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Se calhar aborreci-te mesmo, com a descrição extensa da casa. Mas acho que deves saber onde nos
aninhamos. E agora deixa-me continuar, pois ainda não acabei. Quando chegámos a Prinsengracht, a Miep
fez-nos subir depressa para o anexo e fechou a porta atrás de nós. Cá estávamos.
Margot tinha chegado muito mais depressa de bicicleta e já estava à nossa espera. O nosso quarto de estar
e os outros também pareciam arrumos atravancados. A desordem era indescritível! Os caixotes e as
malas que, no decorrer dos últimos meses, se tinham mandado para aqui, alastravam numa grande
confusão. O quartinho, apinhado até ao teto com camas e roupas brancas. Se queríamos dormir à noite em
camas bem feitas, tínhamos de deitar já mãos à obra. A mãe e a Margot não foram capazes de mexer numa
palha. Atiraram-se para cima dos colchões; sentiam-se muito infelizes. O pai e eu, os dois
"arrumadores" da família, desatámos a trabalhar. Despejámos as malas e os caixotes, colocámos tudo
nos sítios próprios, martelámos, esfregámos, e quando a noite chegou caímos, mais mortos que vivos, nas
camas limpinhas. Não tomámos uma só refeição quente durante todo o dia. Também não era preciso. A mãe
e a Margot estavam nervosas de mais para comer e o pai e eu não tivemos tempo.
Na terça-feira de manhã continuámos. A Elli e a Miep fizeram as compras com os nossos talões de
racionamento, o pai melhorou a ocultação das luzes que tinha ficado imperfeita e esfregámos os azulejos da
cozinha. Estivemos todos bem.
Tua Anne