Pergunta:

Atualmente, face à dificuldade em transitar da precaridade para a

estabilidade financeira, assistimos ao “adiar” das etapas que marcam a
transição para a vida adulta e ativa. Como pode este adiar afetar a
sociedade?
Resposta:
Como consequência das condições contratuais atípicas e dos baixos
salários, os trabalhadores precários têm como única certeza a incerteza do
que o futuro o reserva o que os obriga a adiar compromissos, como sair de
casa dos pais e constituir família.
De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística em parceria
com a Fundação Francisco Manuel dos Santos e os resultados do estudo
“Determinantes da Fecundidade em Portugal”, coordenado por Maria
Filomena Mendes, em cerca de cinco décadas, o número de nascimentos
em Portugal caiu para menos de metade. Ao mesmo tempo, somos mães e
pais cada vez mais tarde. Hoje, as mulheres têm, em média, o primeiro filho
aos 31 anos, quase cinco anos mais tarde do que acontecia há 20 anos.
Assim, como consequência da precariedade, a sociedade portuguesa está
cada vez mais envelhecida o que causa um desequilíbrio geracional.
Através da análise da evolução da pirâmide etária de Portugal ao longo dos
anos, observamos uma inversão dessa mesma pirâmide, uma vez que
ocorre um estreitamento progressivo da base, o que corresponde a um
menor peso das camadas mais jovens, e um alargamento do topo que se
traduz numa percentagem crescente de idosos. Este dado permite-nos
confirmar que o envelhecimento demográfico no nosso país tem vindo
progressivamente a acentuar-se.

Nota
Pirâmide etária: Formada por barras sobrepostas que se concentram em torno de um
eixo. Do lado direito do eixo dispõe-se a população feminina e, do lado esquerdo, a
população masculina. Cada barra corresponde a uma classe etária, ou intervalo de
idades, em que as barras inferiores representam a população jovem (0 a 14 anos), as
barras superiores representam a população idosa (+ 65 anos) e as do meio representam
a população adulta (15 aos 64 anos)