do Acordo de Paris”, analisa o secretário-
geral da ONU, António Guterres.
Por isso, a orientação dada aos países que deixaram seus planos a desejar é que,
até a realização da COP26, as metas nacionais sejam refeitas de modo a contribuir
efetivamente para o controle da emergência climática. “A ciência é clara: para limitar
o aumento da temperatura global em 1,5 °C, devemos cortar as emissões globais em
45% até 2030, em relação aos níveis de 2010”, lembra Guterres.

1
O texto consiste em trechos da Reportagem disponível no site da revista Galileu para uso em debates em sala
de aula. Disponivel em: https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/04/por-que-2021-e-um-
ano-decisivo-para-o-cumprimento-do-acordo-de-paris.html. Acesso em: 03 set 2021.
Com o prazo final cada vez mais próximo, se antes o assunto era urgente, agora
ações pela redução de emissão são cruciais. Por isso, 2021 é um ano decisivo para o
cumprimento do Acordo de Paris e a prevenção de um verdadeiro cataclismo, como
prevê o Fórum Econômico Mundial. A entidade compara o cenário atual ao jogo
Jenga, em que o desafio é manter uma torre em pé ao mesmo tempo em que se retira
os blocos que a sustentam. “Por gerações, tiramos lentamente os blocos. Mas, em
algum ponto, removeremos um bloco fundamental, como o colapso de um dos
principais sistemas de circulação oceânica global, por exemplo, a Circulação de
Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC), que fará com que todo ou parte do
sistema climático global caia em uma emergência planetária”, profetiza Peter Giger,
diretor de uma empresa de seguros da Suíça, em um artigo publicado em janeiro no
site do Fórum. Para começar a dar os primeiros passos em direção a um futuro mais
verde (e otimista), devemos analisar como chegamos até aqui.

O principal objetivo do Acordo de Paris é assegurar que o aumento da temperatura


média global não ultrapasse 2°C em relação aos níveis pré-industriais.

A nossa (triste) situação

Em 8 de dezembro de 2020, o governo brasileiro transmitiu sua NDC à ONU.


Tendo o ano de 2005 como base, ela propõe reduzir em 43% as emissões de carbono
brasileiras até 2030 e atingir a neutralidade em 2060. Apesar de o governo federal
afirmar, em nota, que “a NDC brasileira é uma das mais ambiciosas do mundo”,
especialistas do clima logo questionaram e se contrapuseram a essa constatação.
O Observatório do Clima, rede formada por entidades brasileiras que discutem e
combatem o aquecimento global, classificou a NDC brasileira como “insuficiente e
imoral”, em comunicado à imprensa. Na mesma data em que o documento foi
submetido às Nações Unidas, o Observatório publicou sua própria versão da proposta,
mais alinhada com os objetivos do Acordo de Paris e com iniciativas mais robustas no
enfrentamento das mudanças climáticas.
De acordo com o relatório feito pela rede, que também teve o ano de 2005 como
referência, o Brasil deveria reduzir as emissões em 81% até 2030. Além disso, uma
meta verdadeiramente ambiciosa e em concordância com o restante do planeta seria se
comprometer a zerar as emissões em 2050, uma década antes do que foi proposto pelo
governo.
Para Leonardo Nascimento, analista de políticas climáticas do NewClimate
Institute, organização internacional que mapeia, avalia e compara ações de mitigação
das mudanças do clima em todo o planeta, uma das falhas do governo brasileiro foi se
basear em um inventário desatualizado para propor a meta. A base de cálculo utilizada
foi a do Segundo Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, que estimava que,
em 2005, o valor absoluto dos gases emitidos foi de 2,1 bilhões de toneladas. Na
verdade, de acordo com a terceira edição do inventário, sua versão mais atualizada,
naquele ano foram emitidas 2,8 bilhões de toneladas. “O primeiro passo para o Brasil é
aumentar a ambição da meta que foi submetida no final do ano passado”, opina
Nascimento. Ele defende que, para isso, o governo precisa se comprometer a combater
o desmatamento ilegal nos próximos 10 anos — o que, infelizmente, não deve
acontecer, já que esse compromisso estava presente na NDC anterior e foi retirado do
documento submetido no ano passado.
E não só por isso. A recente escalada nos índices de desmatamento nos
afasta de atingir o objetivo. Só na Amazônia, a perda de árvores em 2020 cresceu
30% em comparação a 2019, segundo levantamento feito pelo Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em um ano, a floresta tropical
perdeu 8.058 km² de área verde, o maior número da última década. Isso somado
às queimadas e ao avanço da agropecuária faz da região uma preocupante
produtora de poluentes.
Não à toa, é lá onde está a maioria das cidades brasileiras campeãs em emissão
de CO2 . Um levantamento do Observatório do Clima divulgado em março revela
que sete dos dez municípios que mais poluem no país estão na Amazônia: São Félix do
Xingu (PA), em primeiro lugar; Altamira (PA), em segundo; Porto Velho, em terceiro;
Pacajá (PA), em quinto; Colniza (MT), em sexto; Lábrea (AM), em sétimo; e Novo
Repartimento (PA), em oitavo.
Nascimento sugere que o Brasil deveria seguir o exemplo da Costa Rica.
Apesar de ser um país muito menor, que não tem os desafios de uma nação continental
como a nossa, a Costa Rica também tem uma matriz energética baseada em
hidrelétricas — que emitem pouco carbono — e conta com uma abundante área verde.
“A diferença é que as florestas costarriquenhas absorvem mais carbono do que
emitem, ao contrário das brasileiras. Isso porque o país faz uma boa gestão e
fiscalização das suas florestas”, avalia o analista de políticas climáticas.
Além de ter proposto zerar emissões líquidas apenas em 2060, o Brasil não
apresentou nenhum detalhe sobre como o governo pretende atingir esse objetivo”,
acrescenta Nascimento.

Investimento verde

Outro passo importante que o Brasil precisa dar para se adequar ao Acordo de
Paris é a criação de um marco regulatório para o mercado de carbono. Uma proposta já
tem sido elaborada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) com apoio do Ministério da Economia. A iniciativa foi aprovada
pelo Partnership for Market Readiness (PMR), um projeto do Banco Mundial em
parceria com o governo brasileiro em que foram discutidas as melhores formas de criar
uma legislação para esse mercado.
Agora, a proposta aguarda o avanço para uma segunda fase, a Partnership for
Market Implementation (PMI), que vai ajudar a implementar esse mercado no país. “O
que estamos fazendo é decidir como as emissões serão relatadas e verificadas, e
avaliando quais instituições ficaram responsáveis por cada processo”, detalha Karen
Tanaka, gerente técnica para Energia, Mudança do Clima e Finanças Sustentáveis no
CEBDS.
Segundo a especialista, a criação de um marco regulatório ajudará a
institucionalizar a redução de carbono em grandes empresas brasileiras. “Atualmente,
já contamos com um mercado voluntário forte no país — o que é muito positivo, mas
não resolverá o problema a longo prazo”, avisa. Por aqui, as empresas ainda não são
obrigadas a diminuir suas emissões. Apenas aquelas que têm interesse, objetivos ou
iniciativas verdes procuram negociar créditos de carbono no mercado.
Para Tanaka, esse cenário deve mudar logo. “Não se trata apenas de fazer
projetos sociais, é sobre uma total readequação dos negócios para atender um planeta
que já passou dos limites.” E as empresas já estão percebendo isso.
“A proposta do CEBDS, por exemplo, é feita pelo setor empresarial, que, apesar
de ser o primeiro a ter suas emissões limitadas, está interessado nisso. O setor que vai
ser regulado está pedindo para ser regulado. Isso não é algo muito fácil de acontecer.”
Na avaliação de Gabriel Estevam Domingos, diretor de pesquisa de
desenvolvimento da Ambipar, empresa brasileira que é referência internacional em
soluções ambientais, o mercado privado exerce um papel fundamental nesta nova
prática econômica enquanto não há regulação pelo Estado. “Se essa falta de definição
no âmbito político prejudica a performance brasileira na redução de emissões, por
outro lado, o mercado voluntário e privado segue à frente nessa iniciativa”, analisa.
O interesse vem, afinal, das oportunidades de crescimento que o mercado de
carbono tem apresentado. Segundo uma pesquisa da Refinitiv, empresa que avalia o
mercado financeiro, em 2020, o valor do setor cresceu quase 20%, batendo recorde de
229 bilhões de euros. Cerca de 90% desse montante está concentrado no Regime
Comunitário de Licenças de Emissão da União Europeia (EU-ETS, na sigla em
inglês), o mercado regulado europeu.
Isso mostra que países que já se prepararam para esse novo mercado estão
colhendo os frutos econômicos da redução de emissão de GEEs. “Sem um mercado
regulado, o Brasil corre um risco de ficar à mercê de um modelo externo e de ter que
atender a cada um desses modelos que vierem de fora, perdendo competitividade no
mercado”, adverte a gerente técnica do CEBDS.
Estudo recente sugere que, para mitigar as mudanças climáticas, metas globais
deveriam ser 80% mais ambiciosas do que as propostas pelo Acordo de Paris.

Ações urgentes

Segundo um estudo publicado em fevereiro na Communications Earth &


Environment, periódico de acesso aberto da Nature, se quisermos limitar o aumento
da temperatura a 2°C, as metas globais deveriam ser 80% mais ambiciosas do que as
propostas pelo Acordo de Paris. Isso significa que a redução média de emissões de
carbono precisaria ser de 1,8% ao ano, e não de 1%, como proposto.
Países que têm conseguido cumprir o acordo teriam novas metas mais baixas,
como o Reino Unido, que precisaria de um crescimento de apenas 17%. Já aqueles que
prometeram cortes mas, na prática, passaram a emitir mais, caso do Brasil e da Coreia
do Sul, precisam de um impulso maior para compensar o desperdício. Os
pesquisadores Peiran R. Liu e Adrian E. Raftery, da Universidade de Washington, nos
Estados Unidos, sugerem que, para garantir mais agilidade nas análises, as metas
sejam reavaliadas anualmente, e não a cada cinco anos, como orienta o Acordo de
Paris.
Em outro trabalho, orientado por estudiosos da Universidade de East Anglia,
na Inglaterra, a atual taxa de redução de emissões, de 0,16 bilhão de toneladas de CO2,
precisa aumentar em 10 vezes para que as mudanças climáticas sejam mitigadas como
propõe o tratado de Paris. A diminuição das emissões deveria ser da ordem de 1 a 2
bilhões de toneladas por ano, de acordo com a investigação.
É uma realidade distante, mas que vale a pena ser alcançada. Outro estudo,
publicado no The Lancet em fevereiro e liderado por pesquisadores da Universidade
College London, também na Inglaterra, indica que milhões de vidas podem ser salvas
com a adoção de políticas alinhadas com o Acordo de Paris e que priorizem a saúde:
6,4 milhões graças a uma dieta melhor, 1,6 milhão por um ar mais limpo e 2,1 milhões
por exercícios.
E o apoio popular a mais ações governamentais pelo meio ambiente é
“esmagador”, como mostra uma pesquisa da Universidade de Cambridge com mais
de 14 mil adultos que vivem no Brasil, na China, na Índia, na Indonésia, na Polônia,
no Reino Unido e nos Estados Unidos. Em seis desses países, nove a cada 10 pessoas
disseram aprovar essas iniciativas. O Brasil teve o maior índice de apoio: de 96 a 98%
dos participantes concordam que os governos devem liderar ações contra mudanças
climáticas.
Com apoio da população e estratégias eficazes sendo apontadas há décadas por
cientistas, a missão aparentemente impossível parece ser mais tangível. Bastam o
comprometimento e as ações de cada um de nós — e das 195 partes que dividem a
responsabilidade assumida há cinco anos de mitigar as mudanças climáticas. É agora
ou nunca.

CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/04/por-que-2021-e-um-ano-decisivo-para-o-


cumprimento-do-acordo-de-paris.html. Acesso em: 03 set 2021

Aquecimento global: Brasil não detalhou metas para o Acordo de


Paris e desmatamento está longe de zero2

Relatório de órgão da ONU divulgado nesta segunda-feira (9)3 aponta que alta de
1,5°C a 2°C na temperatura global ocorrerá neste século se não houver profunda
redução nas emissões de gases de efeito estufa.

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Enchentes, neve e calor extremo: como as mudanças climáticas afetam o planeta

Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC,


sigla em inglês) publicado nesta segunda-feira (9) aponta que um aumento de 1,5°C a
2°C na temperatura global ocorrerá neste século se não houver profunda redução
nas emissões de gases de efeito estufa.
A conclusão dos cientistas é que o fim das emissões precisa ser imediata para
limitar os impactos já irreversíveis das mudanças climáticas que já provocam eventos
extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais.

 Mudanças do clima: as previsões do IPCC para a América do Sul

2
O texto consiste em trechos da Reportagem disponível no site https://g1.globo.com, para uso em debates em
sala de aula. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/08/09/aquecimento-global-brasil-nao-
detalhou-metas-para-o-acordo-de-paris-e-desmatamento-esta-longe-de-zero.ghtml. Acesso em: 03 set 2021.
3
Por G1 09/08/2021 15h51
 Limitar aquecimento a 1,5ºC pode ser impossível; veja repercussão de relatório
sobre o clima feito pelo IPCC

 Floresta amazônica já emite mais gás carbônico do que absorve


Desmatamento zero?

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, a taxa e os alertas de


desmatamento no Brasil têm atingido os maiores índices da década. As emissões de
gases do efeito estufa no país são majoritariamente ligadas às mudanças do uso da
terra, ou seja, perda da floresta, queimadas e agricultura.
Sem um ajuste na política de combate ao desmate e ao fogo no país não é
possível atingir a meta do desmatamento zero, mesmo o contra a lei. Um estudo feito
pelo Instituto Centro de Vida (ICV), pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e
Agrícola (Imaflora) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio
do WWF-Brasil, mostrou que 94% da devastação da floresta é ilegal.

 Desmatamento na Amazônia em 2020 é mais de 3 vezes superior à meta proposta


pelo Brasil para a Convenção do Clima

Metas liberam mais emissões

Uma análise feita pelo Observatório do Clima, apontou que a meta climática
apresentada em dezembro permitirá ao Brasil chegar a 2030 emitindo 400 milhões de
toneladas de gases do efeito estufa a mais do que o previsto na meta original.

Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/08/09/aquecimento-global-brasil-nao-detalhou-


metas-para-o-acordo-de-paris-e-desmatamento-esta-longe-de-zero.ghtml. Acesso em: 03 set 2021.

Problemas ambientais brasileiros


Os atuais problemas ambientais brasileiros estão bastante relacionados com o
desenvolvimento da agropecuária, o extrativismo vegetal e a falta de infraestrutura das
cidades.
As queimadas afetam diretamente o solo e causam a poluição do ar.
Os problemas ambientais de âmbito nacional (no território brasileiro) ocorrem
desde a época da colonização, estendendo-se aos subsequentes ciclos econômicos
(cana, ouro, café etc.).
Atualmente, os principais problemas estão relacionados com as
práticas agropecuárias predatórias, o extrativismo vegetal (atividade madeireira)
e a má gestão dos resíduos urbanos.

Os principais agravantes de ordem rural e urbana são:


- perda da biodiversidade em razão do desmatamento e das queimadas;
- degradação e esgotamento dos solos por causa das técnicas de produção;
- escassez da água pelo mau uso e gerenciamento das bacias hidrográficas;
- contaminação dos corpos hídricos por esgoto sanitário;
- poluição do ar nos grandes centros urbanos.

→ Desmatamento

O desmatamento na Floresta Amazônica causa perda de biodiversidade e prejudica as comunidades locais que
vivem dos recursos da floresta.
O índice de desmatamento em nosso território é tão alarmante que chega a
pontuar proporcionalmente o Brasil como o segundo país, atrás apenas da China, com
maiores áreas devastadas em todo o mundo.
A Floresta Amazônica, tida como a maior reserva natural do planeta, já
teve cerca de 15% de sua área original desmatada, e da Mata Atlântica restam
apenas 7% de sua composição silvestre.
De acordo com ambientalistas, na Amazônia, uma área de aproximadamente 50
mil km2 é atingida por queimadas em períodos de um ano. Por causa disso, ocorre um
empobrecimento do solo, acelerando o processo de desertificação. A fumaça
liberada, além de causar problemas à saúde, também contribui para o aquecimento do
planeta.
Diante dessa situação degradante, é necessário que cada cidadão assuma uma
postura ambientalista, reivindicando de nossos representantes (do poder público)
a intensificação de ações e programas preventivos que realmente combinem o
desenvolvimento econômico do país com os princípios de sustentabilidade ecológica.

RIBEIRO, Krukemberghe Divino Kirk da Fonseca. "Problemas ambientais brasileiros"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/problemas-ambientais-brasileiros.htm. Acesso em 03
set 2021.
Crise hídrica se agrava e vira mais um entrave para o crescimento da economia
brasileira4

Seca piora cenário da inflação para as famílias, aumenta o custo de produção da


indústria e deve fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio
registre este ano a primeira queda desde 2016.5

Áreas que normalmente ficam cobertas pela água estavam secas no lago da represa de Emborcação em julho de
2021 — Foto: TV Integração/Reprodução

A crise hídrica que atinge o Brasil afeta a economia em várias frentes e torna
ainda mais frágil a expectativa de uma recuperação robusta da atividade econômica,
depois de um resultado pífio no segundo trimestre deste ano: segundo dados
divulgados nesta quarta-feira (1) pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro recuou 0,1% no segundo trimestre deste ano.

 PIB em queda no 2º trimestre: entenda os motivos e veja 10 riscos que podem


frear retomada

De imediato, a seca tem levado ao aumento do preço da conta de luz e se


transformou em mais uma pressão inflacionária para a população – que já sofre com a
alta de combustíveis e alimentos. A indústria também enfrenta um reajuste no custo
de produção num cenário em que a há pouca margem de manobra para absorver novos
choques.

Por fim, a seca ainda deve fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) do
agronegócio recue este ano, pela primeira vez desde 2016.
"Estão se unindo fatores que são limitadores para o crescimento do PIB nos
próximos trimestres e que pesam (para a atividade) em 2022", afirma Alessandra
Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

4
O texto consiste em trechos da Reportagem disponível no site https://g1.globo.com, para uso em debates em
sala de aula. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/crise-da-agua/noticia/2021/09/01/crise-hidrica-se-
agrava-e-vira-mais-um-entrave-para-o-crescimento-da-economia-brasileira.ghtml. Acesso em: 03 set 2021.
5
Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1. 01/09/2021 10h27 Atualizado há 2 dias
O impacto total da seca no PIB do Brasil ainda é difícil de ser mensurado pelos
economistas. O tamanho da crise – se o país vai precisar adotar um racionamento, por
exemplo – só vai ficar mais claro nos próximos meses, a depender da quantidade de
chuva nos reservatórios.
O que é possível afirmar é que a crise hídrica aumentou de gravidade nos
últimos dias. Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
informou que a capacidade atual do país de geração de energia elétrica
será insuficiente para atender à demanda a partir de outubro.
"Dado o nível atual dos reservatórios, se a gente chegar em outubro, novembro, e
a chuva não vier, o risco (de racionamento) aumenta", diz Luciano Sobral,
economista-chefe da Neo Investimentos.

Chuvas abaixo da média acendem alerta nos re Reservatórios das maiores metrópoles

Papel do governo na crise

No discurso, por ora, o governo reconhece a gravidade da situação, mas


descarta um racionamento – embora tenha adotado uma série de medidas para tentar
evitar um apagão.
Para os especialistas, no entanto, o governo federal está demorando a tomar
medidas efetivas para evitar o esgotamento do sistema.
Em entrevista ao G1, Renato Queiroz, pesquisador do Grupo de Economia da
Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
afirmou que há atraso na reação do governo diante do problema. Ele entende que
mais usinas termelétricas já deveriam ter sido acionadas. Elas produzem energia mais
cara, a partir da queima de combustíveis como óleo ou gás.
"Já sabíamos que 2021 seria problemático. E o que deveria ser feito? Segurar
água nos reservatórios e colocar mais térmicas para despachar. Por que não faz
isso? Porque nossa conta de luz já é muita cara", explicou o pesquisador.
Especialistas também apontam alguns erros de planejamento que ajudam a
explicar as crises hídricas recentes.
"O país ficou 20 anos construindo usina hidrelétrica sem reservatório [exemplo Belo
Monte, que opera a fio d'água, conforme a quantidade de água existente no rio]. Em 20
anos quase dobrou a demanda por energia e continuamos com o mesmo tamanho de
reservatórios de água", afirmou ao G1 Paulo Arbex, presidente da Associação
Brasileira de usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas.

Impacto no PIB

Se um eventual cenário de racionamento se confirmar e o governo determinar


uma redução de 10% no consumo de energia para todos os setores por um período de
um ano, o impacto deve ser de 1,5 ponto percentual no PIB, segundo cálculos
realizados pela Genoa Capital.
O mesmo exercício mostra que, se o governo optar por um racionamento de
20% apenas para reduzir o consumo das famílias, também no prazo de um ano, o
impacto na atividade seria de 1 ponto.
"Pode ser bem complexo fazer essa queda do consumo residencial", afirma o
economista-chefe da Genoa Capital, Igor Velecico. "Em anos anteriores, existiam
gaps de eficiência em que era possível fazer a troca de lâmpadas, geladeiras (para
economizar). Hoje, esses gaps são muito menores e há uma parcela maior das
pessoas trabalhando em home office."

"O aumento da energia elétrica afeta o orçamento das famílias e reduz o poder de
compra dos brasileiros", afirma Alessandra, da Tendências. "E não é só a energia
elétrica. Há outras altas importantes relacionadas a alimentação e combustível,
por exemplo."

Custo maior para a indústria

A energia mais cara também faz com que a indústria enfrente uma alta de custo
na produção. É mais uma entreve para o setor, que ainda não conseguiu se recuperar
totalmente dos estragos provocados pela pandemia.
 Produção industrial fica estagnada em junho e setor completa dois trimestres
seguidos de queda, aponta IBGE
No início de agosto, um levantamento realizado pela Confederação da Nacional
da Indústria (CNI) mostrou que a crise hídrica era uma preocupação para 90% dos
empresários do setor.
Entre os empresários com algum grau de preocupação, os maiores temores
eram, de acordo com a CNI, com o aumento do custo da energia (83%), a
possibilidade de racionamento de energia (63%) e a instabilidade ou interrupções no
fornecimento de energia (61%).

"O setor industrial vinha passando por um momento muito difícil e que foi
agravado pela pandemia", afirma Roberto Wagner, especialista em energia da
CNI. "A indústria não tem margem de manobra para evitar um repasse desses
custos. A tendência é que isso acabe sendo incorporado nos custos dos produtos."
Agronegócio em queda
A seca também deve impor uma perda para o PIB do agronegócio. Será a
primeira retração desde 2016, de acordo com a consultoria Tendências.
"Essa questão climática afetou de maneira importante as projeções (para o
setor)", afirma Alessandra. "O país vem de bons anos de crescimento do PIB do
agronegócio. Para 2021, tínhamos até uma estimativa positiva, uma alta ao redor
de 2%."
Agora, a Tendências estima uma retração de 0,4% para o PIB agro. Esse
número vai ser influenciado pelos seguintes quedas na produção deste ano em relação
a 2020:
 Milho: 15,5% de redução;
 Algodão: 22% de recuo;
 Café: 22,6% de retração.

Desempenho do PIB da agropecuária — Foto: Economia G1

"No terceiro e no quarto trimestres, o PIB do agronegócio vai ser negativo""


afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. "Este ano ele
vai acabar mal e é possível ter uma retração ainda maior a depender do que
aconteça."
O agronegócio, embora seja um limitador para a atividade econômica do país, não tem
grande potencial para afetar o resultado da economia como um todo. O setor
responde por 7% do PIB total do país.

Disponível em: https://g1.globo.com/economia/crise-da-agua/noticia/2021/09/01/crise-hidrica-se-agrava-e-


vira-mais-um-entrave-para-o-crescimento-da-economia-brasileira.ghtml. Acesso em: 03 set 2021.

O texto acima é composto por trechos de reportagens disponíveis nos respectivos sites citados. Tem por
finalidade apenas o uso pedagógico para debates em sala de aula.

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