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De acordo com o postulado acima por Labov (1972), é concebida aos falantes
de uma comunidade um aspecto de consciência sobre as regras e normas
gramaticais utilizadas por um grupo para identificar e marcar a sua comunidade de
fala. Nessa perspectiva, segundo o autor, os integrantes não precisam se prender,
obrigatoriamente, à um ato uniforme do seu falar, para Labov o ato orgânico de
compartilhamento do sistema de avaliação da língua os caracteriza como uma
comunidade. Assim, o autor consegue estabelecer uma dissociação de língua
(heterogênea) e comunidade de fala (homogênea).
A diferenciação entre língua e comunidade de fala estabelecida por Labov,
inicia um novo debate sobre os novos desdobramentos a cerca do tema. Labov
(1972) atribui aos falantes de uma comunidade significado social e os considera um
unidade uniforme. Essa visão é contestada por diferentes autores, para Figueroa
(1994) não é possível perceber uma clara vinculação entre o individuo e a
comunidade em que está inserido, para o autor o que há é um sistema de
subordinação, em que o falante é subordinado à comunidade de fala, movimento
que dificulta a observação do posicionamento linguístico do falante.
A visão laboviana sobre a uniformidade da comunidade de considera o sujeito
falante como um “tipo social” e exclui as suas particularidades, dessa forma é
possível entender que é a comunidade que molda o sujeito. Essa visão é
contraposta por diversos autores, para Romaine (1980), é justamente o contrário,
uma vez que as mudanças linguísticas e de comportamento ocorrem do individual
para o coletivos, acontecem nos sujeitos e não na comunidade de forma completa e
uniforme. Romaine (1984) questiona fortemente a visão laboviana sobre
homogeneidade da comunidade de fala, para o autor nem todos os membros da
comunidade utilizam a língua da mesma maneira, assim, o autor considera que “em
diferentes comunidades de fala, fatores sociais e linguísticos vinculam-se não
apenas de diferentes formas, mas em ‘graus’ diferentes” (ROMAINE, 1980, p. 13).
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Tradução minha para: The speech community is not defined by any marked agreement in the use
of language elements, so munch as by participation in a set of shared norms. These norms may be
observed in overt types of evaluative behavior, and by the uniformity of abstract patterns of variation
which are invariant in respect to particular levels of usage.” (LABOV, 1972, p. 120- 121)
O debate estabelecido pelos autores construí um campo fértil para as
pesquisas que se debruçam sobre o tema, para Patrick (2004), ambos os autores
possuem suas relevâncias no debate e ambas a teorias são consideradas para a
pesquisa, o que vai motivar a utilização de uma e não de outra é o objetivo que se
ser atingir e os “padrões mais amplos de organização social, econômica, histórica e
cultural que o tornam obrigatório” (PATRICK, 2004, p. 589)
Nessa pesquisa, compreendo a visão constituída por Romaine (1980), que
considera o sujeito dentro da comunidade de fala. Contudo, postulando sobre
comunidade de fala e observando a localidade em que estou inserida, alinho-me à
visão laboviana sobre comunidade de fala. Percebo que o falar tefeense reflete a
particularidade de uma comunidade do interior do estado do Amazonas, que pode se
assemelhar aos demais municípios do estado, mas que reflete a sua própria
identidade.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS