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inovativa REVISTA DO INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA

Ano 4, no 20 - maio | junho de 2017


Soluções Tecnológicas:
nanocápsulas para alimentos
e medicamentos

Fique de Olho O Pesquisador 69ª SBPC


VII Encontro da Escola Nanoparơculas como sistema de Resultados do INT na
Brasileira de Química Verde múlƟplas aplicações 25ª ExpoT&C
o
Ano 4 - n 19 - 2017 inovativa 1
FIQUE DE Destaques da indústria
química e da pesquisa se
OLHO reúnem no INT em encontro
voltado à Química Verde
Com foco na obtenção de produtos químicos a partir de matérias primas renováveis, o VII Encontro
da Escola Brasileira de Química Verde (VII EEBQV), reunirá, nos dias 9 e 10 de outubro de 2017, no
Instituto Nacional de Tecnologia (INT), convidados de renome internacional ligados à inovação neste tema.
Entre os palestrantes, estarão pesquisadores brasileiros e estrangeiros com trabalhos importantes na área
e executivos de algumas das indústrias brasileiras que mais investem no tema.
Confira alguns dos conferencistas já confirmados para o VII EEBQV:

Nadine Essayem BioRef, bem sucedido projeto multidisciplinar de


Pesquisadora do Instituto de Pes- promoção de biorefinarias à escala industrial, que
quisas sobre Catálise e Meio reuniu 29 parceiros de 15 países, com orçamento
Ambiente de Lyon (Ircelyon-CNRS), total de 38 milhões de euros.
lidera o grupo de pesquisa Química Depois de obter seu doutorado em 1998, em Lille
Sustentável: dos fundamentos às 1, passou seis anos e meio no Japão, atuando no
aplicações (CDFA). Engenheira química, é PhD pela NIMC (Instituto Nacional de Pesquisa de Materi-
Universidade de Poitiers e mestre em Química ais e Química) e, em seguida, como professor as-
Industrial Orgânica e Engenharia Química. Atua sociado da Universidade de Agricultura e Tecnolo-
nos temas de pesquisa: catálise heterogênea de base gia de Tóquio. Em 2011, já como professor titular
ácida (síntese e caracterização de catalisadores), de Lille 1, foi premiado com o projeto ANR Equi-
conversão de carboidratos e substratos renováveis pex Realcat (“Plataforma avançada de tecnologias
em condições hidrotermais, liquefação seletiva de de alto rendimento para design de catalisadores
biomassa lignocelulósica e catálise heterogênea de biorefinerias”). Ele coordena também a área de
em fluidos supercríticos. Possui 95 publicações Catálise e Biocatálise do programa Genesys, volta-
e 20 patentes depositadas, integrando o do para desenvolvimento de biorrefinaria de lipí-
conselho editorial do periódico Applied dios, no âmbito do Programa ANR Pivert (Picardy
Catalysis A: General. Inovações, Ensino e Pesquisa Tecnológica) que até
No EEBQV, apresentará a palestra “Conversão 2020 mobilizará 247 milhões de euros.
de Biomassa Lignocelulósica catalisada por ácido O professor Dumeignil também é coautor de mais
sólido em solventes orgânicos de água ou sus- de 120 artigos científicos, mais de 30 patentes e
penção concentrada: compreensão e superação extensões, além de mais de 400 apresentações em
de limitações”. conferências nacionais e internacionais.

Franck Dumeignil Joachim Venus


Diretor da Unidade de Catálise e Pesquisador na área de Biotecno-
Química do Estado Sólido da Uni- logia Industrial, coordena o pro-
versidade de Lille, na França, que grama “Material e uso energético
conta com 250 pessoas. Coorde- da biomassa” e é chefe do grupo
de pesquisa de bioprodutos, no
nou entre 2010 e 2014, o Euro- Instituto Leibniz de Engenharia

INOVATIVA - Revista eletrônica do InsƟtuto Nacional de Tecnologia

inovativa
2
Ano 4, no 20 - maio | junho de 2017
inovativa
Fotos: Arquivo do InsƟ o
Ano 4 - n(INT)
tuto Nacional de Tecnologia
Edição: Divisão de Comunicação do INT (DICOM)
19 - 2017
Agrícola e Bioeconomia (ATB), em Potsdam, na Com uma usina de produção de etanol instalada
Alemanha. PhD em bioengenharia pela Universi- em Santa Vitória (MG), em 2015, a empresa prevê
dade Técnica de Dresden, com formação em bio- uso da matéria prima para produção de polieti-
tecnologia pela Universidade Anhalt de Ciências
Aplicadas, atua com ênfase no desenvolvimento de eno de baixa densidade, usado na fabricação de
processos contínuos para a produção de produtos embalagens flexíveis, filmes industriais e artigos
químicos básicos a partir de diferentes tipos de plásticos, além de outros novos produtos.
biomassa.
Na Sociedade de Engenharia Química e Biotec-
nologia da Alemanha (Dechema), Joachim Venus Roberto Werneck
dirige o Conselho Consultivo Nacional “Biotec- Gerente de Tecnologia da Braskem
nologia de Recursos Renováveis”. Também re- – maior empresa Petroquimica do
presenta a Alemanha no Comitê de Gestão da Brasil com forte atuação no ex-
COST Action TD 1203 (Valorização de resíduos terior –, coordena o desenvolvi-
alimentares para produtos químicos sustentáveis, mento de pesquisas para novos
materiais e combustíveis). É professor nas uni- processos químicos a partir de matérias-primas
versidades Potsdam, TU Dresden, Brandenburg renováveis e é responsável pelo suporte tec-
Cottbus-Senftenberg (BTU), Leibniz Hannover nológico à planta de eteno verde e ao polietileno
(ULH), Zittau/Görlitz, Lausitz/Senftenberg e verde I’m Green (TM). Possui experiência em desen-
Hochschule Furtwangen (HFU). volvimento de tecnologias, projeto e comissiona-
mento de unidades industriais e em automação e
Ele apresentará palestra sobre “Fermentação
controle de processos.
e purificação de ácido lático usando processos
de membrana”. Engenheiro químico graduado pela Universi-
dade Federal do Paraná, é mestre em Engenharia
Química pela Coppe-UFRJ. Também atua desde
John Biggs 1993 como professor de Engenharia Química da
Diretor de Pesquisa e Desenvolvi- PUC-Rio, lecionando Controle de Processos e
Métodos Numéricos para Engenharia Química.
mento para a América Latina na
No EEBQV, apresentará a palestra “Produtos quími-
Dow Chemical, uma das maiores
cos renováveis sob a visão da Química Verde”.
companhias do ramo químico do
mundo, falará sobre a “Estratégia de inovação da
DOW em Química Verde”. Fabio Carucci Figliolino
Gerente de Pesquisa, Desenvolvi-
Nascido na Inglaterra, formado em química e ciências
mento e Inovação na Suzano Papel
dos polímeros pela London South Bank University e Celulose, falará sobre as estra-
(LSBU), Biggs atua na Dow há 32 anos, já tendo atu- tégias de inovação aberta adota-
ado nos cargos de gerente de Serviços Técnicos e das pela empresa empresa. Líder
Desenvolvimento em Plásticos da Down Europe, na no mercado de papel na América do Sul e segunda
Suíça e na Espanha; diretor de Pesquisa e Desenvolvi- produtora de celulose e eucalipto do mundo, a
Suzano iniciou em 2015 o desenvolvimento de
mento de Plásticos, na Down Argentina; e diretor de
uma planta-piloto para produção de produtos a
Serviços Técnicos e Desenvolvimento de Polietileno,
base de lignina.
em Los Angeles. No Brasil, passou a coordenar as
Engenheiro químico graduado pela Universidade
atividades de P&D na América Latina, com foco em
de Mogi das Cruzes, ele atua desde 1984 na Suza-
biomassas como a de cana-de-açúcar. no Papel e Celulose, onde iniciou a carreira como

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engenheiro de processos e logo assumiu a lide- Doutor em Engenharia Q Química
í pela C
Coppe//
rança de equipes desenvolvimento de novos produtos. UFRJ. Realizou sua graduação e mestrado pela
Possui especialização em Gestão Estratégica da Inova- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
ção Tecnológica, pela Unicamp, e MBA em Gestão de Atua nos temas modelagem matemática de pro-
Negócios, pela Fundação Getúlio Vargas. cessos químicos, hidrogenação seletiva, saturação
de aromáticos, esterificação de olefinas, adsor-
ção de heteroátomos de correntes de petróleo
Nádia Skorupa Parachin e petroquímica, hidrogenólise de glicerina e açú-
Sócia cofundadora da Integra Bio- cares, isomerização de parafinas, desidratação de
processos e Análises, falará sobre álcoois, reforma catalítica de nafta leve para gera-
os desafios para estabelecer e ção de compostos aromáticos e gasolina, pirólise
consolidar startups biotecnológi- a vapor de corrente de hidrocarbonetos, desi-
cas no Brasil. Com duas patentes drogenação de etilbenzeno a estireno, alquilação
de microrganismos, a Integra produz L-ácido láti- de aromáticos, reforma a vapor de corrente de
co para produção do polímero PLA. A empresa hidrocarnonetos para geração de gás de síntese,
conta hoje com pesquisadores nas áreas de Tecno-
síntese de amônia.
logia da Fermentação, Engenharia Metabólica, Bio-
química, Biologia Molecular e Química Analítica.
Doutora em Engenharia Química pela Universi- José Marcos Ferreira
dade de Lund (Suécia), Nádia Parachin é graduada Gerente de desenvolvimento de
em ciências biológicas e realizou mestrado em produtos na Fábrica Carioca de
biologia molecular pela Universidade de Brasília, Catalisadores S.A. (FCC), empresa
onde atualmente é professora adjunta. Também é que se volta agora, também, para ativi-
professora colaboradora da Universidade Católica dades de apoio a inovação na área de
catalise e química verde. Anterior-
de Brasília (UCB).
mente, atuou na Petrobras, gerenciando projetos no
empreendimento no Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj), no Cenpes e na Braskem.
Julie Dumont Engenheiro químico, possui mestrado em Cinética
Adida da agência de coopera- pela Coppe/UFRJ e MBA executivo pela Coppead/
ção científica Wallonie-Bruxelles UFRJ e MBA em Gestão Tecnológica pelo INT.
International (WBI), da Bélgica, No EEBQV, falará sobre estratégias de inovação em
apresentará a palestra “Parce- Química Verde.
rias público-privadas na Bélgica:
o caso do cluster de tecnologias
verdes GreenWin e oportunidades de parcerias Silvio Vaz Junior
Bélgica-Brasil”. pesquisador (nível A) da Embrapa
Formada em Direito pela Universidade Livre de Agroenergia, falará sobre “isos
Bruxelas (ULB), tornou-se consultora jurídica no da biomassa na Química Verde”.
escritório de transferência de tecnologia e pro- Lidera o grupo de pesquisa Em-
brapa/CNPq em química renová-
priedade intelectual dessa universidade por 12
vel, atuando nos seguintes temas:
anos. Em 2000, transferiu-se para São Paulo, ini- química analítica e ambiental; bio-
ciando a articulação de parcerias no Brasil para o energia; química renovável; química verde; e bior-
cluster, que agrega empresas, centros de pesquisa refinarias. Dirigiu anteriormente duas empresas
e universidades da região de Valônia, na Bélgica. de análises e consultoria química.
Doutor em Química pela Universidades de Co-
Carlos René Klotz Rabello imbra (Portugal) e em Química Analítica pela
Consultor sênior do Cenpes/Petrobras, falará so- Universidade de São Paulo (USP), graduou-
bre as novas estratégias da Petrobras em relação se em Química pela Universidade Federal de
aos renováveis. Uberlândia e fez o mestrado em Físico-Química

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pela USP.
S É autor, coautor e editor de artigos, tor Petrobras em três ê edições distintas (2009
(2009,
livros e capítulos publicados no Brasil e exterior. 2011 e 2013) e o Prêmio Inventor da Universi-
É membro das principais associações nacionais e dade Federal da Bahia em 2013. É autor de várias
mundiais relacionadas às Ciências Químicas. É o publicações científicas, destacando-se o depósito
“vice-chairman” do ACS Brazil Chapter da Ameri-
nacional e internacional de 17 pedidos de privilé-
can Chemical Society.
gio de invenção (PI), com patente concedida nos
EUA e na Europa.
Marco André Fraga
Coordenador de Tecnologias Apli-
Justin James Thornycroft
cadas no Instituto Nacional de
Gerente da Elsevier na América
Tecnologia (INT/MCTIC). Che-
Latina, é graduado em engenha-
fiou a Divisão de Catálise e Pro-
ria de sistemas pela Universidade
cessos Químicos (2008-2017) e o
de Cape Peninsula, na África do
Laboratório de Catálise (2002-2008). Falará sobre
Sul. Com grande experiência no
as tecnologias desenvolvidas no INT na área de
funcionamento das bases de dados, como Sco-
Química Verde. É professor permanente do Pro-
pus, ScienceDirect, Compedex, é responsável pelo
grama de Pós-Graduação em Química do Instituto
treinamento e suporte dos seus usuários em toda
Militar de Engenharia (IME/RJ) e atuou nos três
a América Latina. A palestra estará voltada para um
últimos anos como professor visitante do De-
novo sistema que possibilita a geração de informa-
partamento de Físico-Química da Universidade
ções estratégicas para diferentes temas acadêmicos
de Concepción (Chile). Engenheiro químico com
e industriais, destacando sua aplicação no âmbito da
doutorado pela UNICAMP (2000) na área de Ca-
química verde.
tálise e Processos Catalíticos.
Como pesquisador, desenvolve catalisadores
multifuncionais e (nano)estruturados para a con- Há também outros convidados pro-
versão de carboidratos derivados de biomassa gramados. Para mais informações e
lignocelulósica para produção de insumos verdes inscrições no VII EEBQV, acesse o site:
para a indústria química. Recebeu o Prêmio Inven- www.eebqv2017.wordpress.com. 

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SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

NANOCÁPSULAS PERMITEM USO MAIS


EFICIENTE PARA MEDICAMENTOS E ALIMENTOS
Processo de produção de nanoparơculas incorpora substâncias
aƟvas e composições farmacêuƟcas, assim como mantém a
integridade de corantes naturais, suplementos e outros insumos
para a indústria alimenơcia.

Imagem de nanoparơculas de gelaƟna

Diferentes dos medicamentos tradicionais, de biomateriais poliméricos liderado pelo


que circulam livremente pela corrente pesquisador Fábio Dantas, chefe da Divisão de
sanguínea, os nanofármacos permitem isolar Caracterização e Processamento de Materiais.
moléculas específicas, com possibilidade de
combater determinada doença em uma área As nanocápsulas e nanogéis carregam ingredientes
desejada do organismo. A tecnologia envolve ativos com aplicação terapêutica, cosmética,
o uso de nanopartículas compostas polímeros veterinária ou alimentícia. O processo de fabricação,
biodegradáveis, calculadas para liberar a droga no desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de
tempo estimado dela já estar situada nas paredes Materiais Poliméricos do INT, consiste em criar
do estômago ou do pulmão, por exemplo, emulsões com polímeros dissolvidos em óleo, que
potencializando seus efeitos e minimizando as envolvem outras moléculas, selecionadas no tamanho
contraindicações. desejado com a ajuda de um sistema injetor.

Cinco pedidos internacionais de patentes e Após preparadas, as nanopartículas são submetidas


dois brasileiros com variações desse processo a rigoroso controle no Centro de Caracterização
foram depositados pelo Instituto Nacional de em Nanotecnologia para Materias e Catálise
Tecnologia (INT), a partir do trabalho do grupo (Cenano/INT). Nessas análises, são controlados os

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SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

A caracterização das nanoparơculas é feita no Centro de Processo de produção de nanoparơculas de gelaƟna com
Caracterização em Nanotecnologia do INT corante proteico natural lilás

tamanhos das partículas, de modo a preservar as


características ativas dos compostos encapsulados.

O trabalho tem parceria com o grupo de pesquisa


do professor Marcos Sabino, da Universidade Simón
Bolívar, da Venezuela, dentro das atividades de
cooperação da Rede de Biofabricação vinculada ao
Programa Ibero-americano de Ciencia y Tecnología
para el Desarrollo (CYTED). O projeto inclui a
Pó obƟdo do processo nanoencapsulação do corante
coorientação de alunos de mestrado e doutorado. proteico

Uma das teses, resultantes no doutoramento da As nanocápsulas, por sua vez, se evidenciaram
bolsista Carla Bogéa em Ciência de Alimentos como um veículo ideal para levar fármacos
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro por via de aerosol para o combate a doenças
(UFF), coorientada por Fabio Dantas no INT ainda pulmonares, como asma, pneumonia, tuberculose
em 2009, resultou na patente da nanocápsula de e inclusive o câncer. Ao conduzir o medicamento
alginato com zinco, produzida a partir de algas para liberação somente no tempo e local
e capaz de isolar suplementos alimentares. Em desejados, esse recurso pode minimizar grande
2010, foi desenvolvida pelo projeto a solução parte dos efeitos colaterais dos princípios ativos.
de nanogéis de sais de alginato para aplicações O “Sistema de liberação de moléculas ativas a
alimentícias, médicas e farmacêuticas. partir de nanopartículas de alginato de zinco”, que
corresponde a essa tecnologia, culminou com o
Outra tese de doutorado em Ciência de Alimentos mais recente pedido de patente depositado pelo
pela UFF, dessa vez da nutricionista Thaís Souza INT, no dia 2 de agosto de 2017, em parceria
Passos, levou, em 2014, ao desenvolvimento de com a Universidade Simón Bolívar. 
uma patente para produção de nanocápsulas de
gelatina contendo corantes e nutrientes naturais. CONTATO
Além de manter as propriedades originais de cor
Empresas interessadas nessa tecnologia
e sabor das frutas, a tecnologia criou a qualidade
podem contatar o Núcleo de Inovação
inédita de solidificar a gelatina em temperatura
Tecnológica do INT, no e-mail : nit@int.gov.br
ambiente, sem precisar dissolvê-la em água quente
ou pelo telefone (21) 2123-1196.
e levar à gladeira.

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PALAVRA DO Nanoparơculas como
PESQUISADOR
sistema de múlƟplas
aplicações

Fabio Moyses Lins Dantas


Tecnologista e chefe da Divisão de Processamento
e Caracterização de Materiais do INT, onde atua
em pesquisas na área de nanotecnologia e
extrusão avançada de medicamentos. Engenheiro
químico possui doutorado e mestrado em Ciência
e Tecnologia de Polímeros, e MBA em Gestão de
produção. É bolsista de produƟvidade tecnológica
CNPq Nível D2.

• Palavras-chave: nanoparơculas, nanotecnologia,


biomateriais poliméricos, liberação controlada de
moléculas aƟvas.

Nos últimos 20 anos, o mundo vem sofrendo uma A análise de patentes envolvendo produtos
revolução tecnológica silenciosa, porém, muito tecnológicos, gira atualmente em torno de 14
poderosa. E não é a revolução da inteligência mil aplicações por ano. E, neste grande volume
artificial ou da internet das coisas, embora isso de pedidos de patentes, observa-se também
seja uma consequência. Falo da nanotecnologia. uma diversificação muito grande de produto e
aplicações. Com grande destaque a produtos
A natureza sempre produziu nanoestruturas, ligados à tecnologia de meio ambiente, que houve
entre elas, as nanopartículas. Por exemplo, os um crescimento exponencial nos últimos anos. Esse
furelenos foram encontrados no espaço e os grande volume de patentes levou a Organização
nanotubos de carbono são produzidos em Mundial de Propriedade Mundial a designar uma
queimadas. nova classificação para produtos tecnológicos, que
atualmente é a numeração B82Y.
No início da nanotecnologia, os cientistas se
Na esteira dessa revolução tecnológica, também,
limitavam a exatamente reproduzir ou extrair
vem se observando o aumento de explosivo de
da natureza esses compostos. Entretanto, ao
empresas do setor nos países desenvolvidos.
longo dos últimos anos, tem sido observado a
Baseado em dados da EOCD (The Organisation
manipulação de nanoestruturas sob diversos
for Economic Co-operation and Development)
aspectos. Neste aspecto, o prêmio Nobel
em 2014, Estados Unidos, Alemanha e França
de química de 2016 foi exatamente sobre a
encabeçam a lista de países com mais empresas
construção de nanomáquinas.
nanotecnológicas. O Brasil aparece em 9º lugar

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nesta lista, contudo a diferença é desproporcional
quando comparado aos líderes. Portanto, ainda
é muito importante a manutenção de políticas
de apoio a geração de empresas de base
nanotecnológica no Brasil.

A nanotecnologia teve e tem o seu grande


desenvolvimento na manipulação do silício
As emulsões contendo nanoparơculas são injetadas com
para aplicação de chips. E atualmente, consegue auxílio desta máquina extrusora do Laboratório de Tecno-
trabalhar com blocos nanoestruturados logia de Materiais Poliméricos do INT.
de transístores de até 20nm atualmente.
Contudo, observa-se que a nanotecnologia nanoestruturados de alto valor agregado. O
atingiu praticamente todos os campos de processo de fabricação consiste geralmente
conhecimento. Os seguintes nanosistemas se na criação de emulsões contendo polímeros
destacam atualmente em termos tecnológicos dissolvidos em óleo ou solvente de baixa toxicidade
e, em muitos casos, com produtos no mercado: (aprovados pelo FDA), que envolvem outras
Nanotubos de carbono, nanopartículas de prata, moléculas, selecionadas no tamanho desejado, com
nanopartículas de ouro, grafeno, nanopartículas auxílio de um sistema injetor.
de polímeros, nanopartículas de óxidos metálicos,
nanosensores, nanofertilizantes e nanofiltros. Diversas patentes foram depositadas pelo INT
a partir do trabalho do Grupo de Biomateriais
Uma análise mais detida dos produtos Poliméricos (GBIOPOL). O primeiro trabalho
nanotecnológicos leva a conclusão que muitos do grupo envolveu o desenvolvimento de
deles são decorrentes de desenvolvimentos nanopartículas contendo fármacos para o
derivativos, ou seja, a partir de uma determinada tratamento da tuberculose. Este processo foi
estruturas, diversos produtos podem ser feito em duas etapas: a primeira envolvendo
desenvolvidos. Um grande exemplo é o grafeno três fármacos e a segunda envolvendo quatro
que pode ser usado como tela de dispositivos fármacos. O grupo de pesquisa também
eletrônicos, sistema de ultrafiltração de sais desenvolveu a síntese do polímero, no caso,
e gases, biosensores, sistema de liberação PLA (poliácido lático), com intuito de reduzir
controlada, armazenamento de energia e a toxicidade do material, além de verticalizar e
circuitos eletrônicos. Em alguns casos, pequenas reduzir o custo do processo usando um sistema
modificações químicas ou físicas podem ser mais sustentável sem catalisador e micro-ondas
realizadas na nanoestrutura para que elas como fonte de aquecimento, objeto de pedido
tenham comportamento modulado ou alterado. de patente.
Por exemplo, a tecnologia de quantum dots, onde
a modificação do elemento químico pode alterar
completamente o espectro de cor emitido.

As nanopartículas, desenvolvidas no Laboratório


de Tecnologia de Materiais Poliméricos do Instituto
Nacional de Tecnologia (INT), podem carregar
consigo ingredientes ativos de aplicação terapêutica, Nanocápsulas agrupadas e isoladas, contendo coquetel
de fármacos em seu interior. Na úlƟma figura, é pos-
cosmética, veterinária ou alimentícia. Podem ainda sível observar nanocristais desses medicamentos sendo
dar origem à síntese de elementos inorgânicos liberados.
Em 2009, com a tese de doutorado em Ciência Em 2012, um projeto FINEP ICT-empresa
de Alimentos pela Universidade Federal do permitiu desenvolver hidroxiapatita micro e
Rio de Janeiro, da nutricionista Carla Borgea, nanoestruturada usando uma adaptação do
foi desenvolvimento o primeiro sistema
sistema de nanoemulsão desenvolvido pelo
baseado em nanogéis de alginato de zinco
grupo. O processo foi patenteado e deu origem
visando produção de suplementos alimentares
a duas formas especiais de morfologia, o que
líquidos. Originava-se, assim, o primeiro pedido
de patente envolvendo a produção de micro permite múltiplas aplicações em processos
e nano-hidrogéis liofilizados de alginato, que, de osteointegração, face-lifting, liberação de
diferente do sistema anterior baseado em fármacos e fertilizantes de alta performance.
polímero insolúveis, têm agora a propriedade
de se dissolverem na água.

HidroxiapaƟta nanoestruturada, na forma de pó e, em


seguida, com suas microparơculas vistas no microscópio
eletrônico de varredura. Na úlƟma imagem, os nanocris-
tais, dentro das micr

Em 2014, nova Tese de doutorado em Ciência


de Alimentos pela UFF, da nutricionista Thaís
Souza Passos, culminou com o desenvolvimento
de outra patente para produção de
Micrografia de varredura de elétrons de nanogéis de nanocápsulas de gelatina contendo corante
alginato de zinco
natural hidrossolúvel para aplicação como
aditivo alimentício. Além de viabilizar o uso e
O processo de produção de nanogéis de a conservação das propriedades originais dos
alginato permitiu, em 2010, uma parceria com o
corantes naturais, a tecnologia proporcionou
grupo de pesquisa do professor Marcos Sabino,
a possibilidade inédita de solidificar a gelatina
da Universidade Simón Bolívar, da Venezuela,
em temperatura ambiente, sem mais necessitar
dentro das atividades de cooperação da Rede
de Biofabricação, vinculada ao Programa Ibero- que seja dissolvida em água quente.
americano de Ciencia y Tecnología para el
Desarrollo (CYTED). O projeto permitiu As plataformas tecnológicas desenvolvidas
celebrar uma cooperação com o INT. Neste destacam-se pela flexibilidade. Virtualmente,
período houve a produção de uma tese de é possível o desenvolvimento de qualquer
doutorado (fechada em 2015) que deu origem produto que precise de sistema de liberação
a um pedido de patente de três produtos para controlada, proteção contra a degradação
doenças pulmonares em 2017: um para asma, um física ou química, interação superficial, elevada
para pneumonia e um para câncer. Este último, dispersibilidade e propriedades biotivas
com ótimos resultados clínicos.
especiais. 

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ArƟculação e divulgação:
resultados do INT na 69ª SBPC
INT teve oportunidade de gravar ainda no
domingo (16), imagens de seu estande que foram
destaque no telejornal matutino “Bom Dia
Minas”, da Rede Globo, na segunda-feira (17).

No campus da Universidade Federal de Minas


Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, de 16 a
22 de julho, aconteceu a 69ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC): o maior encontro científico do
País, composto por palestras, mesas-redondas
e cursos, com discussões em diversas áreas
do conhecimento e sobre questões comuns
A abertura da 25ª ExpoT&C foi feita, nessa
à Ciência brasileira, agregando estudantes,
mesma manhã do dia 17, pelo secretário
professores, autoridades da área e lideranças da
executivo do MCTIC, Elton Santa Fé Zacarias,
comunidade científica.
que visitou o estande do INT juntamente com o
secretário de Políticas e Programas de Pesquisa
O Instituto Nacional de Tecnologia (INT)
e Desenvolvimento, Jailton de Andrade, e com
marcou presença no evento, integrando a
o coordenador-geral de Unidades de Pesquisa e
25ª ExpoT&C, exposição de Tecnologia e
Organizações Sociais do MCTIC, Luiz Henrique
Ciência, que reuniu todas as unidades de
Borda, sendo recebidos pelo diretor Fernando
pesquisa, organizações sociais e agências do
Rizzo e equipe da Divisão de Comunicação.
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Também visitaram o estande o presidente da
Comunicações (MCTIC).
SBPC, Ildeu de Castro Moreira; o reitor da
UFMG, Jaime Ramírez; o presidente do CNPq,
Mario Neto Borges, além de dirigentes de várias
unidades do MCTIC.

Entre as atrações mostradas ao público pelo


INT, esteve a impressão 3D, com uma máquina
imprimindo na hora alguns objetos e outros
exemplos em exposição e vídeo de produtos
que o Instituto desenvolve a partir da técnica,
como a cadeira de rodas para uso residencial e
embalagens valorizáveis para frutas, criadas pela

Ano 4 - no 19 - 2017 inovativa 11


o Instituto apoia o setor produtivo com ações
de pesquisa, desenvolvimento de produtos e
processos inovadores.

Marcada pelas discussões envolvendo a política


nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, a 69ª
SBPC também foi palco da reunião com dirigentes
das Unidades de Pesquisa, Organizações Sociais
e entidades vinculadas ao MCTIC. Comandada
pelo secretário-executivo Elton Zacarias – em
área de Desenho Industrial. Entre esses produtos, conjunto com o secretário Jailton de Andrade
também esteve um braço robótico, desenvolvido e o coordenador-geral Luiz Henrique Borda
pela linha de Tecnologias Assistivas da área de – o encontro discutiu temas do interesse das
Engenharias de Avaliações e de Produção. Instituições, com destaque para a questão dos
Orçamentos de 2017 e 2018.
Outra atração do estande do Instituto foram as
imagens microscópicas e nanométricas obtidas Já os eventos de divulgação científica associados
pelos microscópios eletrônicos de varredura e à Reunião Anual da SBPC – a ExpoT&C e a SBPC
de transmissão do Centro de Caracterização Jovem – tiveram como destaque a criatividade,
em Nanotecnologia (Cenano). Integrando alegria e despertar de novas vocações. Ao todo,
pesquisas de várias áreas do INT e parceiros, as mais de 6 mil pessoas, especialmente grupos
imagens mostraram resultados da caracterização de estudantes, tiveram contato com novas
de materiais e catalisadores, além de visões tecnologias e descobertas científicas, retribuindo
curiosas como as fibras de um fio de cabelo ou a atenção dos expositores com muita curiosidade
um ovo do mosquito Aedes aegypti, capturadas e interesse.
para estudos de outros institutos de pesquisas,
empresas e universidades que utilizam parte do
tempo desse espaço de microscopia eletrônica.

Encerrando as atividades da ExpoT&C, no


sábado (22), a partir das 16h, o INT promoveu
Os visitantes também obtiveram informações uma degustação de cachaças certificadas pela sua
sobre diversas áreas de pesquisa do Instituto e Divisão de Certificação (DICER), destinada às
sobre seu serviço como unidade credenciada autoridades e expositores presentes.O evento
da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação foi acompanhado pelo engenheiro agrônomo
Industria (Embrapii). A atuação do INT em Éricson Brito, bolsista da Coordenação Geral
suporte à inovação nas empresas também foi (CGER), que atua como auditor no processo
mostrada ao público no evento “Diálogos com de avaliação das cachaças. Ele explicou aos
o MCTIC”, no auditório da 25ª ExpoT&C, onde visitantes o passo a passo para obtenção do selo
o diretor Fernando Rizzo apresentou, no dia 18, de conformidade do INT e do Inmetro, que pode
a palestra “Unidade INT Embrapii: caminho da ser o caminho para a entrada do produto em
Inovação”. Na apresentação, ele mostrou como mercados exigentes, inclusive o europeu. 

12 inovativa Ano 4 - no 19 - 2017

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