Você está na página 1de 22

EDIFÍCIOS ANTIGOS - ESTRUTURAS DE MADEIRA

Edsandra Lima - 74193

Trabalho da unidade curricular de Conservação e


Reabilitação I do curso de mestrado em Engenharia Civil
da Universidade do Algarve.
Orientado pelo Professor Roberto Laranja

2022
Índice de figuras
Imagem 1: Plantas de projecto..........................................................................................................................2
Imagem 2: Esforços actuante no soalho............................................................................................................5
Imagem 3: Deslocamentos no soalho................................................................................................................7
Imagem 4: Esforços na viga do pavimento.........................................................................................................8
Imagem 5: Deformada total............................................................................................................................10
Imagem 6: Esforços actuantes na viga principal..............................................................................................11
Imagem 7: Deslocamentos viga principal........................................................................................................13
Imagem 8: Esforço de corte na emenda da viga principal................................................................................14
Imagem 9: Momento Fletor na emenda da viga principal...............................................................................14

Índice de tabelas
Tabela 1: Dimensões do projecto......................................................................................................................2
Tabela 2: Classes de Serviço..............................................................................................................................3
Tabela 3: Classes de duração das acções...........................................................................................................3
Tabela 4: Factor de modificação........................................................................................................................3
Tabela 5: Categorias de utilização......................................................................................................................4
Tabela 6: Sobrecargas em pavimentos...............................................................................................................5
Tabela 7: Propriedades do material - madeira maciça.......................................................................................6
Tabela 8: Propriedades do material da viga do pavimento................................................................................8
Tabela 9: Limite para deformações..................................................................................................................10
Tabela 10: Coeficientes para combinação de acções........................................................................................10
Sumário
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
2. Dimensionamento...........................................................................................................................2
2.1 Dados................................................................................................................................................2
2.2 Soalho................................................................................................................................................5
2.3 Viga do pavimento.............................................................................................................................8
2.4 Viga Principal...................................................................................................................................11
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................18
1. INTRODUÇÃO

A madeira é actualmente, um dos materiais utilizados na construção civil, mais sustentáveis. Apresenta um
elevado ratio resistência/peso específico, sendo um material que se comporta razoavelmente bem a
esforços de compressão e de tracção, e por consequência, tem também um bom comportamento à flexão.
A madeira é um material orgânico e natural de estrutura celular, de propriedades ortotrópicas
(comportamento distinto das propriedades físicas e mecânicas consoante a direcção que se considere,
nomeadamente, na direcção paralela e perpendicular às fibras) exibindo um comportamento diferido
complexo.

O presente trabalho consiste no dimensionamento de estruturas de madeira, onde se deu particular ênfase
à análise da regulamentação actual aplicável a estruturas de pavimentos. Esta abordagem foi efectuada sob
o enquadramento do Eurocódigo 5 e tem por base uma recolha de informação já disponível sobre as
características mecânicas e de resistências dos tipos de elementos de madeira mais comuns em Portugal.
As informações do pavimento em estudo foram fornecidas pelo docente, nomeadamente: vãos, materiais e
condições de apoios.

A análise estrutural e dimensionamento dos elementos é feito atendendo às regras e prescrições do


Eurocódigo 5 – Projecto de Estruturas de Madeira.

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 1 / 19


2. Dimensionamento
2.1 Dados
Considere o pequeno edifício antigo em anexo, com paredes em alvenaria de pedra, um piso intermédio
com estrutura e soalho de madeira, que se encontram em mau estado. Pretende-se recuperar o edifício
para um restaurante, com a substituição integral da estrutura e do soalho em madeira.
• Soalho: 25mm de espessura. C20
• Viga principal e vigas do pavimento: Gl28h
• O vão A é apoiado num “cachorro” na parede, com 0.10 m;
• A viga principal tem uma emenda no vão B, a 1.5 m do pilar do lado esquerdo;
• As vigas do pavimento estão simplesmente apoiadas nas paredes e não têm continuidade sobre a viga
principal;
1 – Dimensione o pavimento e a viga principal por forma a garantir a segurança aos estados limite últimos e
de utilização (deformação), tendo por base os Eurocódigos.

Tabela 1: Dimensões do projecto

Imagem 1: Plantas de projecto

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 2 / 19


CLASSES DE SERVIÇO
As classes de serviço são definidas, fruto da variabilidade da resistência e da fluência da madeira com o teor
de humidade e condições de humidade relativa a que são submetidas no tempo de vida útil da estrutura.
Quando o teor de humidade é baixo, as propriedades resistentes não são afectadas, mas à medida que a
que o teor de humidade sobe, a resistência é reduzida até atingir o mínimo quando se alcança Ponto de
Saturação das Fibras (PSF). De forma a ter em conta este efeito, no dimensionamento, três classes de
serviço são definidas no EC5
Os maiores valores de resistência da madeira são obtidos quando as estruturas se encontram expostas às
condições da classe de serviço 1, e os menores valores de resistência são obtidos para a classe de serviço 3.
A madeira trata-se de um material que reage adversamente a uma contínua variação de humidade, durante
o seu período de vida útil, fruto da sua natureza higroscópica, que conduz a uma troca constante de
humidade com o ar circundante. Assim, a madeira é mais estável quando na presença de uma humidade
constante, por exemplo, a madeira tem um comportamento mais regular quando submersa, levando a que
tenha um período de vida de útil extenso.

Tabela 2: Classes de Serviço

FACTOR DE MODIFICAÇÃO (Kmod)


O EC5, previne a perda da resistência da madeira com a duração da carga, através do designado factor de
modificação (Kmod), baseado em numerosos ensaios experimentais. Este factor, é extremamente
importante no dimensionamento de estruturas de madeira, podendo reduzir a capacidade resistente até
50% da resistência característica. O factor de modificação é obtido em função da classe de duração das
acções e da classe de serviço

Tabela 3: Classes de duração das acções

Tabela 4: Factor de modificação

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 3 / 19


Numa combinação de carga, constituída por acções de diferentes classes de duração, o factor de
modificação a aplicar terá de ser em consonância com a acção de menor duração.
Combinação fundamental:

FACTOR DE TAMANHO (Kh)


O factor de tamanho, ajusta a resistência característica à flexão e ou a resistência à tracção paralela ao fio,
de forma a ter em conta o efeito do tamanho do elemento, quando o mesmo é inferior ao tamanho de
referência dado no EC5. Para a madeira maciça, de secção rectangular, e cuja densidade característica (ρk) é
inferior a 700 Kg/m, a altura de referência da secção em flexão ou a largura (máxima dimensão da secção
transversal) quando submetida a esforços de tracção, é 150 mm. Para dimensões inferiores, os valores
característicos, fm,k e ft,0,k, podem ser incrementados pelo factor Kh.

CATEGORIA DE UTILIZAÇÃO
Eurocódigo 1 e Anexo Nacional

Tabela 5: Categorias de utilização

O pavimento em estudo é utilizado para restaurante, portanto é caracterizado na categoria C1.


A sobrecarga a ser utilizada no dimensionamento é 3 kN/m².

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 4 / 19


Tabela 6: Sobrecargas em pavimentos
2.2 Soalho
O soalho é constituído por tábuas de madeira com espessura de 25 mm que assenta no vigamento. A
largura das tábuas adotada é de 200 mm. O vão entre apoios é de 45cm.
> classe de serviço 1;
> classe de utilização: C1
> sobrecarga: média duração (MD);
> madeira maciça;
> classe de resistência: C20;
> vão de apoio: 0,45 m;
> espessura: 25 mm;
> kmod = 0,8
Verificação de Segurança: Estados-Limites Últimos - ELU
Esforços atuantes:
A figura a seguir apresenta o diagrama de momento fletor, cargas aplicadas e reacções de apoio do soalho
nas vigas do pavimento.

Imagem 2: Esforços actuante no soalho

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 5 / 19


Tabela 7: Propriedades do material - madeira maciça

Verificação flexão reta:

Como 0,60 < 1; está verificada a condição de segurança à flexão para as tábuas do soalho.
Soalho terá largura de 200 mm e espessura de 25mm.

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 6 / 19


Os deslocamentos do soalho na imagem 3 estão em milímetros e como fica atendida a limitação de
deformação considerada a combinação fundamental de ação, não será necessário verificar a combinação
quase-permanente, uma vez que fornecerá valores menores que os obtidos para a combinação
fundamental.

Imagem 3: Deslocamentos no soalho.

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 7 / 19


2.3 Viga do pavimento
Admitido que os sarrafos transversais travam efiazmente as vigas nessa direcção e a torção nos apoios está
impedida. A viga do pavimento está apoiada na lateral da viga principal numa extremidade e na outra
extremidade apoia-se 20cm na alvenaria. Assim o comprimento da viga é 3,45m e o vão de cálculo é 3,35 m.
As propriedades do material classe
Gl28h estão no quadro de Qualificação
da Madeira para Estruturas e Classes de
Resistência: UNE EN 1194
> simplesmente apoiadas a cada 45cm
> classe de resistência: Gl28h;
> vão de apoio: 3,35 m.

Tabela 8: Propriedades do material da viga do pavimento

Propriedades da Madeira Lamelada Colada Utilizada (GL28h):


Resistência à flexão característica, fm g,k – 28 MPa
Resistência ao corte, fv g,k – 3,2 MPa
Resistência à compressão perpendicular às fibras, fc 90,g,k – 3,0 MPa
Resistência à compressão paralela às fibras, fc 0,g,k – 26,5 MPa
Resistência à tracção perpendicular às fibras, ft 90,g,k – 0,45 MPa
Densidade característica, rgk=410 kg/m³
Verificação de Segurança: Estados-Limites Últimos - ELU
Esforços atuantes:

Imagem 4: Esforços na viga do pavimento

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 8 / 19


Verificação flexão reta:

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 9 / 19


Na outra extremidade a ligação da viga do pavimento com a viga principal será de topo não há necessidade
de verificar esmagamento. A conexão será por corte com cantoneiras metálicas e parafusos nas duas peças.

Verificação de Segurança: Estados-Limites de Utilização – ELS

A aplicação do conceito de estados limite de serviço (ELS), às estruturas de madeira, obriga à introdução da
noção de factor de deformação que destina-se a resolver problemas relacionados com a duração das
acções, fluência e classes de serviço da madeira. Através da aplicação deste coeficiente obtém-se a
deformação final da estrutura, por incremento da deformação instantânea. As deformações são calculadas
para a combinação quase-permanente. Na deformação instantânea, apenas se considera a sobrecarga.

Tabela 9: Limite para deformações

Tabela 10: Coeficientes para combinação de acções

Imagem 5: Deformada total

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 10 / 19


A viga do pavimento foi dimensionada com secção de 50 x 150 mm².
2.4 Viga Principal
Verificação de Segurança: Estados-Limites Últimos - ELU
Esforços atuantes:

Imagem 6: Esforços actuantes na viga principal

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 11 / 19


Verificação flexão reta:

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 12 / 19


Imagem 7: Deslocamentos viga principal

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 13 / 19


A viga principal ficou dimensionada com secção de 400 x 600 mm².

Emenda
A viga principal tem uma emenda na posição indicada no figura seguinte a 1,5m do pilar no vão de 5,5m.
Assim, a emenda deve ter continuidade garantida da viga principal com capacidade resistente para as
solicitações de momento fletor com valor de cálculo Md = 11,2kN.m e corte Vd = 22,7 kN. A verificação dos
elementos de ligação foi realizada com auxílio do programa Myproject e o relatório está apresentado a
seguir.

Imagem 8: Esforço de corte na emenda da viga principal

Imagem 9: Momento Fletor na emenda da viga principal

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 14 / 19


ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 15 / 19
ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 16 / 19
ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 17 / 19
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A opção por estruturas de madeira deve basear-se em razões claras e objectivas. Acima de tudo, trata-se do
reconhecimento das características de desempenho físicas e mecânicas da madeira, às quais actualmente se
acrescentam factores ligados com as preocupações ambientais. Sendo um material rnatural e renovável,
transformável à custa de um baixo consumo energético, a madeira goza de uma imagem favorável face às
actuais preocupações ambientais e de economia de energia. A sua utilização na construção poderá representar
uma forma de valorizar os produtos florestais, constituindo, certamente, um excelente meio de preservação
das florestas mundiais. As vantagens da utilização da madeira em estruturas aumentarão à medida que os
projectistas forem sabendo tirar partido das propriedades deste material.

As propriedades ortotrópicas da madeira alteram-se com as mudanças das condições climáticas e a duração
de actuação da carga também afecta significativamente as suas resistências e deformações. As propriedades
não só variam com a espécie, bem como dentro da mesma espécie, de exemplar para exemplar. A sua
durabilidade é demonstrada pelas várias estruturas de madeira que chegaram praticamente intactas aos
nossos dias. Estas construções provam que a madeira quando bem utilizada é muito durável. E, se a baixa
durabilidade de algumas espécies constituiu no passado um entrave ao seu uso, hoje em dia, este problema é
facilmente superável pelo recurso a tratamentos de preservação.

A madeira é um material higroscópico, isto é, perde ou ganha humidade em função das alterações de
temperatura e de humidade relativa do ar do local em que se encontra. Estas variações de humidade não só
estão na origem do desenvolvimento de fendas e empenos como, é preciso ter em conta que a maioria das
suas propriedades, físicas e mecânicas, dependem do teor de água.

O módulo de elasticidade reduzido da madeira proporciona, flechas instantâneas elevadas, quando


comparado com outros materiais.

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 18 / 19


BIBLIOGRAFIA

[1] ENV 1995-1-1:2004, Eurocode 5: Design of timber structures. Part 1-1: General rules and rules for
buildings, Comité Europeu de Normalização (CEN)

[2] Correia, Emanuel André Soares. Análise e dimensionamento de estruturas de madeira. Dissertação de
Mestrado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2009

[3] Laranja, Roberto Carlos Rodrigues. Apontamentos das aulas da unidade curricular de Conservação e
Reabilitação I do curso de mestrado em Engenharia Civil da Universidade do Algarve, 2021

[4] Martins, Tomás Francisco Ribeiro Mendes. Dimensionamento de Estruturas em Madeira Coberturas e
Pavimentos. Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, 2010

ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA página 19 / 19

Você também pode gostar