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A geração celular

Por Frei Marcelo Aquino, O. Carm

freimarceloocarm@gmail.com

Em todas as épocas da vida humana, surgiram as mais variadas modas e


costumes. Houve épocas em que todos queriam ter uma tal de calça boca de sino, era a
famosa calça usada pelo postar Elvis Presley em seus badalados shows nos Estados
Unidos. Passada aquela “febre” veio outra a moda da saia curta ou mini saia, as
mulheres perderam o pudor e começaram a deixar as pernas à vista, atraindo assim a
atenção dos homens que assoviavam nas ruas por onde elas passavam. E assim muitas
foram as modas que surgiram neste mundo.

Mas, os anos passaram e as modas não deixam de surgir, em dias hodiernos


estamos em meio a muitas delas. Gostaria de falar um pouco sobre uma que preocupa
muito, a moda do celular juntamente com o fone de ouvidos.

A juventude ou melhor a grande maioria das pessoas e não só os jovens, estão


agora fascinados por uma nova moda, e essa nova moda, não é uma moda apenas como
as outras, mas põe em risco uma das coisas mais importantes na convivência social, a
comunicação interpessoal.

Sem falar no perigo constante que corre as pessoas que têm esse costume, muitas
delas têm o celular como sua bússola, ou para ser mais atual, o seu GPS, de onde não
tiram os olhos, chegam até a atravessar a rua tendo como norte o celular, já houve
pessoas que andando nas calçadas batem a cabeça nos postes por não olhar para a frente,
e isso só aumenta com o passar dos dias, essa moda não mais atinge uma só camada da
sociedade como as de outrora, mas a todos indistintamente.

Essa nova moda consiste em ficar o dia todo conectado a um celular e na grande
maioria das vezes, um celular e um fone de ouvidos, para ouvir músicas e conversar
com quem está longe. Essa prática é “perigosa” por dois motivos: o primeiro por
restringir a comunicação a um aparelho eletrônico subtraindo a conversa pessoal, a
segunda, por expor as pessoas a problemas de audição, pelo excessivo uso do fone de
ouvidos.
Isso também pode ser aceito como normal pelas pessoas, já que elas não querem
mesmo ouvir ninguém, mas só comunicar-se por meio de mensagens eletrônicas. Mas o
problema é mais grave do que possamos imaginar, a falta de comunicação em grande
escala nos transformará em meros zumbis, não é exagero de minha parte. Hoje em dia
as pessoas não se falam mais nas ruas, estão todas presas a seus aparelhos auditivos. A
comunicação corre o risco de deixar de ser um elemento essencial da vida dos seres
sociais para ser um mero escrever mensagem.

É quase impossível hoje se entrar num ônibus e não encontrar 90 % dos


passageiros ouvindo música no celular ou jogando cartas pelo celular, não existe mais
aquela conversa sadia das pessoas nos coletivos. E a generalização chegou a tal ponto
que não se tem mais limites de idade, essa prática que era vista até pouco tempo em
jovens, agora virou manias na terceira idade também.

A verdade é que pouca gente percebe o que está acontecendo ao nosso redor, as
pessoas entram nos coletivos veem essa prática e acham a coisa mais normal do mundo,
o que não é normal é encontrar alguém lendo um livro nesses ambientes. A geração
celular está destruindo a comunicação pessoal.

Umas perguntas para nos levar a refletir sobre o assunto supracitado

Por que será que as pessoas buscam tanto a comunicação eletrônicas? Será que
valorizamos as relações interpessoais ou valorizamos o distanciamento? As vezes por
trás dos aparelhos podemos ser quem quisermos, ao passo que frente a frente é como se
nos olhássemos no espelho, e não queremos ver a verdade, ela nos assombra, daí
corremos para os aparelhos eletrônicos, eles nos dão “segurança”.

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